sexta-feira, 10 de julho de 2009

PALAVRAS

(INÉDITO)

As palavras fluem e correm como rios,
Brotam do meu âmago quando respiro,
Aquecem os meus neurónios frios,
Refrescam o meu ego de vil martírio.

São cúmplices dos meus monólogos,
Já que desabafar não tenho com quem,
Apontam-me caminhos teatrólogos,
De encenação pessoal para ninguém.

Revejo-me nas minhas palavras ardentes,
Reencontro-me nas minhas mensagens,
Vivo na busca de surpresas permanentes,
Descubro, surpreso, respostas selvagens.

Insistente vou às palavras descobrir,
O que me atormenta é cego e mudo,
Tento sempre desabafar e não mentir,
Não recebo notícias, continuo sisudo.

Nas palavras encontro inspiração,
Para a vida enfrentar de peito aberto,
Conforto, coragem e transpiração,
Dizem em segredo que estou certo.

Não desisto, continuo a ler e a soletrar
As palavras que minha inspiração revelam,
Para sempre olhar, recordar e amar,
Tudo o que mal intencionados verberam.

Das palavras fiz obras por alguns admiradas,
Por outros lidas mas não reconhecidas
Resta-me o conforto das obras declamadas
Por mim construídas, ditas e sentidas.

Das palavras não desisto, eterno amor,
Construirei mil ideias e desejos irreais,
Fluir e flutuar no imaginário, sem temor,
Por toda a vida gravadas em memoriais.