quarta-feira, 28 de novembro de 2012

DEPOIS DA TEMPESTADE


Há-de passar a tempestade e acalmarem os dias,
Voltará tudo ao princípio,
Os maus foram derrubados dos seus pedestais,
Nada é como do início.

Indiferentes ao tempo, os apaixonados se beijam,
Curtem o seu prazer de momento,
Não pensando no que lhes reserva o futuro,
Deixam passar o vento.

Voltam dias cheios de sol e de mantos de ilusões,
Sumiram os retalhos de vidas destruídas,
O futuro é sequestrado para não se ir embora,
Não se quer esperanças perdidas.

As crianças retomam as brincadeiras rotineiras,
Inocentes e sem consciência,
Dão largas à sua inocente jovialidade,
Pedem apenas tolerância.


O MEU CORAÇÃO

O meu coração está em brasa,
Não vou deixar que se queime,
Vou pedir ajuda à minha alma
Para apagar o seu forte lume.

Todos querem matar meu coração,
Jamais vou deixar que aconteça,
Quero tratar de possível doença,
Para fazer tudo que me apeteça.

Querem ser donos do meu coração,
Não vou nunca isso permitir, não,
Preciso do meu coração para viver
E com ele escrever e ler eu poder.

Minha alma e meu coração se uniram
Para me defenderem das más pessoas
Que não me toleram e me agrediram,
E me acusaram de observações tolas.

MOMENTOS DE PRAZER



Meus momentos de prazer são meus segredos,
Não quero que toda a gente conheça,
São peças dispersas que eu juntei
Do puzle da minha longa vida
E que eu guardei.

Meus momentos de prazer estão bem guardados
No baú do sótão da minha velha casa,
São as cartas de amor trocadas
Com a minha primeira paixão,
Para não serem publicadas.

Meus momentos de prazer, são a minha inspiração,
Que me deu coragem para escrever poesia,
Contando minhas alegrias e tristezas,
À gente anónima minha amiga,
Sem qualquer tibieza.

Meus momentos de prazer é ver cada dia nascer
E o sol entrar no meu quarto de mansinho,
Sem bater à porta p'ra me ver
De sorriso nos lábios,
Para o acolher.

Meus momentos de prazer, vou guardar com cuidado,
Não vou deixar que ninguém os tome,
São só meus para o resto da vida,
São a minha felicidade,
Minha guarida.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O MEU ESPELHO


Olho para o meu espelho e vejo um rosto marcado,
com marcas de espantalho,
que andou pelas mãos dos vendilhões
do meu templo, silêncio sobrado.

Não quero crer no que vejo no meu espelho.
Vejo dias, meses e anos passados,
rostos de figurões desfocados,
gente que apareceu do cacimbo molhado.

Vieram não sei donde, parecem doutro mundo,
chegaram, não sei como,
ficaram e de tudo se acharam seu dono,
espalham cheiro imundo.

Não me quis ver por mais tempo no meu espelho,
troquei de espelho para me suportar,
pois aquele espelho quebrara a minha confiança,
da minha imagem adulterar.

NA PRAIA COM ELA

.




Tantos anos passaram com as aves que migraram,
que ainda me lembro dela, na praia.
Era morena, bela, de seu nome Aurora.
Ao por do sol, a paixão nos unia,
nada nos desunia.

Tempo que era tempo, tudo o resto era vento,
brisa do mar que nos acompanhava,
em nossos momentos de prazer,
os beijos, sabendo a sal não tinham fim,
nunca me dizia não, dizia sempre sim.

Na praia com ela, era o meu mundo,
não conhecia outro caminho,
sentia-me a navegar sobre ondas do mar,
abraçado a alguém
que eu mereci conquistar.

Um dia uma onda invejosa arrebatou-a,
levou-a de vez para bem longe,
eu fiquei perdido nas areias da praia,
sem vontade de voltar para terra,
desejando partir com ela.







POR GESTOS E SONS


Por gestos e sons falo com a minha cadelinha.
Ela compreende-me, é minha amiguinha.
Faz-me companhia no banco do jardim,
só se sente bem junto de mim.

Por gestos e sons, esqueço as amarguras da vida.
Sonho acordado, esqueço os homens,
gozo a natureza, pássaros voando,
gatos correndo e brincando.

Por gestos e sons dialogamos com as crianças,
que brincam e passeiam no jardim,
nos seus olhos brilham pérolas de esperanças,
num sonhar permanente, sem fim.

Por gestos e sons os pares de namorados nos imitam,
abraçados e aos bancos colados,
seus amores despertam e prazeres suscitam,
de olhos semi-cerrados, apaixonados.








segunda-feira, 26 de novembro de 2012

DESNUDEI-TE


Desnudei-te, fiquei deslumbrado com o que vi,
o teu corpo esbelto com pele de cetim.
Evitei tocar-te para não manchar tua pele,
tão trigueira e doce como o mel.

Tu quiseste que eu te possuísse,
porque nunca te tinhas desnudado.
Eu seria falso se te mentisse,
nunca ter sido assim tão desejado.

Não sei o que achaste em mim,
que te atraísse para fazermos amor.
Eu sou um simples idealista
que te venera com muito ardor.

Desnudei-te muitas mais vezes,
passámos momentos de sensuais prazeres.
Andámos nas nuvens a sonhar,
várias maneiras de namorar.





domingo, 25 de novembro de 2012

PELAS RUAS DA MINHA CIDADE




Vagueio pelas ruas da minha cidade,
Fico desiludido e triste.
Vejo portas fechadas, lojas vazias,
Rostos deprimidos, sem esperança,
E falta de confiança.

Cidade histórica dos Templários,
Que vem da data da fundação,
Com o castelo que D. Gualdim Pais construiu,
Dos inimigos se defendeu,
Resta a história que lhe sucedeu..

Cidade nabantina de homens ilustres,
Seus filhos, dilectos, eloquentes,
São puras lembranças do passado
Que honraram com a sua competência,
Modéstia e muita transparência.

Deparo com a minha cidade ao abandono,
Ninguém faz nada pela sua defesa,
Apenas os interesses são particulares,
Não se batem pela comunidade,
Só pensam no poder e na vaidade.

Tenho pena de não poder ser mais útil,
À minha cidade que eu adoptei,
De corpo e alma, sem condições,
À qual então me entreguei,
E nela me abriguei.

A cidade nada me deu em troca,
Antes me tirou o pouco que me restava,
Não oferece futuro a ninguém,
É uma cidade que vive dos monumentos,
Fazendo passar tormentos.

Hoje, é tarde para deixar a minha cidade,
Não quero ser cobarde como muitos,
Continuarei pela ruas da minha cidade,
A encorajar quem se achar derrotado,
A conquistar o futuro, nos Templários inspirado.



















































A PALAVRA SAUDADE



É perigoso vulgarizar esta palavra tão portuguesa,
Baluarte da nossa vida cheia, passada,
Que ouvimos como uma melodia,
De encanto e sabedoria.

A palavra saudade é única, é genuína, é patriota,
Tem pergaminhos, é defendida pelos poetas,
Que sempre a usaram com respeito,
E a defenderam a peito.

Gosto muito da palavra saudade por viver comigo,
Amando-nos com fidelidade e eternamente,
Guardando todos os meus segredos,
Fazendo esquecer degredos.

A minha vida vive de e com a saudade do passado,
Por ter com ela construído meu presente,
Tornando minha vida mais suave,
Saudade é a palavra-chave.

Todas as palavras leva-as as tempestades e os ventos,
Só a palavra saudade permanece e não me deixa,
As outras palavras são simples mentiras,
A saudade é das melhores amigas.

Da saudade do passado e do presente, projecto o futuro,
Sabendo com mais confiança o que me espera,
Sem ter de me preocupar,
Nem adivinhar.





quinta-feira, 22 de novembro de 2012

ATÉ QUANDO...



Até quando vai ficar tudo na mesma e tu em silêncio,
Estiveste todo este tempo ausente, não dás notícias,
Tornaste a minha vida num inferno, grande tormento,
Crescem as minhas saudades das tuas doces carícias.

Dá-me notícias tuas pelo Facebook, vou ficar atento,
Sê sincera, diz-me o que se passa, meu desespero,
Estou a perder o ânimo, assisto ao perder de tempo,
Sofro com teu mutismo que não é leal nem sincero.

Alimento ainda esperanças de comunicares comigo,
Nem que seja numa breve e derradeira mensagem,
Dizendo-me adeus, p'ra não seres só pura miragem.

P'la tua voz não ouvir, não quero que seja castigo
P'ra eu toda a vida sofrer com o teu eterno silêncio
E perder o imteresse pelo Facebook, mau momento.




terça-feira, 20 de novembro de 2012

A LÍNGUA PORTUGUESA





O Português é língua universal e o nosso porta-voz,
Tem laços que nos ligam por nosso cordão umbilical,
Por espaços da terra e do mar, de pendor magistral,
E nos mobiliza para feitos, acompanhados e não sós.

A língua portuguesa é única e não existe outra igual,
De difícil, é como o amor, nasceu para se aprender
A falar, como os nossos poetas souberam enaltecer,
Divulgando sua riqueza e sendo a terceira Mundial.

Com a língua portuguesa escrevo tudo que eu gosto,
Sirvo-me do seu sabor para a adicionar à inspiração
Que me aflora à alma para escrever com o coração.

Com a língua portuguesa espalho meu verso suposto
De patriota orgulhoso, inspirado na nossa bela língua
Cantando tudo que engrandece sem ficar na míngua.



SAUDADE


É injusto vulgarizar esta palavra tão portuguesa,
Baluarte da nossa vida histórica, passada,
Que ouvimos como uma melodia,
Tal como uma sinfonia.

A palavra saudade é única, é genuína, é patriota,
Tem pergaminhos, é defendida pelos poetas,
Que sempre a usaram com respeito,
E a defenderam a peito.

Gosto muito da palavra saudade por viver comigo,
Amando-nos com fidelidade e eternamente,
Guardando todos os nossos segredos,
Fazendo esquecer degredos.

A minha vida vive de e com a saudade do passado,
Por ter com ela construído meu presente,
Tornando minha vida mais suave,
Saudade é a palavra-chave.

Todas as palavras leva-as as tempestades e o vento,
Só a palavra saudade não me abandona,
As outras palavras são simples mentiras,
Não oferecem garantias.

Da saudade do passado e do presente, projecto o futuro,
Sabendo com mais confiança o que me espera,
E sem ter de me preocupar,
Nem adivinhar.






segunda-feira, 19 de novembro de 2012

TAMBÉM GOSTO DE FLORES



Não sou aquilo que pensam,
Também gosto de flores,
Flores de todas as cores,

Também ofereço flores,
A quem eu mais gosto,
Sempre que posso.

Ofereço rosas, cravos e malmequeres,
Em todos os melhores momentos
Nos mais ternurentos.

Como vês também gosto de flores,
Não sou assim tão indiferente,
São os meus melhores amores.

Só ofereço flores a quem as merece,
As mais bonitas são para minha mãe,
Que as recebe no Além.

Também as ofereço a meu saudoso pai,
Para noutro mundo onde morar,
Minha gratidão testemunhar.

(IN) DEFINIÇÕES


Já não há definições,
Por falta de motivações,
Não há nada para definir,
Tudo deixou de existir.

As definições hoje são indefinidas,
Andam por aí perdidas.
Sobraram as definições inventadas,
Para não serem decifradas.

Toda a gente tenta descobrir definições,
Do possível e das invenções,
Mas ninguém compreende a razão,
De se ter perdido a definição.

O Mundo vai continuar sem definição,
Apesar da boa intenção,
De quem o quiser definir,
Que acabará por desistir.
As definições passaram a indefinições.
As definições passaram a indefimiões.

domingo, 18 de novembro de 2012

LISBOA FEMININA


Lisboa minha amada, serás sempre feminina,
Nunca cresceste, jamais passaste de menina,
Tua beleza encanta quem te conhece e visita,
És deslumbrante, acolhedora e muito bonita.

És tão feminina como as varinas e as fadistas,
As colinas, as praças, as memórias mouriscas,
As fachadas castiças, a ginjinha e as castanhas,
É o teu património valioso, tua antiga façanha.

O Tejo descobriu teus encantos, se apaixonou,
Beija-te as margens com suas águas correntes,
Aquece-te com os raios solares bem quentes.


Do alto, o Castelo de São Jorge ali se instalou
Para te defender da cobiça dos aventureiros
Que vão tentar explorar eventuais devaneios.

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PRISIONEIRO DO SONHO


Fui sequestrado pelo sonho,
fez de mim seu prisioneiro,
sentou-me no banco dos réus pra me julgar,
fui ferozmente interrogado.
Embora me considerasse inocente,
acabei acusado.

Debati-me pla minha defesa,
nunca cheguei a saber,
por que fui feito prisioneiro do sonho.
Quando acordei,
tinha comigo uma pulseira electrónica
pra me controlar todo o dia.

sábado, 17 de novembro de 2012

REVISITAR LUGARES DE INFÃNCIA



O revisitar os meus lugares de infância, é redescobrir
Tudo o que ficou p’ra trás, mas que nunca esqueceu.
Um anjo à entrada daquele belo paraíso me recebeu
E me levou ao encontro do que eu deixei sem reagir.

Homens de cabelos brancos que comigo brincaram,
Crianças que no meu rio brincavam e se banhavam,
Pássaros que saudavam com seus efusivos trinados,
Mão cheia de alegria, lágrimas e risos incontrolados.

Foi dia de festa naquele paraíso que eu reencontrei,
Onde me senti como no céu estivesse acompanhado
De anjos e pessoas naturais com que fui confrontado.

Com tudo que me foi dado revisitar, me deslumbrei,
Ainda não parti e já sinto saudades de tudo que revi,
Vou trazer comigo os abraços e beijos que não perdi.







AGÉLICA MINHA IRMÃ DE SANGUE


És minha irmã de sangue, és mulata,
És da minha família, que eu respeito,
Tua fisionomia é a minha, de chapa,
Por ser teu irmão me acho satisfeito.

Somos do nosso pai, seus filhos fiéis;
Espalharemos seu nome em painéis.
Herdámos seus valores, por mérito.
Trilharemos o caminho mais certo.

Tu já tens filhos e netos, eu também.
Com nossos irmãos, somos um anel
De diamantes gravados com cinzel.

Se nosso pai viesse à Terra, do Além,
Teria orgulho nos seus filhos e netos,
Que honram seu nome, por afectos.





quinta-feira, 15 de novembro de 2012

PALAVRAS ENTRELAÇADAS


Recolhi do meu memorial um punhado de palavras
Entrelacei-as, atandoa-as com um laço de fantasia
P'ra de oferecer com os meus versos, minha poesia,
Que eu criei p'ra ti com muito amor, bem sentidas.

Digo-te tanta coisa, mas muito fica ainda por dizer,
Revelo-te segredos da minha vida inédita, passada,
Que não viveste comigo, p'ra não ficares a sofrer
Tanto como sofri por te ter de mim assim afastada.

Desata o laço das minhas palavras p'ra saboreares
Doce paladar de amores que os nossos lábios tocam,
Com beijos à distância em lindos versos que brotam

As palavras entrelaçadas que te enviei, irão marcar
Maior ligação entre nós, p'ra todo sempre na vida
Que iremos versejar em pensamento, com partilha.

O MUNDO VIROU QUADRADO





O Mundo virou quadrado quanto muitas pessoas.
É um Mundo diferente do redondo que conheci,
Quando usufruia dourtro Mundo, em que cresci,
E a minha vida era passada com as coisas boas.

Neste Mundo quadrado, há muita gente estranha
Que vive em seu reduto de luxo, bem trancada,
À espera que seu mundo lhe dê vida afortunada,
À custa do outro Mundo, utilizando a sua manha.

O Mundo nunca mais será redondo, sempre será
Quadrado, enquanto os malditos homens forem
Dominadores dum Mundo, em que outros sofrem.

O Mundo não será uma coisa nem outra, virará
Terra estéril e desértica, sem natureza e fauna,
Sem a vida prometida por quem nos comanda.


terça-feira, 13 de novembro de 2012

DE FRACO A FORTE



A lei do mais fraco é que faz forte o fraco,
Perde a sua força, fazendo do fraco forte,
Por ser fraco é que se sente com sorte,
Pois é com fraqueza que recebe o abraço.

Recebe um abraço d'outro também fraco,
Que a ambos torna forte, pela sua união,
Tornam-se fortes, abandonam o fracasso,
Enfrentando os fortes, com determinação.

A lei do mais fraco fracassa, passa a forte,
Por arte e engenho do suposto mais fraco,
Que apesar de fraco é recebido no regaço.

Assim, o fraco fica forte com muita sorte,
Sendo feita justiça ao seu estado de fraco,
Que o retirará para sempre de tal buraco.





segunda-feira, 12 de novembro de 2012

SOFISMAS DE COISAS


Os sofismas banalizaram a vida das pessoas,
Que sem escrúpulos os usam sem preceito,
Servem de desculpas por quaisquer motivos,
Não se importam de enganar com as coisas
Que inventam, para iludir de qualquer jeito,
Causando às vítimas irreparáveis prejuízos.

Vivemos de sofismas como de ópio da vida
Se tratasse, para sentirmos o puro prazer,
Com os danos que causamos às pessoas
Incautas e inocentes que confiam à porfia,
Como se tratasse de amigos a fazer crer
De falsas verdades e muitas e tolas coisas.

Sou a todo o mau momento surpreendido
Com sofismas de diversa jaez, sem saber
Porque sou confrontado com tanta mentira,
Vinda de alguém que considerava amigo
Que não se importa que eu fique a sofrer
E que de contente fica e pelo mal aspira.




domingo, 11 de novembro de 2012

DIA 11 DE NOVEMRO DIA DOS ANGOLANOS



Este dia da Independência de Angola,
É o dia sagrado dos legítimos filhos,
D'uma terra abençoada que se adora,
Pelo feitiço que invade seus amigos.

Angola e os angolanos estão ligados
Por uma Pátria una que é respeitada
Em todo Mundo, nossa terra amada,
Com seus heróis sempre exaltados.

Estejam onde estiverem, os angolanos
Jamais esquecerão a sua linda terra,
Almejam a ela regressar, com ânimo
Redobrado, para se evitar a guerra.

Estes meus simples versos evocativos
Da independência dos filhos de Angola,
São meu desejo firme que me consola,
Afirmando meus sentimentos afectivos.

DEIXAR PASSAR OS DIAS



Passam os dias a passos largos,
Sem passo certo, os dias passam,
Para parte incerta.

Passo a passo, passam os dias,
Com passos compassados,
Sem perder o passo.

Passo largo, passo curto, sem pressa,
Para chegar ao fim,
Não quero trocar o passo.

Prossigo com o mesmo passo,
Ritmado, sem ser acelerado,
Quero atrasar o passo,
Para deixar passar os dias;
E retardar a minha chegada ao fim.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

MEDO DA ESCURIDÃO E DO PAPÃO


Tempo de menino em que eu temia a escuridão e o papão.
Usava bibe e de pé sem meia, no chão,
Tinha vergonha das meninas,
Eram um papão.

Minhas faces ficavam vermelhas e ardentes como o Sol,
Fugia das meninas que me disputavam,
Ficava trancado em minha casa,
Apenas escutava.

Os Bakamas mascarados e de catana na mão me assustavam,
Com suas danças guerreiras e ameaçadoras,
Ensaiavam cenas de combate,
Temia um ataque.

O escuro e o papão faziam parte do meu difícil crescimento,
Acompanhavam-me a todo o momento,
Por tudo e por nada da minha vida,
Eram meu tormento.

Tive de crescer e conhecer melhor o Mundo e as pessoas,
Para ver que continuo com o escuro e o papão,
Que me condicionaram a vida,
Muito sofrida.

Quem não conheceu a escuridão e o papão na infância,
Veio a conhecê-los em idade adulta,
Sem deles se poder libertar,
Tão pouco evitar.






segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A TUA VOZ


Quero ouvir a tua voz doce, entoando hinos de amor,
Que me lançam setas certeiras no meu coração,
E me deixam num lago de lágrimas,
Com cisnes brancos nelas nadando.

A tua voz escuta-se longe, bem longe das multidões,
É só para mim que falas em segredo, dos nossos amores,
Sinto-me no fundo dum poço com o eco
Da tua voz que me parece ouvir, mas não ouço.

Peço a Deus para que não deixes de fazer ouvir a tua voz,
Nem que venha no bico dos passarinhos
Que emigram e voam para as minhas bandas,
Com mensagens, dizendo por onde tu andas.

domingo, 4 de novembro de 2012

SEM RETROCESSO


Tudo que fiz e não fiz foi com boa intenção,
Desde o namoro que tive e do qual desisti,
Para ter outro namoro e mais outro, infeliz,
Nunca me reencontrei, sofri forte desilusão.

Os projectos que concretizei, não sei porquê,
Perdi-os para sempre, porque mos roubaram.
Tudo o que construí, rápido desmantelaram.
Fiquei sem nada, sem honra, num balancê.

Já não há retrocesso possível, é a triste sina
Que tenho de aceitar p'ra toda a minha vida,
Com minha inseparável e boa companheira.

Nada me sobrou, contraí péssima cegueira.
Vivo na escuridão, sem retrocesso possível.
A vida não faz sentido. é decepção terrível.





sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A UM AMIGO




Onde está o meu amigo, aquele do antigamente,
Deixei de o ver e de com ele trocar as palavras
Que ficaram por dizer, como confissão de crente,
De culpas e pecados cometidos inocentemente.

Do meu amigo apenas tenho boas recordações,
Das brincadeiras partilhadas em garotos, tempo
Que passou e já não volta, geram-me emoções,
Alimentam ilusões dele voltar sem contratempo.

Passaram dias, meses, anos e nada se passou,
Não tenho notícias do meu amigo, ele se sumiu,
Acho que o seu paradeiro algures, me encobriu.

Acredito que meu ex-amigo em África se isolou,
Para não mais voltarmos por bem a nos abraçar,
Resta-me para todo sempre o passado recordar.


FAREI O TEMPO ESPERAR



Já que esperei tanto tempo pelo amanhã,
Acho que é ele que vai esperar por mim.
Chegou o tempo de não ter mais ilusões,
Não quero que o tempo faça campanha
Para me convencer a não o trocar por ti,
Ao deixar o coração dorido de emoções.

Passou tanto tempo que o tempo perdi,
Andei á busca do tempo, não mais o vi,
O tempo fugiu, não me quis enfrentar,
Arranjei outro tempo, alguém para amar,
Pois o tempo nada me deu, só me tirou,
O que jamais alguém em vida sonhou.

Farei tudo para ver o amanhã esperar
Pelo tempo que há-de também passar,
Viverei a vida que não cheguei a viver,
Com a minha amada se ela me quiser,
Alimentando sonhos rosas envolvidos
Em laços de amor por mim merecidos.

MARÉS


Água vai, água vem, maré vazia, maré cheia.
É como a nossa vida, um vai e vem sem fim,
Sem saber por quê, sem saber porque sim,
Ele ficara cansado e doente, de encefaleia.

O médico não acertava com brusca doença,
Achava que era crise de amor e desânimo
Por a vida subir e descer a todo momento,
Mergulhando em depressão e descrença.

O tratamento não o curava, sua vida corria
Perigo. Ficou desesperado de nada saber
Como se tratar e o que dever então fazer.

Finalmente descobriu que morrer não devia,
Porque lhe apareceu a mulher que desejara,
Para com ele viver até ao fim da sua jornada.


FINADOS



Dia amargo que se venera por quem foi e já não é,
Alguém que por este mundo passou para o Além,
Depois de sofrer por alegrias e tristezas, por bem
Se prender à vida com forte coragem e muita Fé.

Dia em q'os sobreviventes homenageiam os mortos,
Encobrindo ódios, com sorrisos e préstimos falsos
Às famílias dos defuntos ausentes e já indefesos,
Que passaram para outra vida com alma e corpos.

Os que acham que cumprem com o dever cristão
De prestar simples reverência aos que já partiram,
Esquecem que irão partir porque as vidas ruíram.

As cerimónias prosseguem, esperando pelo perdão
Dos que já cá não estão e repousam noutro Mundo,
Assistindo ao espectáculo triste de cinismo imundo.





quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O FAROL QUE SE APAGOU


O farol que avisava a navegação,
na minha criação,
já não existe. Apagou-se.
Hoje está abandonado, é ninho dos pássaros.
Ao contemplá-lo, fico em pedaços.
A saudade subsiste.

Farol da minha adolescência, da minha vida,
os teus avisos de luz noturnos,
acalentava-me sonhos e namoros,
com a minha apaixonada,
de pele bronzeada,
que recordo com choros.

Os fins de tarde com o Sol a desaparecer,
proporcionava-me momentos de prazer,
com os beijos doces que trocávamos
e a luz do farol no mar a resplandecer,
abraçados no rebentar das ondas,
sem o perigo temer.

Perdi-te a ti e à minha amada para sempre.
Nunca mais soube dela, onde se encontra,
atroz desgosto o meu, sem cura,
que arrastarei para toda a vida,
como uma cruz dura,
que me causa profunda ferida.

Momentos bons e maus que já não contam,
minha vida tomou outro rumo,
o passado foi um mero acidente
da minha breve existência neste Mundo,
que se tornou imundo,
e inconveniente.