sexta-feira, 18 de setembro de 2009

OS PARTIDOS E A FRAGMENTAÇÃO DA SOCIEDADE

(INÉDITO)

Depois do 25 de Abril de 1974, uma esperança de reconciliação da sociedade iluminou o coração dos portugueses, especialmente daqueles que mais lutaram pelas liberdades de expressão e de acção.

A breve trecho essa esperança foi-se desvanecendo, com a consolidação dos partidos cada vez mais empenhados em doutrinarem os seus seguidores com ideologias e doutrinas irrealistas e em muitos casos utópicas. Os mais esperançados no porvir de melhorias e bem-estar das suas vidas, sentiram-se enganados por promessas não cumpridas até aos dias de hoje.

Assistimos pois a um cenário nunca imaginável de mais pobreza e maior injustiça social. Quem estiver atento aos dramas que envolvem famílias e pessoas, não pode deixar de ficar tocado por situações difíceis senão impossíveis de resolver.

Houve uma fermentação da política que tornou impossível a aplicação de (leis) – princípios e regras correctoras de desvios e desrespeito que enfermam a sociedade -. Instalou-se nos espíritos um sentimento de “salve-se quem puder”, não se olhando a meios para atingir os fins malevolamente cogitados. Por este motivo, tudo continuará na mesma para servir os interesses particulares daqueles que ditam as regras.

OLHOS DE PÉROLAS

(INÉDITO)

Nesses olhos de pérolas, algo estranhos,
Busco e nada encontro, apenas um vazio,
Luto e não desisto, de tão vil martírio,
Neles descubro apenas vagos sonhos.

Encantado com tal encantamento,
Não esqueço, guardo-os com egoísmo
Receio de os perder num momento,
Por inocência e puro amadorismo.

Olhos como os teus são únicos,
Dois entre milhares que nos fitam,
Não quero os teus olhos perder,
Guarda-os para mim sempre vivos.

Os teus olhos de pérolas, são jóias
De valor incalculável e eternos,
São olhos redondos e expressivos,
Tristes e suplicantes, de sofridos.

sábado, 12 de setembro de 2009

ENSINAR E APRENDER

INÉDITO

Cada vez se torna mais difícil estabelecer uma relação pacífica entre o ensino e a aprendizagem. O resultado final não tem sido o mais desejado, devido a diversos factores que me proponho aqui abordar em linhas gerais, de acordo com a minha análise.

Antes de passar às considerações objectivas, quero estabelecer aqui uma fronteira bem marcada entre o ensino de há quatro décadas atrás, recuando mesmo até meados do século passado e a época actual. O ensino de hoje deixou de contar com os professores mais idosos que foram substituídos, como é natural, por outros de uma geração seguinte que, devido à transição do regime, após o 25 de Abril de 1974, tiveram dificuldade em manter o mesmo padrão de ensino e disciplina escolar. Por sua vez, os discípulos, da geração mais actual, devido aos progressos tecnológicos da comunicação audiovisual relegaram para segundo plano a aprendizagem dos princípios mais básicos da leitura e das contas, além dos comportamentos éticos e de civilidade.

A dificultar o aperfeiçoamento do ensino, aliando o tradicional à inovação, a tutela reguladora do ensino oficial introduziu alterações constantes e a esmo, com a profusão de directivas e exigências tão desajustadas como imponderadas. Esta indefinição permanente de um ensino objectivo e prático fomenta o choque inevitável entre os professores e os alunos e os próprios auxiliares de educação e os pais dos alunos.

Para que haja um reencontro com a boa qualidade do ensino, há que manter tudo o que era positivo no ensino de outrora (leia-se décadas de 40 a 60) e o que importa modernizar com a realidade de hoje (leia-se avanços tecnológicos), não deixando de considerar a vertente de disciplina escolar, fazendo cumprir rigorosamente os horários e presenças tanto dos docentes como dos alunos. Só assim será possível atingir metas mais audaciosas de sucesso na preparação das gerações actuais e futuras que terão de dar continuidade ao projecto de salvaguarda da Identidade Nacional de Portugal.

A FAMÍLIA, PATRIMÓNIO INALIENÁVEL


INÉDITO

Desde sempre a Família foi considerada ancestral e sagrada por ser um bem único e inalienável. As famílias, no seu conjunto, compõem as comunidades que devem servir de pilares consistentes de suporte da Nação.

Por os dirigentes da Nação subestimarem as famílias, não criando todas as condições imprescindíveis à sua consistência e bem-estar, acabam muitas por se desmembrarem. Daqui resulta uma dispersão de esforços, com muitos desvios da linha matriz da família, tendo como consequência o aproveitamento de malfeitores e mal intencionados dentro e fora da Nação. A fragilidade desta coloca-a à mercê das regras da concorrência global, posicionando-se em lugares da retaguarda, com indicies de atraso de tal ordem que se tornam difíceis de recuperar.

Em virtude de tardar que apareçam Novos Dirigentes capazes de revitalizar as famílias através de políticas mais adequadas, não se vislumbra para Portugal o posicionamento que merece na conjuntura socioeconómica actual do Globo, de acordo com as suas tradições históricas. Essas políticas são notórias e sobejamente conhecidas, passando pela educação, saúde, justiça, cultura, formação, inclusão, etc...

Para suprir estas falhas, devem as famílias envidar o máximo de esforços para conseguirem remover todas as dificuldades e obstáculos, devendo manter-se unidas com a ideia bem vincada e sempre presente de que são inalienáveis, por qualquer preço, mesmo que o seu rendimento per capita seja modesto.

CONTABILISTA, PROFISSÃO DE FÉ E DE RISCO


Publicado na "Cidade de Tomar", em 04/09/09

Perante casos frequentes de perdas prematuras de profissionais qualificados da minha classe profissional, não posso remeter-me ao silêncio, quando me apercebo, pela própria vivência e por relatos e desabafos de colegas, que a profissão de contabilista, para além de não ser valorizada, é exercida com muita entrega e fé e elevado grau de pressão e risco.

Estou convicto que muitos dos que se derem ao trabalho de ler esta minha crónica, não a tomem muito a sério, achando que há algum exagero, mas os factos são indesmentíveis na defesa da minha tese. A nossa profissão congrega cerca de 80.000 profissionais, obrigatoriamente membros da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, considerada a maior instituição profissional de Portugal.

Não obstante estarmos protegidos por algumas regalias concedidas pela nossa Câmara, as regras e o rigor deontológico a que estamos sujeitos são bastante exigentes, implicando penalidades, no caso de quaisquer infracções. As nossas responsabilidades já ultrapassaram as puras funções contabilísticas e passaram a abranger a co-responsabilidade com os nossos clientes em actos de pura gestão administrativa e fiscal, que vai brevemente estender-se ao cumprimento das obrigações junto do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social. A própria aplicação do Plano Oficial de Contabilidade vai sofrer uma profunda remodelação a partir de 2010, por uniformização e imposição da UE com novo Plano que vai obrigar à substituição do software actual. Esta fase vai coincidir com a passagem da nossa Câmara a Ordem, o que vai acrescer as nossas responsabilidades.

Também a Administração Fiscal tem transferido para os TOC, a responsabilidade da disponibilidade imediata da maior parte da informação para efeitos de controle e fiscalização tributária, cujo incumprimento, por qualquer circunstância ou factores imponderáveis, dará lugar a coimas a que os TOC não poderão escusar-se perante os seus clientes.

Por último, perfilam-se os clientes, de características muito diversas, a maior parte desorganizados e fragilizados por estruturas deficientes e sem fundos de maneio, exercendo a actividade empresarial de improviso e sujeitos à concorrência feroz das grandes superfícies. Estas deficiências são transferidas para os TOC que se vêm obrigados a ser imaginativos e infalíveis nas mais diversas soluções. Inversamente, as remunerações dos TOC não são proporcionais e compatíveis com o seu trabalho e as suas responsabilidades inerentes.

Estas e outras considerações que ficaram por enumerar, levam-nos a concluir que não compensa aos Contabilistas sacrificarem-se por uma demasiada dimensão das suas tarefas e da carteira de clientes, agravando o stress e a ansiedade perante a permanente vigilância que as escritas de sua responsabilidade impõem, não lhes valendo sequer a Fé perante os sérios riscos de saúde a que ficam expostos.