domingo, 30 de setembro de 2012

TRABALHO COMUNITÁRIO


Todos para não sermos tolos, devíamos fazer
Trabalho comunitário, na nossa comunidade,
Para sermos úteis e ajudarmos a sociedade,
Ser mais solidários e cumprir com o dever.

Se todos nós fizéssemos trabalho comunitário,
Haveria mais progresso e a Paz tão desejada,
Por todos nós, mas que deve ser conquistada,
Usando boa vontade e bom espírito solidário.

Participemos então no trabalho comunitário,
Não nos deixemos acomodar ao nosso egoísmo,
Ajudemos os outros, usemos algum altruísmo.

Conseguiremos por fim ser bondoso, solidário,
Tornar nosso Mundo mais próspero, produtivo,
Em benefício de cada um e do nosso colectivo.

RIO CHILOANGO


Coluna dorsal de Cabinda, tens virtudes de mulher,
Beijas com tuas margens, a floresta do Maiombe,
Guardas no teu ventre peixes e grandes jacarés,
Corres sem pressas para o mar sem te perder,
Levas contigo canoas a remos até muito longe,
Para chegares ao teu destino antes das marés.

Teu ventre tem curvas que serpenteiam teu leito
Onde te movimentas através da imensa floresta,
Tingida da cor barrenta que te faz seus assédios,
Deixando-te comprometida e sem qualquer jeito,
Não te permitindo sequer fazeres a tua sesta,
Para te refazeres da caminhada, sem tédios.





ONDE ESTÁ O FUTURO?



Quem é que acredita no futuro, tão misterioso?
O passado real já aconteceu e ficará famoso,
O presente vai passando ao sabor das ondas,
Que varrem a terra sem avisar e fora de horas.

O que é que se espera do futuro desconhecido,
Com tantas dúvidas a bloquear-nos o caminho,
Sem se encontrar soluções, de coração ferido,
E provocando permanente conflito e desatino.

O que se espera então do futuro, quando a fé
Deixou de existir, sem se saber o que vai ser,
Para nós e nossos descendentes sem sofrer.

Nunca o futuro foi tão incerto, em contrafé
A reclamar direitos, esquecendo os deveres
Que todos devemos cumprir com afazeres.



sexta-feira, 28 de setembro de 2012

LÁGRIMAS DERRAMADAS



Os rios que correm para o mar, levam as lágrimas
Abundantes que derramei, sem controlo e sem lei,
Por ter deixado a minha terra, em horas mortas,
Que troquei por outra que há algum tempo deixei.

Rios que vão desaguar ao Atlântico, com lágrimas
Que me abandonaram para atingirem a minha terra,
Castigando-me com recusas e alta punição, severa,
E que eu quero esquecer por muitas e más horas.

Foram tantas as lágrimas derramadas, que a água
Salgou ainda mais e o mar se tornou tão pesado,
Momento mal vivido, sem futuro e sempre chorado.

Secaram as lágrimas, restou apenas minha mágoa,
Por ter chorado todas as lágrimas que guardei,
Até ao fim, sem regras, sem motivos e sem lei

APEADO E ABANDONADO


Depois daquele dia cinzento e amargo,
Fiquei inesperadamente só, abandonado
Por aquela mulher que eu tanto amava,
Amor que mal tinha começado, acabava.

Magoado e o meu coração despedaçado,
Fiquei apeado, perdi meu machimbombo,
Tenho de seguir com o destino errado,
Evitar mais encontros e desencontros.

Continuo meu caminho sem algum destino,
Não sei já quem sou e o que devo fazer,
Para enfrentar tamanha afronta e sofrer.

Não quero nova aventura, vou ter tino,
Para não voltar a ser apeado sem razão
E poder viver mais anos com ambição.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

NEVOEIRO


O bulício das cidades
e o conflito dos espíritos

O nevoeiro invadiu a cidade pela madrugada,
As pessoas deixaram de se ver, desconfiadas,
Têm a ilusão de estarem às ruas aprisionadas,
Vagueando com suas mãos vazias, sem nada.

O nevoeiro é cada vez mais intenso, assusta,
Os carros apitam para correrem como linces
Atrás da presa humana que foge e barafusta,
Tal como se estivesse em fuga e sem limites.

Com o levantar do nevoeiro, entram em casa.
Sem saber o que andaram pelas ruas e fazer,
Por terem sido surpreendidos e muito temer.

Afinal tudo não passou d’um sonho e tara
Que a todos atromentou, sem compaixão,
Deixando amargo de boca e menos visão.





AGRADECIMENTO


Para não fugir à regra, venho agradecer

Em verso, a todos os meus familiares

E amigos, os muitos e variados votos

Simples e ilustrados, que me chegaram,

Neste momento único do meu renascer

Para mais um ciclo de vida de cantares

Em versos inspirados em reais factos

Que sempre senti e me preocuparam

AS AULAS DA PRIMÁRIA


Naquele velho pavilhão de estilo inglês,
Aprendi as primeiras letras de português,
Antes das aulas, rezávamos e cantávamos
A Portuguesa, o hino que respeitávamos.

De tudo aprendíamos um pouco, ficávamos
Com conhecimentos gerais e bons hábitos,
Que nos educaram nas relações e tratos,
Com a vida e pessoas com quem lidávamos.

Quando eramos desobedientes e mandriões,
A palmatória de cinco olhos se vingava,
Com palmatoadas fortes que nos magoava.

Tenho saudades das aulas, de suas lições,
Foi com elas que aprendi a ser boa gente,
Sério, trabalhador, e a não ser negligente.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A SESTA


Com as mãos bem firmes segurando o jornal,
Meu pai passava a vista pelas gordas do dia.
Deitado, depois do almoço, o sono era fatal,
O jornal abandonado para cima do peito, caía.

O sono era leve, para recuperar as energias
Que durante a manhã eram mui consumidas.
Tempo que não fugia, parando e para ajudar
Das tarefas e trabalhos podermos recuperar.

A sesta era um ritual que todos praticavam,
Tornou-se hábito e obrigação fazer a sesta,
Para esquecer os perigos vindos da floresta.

Das breves sestas só lembranças restam,
Hábito esquecido que deixou recordações,
Que se votou ao abandono sem ambições.





segunda-feira, 24 de setembro de 2012

CABINDA - PÉROLA DO ATLÃNTICO


Quando se abriu a concha que te guardava,
Surgiste, bela e esplendorosa para a vida,
Logo para te conquistarem foste assediada,
Passaste a viver em sobressalto e dorida.

Nasci e cresci contigo, de mãos apertadas,
Desfrutámos ambos da bendita natureza,
Brincámos com os animais às escondidas,
E eu sempre extasiado com a tua beleza.

Pena tive, não ter podido então acompanhar
A tua emancipação, assistir à tua comunhão,
Sofrer contigo, teus assédios, te poder ajudar.

Tive de emigrar para longe, além Atlântico,
Trazendo-te comigo guardada no coração,
E procurar manter a calma, evitando dano.

E


VIDA SEQUESTRADA


Sinto que vivi a vida em sequestro permanente,
Sem liberdade de acção e pensamento, tempo
Que não tive para recuperar e poder ter alento,
Fiquei sequestrado, sem coragem e sustento.

Acho que a vida não me consentiu liberdade,
Sequestrou-me, nem por mim sentiu piedade,
Longa agonia, saber que nunca seria alguém
E que o resto da vida ficaria um Zé-ninguém.

Se ao menos tivesse amigos a quem recorrer,
Para me libertar deste penoso e vil sequestro,
Viveria feliz, o tempo que me resta, modesto.

Que acabe este sequestro antes de morrer,
Para ainda algum tempo poder viver feliz,
Com novo ânimo, coragem e outra matriz.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

PALAVRAS GRATUITAS


Ninguém dá valor às palavras. Usam-nas como preservativos.
Depois de usadas, deitam-nas fora, não as querem guardar,
Achando que o uso foi de ocasião para não haver discussão.
Em tempos idos as palavras eram sagradas, ao se pronunciar,
Hoje não passam de mera demagogia, sem sérios objectivos.
Usam-se as palavras apenas para satisfazer pessoal ambição.

Ouvem-se palavras a esmo, apenas para impressionar e iludir,
Sem conteúdo e sentido construtivo, todas para o povo ouvir,
Aproveitando a ignorância, a estupidez e o desinteresse geral.
Na política, com promessas, no povo, sofrendo com as crises,
Na juventude, não acreditando no futuro e ausência de moral,
As palavras tornam-se banais e sem valor, deixam de ser fixes.

Nunca mais a palavra voltará a ser contrato, nem as palavras
Merecerão crédito, serão cada vez mais usadas e abusadas,
Comprometendo o futuro dos valores do povo e da identidade,
E a sobrevivência da Nação, com o aumento da desigualdade.
O povo e a Nação ainda acreditam na palavra, nem que usem
Meios mais adequados para manter a liberdade, sem fugirem.





FAÇO O QUE MELHOR SEI FAZER



Estou perdido e desorientado, não sei o que fazer,
A minha vida tornou-se um labirinto,
Que já não ajo nem sinto,
Estou a temer.

A vida foi cruel e imprevisível, de quadros difusos,
Com uns momentos bons e outros maus,
Que me senti como naus,
Noutros mundos.

Apanhei mar calmo e tempestades que me impediram,
De chegar a bom porto, com meus bens,
Que ondas alterosas levaram
Com alguns vinténs.

Naufraguei em terra longínqua, sendo considerado intruso,
Durante muitos anos fui marginalizado,
Estive sempre muito confuso,
Por me achar desprezado.

Reergui-me com dificuldade e lutei contra as barreiras
Que me foram colocadas para criar
Todas as piores teias,
Difíceis de imaginar.

Consegui por fim impor meu valor, minha competência,
No que melhor sempre soube fazer,
Relatar a minha experiência,
Para dar a conhecer.





BEIJO AO LUAR


É noite de lua nova. Olho para o céu e só vejo
Estrelas que parecem vigiar-nos do firmamento,
A noite é de breu, pintada a carvão, sofrimento
Meu não ter claridade para poder dar um beijo.

O beijo que dei foi por engano na face escura,
Não soube a nada, não via minha namorada,
Ela se arrepiou, passando por penosa tortura,
Deixando-me desiludido, nas mãos sem nada.

Vou deixar passar a lua para a fase crescente,
Para tentar dar outro beijo à minha bela amada,
Contando que não se sinta outra vez enganada.

Após a lua cheia despontar no céu docemente,
Tentei nossos lábios unir, ao luar acariciador,
Aquecendo-nos com sua luz, seu calor e amor.





quarta-feira, 19 de setembro de 2012

DESCOBRIDORES PORTUGUESES

PROMONTÓRIO DE SAGRES

Mirante do mar infindo que D. Henrique batizou,
Com as águas que levaram as naus a paragens
Desconhecidas, por engenho, arte e mensagens,
Do nosso rei D. Duarte, que com coragem reinou.

Marinheiros destemidos que Mundos desbravaram,
Mares encapelados a perder de vista, misteriosos,
Perdendo vidas com doenças, em lutas envolvidos,
Mercê da fé e esperanças que não abandonaram.

Foram heróis no mar, e na sua terra condecorados
Pelos grandes feitos e serviços à Pátria prestados,
Mereceram honras e medalhas de veros patriotas.

Outras terras, outras gentes descobriram por fim,
Ao espalharem o nome de Portugal até Bombaim,
Recolhendo belas iguarias e riquezas preciosas.




segunda-feira, 17 de setembro de 2012

AS FERIDAS DO MEU CORAÇÃO


Pior que as feridas da carne, são as do coração,
As que mais doem e não têm cura pretendida,
As feridas do coração provocam crise sentida,
As da carne saram depressa, com medicação.

Não sei como evitar as feridas do meu coração,
Elas são provocadas por pessoas com ambição
Desmedida, que se servem de todos os meios
Para atingir os seus macabros fins sem receios.

Vou passar a usar um colete à prova de setas,
Que proteja o meu coração dos malfeitores,
Desenganando-os por se acharem superiores.

Arranjei ânimo e forças para atingir as metas
Que pretendo alcançar com toda a liberdade,
Bom senso, trabalho e precisa generosidade.

.



DA TERRA PARA AS NUVENS


Desliguei-me da terra, ando nas nuvens, ao sabor do vento,
Não sei para onde vou, o destino é incerto,
Vou pelo braço de um anjo,
De mim bem perto.

Perdi a memória, não sei o que me aconteceu, bruscamente,
Só sei que já não volto à terra, tudo acabou,
A vida foi curta e de surpresas,
Nunca me enganou.

Deixei na terra as minhas memórias inacabadas, guardadas,
Numa arca de ferro fechada a sete chaves,
Que trouxe comigo para as nuvens,
Sem entraves.

Vejo agora a terra minúscula a pairar no espaço sem fim,
Com os homens dentro dela a se digladiarem,
Pela posse do que não lhes pertence,
E tudo ignorarem.

Não sei se serei julgado por algum tribunal extra terrestre,
Por aquilo que me foi imposto fazer, contrariado,
Não tenho advogado, vou defender-me,
De ser condenado.

Vai ser difícil justificar-me apenas com os meus argumentos,
Pois agora sinto que todos me abandonaram,
Fiquei entregue a mim próprio,
Destruir-me juraram.













VIDA SEM GRAÇA


Esta vida não tem graça nenhuma, é pura ilusão.
São mais os momentos tristes que os divertidos,
A todo o momento por eles somos surpreendidos,
Não encontramos explicação para tal decepção.

Bem fazemos por contrariar os maus momentos,
Deparamo-nos com barreiras e muitas surpresas,
Faltas de respeito com ausência de sentimentos,
Mergulhando-nos sem piedade nas profundezas.

Humilhados e ofendidos, ficamos com o coração
Empedernido, insensível a tudo o que acontecer
E que nunca mais na vida poderemos esquecer.

A vida não tem graça nenhuma, não há ambição,
Tudo de mal nos acontece, sem podermos evitar,
Nem que façamos grande esforço para acreditar.



sábado, 15 de setembro de 2012

POSTAL DE CABINDA DOS ANOS 30 A 50 DO SÉCULO XX - O BARCO DO PUTO





Era dia de festa em Cabinda. Chegava o barco do Puto. A criançada corria para o alto do morro do Palácio para ver o barco a crescer para a baía. Destacavam-se, por ordem, os mastros, seguidos das chaminés e por último o casco. Acabava por fundear a umas largas milhas de terra por falta de calado.

Os sinos do palácio e da capitania, repenicavam, saudando a chegada do navio. Fazia mais de um mês que não havia correio nem mantimentos do Puto. A garotada, na qual eu me incluía, descia numa corrida desenfreada a rua Ruy de Sousa ao longo da granja e dirigia-se para a ponte para ver os batelões acostarem à ponte cais. Começava a descarga do correio e dos bens alimentares, com prioridade para os frescos, constituídos por sardinhas e carapaus, bacalhau, legumes, frutas, queijo da serra, castanhas, etc.

O desembaraço alfandegário era célere e por vezes prolongava-se pela noite, até estar concluído. Os produtos de frigorífico eram normalmente rateados pelos clientes para serem todos contemplados. Depois desta azáfama que agitava a vida normal da cidade, durante a permanência do navio, seguia-se a rotina dos dias calmos de trabalho e convívio entre a população.

Este é um postal da vida de Cabinda dos anos 40 e 50 que eu usufrui, com felicidade, na minha meninice e parte da adolescência, na companhia dos meus amigos e da minha família e que acho merecer a pena aqui reproduzir.

O SOL AMEAÇA DESAPARECER



Ainda a Lua pálida se apaga no céu, já a coroa
Do Sol se ergue no horizonte.
E aparece atrás d’um monte.

A Lua desaparece como que consumida por breu,
O Sol cresce, redondo e vaidoso,
Surge vitorioso.

O Sol aquece e ilumina a tímida Terra que acorda
Para um novo dia, espreguiçando,
Do seu longo descanso.

Com o Sol bem longe, vigiando, a treva trava fortes
Batalhas intestinas que a devoram,
E apavoram.

A vida na Terra sofre violenta e terrível convulsão,
Com recontros entre seus habitantes,
Como autênticos mutantes.

O Sol resolve assustar a Terra com erupções de fogo,
Que podem fulminar a sua vida,
Tornando-a sofrida.

Os homens da Terra entram em confronto com a natureza,
A que provocam fortes danos,
Por muitos anos.

A Lua aparece de quando em vez, e o Sol ameaça desaparecer,
Para sempre da vida da ingrata Terra,
Que se dilacera.



NERVOSOS


Andamos todos nervosos, em confronto permanente,
Por discordarmos de opinião, sem termos em mente,
Que o consenso geral é fundamental para haver Paz,
Esquecendo os confrontos que deixaremos para trás.

Ninguém é dono da verdade e tem as boas soluções,
Tudo depende da nossa vontade e de boas intenções
Para se chegar a acordo nos temas de melhor matriz,
Contribuindo para a estabilidade e progresso do País.

Daqui lanço o meu apelo para um consenso de todos,
No conserto social e nas políticas mais apropriadas,
Para se conseguir atingir metas, por todos desejadas.

Depois destes parâmetros definidos, só serão tolos
E parolos, os que discordarem com este processo,
Com medidas tomadas que resultarão em sucesso.





A NOSSA CASA


Cheia ou vazia, é sempre a nossa casa, que nos alberga.
Com as suas paredes, teto e coisas, trocamos segredos,
Na nossa casa construímos projetos e perdemos medos,
Vivemos vida inteira com grandes receios da sua perda.

Na nossa casa formámos família, com os primeiros filhos,
Passando pelos netos e bisnetos, que vão para destinos
Longínquos, ficando apenas a companhia da nossa casa
E de uma cadelinha que se torna nossa amiga dedicada.

É na nossa casa com os nossos objetos mais estimados,
Que olhares para o exterior, são dirigidos para explorar
Natureza, animais, e pessoas e carros nas ruas a circular.

Não podemos estar muito tempo da nossa casa, afastados.
Ela também espera de nós carinhos, limpeza e arrumação,
É a nossa casa a melhor amiga íntima, de peito e coração.

.





sexta-feira, 14 de setembro de 2012

OS IDOSOS


Quem sabe que os idosos existem e sobrevivem,
Aguardando pela chegada ao fim da caminhada
Que percorreram durante longo tempo, por nada.
Embora ainda esperando as suas metas atingirem.

O caminho percorrido foi árduo, longo e vitoriano,
Passaram por várias etapas, tanto boas como más,
Acharam que estavam realizados, seu puro engano,
Por isso gostariam com força de poder voltar atrás.

Seus desejos tornaram-se impossíveis de realizar,
Sentem-se traídos pela vida que não lhes deu nada,
Achando que serão iludidos por nova encruzilhada.

Já não têm forças para continuar por ideais lutar,
A vida foi uma passagem muito rápida pela terra,
Não se deu por ela, aepnas mistério que encerra.






quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O MEU PRIMEIRO LIVRO - EPICENTRO


Estou apaixonado pelo meu primeiro livro,
Ele é o meu confidente, o meu memorial,
Leio e releio o que com amor eu escrevi,
E que me deixará realizado e existencial.

Os textos surgem como anjos com asas
Que levam mensagens aos meus leitores,
De feridas por mim sofridas, mal saradas,
E que irão sensibilizar meus admiradores.

Depois deste livro outro publicarei em breve,
Esquecendo ciúmes que o primeiro pode ter,
Pois quero que meus leitores o possam ler.

Ficarei assim com a minha consciência leve,
Ao dar a ler os meus textos de factos reais,
Com que nos defrontamos, cada vez mais.






FAÇO O QUE MELHOR SEI FAZER


Estou perdido e desorientado, não sei o que fazer,
A minha vida tornou-se um labirinto,
Que já não ajo nem sinto,
Estou a temer.

A vida foi cruel e imprevisível, de quadros difusos,
Com uns momentos bons e outros maus,
Que me senti como naus,
Noutros mundos.

Apanhei mar calmo e tempestades que me impediram,
De chegar a bom porto, com meus bens,
Que ondas alterosas levaram
Com alguns vinténs.

Naufraguei em terra longínqua, sendo considerado intruso,
Durante muitos anos fui marginalizado,
Estive sempre muito confuso,
Por me achar desprezado.

Reergui-me com dificuldade e lutei contra as barreiras
Que me foram colocadas para criar
Todas as piores teias,
Difíceis de imaginar.

Consegui por fim impor meu valor, minha competência,
No que melhor soube sempre fazer,
Crónicas e poesia com valência,
Para dar a ler.









terça-feira, 11 de setembro de 2012

A PORTA DO PARAÍSO


Bati à porta do paraíso, ninguém a veio abrir,
Pedi a Deus para me reservar um bom lugar,
Ele m'o recusou, nem um lugar quis garantir,
Por ter sido na Terra tão pecador, Ele achar.

Pensei eu que na Terra me comportara bem,
Afinal, fui acusado de herege por não rezar,
Não bastava crer em Deus, tinha d'O adorar,
Assim fiz, mas não ia à Igreja como convém.

Apesar de batizado e ter feito a comunhão,
Não era considerado um verdadeiro cristão,
Por isso eu nunca teria entrada no Paraíso.

Minha morte, com dor foi muito participada,
Assistiu toda a família que por mim rezava,
Pedindo a Deus para me dar lugar merecido.



segunda-feira, 10 de setembro de 2012

KAZUMBI


Nunca vi o kazumbi,
Diziam em criança que ele existia,
Que às vezes aparecia,
Mas eu nunca o vi.

Eu tinha medo do kazumbi, sem o ver,
Com sono solto, dormia mal,
Imaginava o cazumbi a trepar árvores,
Para apanhar aves.

Nunca tive a certeza se o kazumbi existia,
Se era pura imaginação minha,
Só sei que o temia,
E que ele ia e vinha.

Quando me banhava no rio ou na praia,
Aparecia o kazumbi,
Mas eu não o via,
Acho que ele me fugia.

Diziam que o kazumbi devorava crianças,
Aumentando o meu pavor,
Perdia as minhas esperanças,
Sofria de dor.

Durante toda a minha vida vivi com o kazumbi
Ao meu lado, no bem e no mal,
Protegeu-me de desastre fatal,
Com ele nunca discuti.


domingo, 9 de setembro de 2012

O QUE GUARDEI DE TI


Guardei de ti o sal dos teus lábios,
Dos beijos que demos à beira mar,
Ao luar,
Com o barulhar das ondas a bater nos rochedos,
Da muralha que construímos
Com a nossa paixão.

Guardei de ti o cheiro do teu corpo,
O acetinado da tua pele,
Que eu abracei,
De nada de ti me queixei,
Não te encontrava defeitos,
Só via os teus peitos.

Guardei de ti tudo o que me deste
E o que ficou por me dares,
Que eu te pedi e implorei
E que tu recusaste.

Guardei de ti as tuas verdades e mentiras,
Que cego não queria crer,
Porque só a ti eu via,
Sem nada temer.

Ainda guardo e guardarei de ti,
O por de sol
Que admirávamos do farol
Da praia dos nossos amores,
Em que nossos corpos
Se enrolavam na areia branca dos trópicos.

Quando chega a noite e tu não estás presente
Em corpo, sinto a tua alma
Que me acalma,
Para eu contigo puder sonhar tranquilo,
E imaginar teu corpo e teus beijos,
Em abraços muito estreitos.

POESIA DO MAR E DA TERRA


Este soneto é dedicado a todos que nasceram
e ou viveram em ÁFRICA

Cansado de terra, cada vez gosto mais do mar,
Minha vista espraiar e a maresia poder respirar,
O meu olhar perder-se no horizonte das ondas,
Que me levam ao meu passado, como sondas.

Através do ondulado do mar, o olhar espelhado,
Difuso, com imagens de momentos bem vividos,
Mas que por motivos estranhos são esquecidos,
Que me faz mal descrever e manter recordado.

Agora, longe do mar, só me preocupo com terra,
Onde vivo, triste e ocupado em relatar memória
De coisas boas e más, do passado, sua história.

No meu recanto, no meu posto, será vida eterna,
A lembrança do meu passado de brio e valoroso,
Que não me cansarei de cantar em tom doloroso.





sexta-feira, 7 de setembro de 2012

BOAS NOVAS QUE NÃO CHEGAM


Anseio por boas novas que estão por chegar,
O meu coração sangra e sinto a carne ferida,
Desespero com tanta incerteza sobre a vida,
Não sei que fazer, se devo desistir ou esperar.

Passaram anos e anos e tudo está na mesma,
As promessas foram vãs, falsas e dolorosas,
Fazem-me passar por descrenças e incerteza,
Situações imprevisíveis e deveras perigosas.

Sei que as boas novas nunca me irão chegar,
Ficarão pelo caminho, perdidas na imensidão
Do tempo, sem remorsos e nenhum coração.

Irei sofrer, eternamente, até a minha vida falhar,
Triste, por ser impotente para mudar meu rumo,
Foi-me erguida enorme barreira como um muro.



quinta-feira, 6 de setembro de 2012

OS BARCOS


Olho para a linha do horizonte e nela observo o mar,
Já não há barcos como antigamente, onde ancoraram
Eles que não se descobrem, nem posso agora viajar,
Será que por considerarem obsoletos os afundaram?

Os barcos fizeram a sua história, com as descobertas,
Transportaram riquezas e bens de diversas paragens,
Passaram a ser no Universo, apenas puras miragens,
Foram substituídos por outras soluções mais certas.

Tenho saudades do tempo em que viajava para África
De barco, desfrutando da beleza das ondas agitadas,
Rebentando nos costados dos barcos, enamoradas.

Hoje os barcos são desafiados a entrar em compita,
Com aviões que cruzam os céus muito mais rápidos,
Sendo esquecidos e abandonados, tão contrariados.



quarta-feira, 5 de setembro de 2012

DEUS CONFIDENTE


Quando me remeto ao silêncio, entro em contacto com Deus,
Ele toma conta da minha vontade, do meu querer,
Dá-me conselhos para eu não temer,
Enfrentar o Mundo.

Deus é omnipotente, sábio e o melhor amigo e aconselhador,
Devemos escutar as suas palavras, com atenção,
Atentarmos nelas em meditação,
Para merecermos perdão.

Deus sabe o que nos atormenta e o que se passa à nossa volta,
Olha por nós, quando o acolhemos em sossego,
Serve de nosso confidente e aconchego,
Dá-nos esperanças.

Quando estou mais confuso e perco o rumo, recorro a Deus.
Para me aconselhar o melhor caminho a tomar,
E me abrir novos horizontes e encorajar,
A não desistir.

Só com a ajuda de Deus podemos progredir e chegar a bom porto,
Sem muita turbulência e com vento de feição,
Mantendo viva a nossa sagrada ambição,
De obter saúde e Paz.












DUNAS E FLORESTAS


Para lá das dunas, fica a África misteriosa e densa,
Encerra histórias e enigmas ainda por se decifrar,
As areias movem-se mas não vencem as florestas,
Que não se abrem, erguendo uma barreira intensa,
Aos aventureiros que arriscam tudo para as atacar,
Evitando sofrer certas invasões fortuitas e nefastas.

As dunas mudam de lugar de repente, são nómadas,
Não têm pouso certo, vivem do vento que as move,
As suas areias, intrusas, invadem às vezes, cidades,
Deixam em pânico as populações com as investidas,
Além de espalharem areia fina, em fortíssima dose,
As dunas, traiçoeiras, surpreendem com maldades.

Do confronto, dunas e florestas ficam empatadas,
Ambas enfrentam o mesmo inimigo, o ser humano,
Utilizam os longos desertos e as possantes árvores
Para travarem as ações dos homens, desaustinadas,
Que se sentem nómadas errantes, como um cigano,
Achando que é tudo imaginação e não são verdades.



terça-feira, 4 de setembro de 2012

QUEIMADAS E INCÊNDIOS


Há diferenças profundas entre as queimadas de África
E os incêndios doutros lugares da terra, que grassam.
As queimadas têm encanto e beleza e nos enfeitiçam,
E os incêndios são aterradores, de provocação ácida.

As queimadas tingem as noites de vermelho bem vivo,
Afugentam os animais perigosos e limpam os matagais,
Os incêndios queimam tudo à sua frente, sem piedade,
Destroiem casas, empresas, culturas e matam animais.

As queimadas de África são especiais como o arco-íris,
Surgem de tonalidades vermelhas, iluminando as terras
Que as populações defendem com asseio, sem arrepios.

Os incêndios desertificam terrenos, concorrem com sóis,
Provocam sérios danos, com os habitantes, como feras,
Que nunca cuidam e limpam seus matos, como lençóis.



PROCURO PALAVRAS


Procuro palavras para as juntar no meu puzle
Com forma, sentido e ritmo, mas falta o tema,
A noite de vigília vai longa, faltando o teorema
Para encontrar a rima, a cadência e o poema.

Vou à minha imaginação buscar as palavras
Pego nelas mas jamais as consigo interligar,
Para exprimir as minhas ideias e as publicar,
Dando a conhecer verdade difícil de amargar,

Os temas são muitos, confusos e controversos,
Versam sobre assuntos misteriosos do mundo,
Que tento ir buscar a um longo poço sem fundo.

Acabo por juntar palavras em diversos versos,
E transmitir o meu sentir por tudo que eu vejo,
De bom e de mal que quase sempre antevejo.



O MEU SOFÁ



Tenho um sofá na minha sala que não é só meu,
É de todos, filhos, netos e bisnetos e também eu
Me sento nele para ver televisão, ler e conversar,
Todos o disputam quando estou para me afastar.

Tudo o que observo do meu sofá, me sensibiliza,
Contradições da sociedade em que nós vivemos,
De momentos violentos e cruéis que nos hostiliza.
Inspiram-me a escrever no IPAD muitos temas.

Não troco o meu sofá por nada mais do Mundo,
É insubstituível e meu único amigo, inseparável,
Tornou-se confidente e meu assento confortável.

Continuo a repartir o meu sofá pelos familiares,
Todos se sentem bem nele, sentados, curiosos,
Com acontecimentos que seguem, misteriosos.





sábado, 1 de setembro de 2012

IMAGINAÇÃO


Penso, divago, imagino muita coisa diversa,
Tenho medo de mim próprio, das fantasias,
Que me imagino no cenário de uma floresta,
Envolvido por plantas, pássaros e cantorias.

Imagino que estou na floresta do Maiombe,
Rodeado de árvores, plantas e alto capim,
Não sei bem em que ponto estou, aonde,
Só sei estar algures, tenho medo de mim.

Vieram ter comigo, mulheres belas e nuas,
Tinham-se banhado nas águas de um rio
Queriam passar momentos bons comigo.

Recusei tão descarado desafio, eram luas
Que eu imaginava no céu, de passagem
Para novo dia, simples a minha miragem.





RIO LUCOLA


Homenagem que presto ao rio da minha vida,
onde aprendi a nadar e tomei muitos banhos.

Rio emblemático de Cabinda, com águas quentes,
Onde as crianças se banham divertidas e a reinar,
Tempos de criança que eu não deixo de recordar,
Com vontade de participar em jogos envolventes.

Os caranguejos saíam dos buracos para passear,
Corríamos depressa atrás deles para os apanhar,
Eles fugiam de nós e desapareciam de repente,
Voltávamos para a água, para a maré enchente.

É bonito ver os meus patrícios naquele belo rio,
Divertindo-se, para esquecerem suas tristezas,
Vida difícil que passam sem ceder a fraquezas,
Conservando sua personalidade e seu vivo brio.

O rio Lucola faz parte da vida dos meus patrícios,
Que dele cuidam e aproveitam para se banharem,
Fazendo esquecer tristezas e a tentação de vícios,
Que desgraçam muita gente, sem nunca evitarem.




A ILHA DOS DESAJUSTADOS


Bem longe da civilização existe a ilha dos desajustados,
Nela vivem pessoas que jamais têm algo de civilizados,
Não sabem viver em sociedade com educação e regras,
Seu comportamento é provocatório e exercido às cegas.

Foram deportados para aquela ilha para se regenerarem,
A fim de poderem viver numa sociedade mais igualitária,
As dificuldades por que passam, parece ser uma solitária,
Em que se sentem marginalizados e nada ambicionarem.

Depois de longa deportação, são muitos os arrependidos
Que se reabilitam e voltam a viver livres, em sociedade,
Retomando a vida normal construtiva, sem ambiguidade.

Constituem família, constroem alicerces, fazem amigos,
Dedicam-se a muitos e bons ofícios, tornam-se criativos,
Passam a defender ideais, com muito sucesso atingidos.