domingo, 17 de maio de 2009

ESCREVER... POR ESCREVER

(INÉDITO)

Sento-me à frente da minha secretária e encaro de imediato com o meu computador. Concentro-me no que poderei fazer a partir de uma qualquer ideia. Nada me ocorre de imediato, mas o meu pensamento é desviado com insistência para a vida e os seus actores. Questiono-me o que é que se transmite de verdade e aquilo que se oculta por conveniência e hipocrisia. Nada do que se vê e se ouve é consistente e construtivo. Outrossim, é aleatório e deprimente para o homem comum.

As consciências sãs têm dificuldade em conviver com as realidades duma sociedade corrompida pelas ambições desmedidas e as regras viciadas impostas. Por muita vontade e boas intenções que se tenham para enfrentar com sucesso esta situação degradada, não se vislumbra o alcance duma meta saudável e prometedora de melhores dias.

Há os que escrevem por prazer, para lerem e relerem os seus próprios artigos, há os que escrevem por deveres profissionais para cumprirem com obrigações deontológicas, com alguma paixão ou por intencionalidade crítica, há quem escreva para exercitar a utilização da Língua de Camões, por mim considerada a mais bela do Mundo, contribuindo intencionalmente para a sua divulgação e expansão e há ainda, os anónimos que são obcecados e apaixonados pela escrita, sem pretenderem ser reconhecidos.

Como me acho incluído no grupo daqueles que escrevem mais para si do que para o público - por achar que as minhas mensagens não têm efeitos concretos - vou arranjar ânimo para construir mais um texto à minha maneira, sem a preocupação de agradar a quem não os tolera, mas apenas a quem se revê nas entrelinhas das minhas mensagens, pois é, na sua essência o escrever… por escrever…

EU

(INÉDITO)

Já não sei quem sou Eu,
Eu penso, mas já não sinto,
Sou alguém que não morreu,
Eu quero e tudo pressinto,
De justiça Eu ando faminto.

Ser Eu é uma vera utopia,
Não me permite sonhos realizar,
Tudo não passa de pura teoria,
Apenas sonhos para acalentar,
Obras e projectos para adiar.

Eu não desisto, porque acredito,
A vida poder entretanto mudar,
Eu a mim desculpo e me permito,
Por um futuro melhor conquistar,
Nem que Eu tenha de muito lutar.

Eu e toda a minha família,
Temos os mesmos ideais e projectos,
Não sabemos o que é a mordomia,
Estamos ligados por muitos afectos,
Protestamos por actos e sem manifestos.

Eu feliz, crente e lutador devo ser
Para a meta desejada alcançar,
Sem fantasmas e monstros temer,
Antes reunir forças para os dominar,
Afastando imagens para não recordar.