domingo, 28 de fevereiro de 2010

POSTAL A PRETO E BRANCO DE THOMAR


PUBLICADO

Resolvi escrever dois postais sobre a cidade Nabantina, sendo o primeiro a preto e branco (negativo) e o segundo colorido (positivo). Ambos são escritos sem pontuação para lhes imprimir mais autenticidade e ritmo, num encadeamento de imagens fiéis do que me foi dado observar nos meus dois percursos pedestres pela cidade.

Despertei como habitualmente pelas 8 horas com o ruído incomodativo dos carros na minha rua e depois do meu preparo demorado saí de casa directo ao posto das apostas mútuas para arriscar 2 moedas de um euro no meu número habitual que raramente me contempla com quintos prémios seguindo para o “banco dos pensionistas” que um dia destes passa a “banco dos abastados” quando se der a tão anunciada privatização que no meu caso por vício vou ver se o saldo da minha conta não desceu abaixo da linha d’água compensando o meu pessimismo com o sabor de um café especial que tomo no meu café preferido que baptizei de “Café da Esquina” após atravesso a “Ponte Velha” de origem romana que o rei D. Manuel mandou recuperar com benefícios relevantes para a cidade e fico impressionado por duas visões deprimentes pois do lado direito deparo-me com a requalificação mal conseguida do Estádio Municipal sem bancadas de um pavilhão desportivo inadequado um estacionamento subterrâneo inaproveitado um parque de campismo mal ressuscitado e referenciado e do lado esquerdo impressiona-me o abandono do património histórico constituído por “Os Lagares d`El Rei” que parece suplicar ajuda para a sua recuperação e utilização continuo preocupado ao percorrer a Corredoura pois apenas me cruzo com outros passantes e observo as lojas que teimosamente ainda estão abertas mas sem clientes restando o “Café Paraíso” como ex-líbris da cidade finalmente chego ao coração de Thomar a “Praça da Republica” sob o olhar atento e austero do seu fundador “Gualdim Pais” e olhando para o alto da colina sobranceira à Câmara Municipal contemplo o Nosso e Mundial Património do “Castelo e Convento de Cristo” a reclamar a sua ligação directa à cidade via funicular contrariando a vontade dos bravos defensores de antanho que travaram recontros sangrentos com os mouros expulsando-os para sempre e devolvendo o Castelo aos seus súbditos e passo pela irreconhecível Rotunda Alves Redol sem água e relva e os pisos interior e exterior degradados subindo depois a Avenida do General Norton de Matos que quis preparar Angola para uma independência multirracial choca-me ver o espaço do mercado municipal orfã de uma remodelação geral apercebendo-me de “capim” ervas e matos que cobrem o local de vestígios arqueológicos a aguardar a construção do “Forúm” com projecto já aprovado entro então na minha “Rua dos Cavaleiros de Cristo” nome de grande dignidade e tradição onde há 36 anos circulavam e estacionavam uma dúzia de viaturas e hoje se tornou numa via perigosa para os peões e residentes dado o volume de tráfego e a alta velocidade a que circula e a falar de carros cheguei ao fim da linha não sem referir que o meu carro e de mais três utentes terem rebentado pnéus junto ao Cire numa cratera do asfalto que lá permaneceu cerca de dois meses tal como noutros pontos da cidade perante a passividade da autarquia.

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