sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

BELAS, INTELIGENTES E MEIGAS


Mulheres ao Poder

(Inédito)

Ao escrevinhar esta crónica, pretendo aqui prestar homenagem a esta notável mulher, Benazir Bhutto, barbaramente assassinada. Ela personificava a imagem brilhante da mulher com os atributos referenciados no tema desta crónica. Ela foi uma digna combatente e defensora dos ideais e direitos humanos que pretendia implementar no seu país, Paquistão, e que servisse de exemplo a todos os povos do Universo. Serei visto por muitos leitores como “mulherengo”. Se a minha opinião fosse contrária seria apodado de “machista”. Como não me considero, nem uma coisa, nem outra, ficarei indiferente a qualquer dessas rotulagens. O tema tem lógica pela evidência dos factos que eu passarei a justificar.
Se elas forem bonitas, atraem com facilidade os homens para poderem insinuar-se com as suas ideias e projectos, o que é o primeiro passo para o diálogo. Se forem inteligentes, poderão actuar com mais eficácia, contribuindo com os seus conhecimentos e o “sexto sentido” para implementar leis consensuais e eficazes. Se forem meigas, amenizarão as relações intersociais, com ternura e afectos despolitizados. Talvez esta virtude tenha faltado a Benazir para evitar ter tido a sorte trágica, que a vitimou, pondo termo ao seu futuro político promissor.
Em linhas gerais e sintéticas – já que o espaço disponível para maior desenvolvimento desta crónica é escasso -, fica exposta aqui uma ideia muito pessoal de que, estou certo, muitos cidadãos compartilharão. Convém salientar que em Portugal já é maior o número de mulheres licenciadas em relação aos homens.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

O COMANDANTE


(INÉDITO - REAL)


Decorria o mês de Agosto de 1975. A noite equatorial estava abafada e quente, carregada de maresia e a lua tímida reflectia-se na baía, desafiando as chamas dos poços de petróleo. Os pescadores rumavam nas suas canoas para o largo da baía a fim de iniciarem a sua faina piscatória até ao alvorecer. A passarada já a algum tempo havia recolhido aos seus ninhos escondidos nos recantos dos troncos e nas folhagens das árvores dos quintais. Bandos de morcegos, ao anoitecer, também já tinham cruzado o céu, trocando os eucaliptos africanos, altaneiros, da Avenida Marginal, pela floresta, para se alimentarem durante a noite. Toda a harmonia da quietude da noite foi quebrada por um incidente inesperado. Eu acabara de regressar de Lisboa, onde tinha deixado a minha família para retomar a vida normal em Cabinda. Era a primeira noite em que me preparava para ir dormir a minha casa, uma modesta vivenda de rés-do-chão, de 3 quartos, uma sala ampla, cozinha, casa de banho e uma pequena marquise. Ficava e fica situada na parte alta da cidade, de fronte do “Cine Cabinda”, uma das duas salas de cinema existentes em Cabinda, com sessões diárias nocturnas.

Ao chegar de jeep, junto ao cinema, para entrar no quintal da minha casa, fui interceptado, imprevista e provocatoriamente, por uma brigada de soldados das Fapla – militares do MPLA -, composta por cerca de 5 homens e 2 mulheres armados com pistolas-metralhadoras e granadas de mão. Uma das guerreiras, em voz alta e firme, intimou-me a mostrar-lhe os meus documentos. Como não era portador dos mesmos, impôs-me a saída imediata da viatura, sob a alegação de que tinham por objectivo eliminar os reaccionários que andavam à solta. Defendi-me, esclarecendo que tinha chegado de Portugal e me dirigia a minha casa para pernoitar. Acusaram-me de estar a mentir porque eu havia afixado na parede da minha casa uma foto do líder dum movimento da oposição (recordo que, do confronto bélico entre os três movimentos ditos “libertadores de Angola”, - em que incluíam erradamente Cabinda -, UNITA, FNLA e MPLA, este último saiu vencedor, tendo os restantes passado à clandestinidade).

Naquele momento, achei que não devia perder a calma e precisava de ser imaginativo para sair da situação melindrosa com que me sentia confrontado. Não obstante fosse ameaçado insistentemente para abandonar a viatura a fim de me fazerem um julgamento sumário, acabando comigo, isto na presença passiva de tropas portuguesas que faziam guarda ao cinema (exclusivamente para protecção dos seus camaradas), não levei a sério a concretização dessa ameaça. Eu sabia que aquela atitude fazia parte dum jogo habilidoso, habitualmente utilizado, de pressão e desgaste psicológico, com o propósito de se apossarem da minha casa e da minha viatura. Por este motivo, resolvi participar no jogo, com o meu trunfo. Lembrei-me então de lhes dizer que conhecia um comandante das FAPLA que tinha sido meu colaborador e que ele não iria gostar de saber o que se estava a passar comigo. Ao citar-lhes então esse comandante (cujo nome aqui omito), foi-me de imediato pedido desculpas, porque tinham muito respeito pelo comandante que se batera com valentia nas matas de Cabinda contra as tropas portuguesas. Deixaram-me em liberdade, mas recomendaram-me que, para minha segurança, não devia dormir naquela noite em minha casa.

Fui ficar na casa de um meu irmão e no dia seguinte contactei o meu amigo comandante que pus ao corrente do que se passara na noite anterior. Depois de me escutar atentamente, disse-me que, para o caso ficar encerrado, passaria por se arrancar a fotografia da minha casa e que ele próprio iria fazê-lo. Eu teria, no entanto, de arranjar uma viatura, que não a minha, para o deixar um pouco distante do local. Assim fiz, utilizando o carro dum meu primo. Parei o carro a cerca de 300 metros do local e o meu amigo comandante dirigiu-se a pé a minha casa, donde arrancou a fotografia. Foi buscar um pouco de água a uma torneira existente nas traseiras e depois de limpar bem a parede, voltou ao carro onde fiquei a aguardar. Tranquilizou-me, assegurando-me que, a partir daquele momento, poderia servir-me da minha casa com absoluta a vontade. Tal, porém, não aconteceu exactamente, porque imperava a anarquia nas fileiras revolucionárias e, diariamente, era questionado sobre a minha eventual vinda para Portugal. Não abdicando da minha frieza e percebendo que o objectivo era assustar-me, ia respondendo que, como natural de Cabinda, nunca pensaria abandonar a minha Terra. Estas encenações prolongaram-se até às vésperas da independência, altura que achei oportuna para vir para Portugal.

Recordo com saudade o meu amigo comandante, comparando a sua verdadeira amizade e fidelidade à falta de solidariedade e humanidade de outros personagens que, por motivos profissionais, tive de enfrentar, posteriormente, na minha vida.

UMA CASA DE ADOBE COM TELHADO DE ZINCO


(INÉDITO - REAL)



1966: Ano marcante para a história da colonização de Cabinda com a transição abrupta para a era neocolonozidora. Até metade do 3º quartel do século XX o processo de colonização de Cabinda decorreu com normalidade. A partir daquele período instalou-se um desequilíbrio total na vida sócio-económica daquele território. É a relação desta realidade com os agentes participantes neste processo que pretendo aqui evidenciar, contribuindo, com o meu modesto testemunho, para um melhor esclarecimento do conhecimento público.

Cabinda, após os Tratados assinados com a Coroa Portuguesa - o último dos quais no dia 1 de Fevereiro de 1885 – entrou numa economia de mercado familiar, de progresso lento, mas firme, eficaz e em paz. Os colonos portugueses que substituíram os estrangeiros – franceses, holandeses e ingleses, dedicados à prática do comércio esclavagista -, introduziram uma filosofia humanista de inter-relação de valores pessoais e profissionais, com as comunidades locais, iniciando uma nova etapa de povoamento.

Os colonos instalavam-se nos locais distantes da sede do Concelho - sujeitando-se a carências de toda a espécie -, interessando-se pelos problemas das populações e incrementando a permuta de bens coloniais por bens de consumo. Esta permuta era justa, por ser concorrencial, não permitindo a especulação em prejuízo dos permutadores dos bens coloniais, como alguma propaganda fez constar. Por falta de espaço, mas não por ser irrelevante, deixarei para outra oportunidade a abordagem da participação, no mesmo processo, da Igreja, do Estado e dos Colonialistas.
A verdadeira colonização, pacífica, estava a ser feita pelos colonos. Entretanto, com a chegada dos americanos a Cabinda, para iniciarem, em força, a exploração do petróleo, todos os outros recursos económicos, à excepção das madeiras exóticas, passaram a ter um interesse relativo. A entrada, tentadora, dos Petrodólares, seduziu os agentes económicos, entre os quais eu próprio me incluo, como posso a seguir exemplificar.

A chegada a Cabinda, das várias companhias petrolíferas envolvidas no processo de exploração do petróleo, provocou vários desequilíbrios, entre os quais entre a oferta e a procura de habitações. Eu fui imediatamente contactado por uma empresa libanesa de “catering” para alugar a minha residência por uma renda de valor 750% acima do normal. Através de um contrato de 2 anos, transferi-me da minha residência para uma outra: uma casa de adobe, coberta a zinco, sem forro, situada a 500 metros do centro da cidade. Para aí fui viver com a família, alvo de críticas das pessoas mais preconceituosas que se distanciaram da nossa convivência. Passados 3 meses estas mesmas pessoas estavam a alugar as suas casas por rendas superiores a 1.000% em relação à normalidade, reatando cinicamente a sua convivência.

Este fenómeno tornou-se de efémera duração, por ter sido um presente envenenado que os novos colonizadores proporcionaram aos Cabindeses incautos. A única finalidade foi provocar a inflação do custo vida de toda a população de Cabinda, desequilibrando o seu nível e fragilizando expectativas futuras. Esta situação instalou-se, mantém-se e manter-se-á, com o sacrifício e prejuízo notórios dos naturais, residentes e seus descendentes, tendo-se tornado uma barreira para o recomeço da sua vida normal. Extrair o máximo das riquezas de Cabinda, privando-a de usufruir das mais-valias geradas, é a política que os novos colonizadores seguem com determinação e firmeza.

O MEU AMIGO TIBÚRCIO

(INÉDITO - REAL)

Alguém das minhas relações sugeriu-me escrever umas linhas sobre algum facto de interesse geral e que estivesse relacionado com a minha própria vivência em África. Lembrei-me de trazer a lume a memória do paralelismo da minha vida com a do meu amigo Tibúrcio.Trata-se de um africano nascido num povo (aldeia) do interior de Cabinda.

Decorria o ano de 1993, quando senti uma vontade irresistível de revisitar a minha Terra, sabendo, de antemão, que seria algo confrangedor. Todavia, mais que a curiosidade de rever os meus bens materiais, senti algo de sentimental que me impeliu a estar com os meus verdadeiros amigos, companheiros de infância e duma grande parte da minha vida activa. Após dois dias da minha permanência em Cabinda, deslocou-se do seu povo à capital, para me ver, o Tibúrcio. Fez-me, então, um relato pormenorizado da trajectória da sua vida desde há cerca de dezoito anos até ao momento do nosso reencontro e aproveitámos a ocasião única e talvez irrepetível para recordarmos os nossos tempos de meninos.

Contou-me que, tal como eu que vim para Portugal com a minha família em 1975, também ele se viu obrigado, no ano seguinte, a sair de Cabinda e a refugiar-se do outro lado da fronteira, na República do Congo (ex-Congo Belga), devido à vida instável que se vivia então. Rememorámos as décadas de 40 e 50, em que havia relativa abundância de bens de consumo e segurança física de pessoas e bens. Nesse tempo, o comércio ainda era feito no interior mediante a permuta de bens, com uma componente monetária superior à das décadas anteriores. As relações comerciais directas entre os colonos (não colonialistas) e os indígenas realizavam-se através da troca de bens. Por volta das cinco horas de madrugada, tal como outros negociantes, meu pai dirigia-se à sua feitoria (loja filial de comércio de retalho), numa velha camioneta Chevrolet. Transportava bens alimentares e outros, como: sal. feijão, arroz, bagaceira, vinho, panos, missangas, etc. Parte desta mercadoria ficava na feitoria e a restante seguia para os povos para permuta por produtos coloniais, a saber; óleo de palma, coconote, café, cacau, frutas, etc. O percurso de Cabinda para a feitoria era de cerca de 40km. e levava quase a manhã a percorrer, devido à estrada tortuosa e lamacenta. Apenas no dia seguinte, também de madrugada, partia da sua base de apoio para os povos, de molde a permitir que, concluída toda a permuta, regressasse a Cabinda no mesmo dia. Desde fins do século XIX até cerca dos anos 30 do século XX, as feitorias estavam instaladas ao longo do litoral, devido à ausência de estradas para o interior. A ligação com Cabinda fazia-se à beira-mar, pedonalmente, tornando-se cansativa e demorada.

As deslocações ao mato (interior), eram bissemanais, normalmente à segunda e sexta-feira, aproveitando eu os fins de semana para acompanhar meu pai. Era para mim uma alegria imensa porque levava comigo uma bola de trapos para jogar com o meu amigo Tibúrcio. Obsequiava-o também com peixe e pão frescos para ele se deliciar, enquanto eu também matava saudades do peixe salgado cozinhado com molho de gindungo (piri-piri), acompanhado de mandioca (raiz de planta rica em amido). A nossa chegada aos povos era sempre celebrada com manifestações de bastante regozijo, com vivas e gritos de crianças que se vinham juntar a mim para jogarmos à bola e brincarmos ao arco (jante de bicicleta atada por um cordel que a fazia rodar).

O Tibúrcio, tal como outros patrícios Cabindeses, faziam e fazem parte da minha vida, pois cresci, vivi e senti com eles todas as nossas carências e ambições que eram muito limitadas, mercê do poder do Estado indesejável instalado nesse tempo. Perdi o contacto com o meu Amigo Tibúrcio, mas ainda tenho a esperança de vir a reabraçá-lo.Toda esta narrativa reflete o drama de milhões de casos similares de refugiados que, além de perderem os seus amigos e familiares, vêm-se despojados dos seus bens que, com tanto esforço e trabalho, conquistaram.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

O ESTADO - NAÇÃO PIRÂMIDE


(PUBLICADO)


Todas as formas geométricas são referências e representam a nossa mobilidade no espaço terreno em que vivemos. Para podermos interpretá-las com lógica e objectividade, temos de as considerar dinâmicas e não estáticas, como parecem ser. O insigne arquitecto, Gonçalo Byrne, definindo a nobre arte que é a Arquitectura, declarou que esta é comparável a uma Pirâmide em que os vértices representam a Beleza, a Construção e o Uso.
Esta sua análise inspirou-me a tomar a Pirâmide como exemplo para exprimir a ideia que tenho do Estado-Nação, interpretando-a da maneira mais adequada Deveria separar o Estado da Nação, mas não é possível, por, na maior parte dos países, o Estado confundir-se com a Nação, dado aquele dominar esta, dando lugar a uma interdependência institucional e indissolúvel. Veremos então porque motivo escolhi a pirâmide para desenvolver o meu tema.

A Pirâmide representa a Nação, assim constituída: o vértice superior, onde se situa o Estado, que a domina; o corpo intermédio, refúgio inexpugnável dos Apaniguados; e a base de sustentação, bastante ampla, reservada aos Súbditos.

O Estado apresenta-se ao alto, dominador, autoritário, arrogante, impondo a aplicação implacável das suas leis, cobrador e consumidor compulsivo de impostos, esbanjador, pregador de promessas inconcretizàveis, incumpridor, etc.
Os Apaniguados constituem a Elite da sociedade, pertencentes às classes média alta e burguesa. Compartilham com o Estado o tão propalado e mítico “crescimento económico” criado, em grande parte, pelos súbditos. São imunes ao cumprimento das leis e movimentam-se com perspicácia, envolvidos em interesses ocultos, geradores de avultadas mais valias, sonegadoras de impostos.
A base da Pirâmide é da exclusividade dos Súbditos, pertencentes às classes média e pobre, e vai aumentando de tamanho na proporção directa das dificuldades que se vão deparando. A sua vivência é comparável à das formigas que, contra todas as vicissitudes, laboriosa e esforçadamente vão construindo a sua casa, angariando alguns escassos proveitos para poderem contribuir com a sua colecta pesada para o Estado. Limitam-se a pagar os impostos e cumprir as leis, sem remissão. Os parcos rendimentos que lhes restam são insuficientes para uma vida digna, mas tão só de sobrevivência As suas ambições, assaz limitadas, são um incentivo à inacção e descrença no futuro. Por isso, é cada vez maior o número daqueles que, voluntária ou coercivamente, se rendem à evidência dos factos e acabam por cruzar os braços, de desânimo, reduzindo a produtividade.

A Pirâmide é predominante em todo o Mundo. Que bom seria que todas as Pirâmides existentes se transformassem em Rectângulos e estes em Quadrados. Se isto acontecesse, seria um bom prenúncio de que tinham deixado de existir desigualdades e injustiças e caminhar-se-ia, pacífica e tranquilamente para a forma ideal, Esférica, à imagem do Hemisfério Terrestre, tal como a Criação o moldou. Tenho a percepção de que este é, no fundo, o desejo da maioria dos Seres Humanos, pois voltar-se-ia à Pureza Universal que a Providência nos legou.

sábado, 20 de outubro de 2007

RIOS DE PETRÓLEO - MARES DE LÁGRIMAS - LENÇÓIS DE ÁGUA

(INÉDITO)
Não há qualquer dúvida que o maior poder sobre a Terra emerge do crude, com a cumplicidade dos seus correlegionários. Estes, constituídos pelas ditas potências do G8, são os principais detentores do poder sobre o controlo do Ouro Negro.
Desde a descoberta das primeiras jazidas de crude, até hoje, que este passou a ser objecto da cobiça desenfreada por parte dos países industrialmente desenvolvidos. A utilização diversificada do crude, depois de refinado, tornou este recurso mineral o mais importante e apetecido do Universo. A luta económica que se travou entre as potências interessadas, atingiu, nos dias de hoje, o cume da pirâmide, em que se situam os poderosos, em total contraste com a base da pirâmide, constituída pelos subordinados e explorados.
Fazendo uma análise rigorosa à situação actual, chega-se à triste conclusão que, todas as regiões ricas em petróleo são as que detêm o maior índice de pobreza e sem esperança por parte das populações. Quanto maiores e mais vastos os recursos de petróleo, descobertos e a descobrir, maiores são as lágrimas derramadas por esses seres humanos, de sobrevivência miserabilista e de futuro imprevisível. Os meninos que cresceram e os que irão crescer na Era do Petróleo, não vislumbram um futuro promissor, embora, por ironia, o petróleo e seus derivados se tenham tornado a base de toda a economia mundial, influenciando, progressivamente, os piores indicadores sócio económicos do Mundo.
Segundo estatísticas rigorosas do panorama actual, estão identificados, como detentores das maiores assimetrias sociais, os países produtores de petróleo, situados: no Médio Oriente; bacia do Mar Cáspio; costa Ocidental de África (principalmente subsariana, com destaque para a Nigéria, Angola e Cabinda); América Central, Sudeste Asiático (em que se engloba Timor): Sul do Mar da China (onde se estimam reservas de dimensão incalculável); a bacia do Círculo Polar Árctico ( com 25% de reservas mundiais estimadas); e mais especificamente a Sibéria e o Curdistão iraquiano (região de Kirkuk, objecto de interesses turco-iraquianos) e a própria Venezuela.
Desta análise, extrai-se a triste conclusão de que o fosso existente entre as populações mais ricas (minoria) e as populações mais pobres (maioria) aumentou assustadoramente. Pena é que se dê tanta relevância ao petróleo e se desvalorize a importância que merece a preservação das reservas de água, principal fonte de riqueza imprescindível à sobrevivência do Ser Humano. Talvez seja uma boa razão para não haver especulação e exclusividade no acesso à água, sendo por ora um bem livre e de relativo fácil consumo ao alcance da maioria das populações.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

DEPOIS DA DESCOLONIZAÇÃO A HIBERNAÇÃO

(INÉDITO)
Decorridas três décadas desde a descolonização dos territórios de expressão portuguesa, chegou o momento de se fazer uma retrospectiva das causas e efeitos desse fenómeno.

As pessoas menos atentas e informadas sobre a realidade das verdadeiras causas que precipitaram o processo de descolonização, têm de saber que a descolonização teve três principais rastilhos: a pressão internacional encabeçada pelas principais potências interessadas na exploração das riquezas, sobretudo minerais; a rejeição da política colonial do regime Salazarista, por parte da maioria das populações de todas as raças, residentes nos territórios e a revolução? ou golpe de Estado? do 25 de Abril de 1974.


Considerando que a descolonização era inevitável, restava ao Estado Português preservar o património humano e patrimonial então existente, gerindo com sentido de Estado o futuro dos milhares de portugueses que tiveram de se refugiar em Portugal, sua mãe Pátria, despojados dos seus bens. Deveriam os políticos e militares ter negociado um pacto interno de absoluto consenso para conseguirem dos países europeus um plano de apoio, tipo Marshall (que aceitariam de bom grado, para evitar a implantação do comunismo). Através desta ajuda, deveriam indemnizar os espoliados do Ultramar, permitindo que reorganizassem as suas vidas familiares a fim de relançarem actividades produtivas. Esta medida iria dinamizar a economia do País, criando novos postos de trabalho e aumentando o crescimento económico redestribuitivo. Teria evitado nacionalizações e a colectivização da propriedade (que originou injustiças e novas elites ricas e aumentou o fosso para as classes médias e pobres). A Economia e Finanças de Portugal fortalecer-se-iam de molde a, volvidos estes 33 anos, estarmos a par dos países mais modernos da Europa e nem sequer teria havido necessidade de recorrer aos fundos da UE tão mal utilizados.
Pelas razões atrás apontadas e como não se vislumbra no horizonte a inversão do curso da situação, que poderá arrastar-se por mais 2 décadas, ouso declarar que, depois da Descolonização, Portugal entrou numa Hibernação prolongada.