Banido e sacudido do meu ambiente, como simples insecto,
Vim cair há 38 anos numa gigante teia,
Aonde tenho levado tareia.
Comigo, outros meus conterrâneos se juntaram à mesma teia,
Ficámos privados dos bens e liberdades,
Perseguidos pelas adversidades.
Conseguimos libertar deste calvário a nossa amada família,
Que voou para longe desta gigante teia,
Iniciando outra grande epopeia.
Dentro da teia me debato e esgravato para dela me libertar,
Esforços meus são em vão frutíferos,
Continuo junto dos aflitos.
Todos os dias mais parceiros se juntam a nós nesta teia,
Que não conseguimos destruir sem sangue,
Mas que se torna exangue.
Passei a usar o pensamento e a escrita para espalhar a revolta,
Mas tudo o que produzo cai no vazio,
Não tem o retorno merecido.
Quem ficou de fora da teia, assiste impávido e agradado,
Com o sofrimento de quem está sacrificado,
Dentro da teia amordaçado.
Com a privação do nosso património e o nosso aprisionamento,
Os oportunistas tiram partido e aproveitamento,
Reduzindo o nosso sustento.
De tanto forçarmos a teia que nos prende com agressividade,
Tenho esperança de que a teia será destruída,
E a liberdade definitiva, conseguida.