A voz é um bem precioso, tal como a visão e a audição,
É com a voz que o homem tem expressão,
Com a sua pessoal opinião.
A voz declara-se à nascença, quando chora a criança,
Como manifestação de desejada esperança,
Fazendo com a vida uma aliança.
Na escola, a voz é útil e indispensável para aprendizagem,
Facilitando às matérias a abordagem,
Colhendo boa mensagem.
A voz serve para falarmos com os nossos interlocutores,
Trocarmos ideias e diálogos esclarecedores,
Como bons colaboradores.
A voz recita belos poemas e dá vida sonora às prosas,
Fazendo divulgação de obras valorosas,
De valias preciosas.
Com a voz canta-se o fado, ópera e melodiosas cancões,
Mobiliza-se com facilidade multidões,
Alimentando vivas emoções.
Com a voz discursam os políticos, dá-se aulas de ensino,
Dão missas os padres pelo dever Divino,
Revela-se instrumento cristalino.
Com a voz fazem-se manifestações e reivindicações,
As varinas e os ardinas faziam pregões,
Chama-se as atenções.
De viva voz tem-se coragem para dizer as nossas verdades,
Comentando as mais diversas barbaridades,
Tornadas banalidades.
Com a voz comunicamos com os filhos, netos e bisnetos,
Transmitimos-lhes os nossos melhores afectos,
Ao longo dos nossos trajectos.
Pela voz de Deus fazem-se batizados, casamentos e funerais,
Festejam-se as datas sagradas pascais,
Consideradas imortais.
Com a voz o aflito pede socorro para lhe salvarem a vida,
Acredita até ao último momento que sobreviva,
Não pensando pela negativa.
Tal como ao nascer, o moribundo, já no termo da existência,
Ainda consegue pedir a Deus a penitência
Dos seus pecados e degenerescência.