quarta-feira, 31 de agosto de 2011

ENGANOS E DESENGANOS

(INÉDITO A PUBLICAR)
Não esqueço os enganos,
Tal como os desenganos,
Durante muitos anos.
 
Não sei porque me enganei,
Só sei que me desenganei
Sem ordem nem lei.
 
Foram muitos os enganos,
Ainda mais os desenganos,
Que me causaram danos.
 
Por quanto tempo me enganarei,
Não sei nem nunca saberei,
Só sei que tudo guardarei.
 
 
 

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O CHIMPANZÉ SOCORRISTA


(Como os primatas podem revelar-se mais humanos que os próprios homens)

(INÉDITO A AGUARDAR PUBLICAÇÃO)

O céu estava coberto por nuvens cinzentas, cobrindo os raios solares que teimavam, de quando em vez, penetrar na atmosfera terrestre. O vento acelerou e uns pingos de água precipitados do espaço, anunciavam uma chuvada tropical intensa.


Naquele momento, deslocava-me numa carrinha de caixa aberta “Chevrolet”, a caminho da nossa roça localizada a 46 km. de Cabinda. Todas as semanas eu fazia o mesmo trajecto em serviço de fiscalização da feitoria e da roça que possuíamos no Tando Zinze. A estrada era sinuosa e na época das chuvas ficava transformada numa pista de buracos e lama. A curta distância a percorrer, tornava-se bastante longa, levando 6 a 8 horas, consoante o estado da estrada.


Tinha transposto meia dúzia de quilómetros, quando desabou uma chuva torrencial que se manteve durante largo tempo. Entretanto, a carrinha foi traída por um buraco invisível pela densidade de água que cobria a faixa de rodagem. A roda dianteira do lado esquerdo, submersa no buraco de lama, fez tombar a carrinha para o meu lado, de tal forma, que a porta se abriu e eu fui projectado, com violência, para o exterior. Bati com a cabeça num tronco e desmaiei.

Quando recuperei os sentidos, tinha ao meu lado, um chimpanzé que me olhava com ar enternecido e curioso com a minha presença. Ele havia assistido ao acidente e prontamente veio em meu auxílio. Foi buscar umas folhas de bananeira que espalhou pelo chão enlameado e puxou-me para cima da cama improvisada. Como eu sangrava da cabeça, lavou-me a cabeça com a água da chuva que apanhou duma poça formada no chão.


Entretanto, a chegada de uma outra viatura assustou o meu amigo chimpanzé que se afastou rapidamente para o mato. Fui transportado para Cabinda para me serem prestados os necessários cuidados hospitalares. Na minha memória, ficou marcada para sempre a figura inconfundível daquele primata que, momentaneamente, assumiu o rosto humano. Durante a minha vida, aquele exemplo questionou-me, com premência, porque razão, por vezes, os animais são mais amigos dos homens do que estes entre si.

domingo, 28 de agosto de 2011

MILITARES PORTUGUESES PATRIOTAS

(INÉDITO A PUBLICAR NO SEMANÁRIO

"CIDADE DE TOMAR")

Tenho-me eximido a abordar assuntos fora do âmbito generalista, mas não posso deixar de fugir à regra para tratar deste tema patriótico e oportuno, aproveitando o encorajamento que me transmitiu o meu ilustre amigo e escritor Luíz Fonseca Gonçalves, através dos seus artigos que vem publicando neste mesmo jornal.

São muitos os militares portugueses patriotas, mas quatro nomes ressaltam do meu imaginário a quem pretendo aqui deixar o preito da minha homenagem, relembrando os seus nomes para evitar que sejam esquecidos. Refiro-me mais concretamente ao Tenente-Coronel Maggiolo Gouveia, ao Coronel Júlio de Araújo Ferreira, ao General António da Silva Osório Soares Carneiro e ao General António da Silva Cardoso.

Estas quatro militares, a par da sua brilhante folha militar, foram portugueses de grande integridade moral e cívica que dignificaram com firmeza e total convicção patriótica, o nome de Portugal. Tive a oportunidade de os conhecer pessoalmente, à excepção do General Silva Cardoso que ainda espero conhecer. Vou a seguir tentar fazer uma resenha do historial de cada um destes militares:

O Tenente-coronel, Maggiolo Gouveia, era alferes miliciano, em Cabinda, quando o General Soares Carneiro comandava, com o posto de capitão, a Companhia de Caçadores ali destacada. Ambos tiveram uma acção meritória no apoio às populações num momento muito sensível pós eclusão dos primeiros acontecimentos subversivos, em 1961/62. Não havia armamento suficiente para distribuir pelas populações para poderem defender as suas famílias completamente desprotegidas.Transposta a fase difícil, graças à índole pacífica das populações autóctones, creio que o então alferes Gouveia foi destacado em serviço para Timor, enquanto que o capitão Soares Carneiro seguiu a sua trajectória em Angola, a que me referirei mais adiante.

Já em Timor, o alferes Maggiolo Gouveia atingiria o posto de Major, comandando em Díli o Batalhão ali destacado. Teve a fatalidade de se confrontar com o movimento independentista “Fretilin”, de ideologia comunista. A sua oposição àquele movimento, levou-o a ser crucificado, juntamente com um milhar de prisioneiros da Fretilin. Foi fuzilado às ordens do comité central deste movimento entre 09 e 15/12/75. Este acto bárbaro, levou o bispo de Díli, José Joaquim Ribeiro comunicar o triste acontecimento à esposa do malogrado militar, em carta de 10/03/76, em que declarava: “neste vale de lágrimas”, deu a vida pela Fé e pela Pátria, morreu como um autêntico cristão, como um homem inteiriço, como um militar de têmpera…”Posteriormente os seus restos mortais foram trasladados para Portugal, onde lhe foi prestada, tardiamente, justa homenagem.

O General Soares Carneiro, depois de ter estado em Cabinda, como capitão, fez um percurso normal e exemplar, de militar, até ser nomeado secretário-geral do Governo-geral de Angola, aquando do 25 de Abril. O Governador-geral era, à data, o Engº Fernando Santos e Castro. Este apresentou a sua demissão e Soares Carneiro ficou a exercer, posteriormente, o governo de Angola, até à nomeação do novo Governador-geral, pelo Conselho da Revolução Foi candidato presidencial em 1980, com o apoio da Aliança Democrática, tendo perdido as eleições com cerca de 40% dos votos. Posteriormente, foi Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, durante o governo de Cavaco Silva. Foi agraciado com a grã-cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, é oficial da Ordem de Aviz e é comendador da Ordem do Infante D. Henrique. Nasceu em 25/01/1928, em Custóias, Portugal e se não falto à verdade, creio que ainda é vivo. Os dois últimos militares que guardei para o fim, são dois Tomarenses:

O Coronel Júlio de Araújo Ferreira, nasceu na cidade de Tomar e faleceu em 20/09/1995, com 90 anos. Desconheço a sua data de nascimento. A sua carreira militar foi em progressão contínua, mercê do exercício dos seus cargos com competência e eficiência. Conheci-o em Cabinda, como Governador do Distrito e posteriormente visitei-o aqui em Tomar. Conheci então a outra faceta do Coronel Araújo Ferreira, ligada à Caça. Ele foi um exímio caçador, senão o maior caçador português de todos os tempos, tendo exercido esta modalidade com paixão e muita dose de humanidade, Caçou nos locais mais diversos do território português, por onde passou em missões de serviço, e foram suas presas, elefantes, hipopótamos, rinocerontes, gazelas, leopardos e toda a espécie de caça miúda Teve a amabilidade de me oferecer, com uma dedicatória pessoal, o seu último livro, sobre a caça, intitulado “A Caça…uma saudade”

Por último, quero citar uma figura pela qual nutro uma especial simpatia e admiração: é o General António da Silva Cardoso. Nasceu, em 03/02/1928, na Pedreira, sede da freguesia do concelho de Tomar, aonde ainda reside. Depois de um longo percurso militar brilhante, a sua carreira culminou com o ingrato desempenho do cargo de Alto Comissário e Governador interino do Estado de Angola. De 28/01/75 a 02/08/75. As suas funções foram de curta duração porque herdou do seu antecessor, Rosa Coutinho, uma situação minada pela linha esquerdista desejosa de tomar de assalto, a qualquer preço, o poder da Administração do Estado de Angola.

Bastante desgastado e desiludido com a situação desagregadora de Angola, regressou a Portugal, onde ocupou sucessivos cargos provisórios até à sua reforma em 1991. Recebeu inúmeros louvores e foi agraciado com cerca de duas dezenas de condecorações nacionais e estrangeiras. Também tive o ensejo de ser contemplado com a sua oferta, com dedicatória, do seu livro “Angola – Anatomia de uma Tragédia”. Neste livro, o General relata-nos a odisseia do desempenho das suas funções altamente difíceis e contrariadas pelos elementos subversivos da ordem e respeito que se impunha e era exigível para uma Paz multirracial duradoura e que conduziu à situação da guerra pós-independência que havia de durar cerca de 30 anos.

HORIZONTE

                                            
(INÉDITO A PUBLICAR)
 
Meus olhos pelo horizonte vagueiam,
Procuram desvendar ocultos segredos,
Por entre vales e montes serpenteiam,
Fazendo esquecer os meus degredos.
 
Envolto em véus de cifras e mistérios,
O horizonte fecha-se na escuridão,
Espalha corpos pelos cemitérios,
Lançando outros a vil escravidão.
 
O horizonte é mistério permanente,
Esconde-nos tudo o que encerra,
Sabe quanto nos afronta e mente,
 
Partiremos para o Além, ignorantes,
De costas voltadas para a Terra,
Expulsos por hediondos tratantes.
 
 
 

CABINDA DE ONTEM E DE HOJE

                                                                     
(INÉDITO A PUBLICAR)
 
Como te conheci, minha Cabinda,
Virgem e bela, quente e amada,
Sereia ornada de beleza infinda,
Feminina e sempre apaixonada.
 
Os teus filhos sempre acarinhaste,
Deste o que tinhas, sem egoísmo,
Troca de mimos como desejaste,
Humildemente e com heroísmo.
 
Hoje, lamento ter-te abandonado,
Quando de mim mais precisavas,
Tornei-me um ingrato desertado,
 
Fugi à maldição dos perseguidores,
Não te dando o que ambicionavas,
Protecção e apoio dos malfeitores.
 
 
 
 
 

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

OS DESENRAIZADOS E REFUGIADOS

(A PUBLICAR NA "CIDADE

DE TOMAR" EM 02/09/2011)

Provérbio Cabindês: ”Nzingu Kikanga Nzambi: Muntu limonho pódi Kikútula ko”: “Liana que Deus amarra, o homem não a pode desamarrar”

Na minha curta bibliografia, as minhas crónicas e poesias são de teor generalista, focando o mais possível a realidade e evitando a abordagem de assuntos políticos e de ficção. Os primeiros são reservados aos analistas e comentaristas profissionais e os segundos aos romancistas

Neste artigo, o tema tratado foge um pouco ao género generalista, sendo mais do âmbito político, por eu achar de suma importância dar-lhe a necessária divulgação. A descolonização é um processo cuja história está por encerrar, dado as feridas profundas abertas em todas as classes sociais nela envolvidas: os militares, os civis e os funcionários do Estado.

Já muito se escreveu sobre os militares que se bateram patrioticamente, na defesa dos interesses de Portugal nos seus ex-estados ultramarinos e com que eu pactuo, ficando por relatar a odisseia dos momentos difíceis vividos, e ainda não ultrapassados, pelos civis e funcionários do Estado.

Tal como os militares, também estas duas classes ficaram traumatizadas e, na maioria dos casos, perderam a qualidade de vida, para além dos bens que foram ostensivamente confiscados aos civis. Destes, há que distinguir os naturais dos não naturais, pois embora ambos viessem sem recursos, os naturais nem sequer possuíam em Portugal Continental qualquer património. À sua chegada, foi-lhes confiscado todo o dinheiro estrangeiro e de escudos angolanos (emitidos pelo Banco de Portugal), metais preciosos, artesanato e outros valores que fugissem aos objectos comuns e nem sequer podia ser público que tivessem contas bancárias no exterior.

Deste modo, os funcionários, embora tardiamente, ainda acabaram por ser reintegrados nos diversos quadros, embora descendo de categorias. Os civis ficaram entregues a si próprios, sendo obrigados a desbravarem caminhos, partindo do 0, para reconstruírem toda a sua vida.

Muitos dos idosos, com idades superiores aos 55/60 anos não resistiram ao choque e acabaram por sucumbir e os que tinham idades entre os 30 e 55 anos, utilizaram toda a sua experiência e energia para recomeçarem as suas vidas. Todavia, a generalidade desta geração de pessoas era composta por famílias com filhos em idade infantil e adolescente. Esta nova geração, ainda em fase de estudos e pré-integração na vida activa, achou-se violentamente desenraizada. Os seus pais sentiram-se incapazes de lhes proporcionar o necessário apoio material e moral para poderem ultrapassar, com dignidade e sem humilhações e traumas, as vicissitudes com que se iam deparando.

Como consequência desta anomalia, muitos dos jovens não conseguiram ultrapassar a depressão emocional que daí adveio, agravando-se o seu estado ao extremo de muitos terem, nesta última década, sofrido colapsos cardíacos, depressões profundas e outros males danosos. A agravar a situação, a maior parte destes jovens não tiveram nem têm recursos próprios para se tratar, nem podem, em muitos casos, contar com a ajuda dos seus pais, por impossibilidade financeira ou por já terem falecido. São muitos os casos de jovens que requereram internamento.

Este diagnóstico foi por mim feito já há duas décadas, tendo-se acentuado hoje pelo acompanhamento que faço, através do Facebook, dos muitos casos confirmado de pessoas minhas conhecidas e amigas. Estou persuadido que devem existir milhares de casos idênticos em todo o País. Como conclusão desta realidade, verifica-se que foram centenas de milhar os desenraizados e refugiados, que vieram para Portugal e foram permanente e deliberadamente esquecidos, não se lhes proporcionando a sua plena integração, com o beneplácito e silencio da própria comunicação social.

Em termos sociológicos, considero este fenómeno como a maior tragédia humana ocorrida em Portugal, no último século, dadas as suas proveniências intencionais e castradoras de direitos e as consequências desumanas e mutiladoras de uma geração privada de trilhar legitimamente o seu caminho para atingir um objectivo futuro próspero.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

PESADELO (II)



(INÉDITO)
O caminho é acidentado e sinuoso,
Passo por vales, serras e rios,
Sigo os ventos nas asas do amor,
Obcecado por um ideal vertiginoso,
Ignorando possíveis martírios,
Corajoso, valente e sem temor.
 
Não fora a minha cega ambição,
O meu amor logo alcançaria,
Guardando boas recordações,
Com bom senso e imaginação,
Tudo de mal eu assim evitaria,
Unindo os nossos corações.
 
Prestes a alcançar o meu amor,
Surpreendido fui por tempestades,
Despertei bruscamente no leito,
Livre de tanto perigo e terror,
Vou esquecer amores fugazes,
Sem ter tido qualquer proveito.
 
 
 
 

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

MIRAGEM

SONETO

Um rio diferente, um corpo inocente,

Um banho despido, envolto na natureza,

Corpo sensual , negro e ardente,

Tentador do pecado com subtileza.


Senti desejos de me agarrar àquele corpo,

Flutuar nas águas quentes e cristalinas

Fechar os olhos e ficar como morto,

Por uma eternidade até às neblinas.


Sensação única, merecido gozo,

Quando regressei do irreal, à verdade,

Despertei do momento mentiroso,


Foi uma breve e sentida miragem,

Para recordar com muita saudade,

Eternamente, tão bela imagem.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

MONÓLOGO INTÍMO

(INÉDITO)

Tenho muitas perguntas para me fazer,

Difíceis de responder,

Sem nada esconder.


Não sei por onde começar,

Tenho de muito pensar,

Para não me chocar.


Por não me lembrar da infância,

Espero a minha tolerância,

Com total consonância.


Quero saber como fui, como cresci,

Se fui honesto, se menti,

Como por vezes me senti.


Se fui bom aluno e obediente,

Se era asseado e atraente,

Saudável e de boa mente.


Se era leal e sensível a afectos,

Não tratava amigos como objectos,

Se não praticava actos desonestos.


A tudo respondi afirmativamente,

Senti-me bem, confortavelmente,

Esperando viver confortavelmente.

domingo, 14 de agosto de 2011

INSÓNIA

(INÉDITO)

São duas da manhã, acendo o candeeiro,

Desligo a luz, logo a seguir,

Não consigo ler.

Abraço o meu confidente, o travesseiro.

Desabafo os meus segredos, sem mentir,

Tento esquecer.


Rebusco o passado, perdido na escuridão,

Revejo silhuetas de corpos esguios,

Rostos pasmados.

Oceanos de pensamentos em turbilhão,

Vida construída com Fé, sem desvios,

Entes amados.


Lembrei-me de amigos, que me perderam,

Nunca mais os achei, longe ou perto,

Estão afastados.

Sei que existem e não desapareceram,

Pairam secretamente em lugar incerto,

Bem instalados.


Acham que ignorar que eu ainda existo,

Torna-lhes a vida mais confortável,

Pura ilusão.

Tarde ou cedo verão que subsisto,

Com vida activa equilibrada e estável,

Sem solidão.


Não sei se dormi se estive acordado,

Só sei que a noite se diluiu na manhã,

Voltei à realidade.

Um raio de sol atrevido, do céu enviado,

Deu-me o sentido de uma vida sã,

A pura verdade.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O MEU PAPAGAIO...

(INEDITO)

O meu papagaio é Cabinda, como eu,

Nasceu na minha roça do Fubo,

Lá no alto de uma mulimba.

Viveu na cidade,

Como eu.


O meu papagaio é Cabinda, como eu,

Aprendeu a viver, a falar e a brincar,

Cresceu e aprendeu maneiras,

No meu quintal das brincadeiras,

Como eu.


O meu papagaio é Cabinda, como eu,

Come denden, e papaia,

Adora ginguba e banana,

É amigo, não é sacana,

Como eu.


O meu papagaio é Cabinda, como eu,

Tem saudades da sua terra,

Do madrugar com os chilreios,

Dos tons e múltiplos cheiros,

Como eu.


O meu papagaio é Cabinda, como eu,

Tem na sua memória fértil,

O pôr do Sol avermelhado,

Orgulhosamente guardado,

Como eu.


O meu papagaio é Cabinda, como eu,

É muito atento e observador,

É crítico e mordaz comentador,

Foi baptizado no Equador,

Como eu.


O meu papagaio é Cabinda, como eu,

Foi expulso da sua terra, injustamente,

Esta refugiado em Portugal,

Não sabe se lhe será fatal,

Como eu.


O meu papagaio é Cabinda, como eu,

Ainda acredita ser justiçado,

Poder regressar à sua terra,

Acabar com toda a miséria,

Como eu.

GOATAVA DE TE TER...

(INÉDITO)

Gostava de te ter debaixo dos meus lençóis,

Acariciar-te os teus peitos arfantes,

Tocar a tua pele de cetim,

Sentir um frenesim.


Gostava de te ter debaixo dos meus lençóis,

Respirar os cheiros do teu corpo,

Abraçar-te com tal fervor,

Com todo o amor.


Gostava de te ter debaixo dos meus lençóis,

Mexer nos teus compridos cabelos,

Enrola-los nos meus dedos,

Perder os meus medos.


Gostava de te ter debaixo dos meus lençóis,

Viajar pelas nuvens num passeio contigo,

Em sonhos, colado ao teu corpo,

Para não me sentir morto.


Gostava de te ter debaixo dos meus lençóis,

No momento final da minha existência,

Ter a tua companhia bem perto,

Para conquistar o ceu aberto.

domingo, 7 de agosto de 2011

SER MESTIÇO

(INÉDITO)

Não tenho pele de mestiço,

Tenho alma de mestiço,

É isso!


Não tenho cor de mestiço,

Não tenho, não,

Pois então?


Tenho coração de mestiço.

Sinto como mestiço,

Acredito.


Tenho cérebro de mestiço,

Penso como mestiço,

Até ao infinito.


Quero ser mestiço para sempre,

Viver bem comigo,

De saudável mente.


Ser mestiço é pertencer à humanidade,

Praticar o bem e a fraternidade,

Estar sempre presente.


Devíamos ser todos mestiços,

Pensarmos em nós e em todos,

Por igual, sem ser tolos.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O PRINCÍPIO E O FIM DO MUNDO

(INÉDITO)

Chegaram as trevas com a tempestade,

Nuvens negras toldaram o céu,

Ruídos fluíram das bocas dos vulcões,

Misturados com o eco dos trovões.


Com o big-bang tomou forma a Terra,

De germes surgiu a vida e os Homens,

Com lutas e sangue conquistaram,

Toda a Terra tomaram e povoaram.


Os homens multiplicados lutaram,

Mataram, violentaram e dizimaram,

Suas famílias e património arriscaram,

Acabando por perder o que dissiparam.


Os deuses chegaram, para os homens

Julgarem, aplicando leis severas,

Impotentes foram subornados,

Acabando pelos homens torturados.


A natureza veio em socorro dos Deuses,

Castigar os homens pelos seus actos,

O ar, o mar e a terra se uniram,

Derrubar os homens que ungiram.


Nada restou no espaço galáctico,

Os próprios deuses se desfizeram,

Tudo voltou ao principio da criação,

Depois da total e definitiva destruição.

NETOS E BISNETOS

(INÉDITO)

Estamos a crescer com ambições,

Inspirados nos nossos avós e bisavós,

Abertos ao Mundo que nos recebe,

Fiéis à família e tradições,

Sempre atentos com viva voz,

Esperando a sorte que nos merece.


Queremos ser adultos a valer,

Para nos estudos termos sucesso,

Somos competentes e responsáveis,

Sem dificuldades achar temer,

Evitando maus tratos e retrocesso,

Construindo obras memoráveis.


Na vida ambicionamos ser excelentes.

Abraçar projectos duradouros e úteis,

Dar à sociedade o melhor de nós,

Contribuir com as nossas mentes.

Pondo de parte acções más e fúteis,

Mesmo com muito sofrimentos atroz.


Percorrendo os caminhos traçados,

Projectamos edificar patrimónios,

Materiais e familiares, alicerçados,

Atingir metas e alvos desejados,

Manter vivos e sãos os neurónios,

Obter resultados bons e valorizados.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

ARCO ÍRIS: NAO MAIS...

ARCO ÍRIS: NAO MAIS...: "INEDITO Não mais tenho vontade, Não mais tenho inspiração Não mais tenho ambição, Perdi a ilusão. Não mais tento sonhar Não mais que..."