terça-feira, 27 de setembro de 2011

NOITE DE PESADELO

(Inédito)

Emigro pelas ruas do meu bairro, receoso,

Esgueiram-se estranhas e perfiladas figuras,

Arrisco minha curiosidade, ambicioso,

Receando percorrer becos e ruas escuras.


Noite de breu, cega e impenetrável,

Incerto cenário ameaçador e opaco,

Leitura dantesca, vil e inquestionável,

Temendo acabar por cair num buraco.


Não sei que caminhos sigo, porquê?

Sei apenas que piso pedras e calçadas,

Sem nada descobrir fico à mercê,

Mente vazia, mãos frias e calejadas.


Sinto-me perseguido por sombras,

Cobertas de negros e longos lençóis,

Parecem elefantes com suas trombas,

Ameaçadores, vindos de outros sois.


Alcanço por fim ansioso a minha casa,

Onde me aguarda a família e o sossego,

Respiro e aqueço-me à.lareira em brasa,

Desfrutando do conforto e aconchego.

NÃO MAIS

INEDITO


Não mais tenho vontade,
Não mais tenho inspiração
Não mais tenho ambição,
Perdi a ilusão.

Não mais tento sonhar
Não mais quero perdoar,
Não mais penso emigrar,
Desisti de lutar.

Não mais tenho amigos,
Não mais odeio os inimigos,
Não mais me sinto amado
Estou torturado.

Não mais posso viajar,
Não mais verei o mar,
Não mais o ar respirar,
Deixarei de amar

Não mais verei a luz,
Não mais nada propus,
Não mais vi a Cruz,
Fiquei cego,
Para sempre...

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

ACERTAR O PASSO

SONETO
(Inédito)
 
De passo em passo lento,
Acerto o passo em frente,
Evito trair a minha mente,
Sem reduzir o andamento.
 
O ritmo da vida é exigente,
Obriga-me a forçar o passo,
Para evitar cair no espaço,
E me arrepender tristemente.
 
No espaço vazio inesperado,
Surgem desafios duvidosos.
De mil inimigos poderosos.
 
Com o inimigo dominado,
Venço o perigoso desacerto,
Criando bem-estar e acerto.
 

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

FAZER OU DESFAZER ANOS

SONETO
(INÉDITO)
 
Perdi os meus anos de vida,
Desde o dia do nascimento,
Até ao presente momento,
Como uma vela consumida.
 
Desenrolei o meu novelo,
Tecendo vastos projectos,
Com sonhos e muitos afectos,
Defendidos no meu castelo.
 
Com festejos de ano a ano,
Não estou certo se os fiz,
Ou enganado, os desfiz.
 
Sendo um simples ser humano,
Deixei o novelo por desenrolar,
Por desmazelo ou por fraquejar? 
 
 
 

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

MÁXIMAS

Os jovens vivem do futuro, os adultos vivem do presente e os idosos vivem do passado.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

VIVER PARA AMAR

SONETO
(INÉDITO) 
 
 
Vivo para amar, olhando o tempo.
Tempo que se estende no além.
Além que deixa de ser momento.
Momento desconhecido, meu bem.
 
 
Não sei que fim vai ter o tempo,
Se o momento deixar de existir,
E o amor e desejo não mais fluir,
Vítima de ciúmes e contratempo.
 
 
Servirá ao menos de exemplo,
P’ra não mais alguém amar,
E o além deixar de me tentar.
 
 
No momento que te relembro,
Desejo que estejas comigo,
P’ra beijos partilhar contigo.

domingo, 18 de setembro de 2011

MENSAGEM SENTIDA

           
(INÉDITO)
Sobrevivo em lugar incerto.
Duma coisa estou certo.
Vivo desperto.

Nunca desisti, sempre lutei.
Num futuro melhor acreditei.
Sei que falhei.

Ainda acredito no meu futuro,
Com ajuda do âmago maduro,
A que me seguro.

Quero sentir-me vivo e útil,
Evitando tudo que for fútil,
Para não ser inútil.

Escreverei crónicas e versos,
Criando os textos mais certos,
Belos e abertos.

Procurarei transmitir mensagens,
Através de eventuais personagens,
Com novas roupagens.

Tentarei sensibilizar os corações,
Oferecendo sonhos e sensações,
Com novas emoções.

Manterei os neurónios activos,
Para nos sentirmos vivos,
Sem germes nocivos.

Deixarei à família o legado,
Do meu carácter imaculado,
Para sempre respeitado.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
           

sábado, 17 de setembro de 2011

RECICLAGEM

(INÉDITO)

Estamos a viver uma época conturbada em que toda a humanidade deveria ser reciclada. São demasiado óbvios, os vícios e retrocessos comportamentais do ser humano que se impõe sofrer uma reciclagem generalizada e profunda.

Ninguém pode prever o futuro que nos está reservado, se os desmandos e a agressividade das pessoas progredirem no actual ritmo, Toda a evolução tecnológica atingida não eliminará nem evitará a actual estrutura moral do homem. Este terá de abdicar de ambições desmedidas, em conquistar poder e riqueza financeira a qualquer preço, que o sobrepõe ao seu semelhante. Terá, outrossim, de trocar o seu egoísmo pelo espírito de solidariedade.

Esta transformação requer uma mobilização geral da humanidade, esquecendo diferenças de raças, de credos, de ideologias, empenhando-se no objectivo comum de atingir o equilíbrio material e emocional de cada um e de todos. Há muitas áreas, consideradas universais, que poderão servir de veículos para se atingir os melhores resultados: a música, os espectáculos, a natureza – envolvendo a fauna, a flora, a água e os mares -, e principalmente o Sol e o Ar. A interacção pacífica com estes elementos são a única solução para a erradicação dos males perniciosos que afligem a humanidade.

Se este objectivo fosse conseguido, os governos dos Estados teriam as suas tarefas facilitadas, recorrendo a menos leis para atingirem os seus objectivos com mais eficácia. Todos sabemos que nada do que aqui sugiro poderá realizar-se por o homem ser por natureza avesso a mudanças, principalmente se achar que terá de abdicar de privilégios próprios para os repartir com o seu semelhante. Nunca se fará a reciclagem exigível e tudo se agravará, até à sua auto-destruição.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

SURPRESAS

(INEDITO)


As surpresas não me batem à porta,

Chegam boas e más, disfarçadas,

Invadem-me a casa a hora morta,

Em muitas longas noites, agitadas.


Envoltas em nuvens de algodão,

Imperiais, virgens e horrorosas,

Revelam-me o irreal, a triste ilusão,

De notícias incríveis e misteriosas.


Divago pelas silenciosas notícias,

Que me são cruelmente contadas,

Sem conseguir sejam decifradas.


Desperto das energúmenas malícias,

Fico na dúvida da verdade e mentira,

Vivo desiludido, sem destino e mira.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

CONTABILISTA - PROFISSÃO DE SOBREVIVÊNCIA

(INÉDITO A PUBLICAR)


Após um acidente de viação violento que me deixou física e psicologicamente traumatizado, ocorrido em Setembro de 1977, deixei de trabalhar como chefe de escritório e responsável pela escrita de uma empresa de Tomar e passei a exercer as minhas funções em regime liberal, como profissional independente.

A minha sobrevivência profissional, de contabilista, para suprir as carências mínimas da minha família, dependia de mais um cliente a juntar à meia dúzia que já tinha conseguido angariar.

Parecia ter sido atendido no meu desejo, por me ter aparecido o tal cliente. Este veio ter comigo para lhe fazer a escrita organizada do seu comércio misto de retalho e revenda de artigos para agricultura e construção. A sua escrita tinha passado de não organizada para organizada que requeria a responsabilidade de um TOC. Não fiquei surpreendido, antes satisfeito, por eu ter sido o escolhido.

Tinha iniciado a minha tarefa da dita escrita, havia apenas cerca de três meses, quando fui objecto da visita de um fiscal das finanças de Tomar, por sinal meu conhecido, que pretendia fazer uma fiscalização à escrita. Como tinha a escrita atrasada um mês, por não ter em meu poder os respectivos documentos, apressou-se a telefonar ao meu cliente, avisando-o que teria de o autuar.

O meu cliente nunca mais me entregou os ditos documentos e retirou-me a escrita sem me dar qualquer justificação. Passado pouco tempo, tive conhecimento que ele não havia pago qualquer coima e que entregara a escrita a um meu colega, amigo do fiscal que me visitou.

Fiquei deveras ofendido com este incidente que serviu para eu, dai em diante, estar mais atento a outras situações que ameaçavam prejudicar-me. Consegui controlar algumas, mas noutras não fui tão bem sucedido, pois eu estava inserido num ambiente concorrencial e de favoritismos. Fui-me firmando através do meu mérito e competência e recorrendo também aos mesmos métodos, pouco ortodoxos, que alguns dos meus colegas utilizavam.

Muitos outros episódios se passaram, que, se fossem por mim relatados, deixariam desacreditados alguns meus colegas e uns tantos fiscais. Todavia, ao reformar-me, fiquei com a sensação e o consolo de ter cumprido, com honestidade e competência, com os meus deveres profissionais. O facto de ter assegurado o serviço de boa parte dos meus clientes durante 15 a 25 anos e de ter o meu cadastro fiscal limpo, são boa prova da minha afirmação.

domingo, 11 de setembro de 2011

CRÓNICA IMPROVISADA

(INÉDITO A PUBLICAR)

No relógio de parede da minha casa toca a meia-noite. A minha atenção é momentaneamente desviada do meu IPad, em que faço as minhas incursões de rotina pelos vários sites. Estou para, noite dentro, escrevinhar qualquer coisa que me desperte interesse. Quando não tenho matéria para uma crónica, recorro ao verso. Não sendo muito fácil de construir, dá-me outra motivação. Basta agarrar num tema que considere de interesse. Começo sempre pelo título. Através do título, desenvolvo com mais facilidade o conteúdo da poesia, imprimindo-lhe o ritmo e desenhando a rima mais adequada.

Sinto maior prazer na feitura de um verso do que na construção de uma crónica. No verso, exprimo com maior intensidade o meu sentir; este é mais verdadeiro. A crónica, se não traduzir verdade e desafio, não produz o efeito por mim desejado.

Veio-me à ideia, de repente, uma quadra que vou, de imediato, escrever:


Os momentos são muitos e diversos,

Que vivemos sós ou acompanhados,

Tristes e alegres, surgem dispersos,

Deixam-nos a vida toda, esperançados,


De imediato, o tema de uma crónica aflora a minha mente. Vou dar-lhe já um título definitivo "FALSAS PROMESSAS”. Alterei o provisório que era “O Mensageiro” por achar inapropriado:

É licenciado em engenharia, bem parecido, tem 39 anos e é politicamente independente. O partido de cujas listas fez parte, como 1ª figura, foi o mais votado nas últimas eleições autárquicas. A sua campanha foi feita baseada em promessas de que muita coisa se iria fazer em prol do concelho. Enganou-se, porém, pois não avaliou os recursos financeiros disponíveis para poder cumprir com as promessas feitas. Assim, o seu programa, ao fim do mandato de 4 anos, apenas foi executado em 40%, pelo que os eleitores lhe retiraram a sua confiança, perdendo as eleições. Com o presidente de outro partido que lhe sucedeu passou-se exactamente o mesmo caso. Quem foi enganado e viu o seu concelho definhar, foi o eleitorado. Uma grande parte deste deixou de votar nas eleições seguintes por não acreditar nas falsas promessas. Assim, se explica a elevada percentagem de abstenção verificada.

Deste modo, acabo por encerrar esta crónica solta, convencido que, por eventualmente não vir a ser lida por 10% dos leitores deste jornal, não terá qualquer impacto na opinião pública que continuará ao sabor das improvisações, tal como o seu Pais.

sábado, 10 de setembro de 2011

JUÍZO FINAL


(INÉDITO A PUBLICAR)


A vida na Terra deixou de existir.

Tudo se desvaneceu no espaço.

Restaram escombros e carcaças,

Cinzas e um profundo traço,

Como cometa no céu a fluir,

Seres cobertos de mordaças.



As cinzas tornaram-se naves,

Cheias de almas em pecado,

Com rumo ao buraco negro,

Profundo e mui amaldiçoado,

Bem guardado a sete chaves,

Para julgamento e degredo.



As almas continuaram em acusações.

Mútuas para do mal se desculparem.

Argumentos e falsas justificações,

Procurando a algum custo se salvarem.

Por tanto pecar e mentir, a Suma-Lei

Condenou-os ao inferno pela Grei.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O TEMPO E O VENTO

 
(INÉDITO A PUBLICAR)
 
O tempo veloz, com o vento,
Corre feroz para parte incerta.
Arrasa e destrói num momento.
Esconde-se, cobarde, deserta.
 
De onde vem e para onde segue,
O tempo não nos diz, é segredo.
Vai à caça do inimigo, que persegue,
Ataca-o ferozmente, sem medo.
 
Depois de muito correr, o Tempo
Esmorece a corrida e o passo,
Já não pode contar com o vento,
 
O vento com o tempo se zangou,
Ambos perdidos, sem compasso,
Trocam o passo que os atraiçoou.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

NATUREZA BENDITA


(INÉDITO A PUBLICAR)

Choveu muito e depois a água parou.

Veio sol para enxugar, mas não ficou.

A chuva foi, mas depressa regressou.

Os campos verdejaram.


Com as sementes, as plantas cresceram.

As plantas, de flor e fruto se encheram.

Muitas e variadas árvores apareceram.

Os olhos maravilharam.


Os Homens saciaram a fome dos filhos.

Com os belos frutos por fim colhidos,

Pondo termo a muitos males sofridos.

As lágrimas enxugaram.


Benditos sol chuva e terras,

Benditos rios, mares e serras,

Bendito tempo de boas quimeras.

Que boas coisas nos deram.

sábado, 3 de setembro de 2011

PECADOS

(INÉDITO A PUBLICAR)

Embrulhados em mortalhas de veneno.

Chegam e dominam a nossa vontade,

Com objectivos e propósito obsceno,

De a outros provocar pura maldade.


Enviados do inferno, em nuvens negras,

Chegam à Terra disfarçados de Santos,

Transformam-se em verdadeiras megeras,

Com mentiras, calúnias e muitos enganos.


Depois de meditarmos e a verdade apurar,

Descobrimos quão atroz-mente enganados,

Fomos, sem conseguir do mal nos libertar.


Arrependidos de termos provocado alguém,

Sentimo-nos no íntimo traídos e torturados,

Sabendo sermos julgados de pecar, no Além.