quarta-feira, 30 de novembro de 2011

OS BATOTEIROS



Há batoteiros profissionais, amadores e até curiosos,

Todos eles tentam enganar os parceiros,

Inventando jogos matreiros,


Os batoteiros são especialistas de uma classe profissional,

Que altera as regras do jogo jogado,

Tornando o jogo viciado,


Há batoteiros em todas as classes profissionais e sociais,

Os mais maliciosos e conhecidos,

São os políticos.


As batotas dos políticos são a razão da sua profissão,

Passam por melhorias prometidas,

Que resultam em mentiras.


Os políticos batoteiros alternam-se no jogo, viciando as leis,

Com que os parceiros se defrontam,

E se amedrontam.


Enquanto houver batoteiros infiltrados na nossa sociedade,

E as regras do jogo não forem as do povo,

Será um permanente sufoco.


Enganando o povo, os políticos impedem o progresso do País,

Enriquecendo os que fazem batota,

Com proveito agiota.


À custa da batota permanente, o povo cada vez mais empobrece,

Não tem meios para se opor aos batoteiros,

Temendo ser desordeiros.


Como a batota é uma prática antiga, os batoteiros serão eternos,

Nunca serão derrotados por ninguém,

Mesmo pelos sem vintém.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

ENTRE CAMPAS E JAZIGOS


As pessoas misturam-se entre campas e jazigos,

De um cemitério qualquer, numa quinta,

Para se despedirem para sempre,

De uma vida extinta.


Choram lágrimas, trocam palavras, fazem rezas,

Uns por sentimentos, outros por dever,

Elogiam e enaltecem o falecido,

Sem aparente motivo.


No fim de uma vida breve, mal amado e desejado,

O falecido, já ausente fisicamente,

Não assiste à última cena,

Da sua perda eterna.


A família suplica por orações, que seja perdoada,

Por durante anos terem a vítima,

Mal tratado, como provocação,

Receando condenação.


Prometem em coro e com juras, respeitar vontades,

Que o falecido lhes pedira cumprir,

Não desbaratar o património,

Tentação do demónio.


Os amigos disfarçados de piedade, prometem perdoar,

Ofensas e prejuízos que lhes causou o falecido,

Aproveitam para lhe pedir perdão,

Sem fazer qualquer sentido.


A vítima brevemente é esquecida, passado a ausente,

É aberta nova página dos sobreviventes,

Que irão passar os mesmos dramas,

Ilusoriamente crentes.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

TU E EU

Tu e Eu, Eu e Tu, quem somos nós?

Pastores de Jesus enviados à Terra,

Para A povoar e saber defender,

Até morrer.


Tu e Eu somos a mesma pessoa,

De boa fé e sagradas intenções,

Pugnamos pelo mesmo ideal

De ser leal.


Tu e Eu, homem e mulher, rico e pobre,

Branco ou preto, mestiço e amarelo

Somos o mesmo, junto de Deus,

Para merecê-Lo.


Tu e Eu protegeremos melhor a Terra,

Torná-la-emos fértil e abundante,

Nem que seja só,

Por um instante.


Tu e Eu, de mãos dadas pela Fé,

Seremos os delegados de Deus,

Seguiremos as suas palavras,

Para demover os ateus.


Se Tu e Eu, conseguíssemos viver em Paz,

Então o Mundo seria o Paraíso,

Desejado existir na Terra,

Como prova de siso,

domingo, 27 de novembro de 2011

PERSEGUIÇÃO



Alarguei o passo em perseguição daquele vulto,

Cada vez de mim mais distante,

Evitei possível tumulto,

Situação intrigante.


Mantinha distância calculada e cautelosa do vulto,

Com receio de me denunciar,

Era para mim absurdo,

Não a desvendar.


Pareceu-me perseguir alguém que eu conhecia,

As esquinas e muros mo impediam,

Na dúvida, mais sofria,

Forças intercediam.


Numa fracção um carro se atravessou no meu caminho,

Tocando-me de raspão sem me ter atropelado,

Dei comigo assustado e sozinho,

Na cama, acordado.


Fora um sonho que me perseguira nessa noite de insónia,

O vulto era imaginário, mas já existira,

Na minha trajectória de vida,

Que se sumira.


Desde então passei a desvalorizar os duvidosos sonhos,

Que não desistiam de me impressionar,

Deixei de os considerar medonhos,

Para não me martirizar.

sábado, 26 de novembro de 2011

PONTAS SOLTAS DO MEU NOVELO


Tenho o meu novelo tão bem guardado,

Que não encontro as pontas soltas,

Entrei em estado desesperado,

Por linhas tortas.


Busquei e rebusquei meu baú no sótão,

Só encontrei velharias esquecidas,

Memórias da vida, pura ilusão,

Não mais vividas.


Das pontas soltas encontrei apenas uma,

A outra escondeu-se envergonhada,

Na noite de intensa bruma,

Para não ser encontrada.


A ponta que encontrei não foi o suficiente,

Para a vida resolver com sucesso,

Puxei longo tempo pela mente,

Para evitar retrocesso.


Nunca mais juntei as pontas soltas do novelo,

Para o desfiar durante a minha vida,

Com o melhor do meu zelo,

Ilusão perdida.


Vou deixar a todos os meus descendentes,

Com a maior tristeza e contrariado,

Pelas minhas forças impotentes,

De uma ponta ter largado.


Espero que eles encontrem a outra ponta,

E a ela se agarrem com vontade,

Vencendo eventual afronta,

Com apreço e verdade.


Todos unidos e de mãos firmes nas pontas,

Recomeçarão a caminhada correcta

Para recuperarem a herança

Perdida mas Certa,

GOSTAVA DE SABER CANTAR O FADO


Minha homenagem ao Fado, Património Mundial

Gostava de saber cantar o fado,

Pra cantar as minhas mágoas,

Chorar as minhas más tristezas,

De coisas que vêm do passado,

Em oceanos de muitas águas,

Como corais nas profundezas.


Gostava de saber cantar o fado,

Pra ser cantor com sentimento,

Mostrar meus dons de fadista,

Dar aos admiradores um recado,

Minha triste sina, meu lamento,

Dor de quem canta e é artista.


Gostava de saber cantar o fado,

Para ao público poder agradar,

Transmitir todos os queixumes,

Que me vão na alma a sangrar,

Cantando, poder tudo desabafar,

Apagar as tristezas e azedumes.


Gostava de saber cantar o fado,

Para à família do fado pertencer,

Ser parte do Património Mundial,

Do imaterial que o fado merecer,

Manter vivo o meu fado escutado,

Respeitado, amado, real e ímortal.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

AQUELA DONZELA

Aquela donzela que eu conheci um dia,

Pareceu-me uma visão doutro Mundo,

De andar de gazela, para mim sorria,

Desafiou-me amores e sentir profundo.


Jamais nela consegui deixar de pensar,

Imaginei aquela donzela a minha deusa,

Dei-lhe o meu amor para ela me amar,

Fui enganado, sofri enorme surpresa


Desesperado, tentei que ela me amasse,

Fiz-lhe promessas da minha fidelidade,

Garanti-lhe eterna, desejada felicidade.


Não aceitou, deixei que mal me tratasse,

Pelo muito amor que eu cegamente nutria,

Por aquela donzela que afinal me mentia.

LISBOA SEMPRE REVISITADA

Em um qualquer dia do verão de 2010, tomei o comboio na estação do ramal de Tomar, sem um destino pré-definido. Por razões do meu magro orçamento, apanhei o regional, acabando, inevitavelmente por ir parar à estação Oriente, em Lisboa.

Há longo tempo que não ia à Capital, pelo que me senti confuso e deslocado com o movimento frenético e barulhento da cidade. O meu primeiro impacto emocional foi com o metro, pelo rápido abrir e fechar das portas e a compressão dos corpos dos utentes no seu interior. Nas horas de ponta, se tivesse o azar de ser dos últimos a entrar na carruagem, arriscava-me a ficar estático, como uma estátua, implantado de frente a outro passageiro. Se fosse homem, o sacrifício seria cruel, mas se fosse feminina, a companhia tornava-se mais agradável.

Na estação de destino, surgiu mais um obstáculo. Achei-me num labirinto de entradas e saídas da estação que me deixou bloqueado, sem saber por onde e como sair, parecendo uma barata tonta. Valeu-me um utente que se apercebeu do meu embaraço e me orientou na saída da estação. É confrangedor passar por situações caricatas só próprias de um provinciano afastado das modernidades. Estas sucedem-se meteoricamente, sem tempo para acompanhar. Estou certo que quando retornar a Lisboa, outras modernices me surpreenderão.

Para reinventar os tempos idos, resolvi descer a Avenida da Liberdade a pé. Fiquei deveras decepcionado pela ausência de marcos de referência da avenida, como os Cinemas São Jorge, Tivoli, Condes, Éden, as esplanadas ao longo da avenida e o Parque Mayer. Este era um ponto de paragem obrigatório pela sua animação artística, com os seus ringues de patinagem e de luta livre, as barracas de divertimentos e de petiscos, os teatros e o cinema Capitólio. Era normal cruzarmo-nos com artistas como Vasco Santana, António Silva, Humberto Madeira, Villaret, Madalena Souto, Mirita Casimiro, Laura Alves e outras figuras públicas. Também estranhei as ausências dos cinemas Olímpia, Lisboa e Arco de Bandeira ao alcance da minha fraca bolsa de estudante. Para compensar e meu conforto ainda voltei a saborear a agradável ginja no Rossio, que teima em servir os seus clientes fiéis e que não posso deixar de visitar quando me desloco à Capital.

Ao fim do dia regressei a Tomar para mais uma prolongada ausência de Lisboa. Apesar dos seus vícios modernos, Lisboa conserva a sua frescura e beleza atractivas que nos deixa desejosos de voltar a percorrê-la pelas colinas e vales, pelos seus miradouros e castelo, pelos bairros mais tradicionais e típicos e pelas margens deslumbrantes do rio Tejo.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

CAMINHOS SEM FIM



Caminhei, caminhei, caminhei, sem fim,

Fui em busca de não sei o quê,

Foi grande decepção para mim,

Não sei porquê.


Não cheguei ainda ao fim do horizonte,

Por vários caminhos percorridos,

Confuso, deparei com um monte,

Objectivos perdidos.


Para lá do monte, nada pude vislumbrar.

Apenas uma miragem distante,

De imagens difíceis de aceitar,

Situação aberrante.


Por mais caminhos que eu percorresse,

Nada de bom no fim encontrei,

Apenas desprezo, desinteresse,

Por ausência de lei.


Esperanças minhas de voltar a ver África,

Ao fim dos caminhos percorridos,

Mostraram-me motivos de cobiça,

De bens perdidos.


Conclusões minhas, passam por assistir,

Expectante, num futuro imediato,

O monstro acabar por não resistir,

Depois de mal trato.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

AS MINHAS CARTAS



Foram tantas as cartas que escrevi,

De amor, de paixão e de amizade.

Cartas muitas que também recebi,

Respondidas com prazer e brevidade.


Cartas de letra legível, aprimoradas,

Com enredo claro, bem construído,

Sempre por quem as lia, desejadas.

Conhecer novo texto desconhecido.


Quando as cartas deixei de escrever,

Fiquei com saudades de as enviar,

Eram maneiras boas de comunicar,


Quem as cartas deixou de receber.

Sofreu tanto como eu a sua falta,

Sabor amargo de quem mal trata.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

AVE MIGRATÓRIA



Transformei-me em ave migratória,

Para voltar a África que me espera,

Voei por terras de feitiço e memória,

Voltei à saudosa terra onde nascera


Disfarçado de pássaro de arribação,

Ninguém me reconheceu pousado,

No telhado da minha ex-habitação,

De que fui forçadamente espoliado.


Vi figuras estranhas e misteriosas,

Entrarem e saírem da minha casa,

Homens e mulheres, grande farra.


Vestuários de luxo e festas ruidosas.

Regressei frustrado, batendo as asas,

Deixei penas e lágrimas derramadas.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

FELIZ E INESPERADO REENCONTRO

Esta é uma das crónicas que me dá gosto escrever. O seu tema está irremediavelmente ligado ao meu passado. Um passado relativamente feliz com muitos bons exemplos que desejava que os meus descendentes seguissem com orgulho.

Ao fim de sessenta anos, recebi a visita do meu amigo José Marques e sua esposa que veio dar-me um abraço e proporcionar uns momentos agradáveis, rememorando os nossos tempos da Escola Comercial Patrício Prazeres. Descobriu o meu paradeiro pelo Facebook, outro meu companheiro inseparável dos dias de hoje. Durante a tarde amena e cavaqueira que usufruímos em confraternização, revivemos momentos agradáveis da Escola, que passo a descrever:

Pela manhã cedo saíamos juntos do nosso bairro da Penha de França, em Lisboa e fazíamos um longo percurso a pé até à nossa Escola, situada na Rua da Costa do Castelo de S. Jorge. Aproveitávamos o percurso para gozarmos as situações citadinas pitorescas, próprias da época: fazíamos chacota dos namorados que trocavam palavras acesas de paixão em que o namorado, qual “Romeu”, ficava especado no passeio e a sua “Julieta” se debruçava à janela ou varanda de um qualquer andar; mais adiante deparávamo-nos com um ardina a anunciar os jornais da manhã, uma peixeira a apregoar o seu peixe fresco ou um amolador a fazer-se anunciar através da sua flauta; perto da Escola cruzávamo-nos com as nossas colegas, que tinham aulas em separado, cruzando os nossos olhares e soltando um sorriso, sem articularmos uma única palavra por ser eticamente proibido fazê-lo.

A entrada nas aulas era rigorosamente à hora certa para não corrermos o risco de encontrarmos a porta definitivamente fechada, com as consequências daí advenientes. Este ritual repetia-se duas vezes ao dia, pois íamos a casa almoçar e voltávamos à Escola da parte da tarde. Andávamos por dia, a pé, cerca de uma dúzia de km. Duas vezes por semana ao fim da tarde, ainda frequentava uma Biblioteca no bairro da Graça, onde criei o bom hábito da leitura e me apaixonei pela literatura. De quando em vez tinha oportunidade de me juntar aos meus amigos do bairro para brincar e jogar à bola, com a polícia no nosso encalece.

Em minha casa esperavam-me duas tarefas que eu alternava todos os dias: a troco de cinco coroas (2$50=0,0125€), engraxava um par de sapatos ou passava umas páginas de apontamentos da Universidade de meus irmãos. Ainda me sobrava tempo para despejar o lixo e fazer algumas compras para casa. Com o dinheiro ganho a meus irmãos ia aos cinemas mais baratos de bairro, como o Cine-Oriente, o Salão Lisboa ou o Olímpia, vendo ainda bons filmes portugueses e estrangeiros, em que se destacavam os épicos, os musicais e as comédias, além de filmes de aventuras do Far-West. Eram meus ídolos de cinema os portugueses António Vilar, Vergílio Teixeira, Raúl de Carvalho, Barreto Poeira , Eunice Muñoz, Milú e Amália Rodrigues e os estrangeiros Gary Cooper, John Wayne, Errol Flynn, Anthony Quinn, Olívia de Havilland, Shirley MacLaine e Doris Day. Também assistia a magníficas peças de teatro ligeiro, de comédias e dramas, no Teatro Nacional D. Maria II, representadas pelos melhores artistas da época em que destaco, Amélia Rei Colaço, Raul de Carvalho, António Silva, Vasco Santana, Laura Alves, Lourdes Norberto e outros.

Fica aqui o retrato do princípio de uma vida nos anos 50 do século passado, em que se destaca o espírito de sacrifício ao lutar e acreditar num objectivo atingível daquele tempo com a desmotivação e descrença num futuro compreensivelmente inatingível, deste tempo. Foi uma época pródiga de bons ensinamentos e de emoções permanentes positivas.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A MINHA MAIOR RIQUEZA

Desde cedo comecei a criar riqueza,

Subi a pulso, crescendo com amigos,

Mercê da minha vontade e destreza,

Criei património e valores perdidos.


Semeei descendentes para no futuro

Assegurarem a minha continuidade,

Honrarem meu nome, meu estatuto,

Cumprirem com palavra e verdade.


Fiz uma travessia longa e dolorosa,

Perdi os amigos e os bens materiais,

Criei a maior riqueza e meus ideais,


Consolo meu, fiquei com numerosa

Família, quatro filhos, sete netos,

Quatros bisnetos, mulher e afectos.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

O TEU SORRISO


O teu sorriso é único entre muitos sorrisos,

Que recebo de ti a todo o momento,

Dá-me vida e muita coragem,

Faz-me esquecer tempos então perdidos,

Poupa-me a prolongado isolamento,

Transformou a minha imagem.


Recebo sorrisos fieis, falsos e traiçoeiros,

Tentando dilacerar o meu coração,

Repudio e abomino sorrisos tais,

Abertos, fechados, de soslaio e matreiros,

São a completa e maldosa negação,

Corro o risco de me serem fatais.


O teu sorriso transmite-me luz, sol e calor,

Faz-me respirar ar puro da natureza,

Deixa-me viver com mais alegria,

Da vida me dá lições de amor e bom sabor,

De bom comportamento e gentileza,

Eliminou a minha enorme agonia.


Quero que o teu sorriso seja para mim eterno,

Para na minha memória o guardar,

Senti-lo no coração pulsar,

Lembrá-lo como anjo mensageiro e fraterno,

Poder nos meus braços o abraçar,

Ser generoso, amigo sereno.

domingo, 13 de novembro de 2011

À ESPERA DE NOVO DIA


Mal me deito, outro dia espero,

O dia que hoje vivi, já passou,

O novo dia tarda e desespero,

O meu espírito mal sossegou.


Nuvens de ideias me afloram,

Fico com dúvidas do novo dia,

Surpresas que me apavoram,

Receios e ameaças que temia.


Rompe a alvorada luminosa,

Chega enfim o esperado dia,

Ansioso espero pela notícia:


Violência, morte, cataclismos,

Insultos, traições, assassínios,

A vida será sempre temerosa.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O VELHO E O JOVEM

O velho muito velho disse para o jovem

Muito jovem: Queres ouvir uma história?

Surpreendido disse o jovem muito jovem:

Conta lá, sou todo ouvidos e memória.


O velho muito velho tentou balbuciar.

Quis dizer, nada disse, tentando dizer.

A história nunca conseguiu inventar.

Com o jovem muito jovem a descrer.


O jovem muito jovem disse ao velho,

Muito velho: vou contar-te a história,

É bué fixe, é a minha coroa de glória:


Um velho muito velho tinha um neto,

Jovem muito jovem que o admirava,

Afectos e amor do avô o neto herdara.

LISBOA AMADA


Queria ser poeta para te cantar,

Palavras de amor e de prazer,

Gostaria de te poder dedicar,

Meus versos, antes de morrer.


Tenho ciúmes das águas do Tejo,

Que te beijam as margens belas,

Os teus admiradores eu invejo,

Que te espreitam pelas janelas.


Quando perceberes que te amo,

Vais decerto desejar meu beijo,

Esperando que me dês o ensejo.


Sentir-me-ei muito mais humano,

Descobrirei todos teus mistérios,

Acharás meus sentimentos sérios.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

BEIJOS Á BEIRA-MAR


Beijos à beira-mar sabem a maresia.

São doces, deixam-nos sonhar,

Em momentos de magia,

A perdurar.


Beijos perdidos nas ondas azuis do mar,

Beijos trocados com fervor,

É tempo de muito amar,

Com calor.


Beijos que a lua iluminou com ternura,

Em águas de prata projectada,

Beijos de forte doçura,

Da minha amada.


Vivo na contínua ilusão de ainda beijar,

Quem os meus lábios desejarem,

Para os beijos saborear,

Se me deixarem.


Os beijos que dei e não dei e podia dar,

Gostaria de os poder reviver,

Para o prazer recuperar,

Até morrer.


Perdidas as ilusões do beijar doce e fácil,

Os beijos dados não posso esquecer,

Com a memória fértil e frágil,

Sem me arrepender.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A DECADÊNCIA DO MUNDO


Estou apático, não me apetece nada fazer.

Esmoreci, já não merece a pena.

Acabei por entristecer,

Deixei a cena.


Passei a espectador desiludido, sem futuro.

O Mundo entrou em fragmentação.

Tornei-me insensível e duro,

Perdi a ilusão.


O descalabro é veloz, mortífero e Universal.

Não poupa os pobres desprotegidos,

A sentença é breve e mortal,

Deixou-nos falidos.


Os iluminados do poder, das leis e do dinheiro,

Baralhando as contas e a vigarizarem,

Cobriram-se de pele de cordeiro,

Para escravizarem.


Já não há salvação para nada nem ninguém.

A natureza sentiu-se violada e ofendida,

Rebelou-se sem olhar a quem,

Achou-se traída.


Resta aos terráqueos ultrajados e errantes,

Usarem do seu real valor e razão,

Para se vingarem dos tratantes,

Sem qualquer perdão.