sexta-feira, 20 de maio de 2011

VERDADE AMARGA

INÉDITA

Pensava o que seria o futuro,
Se tudo se alterasse bruscamente.
Vidas mal planeadas e odiadas,
Tristemente vividas em vão…

Os pecadores seriam julgados,
Por terem pecado por outros,
Que injuriados e usurpados,
Sentiriam mil ódios e invejas.

Reparo e perdão reclamariam.
Não seriam vistos nem escutados,
Esperariam todo o tempo por justiça,
Impossível de naturalmente chegar.

Antes de o Mundo soçobrar,
A Humanidade não se reencontrará,
Vive alheia da verdade e direito,
Obcecada pela ambição e riqueza.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O QUE EU MAIS QUERIA



INÉDITO

Queria ter trazido comigo os papagaios,
Os macacos, as rolas, os pombos verdes,
Os lagartos, as osgas, os morcegos,
Queria viver com eles para sempre,
Era o que eu mais queria.

Queria ter trazido comigo os embondeiros,
As mangueiras, as bananeiras, os cajueiros,
As goiabeiras, mandioqueiras, as acácias,
Queria viver enleado pela vegetação,
Era o que eu mais queria.

Queria ter trazido comigo os amigos,
Pretos, mestiços, brancos e amarelos,
Os nossos costumes e tradições,
Afectos, lembranças e brincadeiras,
Era o que eu mais queria.

Queria ter trazido as minhas professoras,
Ressuscitadas dos tempos de menino,
As miúdas de quem gostava em segredo,
Os recreios da Escola com os jogos,
Era o que eu mais queria.

Queria ter trazido todas as cartas,
As escritas e recebidas de alguém,
Notícias boas e más que chegaram,
Destruídas na minha debandada,
Era o que eu mais queria.

Queria ter trazido toda a Cabinda,
Fixá-la na planície alentejana,
Fazer da Minha Cabinda, o baluarte,
Do protesto pelos direitos e liberdade,
Era o que eu mais queria.

domingo, 8 de maio de 2011

ACREDITAR NO FUTURO



Mensagem do Ruy Serrano a todos
os Cabindas e Cabindeses em homenagem
à nossa bela e amada Terra que é Cabinda.

ACREDITAR NO FUTURO

Que dons fascinantes, possuis Cabinda,
Que nos prendeis aos vossos encantos
Explicai-nos o segredo que guardais,
Tão secretamente na vossa intimidade.

Reparti por nós esse cioso segredo
De que seremos fieis guardiães,
Respeitaremos os vossos ideais
Como pérolas valiosas inalienáveis.

Que vos atormenta que nós ignoremos,
Serão caminhos fechados a percorrer,
Destinos desejados difíceis de atingir
Pessoas e coisas ásperas e intocáveis?

Dizei-nos, suplico-vos, qual o mistério
Desse tormento estampado no vosso rosto
De aromas, cores e inéditos desenhos,
Quadros algébricos de vis incógnitas.

Não temeis o futuro tão vasto que vos espera,
Continuai a percorrer o caminho que se abre,
Contai connosco nessa longa e inóspita marcha,
Reencontrando segura essa renovada primavera.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

PORQUÊ?

INÉDITO

Expulso da minha amada Terra,
Perdido por entre estranhos,
Sem gostos e sabores únicos,
Manhã cinzenta e submersa,
Sensação de tribo de ciganos,
Porquê?

Olhei com mais estima por mim,
Fiz novas escolhas sem receios,
Descobri novos gostos e sabores,
Milhentos projectos sem fim,
Vivendo em novos reinos.
Porquê?

Porquê? Porquê? Porquê?
Porque descobri o futuro,
Construído com a família,
Filhos, netos e bisnetos,
Mais maduro e sisudo,
Já sei porquê.