quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A MAIS E MENOS VALIA DO LIXO

INÉDITO

Não nos deve surpreender o facto do lixo estar a produzir boas mais valias a certa gente, em Portugal e menos valia à maioria das pessoas. Este fenómeno é resultante dos agentes envolvidos neste desiderato, se identificarem com o próprio lixo com que recolhem avultadas mais valias.

O lixo foi sempre um elemento importante no desenvolvimento das Nações, em virtude de através dele se purificar o ar e o ambiente, desde que esse lixo seja reciclado. Todavia, nem todo o lixo é susceptível de sofrer reciclagem, pois parte dele mantém-se vivo, ficando com as mais valias do lixo reciclado. Para que o lixo vivo e implacável se mantenha indestrutível, continua uma grande parte da população anónima a suportar a factura e a empobrecer invisível mas dolorosamente, acabando, nalguns casos, por ter de recorrer à remoção dos restos e resíduos do lixo que sobra para poderem sobreviver.

O próprio País vai sofrendo a erosão desse lixo, tanto com o reciclado (que produziu avultadas mais valias a certos oportunistas) como com o lixo por reciclar que fica a poluir o ar que respiramos e o ambiente humano progressivamente mais desumano e anti-social.

Perante este panorama, há que as entidades governantes e de justiça actuarem para reciclar o próprio sistema, purificando a democracia das suas ervas daninhas e doenças endémicas, evitando que o Nosso País se transforme num grupo de indivíduos do 4.º Mundo, hipotecado e sem viabilidade. Desculpem o meu pessimismo, mas, por experiência própria, sinto na pele esse efeito nocivo.

DUAS PAIXÕES







INÉDITO




Os meus 11 anos deixavam-me sensível e atento a tudo que fosse novo e diferente. Era a idade das descobertas, do querer saber mais e mais. Por isso, quando deixei Cabinda e cheguei a Lisboa, tive a sensação de ter mudado de Mundo.

A minha viagem de barco de carga foi atribulada, pois chegou a andar à deriva, à mercê de ondas de 15 metros, numa luta titânica em riscos de afundar, mas que, por protecção divina, não se consumou a tragédia. Depois de 40 dias de viagem, chegámos finalmente a Lisboa, sendo de imediato surpreendido com a entrada da barra do Tejo, deslumbrante e misteriosa.

Ficámos instalados na Pensão Brancamp, na rua do mesmo nome, onde o edifício está inteiramente recuperado e integrado numa arquitectura moderna. À noite, na companhia de meus pais e meu irmão mais novo, fui descobrir Lisboa nocturna. Descemos a Avenida da Liberdade e um eléctrico – transporte muito utilizado naquela época -, deixou-me completamente deslumbrado, pois no meu imaginário, era uma casa com muitas luzes com rodas e a andar. O parque Mayer transmitiu-me magia com o misto de paraíso feérico de música e luzes, com muitas e curiosas diversões e principalmente fados. A voz que logo me impressionou e tocou foi da Amália que adulei durante toda a minha vida, embora também apreciasse a Hermínia Silva.

Reiniciei em Lisboa a minha vida estudantil, completando o ensino primário num colégio privado e ingressando automaticamente na Escola Comercial Patrício Prazeres cujo curso tirei em 4 anos. Os professores, o nível de ensino, a disciplina, o rigor dos horários, os recreios e os amigos deixaram-me boas recordações.

Por todas estas razões apaixonei-te eternamente por Lisboa e por Amália, dois símbolos da identidade Nacional que, para os merecermos, devemos saber respeitar e preservar para sempre.

A MINHA AMADA NOITE

INÉDITO

Espero por ti, noite amada e terna,
Quero contigo os sonhos partilhar.
Não consigo pensar nem imaginar,
Fantasias e projectos para o futuro,
Com clareza e protecção materna,
Sem o teu aconchego mudo e surdo.


Amada noite a ti imploro e suplico,
Dai-me ideias e firme inspiração,
Para o meu pensamento e coração
Me ajudarem a idealizar e amar,
Sem pela vida carregar o crucifixo
E os meus projectos poder realizar
.
Em ti, amada noite, confio e acredito
Poderes iluminar-me o longo caminho.
Para me aqueceres e afagares com carinho,
Traçando com solidez o meu futuro,
Património familiar sublime e bendito,
Com sacrifícios construído e maduro.


Noite amada, não deixes que o dia clareie,
Tem-me no teu regaço, adormecido.
Quero sentir, noite dentro, longa ilusão,
Alimentar promessas, sonhos e ideais,
Num sono multifacetado e colorido,
Nem que sejam apenas memórias irreais.

sábado, 5 de dezembro de 2009

RECORDAÇÃO

Inédito

Silhueta de mulher esbelta e fina,
Diluída no ar perfumado do seu leito,
Fiel prisioneira da minha retina,
Corpo trigueiro, redondo, perfeito.

Preso fiquei por mil instantes,
Ardendo de tentadores desejos,
De em meus ideais exultantes,
Enviar-lhe arautos e mensageiros.

Temendo recusas e ameaças,
Pela sua lembrança me fiquei,
Sonhando e vivendo ilusões,
Como um dia a possuir desejei.

Jamais em a perder me conformei,
Para outro alguém a possuir,
Ninguém mais senão eu tentei,
Dar-lhe felicidade sem mentir.

Nunca ela o sinal compreendeu,
Do amor que tanto lhe dediquei,
Do castigo que a mim me deu,
Por toda a vida eu amaldiçoei.

Em pranto e lágrimas esquecer tentei
Da memória para sempre a dissipar,
Em vão, de meus esforços morrerei,
Sem sua silhueta da mente poder tirar.

O HOMEM ROBOT


Publicado

Logo ao nascer, o Homem torna-se um perfeito robot. Está programado para obedecer às regras e normas que a vida passa a exigir-lhe. Começa a rigidez horária seguida com os primeiros choros, a mudança das fraldas, o mamar, o banho, etc...

Na realidade o Homem, condicionado pela sua dependência da sociedade em que está inserido, tem de se sujeitar a cumprir com as exigências do protocolo rígido que a vida lhe impõe. Na sua meninice vê-se confrontado com o horário pré-estabelecido para o banho, para as refeições, para os estudos e até para brincar, pois se desobedecer expõe-se aos castigos caseiros.

Já na adolescência, começa a lidar com algumas responsabilidades como as obrigações escolares, os namoros assumidos, a escolha dos amigos a confrontação com os primeiros inimigos, etc... A transição para a vida activa, além de penosa e de responsabilidade, revela-se de uma confrontação permanente com novas realidades e normas de rigidez crescente. Como Homem a corpo inteiro, o cidadão toma maior consciência do seu lado Robot, por concluir que não pode reger só por si a sua vida, dependendo em grande parte da sociedade. Os compromissos que assume com a sua família, com a sua vida profissional, com os seus amigos, com os seus deveres cívicos e outros tornam o Homem um perfeito Robot.

Já na idade madura e idosa, o Homem mais Robot se sente, pela sua dependência se acentuar com os horários mais rígidos a cumprir com os cuidados de higiene, com a tomada de medicação, com as refeições, com as horas de descanso, com os momentos de lazer, etc... Este formato e sina a que o Homem foi moldado, não pode ser alterado por qualquer invento científico.

PRIMITIVOS?


Publicado


A minha interrogação para este tema tem a ver apenas com a dúvida que ainda pode suscitar a alguns leitores o facto de a Humanidade estar a regredir nos seus comportamentos e valores para o primitivismo. Esta é a minha visão e eu não tenho dúvidas de que este fenómeno ocorre dum modo crescente e natural.

Não se confunda o progresso técnico e tecnológico conseguido e que prossegue o seu sucesso no domínio das mais variadas ciências. Esta componente do ser humano não tem a mesma correspondência na vertente do consciente nas suas relações entre si, não evitando e até provocando ondas de choque de consequências maléficas que irradiam em cadeia, atingindo todos, sem excepção.

A confirmar esta minha tese, estamos a assistir, com permanência, a guerras, a assassínios, a maus tratos e violência, à pedofilia, à corrupção, ao enriquecimento ilícito, ao empolar do fosso entre ricos e pobres, às manifestações infundamentadas, aos partidarismos, às acusações mútuas, em suma, ao deficiente aproveitamento das liberdades.

Na verdade, enquanto subsistir esta filosofia de vida, o Ser Humano perderá o direito a ser considerado Inteligente, abdicando da situação privilegiada que ocupa no nosso Planeta a favor de outros seres vivos, animais e naturais que respeitam, com mais condescendência a sua diversidade e o próprio Homem. Este comportamento deveria ser um exemplo a seguir pelo Ser Humano.