sábado, 31 de março de 2012

MAIS FORTE QUE EU

Mais forte que eu,
É desconfiar de tudo e de todos.
Mais forte que eu,
É ser demasiado ambicioso.
Mais forte que eu,
É ser mais falador que ouvidor.
Mais forte que eu,
É ir à luta até ao limite, sem desistir.
Mais forte que eu,
É ser cegamente ciumento.
Mais forte que eu,
É não conseguir esquecer o passado.
Mais forte que eu,
É não saber perdoar aos inimigos.
Mais forte que eu,
É perder os amigos sem motivos.
Mais forte que eu,
É ter vontade de viajar sem poder.
Mais forte que eu,
É ver a família destroçar do clã.
Mais forte que eu,
É faltar-me por vezes inspiração.
Mais forte que eu,
É não ter tempo para escrever tudo.
Mais forte que eu,
É querer à minha terra regressar.
Mais forte que eu,
É ter perdido a vontade de sonhar.
Mais forte que eu,
É partir para sempre com muito para fazer
Mais forte que eu,
É ambicionar morrer sem sofrer.

BANCO DE URGÊNCIAS

Quando entrei naquele banco de urgências,
Pensei que iria morrer, tal era o sofrimento,
Vieram-me à memória, com intermitências,
Imagens da minha vida em mau momento.

Era uma sensação da verdade que eu vivia,
Confessando toda a mentira já esquecida,
Arrependido de todos os males, eu sentia,
Ainda poder alcançar o céu que merecia.

Entreguei-me às mãos de Deus para julgar,
Se devia ou não deste Mundo desaparecer,
Antes mesmo de ter cumprido o meu dever,

Rezei a Deus para meus pecados perdoar.
Senti que Ele escutava as minhas preces,
Concedendo-me por fim, suas benesses.

sexta-feira, 30 de março de 2012

SONHO QUÁSI REAL

Montei um cavalo branco e parti à busca do Mundo,
Atravessei terras, estepes e rios,
Quis novos horizontes desbravar,
A galopar.

Descobri gentes e animais, em perfeita comunhão,
Partilhando espaços, água e savanas
Surpreendido fiquei com os quadros
Bela visão.

Aquele Mundo novo que encontrei, parecia irreal,
Nunca pensei que existisse tal,
Parecia um sonho que desejei,
E que criei.

Gostaria de viver naquele outro Mundo, encantador,
Para poder ser livre e sonhador,
Mas não encontrei lá os meios,
Apenas receios.

Descobri então que estava em África, cenário natural,
De plena magia e encanto impar,
Ultrajada e sujeita a maus tratos,
Por incautos.

Descobri também eu lá ter nascido, nos bons tempos,
Ter crescido livre com os animais,
Ter vivido com encantos naturais,
Com pureza.

Tudo afinal não passou de um longo sonho perturbador,
Que ao acordar me deixou incomodado,
Por saber que tudo era a pura verdade
De muita dor.

O QUE FICOU POR DIZER

De tudo o que eu disse e não disse,
Muita coisa ficou por dizer ontem,
Não há nada que eu não previsse,
Sinto meu raciocínio em desordem.

Ainda não desisti de te contar tudo
O que ficou por dizer, quando cair
Nos teus braços macios de veludo,
Que eu desejo para sempre atrair.

Quero dizer-te como ainda te amo,
Quanto te desejo possuir e acariciar,
E o tempo perdido poder recuperar.

Quero dizer-te, o que acho soberano,
Construirmos o nosso lar e vir a ter
Filhos, para o nosso nome manter.

quarta-feira, 28 de março de 2012

FIGURINHAS, FIGURAS E FIGURÕES

Este tema não tem cabimento na poesia, pelo que vou abordá-lo em prosa. Trata-se de personagens marcantes da nossa vida contemporânea, embora a sua existência já venha dos tempos primórdios da humanidade.

As figurinhas são pessoas que não têm influencia na sociedade em que se encontram inseridas por serem consideradas inúteis. De tão baixo que é o seu nível de vida, que a sua participação na sociedade é apenas figurativa, embora o seu número global seja dominante. As figurinhas limitam-se a sobreviver com os escassos recursos de que dispõem. Para além de não se sentirem predispostas ao trabalho, também são-lhes oferecidas poucas oportunidades.

Já as figuras pertencem à classe intermédia de indivíduos remediada que, por formação e estruturas familiares, têm uma participação activa com o seu trabalho qualificado na formação de riqueza. Por ironia e para seu mal, a maior parte da riqueza é absorvida pelos figurões, a quem as figuras prestam vassalagem.

Por último existem os figurões que, sem qualquer esforço e trabalho, dominam a situação, fechando-se no seu reduto, colhendo os frutos semeados e criados pelas figurinhas e figuras. Os figurões ainda se dão ao luxo de controlar e reprimir qualquer tentativa de emancipação das figurinhas e das figuras. Parece inacreditável mas os figurões são o número mais reduzido de indivíduos que compõem a sociedade actual. São eles que fabricam e aplicam as leis ao seu belo prazer, protegendo e blindando a sua classe privilegiada e fazendo-se remunerar por cifras astronómicas.

Pelos factos aqui descritos fica demonstrada a razão por que há tanto protesto e desordem ao nível planetário. As sociedades desmembram-se, deixando de ser homogéneas e entram em colapso, contribuindo para a derrocada das Nações. Muitas destas correm sério risco de perderem a sua independência, não só política como económica, tornando-se Nações pobres. O único factor que ainda pode unir as figurinhas, as figuras e os figurões, é a PÁTRIA, INDISSOLÚVEL E INSUBSTITUÍVEL.

VÍCIOS

Tenho medo dos vícios, são perigosos e traiçoeiros.
Todos nós temos vícios que nos chegam silenciosos,
Agarram-se a nós sem dó e nunca mais nos deixam.
Os vícios são muitos, variados e bastante matreiros,
Tornam-se agressivos, detestáveis e assaz odiosos,
Comparáveis com doenças graves, que contagiam.

Também tenho vícios de que me quis então libertar,
Tive dificuldade em o conseguir, os vícios de mim
Se apoderaram, fazendo parte da minha curta vida.
Sentindo-me impotente para de mim os escorraçar,
Luta a minha que tenho de travar sem tréguas e fim,
Sem prazo e sem limite, vida minha comprometida.

Ainda não perdi a esperança de perder certos vícios,
Que não interessa viverem comigo, são incómodos,
São vícios sem interesse que teimam a mim se colar,
O melhor que tenho a fazer é achá-los desperdícios,
Para a minha vida futura, tornando-os deslocados,
Para maus momentos conseguir ainda ultrapassar.



.

PALAVRAS ÍNTINAS

As palavras que tu me diriges, ficam no ar
A flutuar para eu as poder saborear e amar.
Sei que a distância que nos separa é muita,
Mas não é tanta que nos deixe em clausura.

Vejo nas tuas palavras saudades imensas,
Que tens dos momentos por nós passados,
Em tempos idos e com gosto relembrados,
Bem-vindas tuas palavras, boas presenças.

Espero que ainda juntos troquemos mimos,
Por palavras, carícias e outras descobertas,
Que não sejam só puras fantasias, incertas.

Temos ambos de viver direitos legítimos
Que são só os nossos e de mais ninguém,
E que guardaremos connosco até o Além.

terça-feira, 27 de março de 2012

A VERDADE E A MENTIRA

Chego a duvidar se é verdade que a verdade existe.
Por vezes esqueço a verdade por ter de te mentir,
É para não me zangar contigo que deixo de sentir
Pudor, vergonha, sem nada de bom, é muito triste.

A mentira por vezes mascarada substitui a verdade,
Que por mal disfarçada deixa de ser mentira, para
Ser verdade. A mentira padece de pura seriedade,
Vive de artifícios e traições que eu já esquecera.

Por muito que eu queira dizer só e só a verdade,
Acabo sempre a mentir sem consciência do risco
Que corro, ao mentir, passando a ser fácil isco.

Minha reputação é atingida, ferida a maturidade
Que atingi com empenho durante a minha vida,
Sentindo agora a minha honra atrozmente ferida.

domingo, 25 de março de 2012

PERDA DE MEMÓRIA

Perdi a memória,  deixei de poder recordar,
O que vivi e não vivi, durante tanto tempo,
Não sei porque me deixei assim massacrar,
Sei que não mereço tão injusto tratamento.

Ficar sem memória foi um bem para mim,
Deixei de me torturar com pensamentos
Maus porque passei numa vida sem fim,
Acabando por bem, todos os lamentos.

Embora não me lembre não me arrependo
Do que fiz e não fiz, tudo aconteceu assim,
Sem poder evitar que me atingisse a mim.

Tudo o que hoje se passa, eu não entendo,
Nem quero entender por ser tão ofensivo,
Preferindo que meu estado seja definitivo.

sábado, 24 de março de 2012

A ÁRVORE DA MINHA VIDA


No jardim do meu quintal, nasceu e cresceu a árvore da minha vida,
Que meus pais semearam e onde colhi frutos maduros e saborosos,
Ricos de ensinamentos e sabedoria,
Momentos saudosos.

Essa árvore tornou-se grande, dela ainda se deliciaram meus filhos,
Quando a vida para eles começou a desabrochar, nosso aconchego.
Os seus olhos refletiam brilhos,
Doce sossego.

Gente estranha apareceu numa manhã húmida e cinzenta de cacimbo,
Invadiu o meu quintal, tomou conta do jardim e da minha árvore,
Comeu frutos de sabor acre,
É o meu símbolo.

Desgosto meu não ter dado a comer os frutos a meus netos e bisnetos,
Sentirem sabores deliciosos dos frutos africanos, únicos, cobiçados,
Que se tornaram amaldiçoados,
Por vilões abjetos.

Á árvore sentiu-se mal tratada, passou fome e sede e acabou por secar.
Ervas daninhas, mato e parasitas, depressa invadiram o belo jardim,
Maneira cruel e vil de o tratar,
Tão longe de mim.

Dessa árvore trouxe comigo algumas raízes que deram outra árvore,
Em terra baldia com dificuldades conseguida e à pressa amanhada,
Acabou todavia por ser invejada,
Puro folclore.

Com muita perseverança e coragem, nunca desisti de a árvore cuidar,
Rodeei-a de todos os cuidados, protegendo-a das constantes ameaças,
Sem dos meus direitos eu abicar.
Puras chalaças.

A árvore não produziu frutos suficientes para toda a família satisfazer,
Devido aos obstáculos e invejas ferozes e permanentes que enfrentei,
Acabei penalizado sem o merecer,
Por falta de lei.

A árvore perdeu a sua vitalidade e esmoreceu, diminuindo sua produção,
Obrigou a que a minha família procurasse longe outras árvores floridas,
Em terras bem tratadas e enriquecidas,
Com ambição,

ÚLTIMOS MOMENTOS

Passam céleres, os segundos, os minutos, as horas,
Os dias, os meses, os anos e eu já sem tempo
Para ainda assistir a auroras,
Contratempo.

Olho para o calendário dos dias que faltam
Para fechar o livro da minha vida,
Vejo como mal me tratam,
Que me arrepia.

Rostos fechados, cabeças cabisbaixas, hirtos,
Parecem rezar ou proferir pragas,
Por vezes parecem gritos,
Das minhas chagas.

Naqueles últimos momentos que me restam,
Ainda não consegui entender
Porque razão protestam,
Comigo a sofrer.

Talvez por não deixar nada de nada a ninguém,
Apenas deixar aquilo que à força me tiraram,
Ficando eu sem nenhum vintém,
Assim me trataram.

A história e as suas leis irão repor a justiça,
Libertando tudo o que me pertence,
Por mérito e valor altruísta,
De quem se sente.

sexta-feira, 23 de março de 2012

O MEU MAIOR DESEJO

O meu maior desejo é ser amigo de toda a gente
Deste mundo, para poder todos melhor conhecer
E conseguir através das palavras ser convincente,
Desfazendo dúvidas sem ficar nada por esclarecer.

Abriria o meu coração a todos que o desejassem,
Estenderia a minha mão para que a agarrassem,
Para nos sentirmos por bons motivos mais unidos,
Construindo um verdadeiro Mundo sem inimigos.

Sei que a imaginação é fértil, sábia e criadora
De expectativas abundantes que não se refaz.
Pensando no Mundo ideal de verdadeira Paz.

Esforços em vão, sem alguma acção motivadora,
Pois não foram assim tantos amigos esperados,
Por terem sido pelo espírito do mal assediados.

quarta-feira, 21 de março de 2012

POESIA E POETAS

Hoje é o dia de toda a Humanidade e da Natureza,
São os poetas e a poesia que cantam por palavras,
Tudo o que de mais puro de luz e grande beleza,
Nos enche os corações com poesias encantadas.

Nas asas do tempo e nos braços do vento, correm
Versos velozes em todas as direções do Universo
Procurando tocar e juntar muito coração disperso,
Que se debate entre a falta de amor e de coragem.

Poetas e seus poemas são os melhores profetas,
Cujas mensagens que enviam com insistências,
Mudam as mentalidades e melhoram as vivências.

A poesia e a música de mãos dadas com poetas
E músicos irão ligar a Natureza à Humanidade
Para que haja Paz e Progresso até à Eternidade

terça-feira, 20 de março de 2012

NÃO GOSTO DO QUE VEJO

Não gosto do que vejo, parece irreal,
Crianças com fome a passar mal,
Abandonadas ao infortúnio
Do destino.

Não gosto do que vejo, pais muito ausentes,
Revelando-se deveras incompetentes,
Para criar os filhos com cuidados.
Antes desprezados.

Não gosto do que vejo, é cruel e injusto,
Assistir a ordenados milionários,
A pensões magras de susto
Dos mártires.

Não gosto do que vejo, assistir à falência
Das empresas por incompetência
De políticos e gestores,
Uns estupores.

Não gosto do que vejo, bens confiscados
Sem justificação dos apoderados
Que lançaram na desgraça,
A populaça.

Não gosto do que vejo, os sem abrigo.
Dormirem como ilhas ao relento,
Com miserável sustento,
Em perigo.

Não gosto do que vejo, os assaltos violentos
Praticados por alguns delinquentes,
A pessoas boas e inocentes,
Actos sangrentos

Não gosto do que vejo sem poder intervir,
A tudo estar condenado a assistir,
Com a humanidade decadente,
E eu inocente.

domingo, 18 de março de 2012

HEI-DE REGRESSAR

Hei-de regressar à minha terra, não sei se para ficar.
Só sei que vou regressar, não sei em que dia certo,
Minha vontade é ir para junto dos amigos relembrar,
Tudo o que deixei e tocar puder, comigo mais perto.

Nem que seja apenas desejo, vale a pena sonhar,
Como toda a vida me aconteceu, sem progressos,
Faz parte da minha vida não me render ou relaxar.
Acreditar poder ainda retomar os meus sucessos.

A todo o momento penso regressar à minha terra
Atração natural que me desafia para descobertas,
Que na minha ausência me estiveram encobertas.

Com coragem, determinação e disciplina severa,
Terei de enfrentar obstáculos e desafios de risco,
Sem temer perder a vida, tal como perdeu Cristo.

sábado, 17 de março de 2012

APRENDO COM OS PÁSSAROS

Vagueio pelo minha casa. Não consigo estar parado.
Qualquer coisa me inquieta que eu não sei o que é.
Só sei que vou do escritório para a sala, preocupado
Não sei com quê, sei que há horas que estou de pé.

Da sala sigo para o quarto, onde não me vou deitar,
Incomodado com não sei o quê, passo para o hall,
Aí, contemplo os quadros da parede para imaginar
Que estou na rua a contemplar a natureza e o Sol.

Farto de estar fechado entre paredes, vou à varanda
Para respirar o ar puro e admirar o céu azul e claro,
Desperto então de um pesadelo profundo e bárbaro.

Aprendo com os pássaros que voam em demanda
De alimento para os seus filhos, sem depressões,
Pois sabem que a vida é feita de muitas emoções.

quarta-feira, 14 de março de 2012

CAMINHOS FECHADOS

Tentei encontrar caminhos e não consegui,
Os caminhos estavam todos bem fechados,
Andei à procura da razão, mas não percebi,
Caminhos que tentei abrir foram recusados.

Travei lutas e guerras com absoluta razão,
Encontrei resistências a todo o momento,
Nunca desisti, utilizei a minha imaginação,
Só recebi recusas com muito sofrimento.

Depois de muitas insistências recebi sinais
De Deus que me transmitiu as esperanças
Que eu há muito disputava em andanças.

Os caminhos continuaram a não ser reais,
Não os encontrei na minha leal profissão,
Descobri-os na literatura, com inspiração.

TOMAR CAFÉ CONTIGO

Fui contigo tomar um café a tua casa,
Adocicaste o café com os teus lábios.
Com os beijos que tu me ofereceste,
Abraçados os dois como eu sonhava,
Como se fossemos os dois lacaios,
De amor dedicado que tu mereceste.

Nunca mais deixei de contigo tomar
Café. Aprendi com verdade a amar,
Quando te aperto com sofreguidão
E sinto o bater forte do teu coração.
Esqueço por momentos a realidade,
E sonho contigo amar de verdade.

Viver contigo, ao tomarmos o café
Da manhã, é prazer duplo gozado,
Por nós sentido, com gosto e fé
Que não pode ser desperdiçado,
Mesmo que tenhamos desgostos,
Ao rever a vida por vidros foscos.



terça-feira, 13 de março de 2012

ROMAGEM AO EQUADOR



É África, é floresta, é vegetação, é o verde vivo.
A minha vista espraia-se pelo longo horizonte,
Sinto um bem-estar interior tal como um aviso,
Da presença de meu pai como a água da fonte.

Local de recordações belas vividas na juventude,
Quando os planos da vida eram sonhos e ideais,
De convivência com os africanos em plenitude,
Tal como meu pai, sinto vibrações emocionais.

Quero para sempre guardar na minha memória,
Aquele quadro colorido equatoriano e exótico,
Que a natureza me presenteou como pórtico.

Pórtico de aventuras e criações para a história,
Desenvolvidas com muito interesse e trabalho,
Que para desgosto meu não é hoje respeitado.

SILÊNCIO

Remeti-me ao silêncio porque não me querem ouvir.
Digo o que penso e sinto, digo as minhas verdades.
Recuso-me a agradar e a passar a vida a mentir,
Não quero viver de fantasias e de superficialidade.

A sociedade nunca me aceitará tal como eu sou.
Exige que me adapte às suas regras traiçoeiras,
Pratique actos cobardes que o poder mandatou,
Para concretizar seus projectos sem maneiras.

Eu me vou sujeitando sem contestação e reparo,
Bem tento ver se me arrependo e me reconcilio,
Com aqueles que me obrigaram a fazer silêncio.

Meus intentos foram em vão, o som já era raro,
Cada vez eu mais silêncio guardava, por temer
Que maus tratos me infligissem para eu sofrer.

domingo, 11 de março de 2012

SER PALHAÇO



Já fui palhaço no palco de uma sala de espetáculos,
Entreguei-me ao papel com convicção e dedicação,
Era jovem, vivia de sonhos, senti muita admiração,
De quantos assistiram aos quadros representados.

Hoje continuo a ser palhaço, no palco da minha vida
Que me foi imposto pela terrível sociedade hipócrita
Para quem represento, contrariado e com acrescida
Revolta, por não poder combater a malévola afronta.

Resta a consolação de ser palhaço com dignidade,
Continuando a fazer o papel que me foi atribuído,
Com respeito pelo espectador que me tem visto.

Quero continuar a representar com boa qualidade,
Mostrar quanto valor ainda tenho, já sem plateias,
Mas escrevendo crónicas e poesia com boas ideias.

sábado, 10 de março de 2012

LIMAR ARESTAS

Passei a vida a limar as minhas arestas,
Ficaram ainda muitas por limar,
Eram difíceis, eram brechas,
Para fechar.

Quantas arestas consegui na vida criar,
Sem me aperceber do seu perigo,
Tentei ainda muitas disfarçar,
Sem ter conseguido.

Durante a vida muitas mais arestas arranjei,
Arestas da minha inexperiência,
Com elas dormi e sonhei,
Foi a minha vivência.

Não desejo a ninguém ter arestas tão vivas
Como as que eu vivi e sofri,
São más e muito doridas,
Já as esqueci.

As arestas que eu tive, passei aos meus
Inimigos, que não as evitaram,
Foram as bênçãos de Deus,
Que as levaram.

Hoje, com os anos passados, vivo sem arestas,
Graças à minha longa experiência
E ocultas ajudas manifestas,
À minha paciência.

ATÉ QUANDO...!?

Até quando ainda viverei para assistir
Às loucuras da humanidade, perigosas,
Com atropelos, acusações e violências.
Maus propósitos de tudo poder destruir,
Usando palavras ofensivas e mentirosas,
Recusando diálogo e eventuais alianças.

Até quando eu irei ver bens usurpados,
A quem os construiu com muito amor,
Com trabalho, esforço e séria verdade,
Com justificações de atos consumados,
Aumentando assim a nossa grande dor,
Por tão ruim tratamento, sem piedade.

Até quando eu irei assistir à migração
Da minha e outras famílias deste País,
Por razões económicas e de injustiça,
Sem perspetivas de alguma solução,
Protegendo nossa verdadeira matriz,
Afastando o perigo da alheia cobiça.

Até quando me sentirei com ânimo,
Para à minha terra poder eu voltar.
Mesmo que sinta mistas sensações
Terei de ser corajoso e magnânimo
Para amigos e família poder abraçar,
Sem medos e com muitas vibrações.

Até quando ainda estarei presente,
Para assistir ao diálogo construtivo
E desejável, entre todos envolvidos,
Num projeto futuro mais decente,
De interesse e desígnio imperativo,
Para o Homem ter futuro garantido.

sexta-feira, 9 de março de 2012

CIDADES FORTIFICADAS

É decepcionante ver as cidades fortificadas,
Com grades nas montras, portas e janelas,
Taipais nos muros das casas desvirtuadas,
Com seguranças de vigilância às cidadelas.

Este tempo é diferente de há cinco décadas.
Então as casas com janelas e portas abertas,
Adormeciam e acordavam em total sossego,
Apenas com ruídos de um qualquer morcego.

Outra bicharada se juntava a animar a noite,
Não havendo que temer invasão ou vingança,
Tudo era pacífico e de saudável esperança.

Hoje não se pode sentir segurança e ser afoite,
Tantos os perigos imprevistos para enfrentar,
Impossíveis de combater e conseguir evitar.

quinta-feira, 8 de março de 2012

CIDADES, SUBÚRBIOS E PERIFERIAS

As cidades estão cercadas por subúrbios e periferias,
Por cintura apertada e marcada por linhas definidas.
São de um contraste chocante, as fortes diferenças,
Entre o luxo das cidades e a miséria das redondezas.

Viver nas cidades é cómodo, é exclusivo das elites.
Os remediados vivem nos subúrbios e os pobres
Nas periferias, demarcando o território, e os limites
Que passam por buracos, valas e águas insalubres.

As doenças infeciosas põem em perigo as vidas
Das periferias, subúrbios e das próprias cidades,
Por não serem tomadas medidas sérias e eficazes.

Muitas cidades acabam por ser a tempo destruídas,
Sem meios de recuperação, pelo egoísmo humano,
Que só pensa no lucro imediato, fácil e desumano.

quarta-feira, 7 de março de 2012

CADA DIA QUE PASSA

Cada dia que passa, é mais um dia,
Não é para lembrar é para esquecer,
Qual o dia que recordar eu quereria,
Para mais um dia eu poder merecer.

Cada dia que passa, custa a passar,
São alegrias e tristezas constantes,
Que me vejo obrigado a ultrapassar,
Saudoso dos dias felizes distantes.

Com o passar dos anos, meu prazer
É maior com os dias que irei passar
A escrever e no Facebook navegar.

Matar o tempo antes que ele quiser
Matar-me primeiro, para eu passar
Meus últimos dias da vida a festejar.

PEDIR DESCULPA

Pedir desculpa, umas vezes está presente,
Outras vezes é uma expressão ausente,
Pede-se hoje desculpa por tudo, por nada,
À pessoa que se sente deveras humilhada,

A desculpa é usada pelos mais modestos,
Que dão valor que as desculpas merecem,
Serve para pedir perdão, evita protestos,
De quem o mérito e respeito reconhecem.

Aprendi a pedir desculpa, quando ofendo,
Com meus pais que me deram educação,
Quando peço desculpa é do meu coração,

Outras pessoas pedem desculpa, crendo
Que pedir desculpa omite a sua ofensa,
Arriscando ser recebida com descrença.

terça-feira, 6 de março de 2012

O MEU DOM

O meu dom não é de nobreza, é de afortunado,
Tenho o dom da escrita, sinto-me o Dom Juan
Da poesia por que me acho veras apaixonado,
Palavras as minhas sentidas e não apenas vãs.

Graças ao meu dom chega-me farta inspiração,
Para escrever crónicas e poesia com verdade,
Para que sejam lidas e reflectidas com atenção,
E não meramente lidas por simples curiosidade.

O meu dom também dá apetecível inspiração
Para amar, perdoar e oferecer generosidade,
A quem precisa de apoio e de autenticidade.

Não é fácil lidar com este dom como doação,
Enquanto alguns detractores da minha poesia,
Me criticarem sem razão e injusta cobardia.

PAÍS, ESTADO, NAÇÃO E PÁTRIA

Estamos perante quatro designações que nos parece querer dizer o mesmo. Todavia, para mim, cada um dos termos, na actual conjuntura universal, perde o seu significado comum para ter um significado próprio. Eu, que me tenho escusado a abordar temas de feição políticos, não resisti a tratar deste tema de acordo com a minha perspectiva e o meu sentimento pessoal.

Neste quadro actual político mundial, a componente financeira tem supremacia sobre todos os outros domínios, valendo-se da globalização para controlar os países de economias débeis. Portugal, como País europeu dependente da EU, é dos países que, pela sua fragilidade, foi vítima da globalização que o subjugou com as suas imposições e controle absoluto.

O Estado, detentor dos órgãos governativos, perdeu grande parte da sua autonomia constitucional por ter que cumprir com as regras fixadas pela troika. As leis que publicam são muito limitadas e têm a finalidade principal de agradar à troika.

A Nação que deveria ser a mesma que foi criada há nove séculos, está a perder as suas características por alienação de muito do seu património, tanto material como imaterial. Sinto que o povo português não se revê no País, Estado e Nação que até aqui era muito seu, revendo-se agora apenas na Sua Pátria que é una e inalienável. A Pátria não tem preço.

Eu deixei de acreditar na justiça social e recuperação da qualidade de vida a que tenho direito como a maioria dos portugueses. No meu caso particular, a minha vida tem sofrido reveses constantes: a perda do meu património material, em Cabinda, de cerca de cinco milhões de euros; a transferência da maior parte do meu património familiar para o estrangeiro: parte de uma herança com transitado em julgado para resolver, há cerca de 10 anos, de cerca de 150.000 euros; o pagamento obrigatório do imposto sucessório da minha parte na herança, antes dela ter sido resolvida; o congelamento da minha pensão de 392,50 euros mensal, depois de ter trabalhado durante 59 anos; a perda gradual de isenções e outros benefícios a que deveria ter direito por auferir pensão abaixo do salário mínimo, etc., etc…

Com todas estas realidades, comungo da mesma opinião do eminente professor e pensador José Gil, de que Portugal caiu num imenso vazio, e que eu acrescento, que apenas nos resta a nossa Pátria. É a ela que temos de nos manter ligados de corpo e alma para conservarmos a nossa identidade, único bem valorado que não podemos perder,

Será que podemos ter alguma esperança de Portugal, para além da Pátria, poder conseguir ultrapassar este momento de profunda crise, recuperando o estatuto de País e de Nação como Estado de direito reorganizado, implementando as leis mais justas para todos, passando a ser respeitado pela comunidade internacional?

segunda-feira, 5 de março de 2012

NADA, TUDO OU MEIO-TERMO

Entre o nada e o tudo devemos escolher o meio-termo.
O nada é o vazio completo, sem conteúdo,
Tudo, é demasiado, é soberbo,
Meio-termo é sisudo.


As pessoas que optaram pelo nada, não têm ambições.
As que quiseram tudo, criaram puras ilusões,
As que escolheram o meio-termo,
Merecem um prémio.


Do nada, não se vive, vegeta-se e não se tem projectos.
Também o tudo é demasiado ousado,
Antes o meio-termo doseado,
Sem espectros.


Vejo muita gente que não faz nada na vida, conformados,
Esperando receber tudo que necessitam.
Com o meio-termo são confrontados,
Nos erros meditam.


Depois de muito sofrerem a depender do nada, com receio,
Optam por querer o extremo de tudo,
Ficam-se pelo meio-termo
Caso bicudo.


Assim vai a humanidade que que não tem nada para viver,
Protesta e reivindica tudo o que ambiciona,
Acabando por aceitar e apenas querer,
O meio-termo com que sonha.

VOA VOA, VÊ ONDE POUSAS

Soneto que dedico aos meus netos e bisnetos

Sempre que levantares voo, sabe onde pousas,
Ouve os teus pais que voaram antes de vocês.
Já que as vozes destes avós não são escutadas,
Podes sofrer desenganos e irreparável revés.

Voar demasiado cedo é perigoso, dá surpresas,
Enfrentas gente sem escrúpulos, exploradora,
Podes ficar durante muito tempo sem certezas
De te radicares no lugar de maneira duradoura.

Se precisares de voar para longe, deves saber
Voar baixo e não muito alto, é muito perigoso,
A queda é maior e o prejuízo e dano doloroso.

É preciso saberes avaliar o teu risco e antever
Pior cenário do que esperavas vir a encontrar,
Para não sofreres desgostos difíceis de sarar.


,

AMOR SECRETO

Enviei uma mensagem à minha amada,
Nas asas de uma linda pomba branca,
Os ventos fortes impediram a chegada,
Fiquei sem resposta e sem esperança.

Não sei porque fui impedido de amar,
Tão bela donzela inocente que sonhava
Ser minha alma gémea e poder voar,
Para vir ter comigo como ela desejava.

Insisti com nova mensagem secreta,
Enviando pelo Oceano das correntes,
As minhas amargas lágrimas ardentes.

Respondeu-me com alegria manifesta,
Desejando viver comigo no meu tecto
Para usufruirmos nosso amor secreto.

domingo, 4 de março de 2012

A MINHA RUA


A minha rua já não é a mesma que eu conheci,
Rua dos Cavaleiros de Cristo, só tem o nome,
Era uma rua calma sem carros como eu a vivi,
Hoje é barulhenta, sofre de perigosa síndrome.

Três décadas passadas são as mesmas pessoas.
Sem se conhecerem, mal se cumprimentando,
Entram e saiem dos prédios como em canoas,
Em águas turvas contra a corrente navegando.

Muitas acabam por naufragar a meio caminho,
Levam consigo remorsos, deixando heranças,
Depois de uma vida passada sem esperanças.

Partem para a eternidade sem nenhum carinho,
Apenas chorados e lembrados com hipocrisia,
Por aqueles que o testamento lhes dá garantia.

.




A CATEDRAL DE BAMBUS




Descobri uma Catedral de bambus, no rio Fubo,
Em Cabinda, onde meu pai quis ser sepultado.
Naquele lugar sagrado que celebra o passado,
Em que deslumbrados ficamos alheios a tudo.B

Os bambus em arco a proteger as águas do rio,
O cantar dos pássaros em sinfonia harmoniosa,
Convidaram-me a uma oração de fé e saudosa.
De tributo a meu pai, embora em tempo tardio.

O rio respondeu-me com o seu som barulhento,
Correndo, transparente entre cascalho e areias,
Com as suas águas benzi-me, pedindo a Deus,

Para proteger aquele lugar do ataque violento,
Dos homens ávidos de destruírem a Natureza,
Usando de armadilhas e disfarçada subtileza.

MUNDO DE LOUCOS



Já não reconheço o Mundo em que vivemos.
Não foi este Mundo de hoje que Deus criou,
Os homens abriram feridas que sofremos,
Através de guerras que Deus não imaginou.

Os homens tornaram-se loucos, com ódios,
Apoderaram-se de propriedades dos outros,
Espalharam a loucura pela Terra e por todos,
Destruindo tudo com prazer e a si próprios,

Este Mundo já não nos pertence, é de loucos
Que espalharam a loucura pela humanidade,
Negaram a Deus a palavra do bem e verdade.

Ficámos todos loucos, sem rumo e confusos,
Restando aos bons ir para outros planetas,
Recomeçar a vida com a boleia dos cometas.

sábado, 3 de março de 2012

OLHOS NOS OLHOS

Quando olhares para mim, olha-me de frente,
Fixa-me bem para nos entender,
Decifrares a minha mente.
Para puderes crer.

Olhos nos olhos é fundamental, para falarmos
Com verdade, transparência e sinceridade,
No essencial, concordarmos
Com amizade.

Muito me esforço para te convencer a mudares,
Tu não me dás ouvidos, discordas,
Espero tua opinião alterares,
Palavras sórdidas.

Hás-de um dia dar-me razão, pelo meu conceito,
Espero que esse dia não seja já tarde,
Não me deves considerar suspeito,
Não sejas cobarde.

Sem olharmos olhos nos olhos não há concordância,
Divergiremos do essencial pelo acessório,
Enquanto achares certa a tua militância,
Marcarás território.

Eu estarei toda a vida à defesa para não ser atingido,
Pelos disparos que fizeres, sem nexo,
Evitando por ti ser ferido,
Enquanto fores cego.

Quando te aperceberes que estiveste sempre errado,
Vais dar-me razão, olhando-me de frente,
Para me confessares, envergonhado,
Teu arrependimento.

NADA É ETERNO, TUDO É EFÉMERO

Nada é eterno, tudo é efémero, é verdade.
Não pensar assim é o mal da humanidade.
Se todos meditássemos neste pensamento,
Seria mais fácil viver em perfeito consenso.

O que é preciso fazer para mudar a atitude
Das pessoas que são egoístas e não acham
Que é imperioso usar de verdade e virtude
Em que o conceito errado da vida baniram.

Quando todos pensarem que nada é eterno
E tudo é efémero, o Mundo se transformará
Para bem da humanidade que se reconciliará.

Construiremos um Mundo justo e moderno,
Viveremos todos mais felizes e sem guerras,
Regidos por regras mais cordatas e severas.

sexta-feira, 2 de março de 2012

DEIXAR O TELEFONE TOCAR

Tocou o telefone, hesitei em atender.
Não sei quem me ligou, era anónimo.
Estou deprimido, não quero ofender,
Com meus desabafos, fico parónimo.

Paradoxo o meu, quero ouvi-lo tocar
Sem o desligar, para fingir que escuto.
Insistem comigo para me ouvir falar,
Mantenho-me indiferente e sisudo.

Estou curioso por conhecer o número
Do telefone que me ligou, sem parar,
Será alguém que quer comigo flirtar,

Não quero ofender e parecer severo,
Falsa esperança de alguém, alimentar,
Viverei só, deixando o telefone tocar.

TRIBUTO A MEUS PAIS

Colhi flores, no meu jardim, para alguém,
Que me deixou há muito tempo, saudoso,
São para oferecer com amor à minha mãe,
Para com seu perdão, sentir meu consolo.

À minha mãe devo a pessoa que sou hoje,
Bem formado e respeitador de meu irmão,
Não quero ser ingrato quem ao dever foge,
Ao tê-la sempre presente como recordação.

Como epílogo da minha bendita existência,
Devo a meu pai a minha sólida educação,
Para contornar dificuldades com elevação.

Defendo minhas convicções com insistência.
Jamais desisto, luto pela verdade e justiça,
Ambiciono ser até morrer íntegro e altruísta.

DESCOBRIR POETAS E POESIAS

Os poetas e poesias que descubro, são invulgares,
Revelam sensibilidade criativa e de musicalidade,
Tão originais e genuínos, versos incomparáveis,
Dignos de Camões e Pessoa, de vera criatividade.

Com tais poetas e suas poesias, aprendo a versejar,
Sobre temas variados e sensíveis por mim vividos,
Revelando a infância, a adolescência, o despertar
Para os amores, ódios, e belos sonhos preteridos.

Nunca conseguirei ser poeta como os consagrados,
Escrevo o que posso e sei, com a maior humildade,
Rendo-me aos grandes poetas, à sua genialidade.

Quero vir a escrever poesia dedicada a namorados,
Que ainda estão na flor da juventude, para aflorar
Os anos vindouros que devem evitar desperdiçar.

quinta-feira, 1 de março de 2012

A UTOPIA DO AMOR

Pé ante pé entrei no teu coração,
Quis saber o que ainda sentias,
Se afecto, amor, pena ou paixão,
Que por maldade me escondias.

A batida do teu coração acelerou,
Quando me descobriste a invadir
O teu íntimo que a mim torturou,
Passando este tempo a me mentir.

Hoje, cansados duma vida inteira,
Foi-nos interdito fugir ao destino,
Que nos traçou o nosso caminho.

Já é tarde para à nossa maneira
Reconstruirmos as nossas vidas.
Com as oportunidades perdidas.