domingo, 20 de março de 2011

A PASSAGEM DOS ANOS

INÉDITO

São os anos que passam por mim,
Ou sou eu que passo pelos anos?
Não tenho a certeza da verdade.
Só sei que os anos passam sem fim,
Deixando ilusões e desenganos,
Recordações, frustrações e saudade.


Assisti a auroras e fases da lua,
Cresci com irmãos e alguns amigos,
Convivi com a natureza e animais,
Nada se conserva, tudo muda,
Com a mudança, apareceram inimigos.
Vida agitada, longa e sisuda.


Os meus passos seguiram o Mundo,
O Mundo não me deu atenção.
Sou um entre muitos aventureiros,
Mergulhado num poço sem fundo,
Fazendo descobertas, ousada tentação,
Não desisto, sigo caminhos traiçoeiros..


De mãos dadas com a família,
Filhos, netos, bisnetos e irmãos,
Caminho longo, sigo meus passos,
Em permanente alerta e vigília,
Descobrindo o Mundo com emoções,
Solidariedade e apertados abraços.

domingo, 13 de março de 2011

ATÉ QUANDO...


INÉDITO

Até quando guardarei memórias,
Até quando verei o Sol nascer,
Até quando andarei pelas ruas,
Até quando poderei comer,
Até quando verei várias luas.

Até quando estarei com a família,
Até quando brincarei com os netos,
Até quando abraçarei os bisnetos,
Até quando terei vista para ver,
Até quando terei sabor para comer,
Até quando me apetecerá viver?

Até quando terei esta inspiração,
Até quando conseguirei escrever,
Até quando me conformarei,
Até quando me resignarei,
Até quando me renderei
Só quando eu morrer.

segunda-feira, 7 de março de 2011

CONCENTRAÇÃO

INÉDITO

Estou concentrado no abstracto,
Aguardando um sinal superior,
A iluminar o meu pensamento,
Autenticando o meu retrato,
Ao avivar uma ambição maior,
Para um afectuoso tratamento.

Devo permanecer concentrado,
Desvalorizar os meus inimigos,
Pensar no futuro que se aproxima,
Não esquecendo o meu passado,
Relembrar os verdadeiros amigos,
Agradecer a quem muito me estima.

Quero manter a minha concentração,
Viva, activa, como único objectivo,
Antevendo um risonho horizonte,
Sem preconceito, nem cega obsessão,
Projectos e ideias mero improviso,
Caminhada longa ao cimo do monte.

Concentrado continuarei até ao fim
Dos meus dias viver com sonhos,
Alimentados de ilusões e ideais,
Receando não receber o sinal do sim,
Apenas um não de efeitos medonhos,
Tornando os meus desenganos reais.

Ruy Serrano

sábado, 5 de março de 2011

ONDE ESTÁS, MINHA TERRA?

INÉDITO

Perdi a minha Terra de vista,
Guardei-a no meu coração,
Para sempre.


Saboreio os seus cheiros intensos,
Respiro a maresia da sua baía,
Saborosamente.


Revejo e contemplo as florestas,
As planícies, as savanas, os rios,
Resplandecentes.


Convivo em sonhos com os pássaros,
Os chimpanzés, as cobras, as osgas,
Os camaleões, os peixes, os mariscos,
Saudosamente.

Recordo as brincadeiras com os amigos,
Pretos, mulatos e brancos, unidos,
Divertidamente.


As minhas idas com meu pai à Roça,
Visitar os povos e fazer permutas,
Divertir-me com amigos africanos,
Amigavelmente.


Eu estou aqui, longe e presente,
Tu estás algures, isolada e intocável,
Continuas virgem no meu coração,
Até à Eternidade.

OS MEUS SEGREDOS

INÉDITO

São muitos os meus segredos,
Guardados a sete chaves.
Não os revelo a ninguém.
Passam pelos meus degredos,
São as minhas verdades,
São o meu gozo e entretém.

Guardo os meus segredos,
Desde criança, com carinho,
Momentos bons e maus vividos,
Autêntico manto de arvoredos.
Cobrem o meu leito, sozinho,
Memórias de casos escondidos.

Levarei os segredos comigo,
Lá no Além prestarei contas,
Não me faltará coragem,
Acharei o verdadeiro amigo,
Aliviarei as minhas tormentas,
Contarei tudo sem margem.

quinta-feira, 3 de março de 2011

A RAZÃO E A FICÇÃO

INÉDITO

Sou um simples cidadão, com um curso técnico comercial cuja profissão exerci durante 60 anos. Não é condição necessária ser licenciado para fazer uma leitura racional sobre a situação política, económica e financeira que Portugal está a atravessar.
Desde que me conheço - e recuo aos anos 30 do século XX -, que nunca assisti a uma crise tão profunda como a que avassala o Nosso País - só equiparável à pré-republica -, debilitando as classes média e pobre, levando-as aos limites mais baixos de qualidade de vida, em contradição com a abastança em que vive uma minoria que usufrui dos melhores rendimentos e mordomias.
O fraco crescimento económico actual, resultado de políticas económicas inadequadas em conjugação com as despesas demasiado elevadas do Estado, não é redistribuído equitativamente pela população. É já claro que essa mais valia é absorvida pelos juros da dívida nacional cada vez mais crescente. Com a constante venda de dívida à custa de juros cada vez mais altos e a recessão económica a aprofundar-se, teremos, dentro de pouco tempo um País pobre equiparado aos países do Terceiro Mundo. Tem-se actuado com pura ficção em vez de verdadeira razão.
Eu já nada tenho a perder, porque o meu património material já me foi usurpado, muito injustamente, em África, mas estou muito apreensivo pelo futuro do meu património familiar, constituído pelos meus descendentes – que já inclui bisnetos -, que não têm garantias de uma vida digna.
Estou convencido que estas linhas são a expressão do sentimento da maior parte dos portugueses e que, não obstante traduzirem a realidade dos factos, não encontrarão eco nas entidades responsáveis pela governação do País. O ideal seria todas as forças políticas se unirem em torno de um projecto único comum, encabeçado pelos “sábios” reconhecidos, a fim de serem postas em prática as medidas mais adequada no sentido de levarem esta Grande Nau a Bom Porto.

terça-feira, 1 de março de 2011

ONDE ERREI?

INÉDITO

Não sei o que me escapou,
Falta de siso, de coragem?
Desânimo, cobardia?
Onde errei?

Não sei o que me desanimou
A revolução na sua voragem?
Fraqueza, apatia?
Onde errei?

Não sei o que me enganou,
Ausência de boa mensagem?
Absurda antipatia?
Onde errei?

Não sei o que me atraiçoou
Uma brusca e falsa miragem?
Chegada tardia?
Onde errei?

O futuro ideal me sensibilizou
Perseguido por farta vilanagem
Á custa de sabedoria?
Onde errei?

Onde errei?
Não sei!
Só sei que errei,
Porquê?
Nunca saberei.