terça-feira, 30 de abril de 2013

PERDÃO


Esperei todo o tempo pra que pedisses perdão,
Tu ignoraste, achaste que eu não tinha razão,
Meu coração dói e sangra, de estar magoado,
Golpe que jamais na minha vida ficará sarado.

És tão orgulhosa como o tamanho do Mundo,
Viste-me como um minúsculo grão de areia,
Á beira mar duma ilha deserta, abandonado
Esperando que uma onda me arrastasse.

Resisti à fúria do mar até ser salvo por uma sereia,
Que por ti me pediu perdão por chegar atrazada,
E eu sofrer por tanto tempo, sem culpa formada.
Mas orgulhosa de me possuir pra sua companhia.

Ruy Serrano, 30.04.2013






ENCANTAMENTO


Palavra mágica e fascinante que desde criança
Eu venero. Encantamento vejo no teu olhar.
Embriagado, sinto-o no teu sensual beijar,
O teu corpo é um manancial de encantamento,
Vejo-o em tudo que me rodeia, como só meu.
Deslumbrante como a aurora e o arco-íris,
Sinto-me embriagado pelo teu encantamento,
Desejoso de desvendar segredos que são teus.

Vejo encantamento em ti, como uma presença
Que o meu egoísmo guardou no meu coração,
Não quero repartir teu encantamento, é só meu,
Vem ter comigo para desfazeres minha ilusão,
Viver contigo para adorar teu encantamento,
Teus lábios se colarem aos meus, num frenesim,
De volúpia e sensações carnais e de fantasia,
Retratados numa tela de pintura real e abstrata.

Ruy Serrano, 30.04.2013

BEIJOS DE AMOR


Os beijos de amor que eu dei, já se perderam,
Os beijos de amor que não dei, me sobraram,
Os beijos de amor que ainda tenho pra dar,
Ninguém já os quer receber, são recusados.

Dizem que meus beijos são de lábios usados,
Fartos de dar beijos a quem? Já eu não sei!
Sei apenas que culpam meus lábios de beijos
Que dei e não dei, não sei por quê e a quem.

Por não beijar há tanto tempo, não sei beijar,
Perdi o jeito e o desejo, só sei beijar na face,
É clássico, é de afecto, é de agradecimento,
O beijo de amor ausentou-se, meu lamento.

Gostaria de ainda reaprender a dar beijos
De amor, mas pra tal, preciso de uma flor
Sem espinhos, pra não me picar e desistir,
A menos que a flor me cative com carinhos.

Ruy Serrano, 30.04.2013


domingo, 28 de abril de 2013

TÃO LONGE E TÃO PERTO

Tão longe e tão perto de mim, tu estás,
Sinto o odor do teu desejado corpo,
Estás longe mas sempre presente,
No meu coração, na minha mente.
Tão longe e tão perto de mim, te quero,
És a minha melhor companhia,
Pra desabafar contigo meus queixumes,
Das minhas desconfianças e ciúmes.
Tão longe e tão perto de mim, eu insisto,
Não te quero perder pra ninguém,
Nem que eu me torne teu refém,
Pra teus cabelos acariciar, não resisto.
Tão longe e tão perto de mim, ficaste,
Que nossas vidas serão uma só.
Saberemos nos amar e perdoar,
Nos momentos mais difíceis e ingratos.
Ruy Serrano, 28.04.2013

sábado, 27 de abril de 2013

NINGUÉM É DONO DE NADA


Ninguém é dono de nada, nem de si próprio,
Toda a gente veio ao Mundo pra obedecer
Ao Deus supremo que nos enviou pra gerir
O património imenso que a todos legou.

Ninguém é dono de nada, o que lhe coube
É cobiçado por quem não faz nada na vida
E só pensa extorquir o que é do próximo,
Pra aumentar seu património ilegalmente.

Ninguém é dono de nada, pois os bens
Que conseguir pra si em desobediência
A Deus, acabarão por se perder na Terra
Por pertencerem a outros por puro direito.

Ninguém não é, nem nunca será dono
De tudo que ambiciona e não é seu,
Prestará contas ainda em vida na Terra,
Confirmado por Deus ao julgar no Além.

DISCURSOS


Discursos, discursos e mais discursos, sem fim à vista,
Há décadas que se discursa, sem qualquer objectivo,
Discursa-se por tudo e por nada, toda a gente discursa,
Ninguém percebe o que os discursos querem dizer.

Estou saturado de tanto discurso, por não os entender,
Mais chocado estou por quem lhes dá tanta atenção,
Estou em crer que não é com discursos que a Nação
Vê seus problemas resolvidos, tudo isto custa a crer.

Os discursos alimentam as clientelas e as multidões,
Fazem parte do espectáculo montado pela política,
Pra angariar votos a favor, nas próximas eleições,
Prometendo o que não podem dar por incompetência .

Desde os primórdios da civilização que se discursa,
Levando a todos os cantos do Mundo, doutrinas
Que postas em prática têm sido perfeito falhanço,
Em prejuízo da maioria e o benefício de minorias.

Ruy Serrano, 27.04.2013



A CASA DE PEDRA DA MINHA AVÓ


Não é possível a minha memória ser ingrata
E não recordar aquela casa de pedra pura,
Tinha primeiro andar e era bastante fria,
Cortejava uma ribeira d'água cristalina,
Que corria nervosa sobre areia e cascalho.

Abraçada por latadas e trepadeiras floridas,
Recolhia o variado estrume no primeiro piso
Pr'adubar os bataréus de diversas culturas,
Abastecendo a casa com os mantimentos
Que se juntavam à broa e sardinha assada.

A sopa de feijão forte e abundante hortaliça,
Refeição frugal de muitas e fortes calorias,
Davam-me força e as bastantes energias,
Pra andar de bicicleta e nadar no ribeiro,
Descansando após, à sombra das carvalhas.

Belos tempos esses da casa da minha avó,
Divertindo-me com as judiarias pra arreliar,
E obedecia, indo ao correio e às compras.
Terminadas as longas férias de dois meses,
Meu desejo maior era regressar às aulas.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

SOU DA TERRA SOU DA NATUREZA

    
       Sou da terra, sou da natureza, onde eu vivo,
         As minhas raízes voltaram a ser semeadas,
Como sementes plantadas no meu coração,
Ganhei qualidade de vida e muita paixão
Por tudo quanto me envolve e é pacífico.

Sou da terra, sou da natureza para sempre,
É o meu maio amor, o meu paraíso eterno,
Dou meus braços às árvores e aos amimais,
Lanço um adeus às aves que me saúdam,
E me trazem notícias do Mundo alienado.

Sou da terra, sou da natureza, este é o meu Mundo,
Que eu respeito e preservo como meu berço,
Não o troco por nenhuma tentadora proposta
Que homens estranhos me venham a fazer,
A vida é pra ser vivida, calma e sem sofrer.




quinta-feira, 25 de abril de 2013

REGIMES PARTIDOS E COUTADAS


Os regimes e as coutadas são inseparáveis,
Faz-se revoluções pra mudar os regimes,
E instalar as suas próprias coutadas,
Com seus indefetíveis revolucionários.

Aos regimes ligam-se os muitos partidos
Que angariam clientelas com promessas,
Não cumpridas e que são sempre adiadas,
Retardando o progresso dos seus Estados.

Regimes, partidos e coutadas fazem coro,
Leem pela mesma cartilha, com suas leis,
Que os beneficiam com suas mordomias,
Prejudicando a população, sem decoro.

Esta tríade será eterna, nunca se alterará,
Não à força nem razão que se lhe oporá,
O povo assiste indiferente e entretido,
Com o espetáculo montado pelo Regime.

25 DE ABRIL

      
         Em vez dum cravo, trago um punhal
espetado no meu peito que não para
de sangrar.

Foi neste dia de Abril que fui atacado,
e de todos meus bens, desapossado,
sem poder reclamar.

A verdade não deve ser escamoteada,
deve ser dita, em alta voz e divulgada
sem cobardia.

Os verdadeiros patriotas são aqueles
que clamam pela justiça dos direitos
que lhes foram negados.

Gosto muito de flores, mas pra mim,
nesta data, prefiro os malmequeres,
que me dão mais sorte.

Sei que tenho muitos discordantes
deste meu poema, muito autêntico,
que emergiu nesta alvorada.

Mas os factos, há décadas comprovam
que o 25 de Abril só beneficiou alguns,
em desfavor de muitos.

Muitos patriotas que formam uma Nação
que perdeu o rumo e anda à deriva,
e entrou em hibernação.


terça-feira, 23 de abril de 2013

O LIVRO

       
         Quem sou eu pra falar de ti Livro, meu amigo,

És a memória dos tempos, emanas sabedoria,
Tens muita vida, não és transitório. és eterno,
Semeias lições de vida, crias expectativas,
Alimentas sonhos e festejas datas históricas.

Tu Livro, meu Mestre, meu guia e condutor,
Ensinas-me meu caminho, amar o próximo,
Dás conhecimento dos mistérios do Mundo,
Denuncias injustiças e desaires dos humanos,
Divulgas a Natureza, pela nossa salvação,

Tu livro, tens uma missão deveras difícil,
Captar as atenções e o interesse dos leigos,
Pra te lerem e contigo aprenderem q’a vida
Não é diversão e consumo de bens materiais,
É também alimento da alma e de muito mais.

Todos quantos te escreveram e deram vida,
São homens dotados de muitos méritos,
Leitores sensíveis dos momentos críticos
Da vida terrena, que o Ser Humano destrói
Por iliteracia e ignorando a Tua existência.

domingo, 21 de abril de 2013

TÁBUA DE SALVAÇÃO


No meu navegar por mares agitados, naufraguei,
Valeu-me uma tábua de salvação que eu agarrei,
Pra não m'afundar naquele mar tão profundo,
Onde uma sereia me valeu e me levou à ilha
Que m'acolheu e onde passei a viver sózinho.

Recomecei a minha vida no meio da natureza,
Regressando aos hábitos mais saudáveis,
Longe dos tumultos da sociedade corrompida,
Das intrigas e das traições, sem memoriais,
Escrevendo meus poemas e minhas crónicas.

Desliguei-me assim do Mundo pra sempre,
Jurei nunca mais regressar ao passado,
A vida independente tem acrescido valor,
Dependo apenas de mim e da natureza
Que m'acolheu com toda a sua grandeza.

A VERDADE E A MENTIRA

    
      
       A verdadeira verdade não existe, é fantasia,
É ridículo acreditar na verdade, é mania.
Vive-se, crendo que nos contam a verdade,
Mas afinal a verdade não existe, é utopia.

Passei a maior parte da vida com a verdade
Me enganando, sendo afinal simples teoria.
Ainda hoje me tento a acreditar na palavra
De alguém que jura ser verdade, a mentira.

A verdade nunca se deu bem com a mentira,
Andam sempre em desacordo, são inimigas,
Destroem muitas amizades, muitos sonhos,
Por sofrerem ambas de ciúmes medonhos.. 

sábado, 20 de abril de 2013

EU O MEU AMOR E A LUA


Eu e o meu amor, banhados pela lua cheia,
perdemo-nos do Mundo, absorvidos
pela luz que nos chega suavemente,
e  junta os nossos corpos desnudados,
em beijos e abraços de apaixonados.

Não estamos isolados, estamos com a lua,
que do alto nos contempla e vigia,
única testemunha do nosso pecado,
ao fazermos amor sem preconceito,
por acharmos que só a nós diz respeito.

Desejamos que a noite não passe depressa,
pra prolongarmos nosso imenso prazer
mesmo que isso nos custe dissabores,
com a inveja dos que nos desejam mal,
e acharem que cometemos pecado capital
.

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quinta-feira, 18 de abril de 2013

ÉS MULHER ÉS ATRAENTE



És mulher, és atraente, tens um olhar terno,
Teu rosto é formoso, teus lábios sensuais,
Tens olhos doces e suplicantes,
És mulher, és atraente, és mimada.
Mereces ser por toda a vida amada.

És mulher, és atraente, não te quero tocar,
És peça de porcelana delicada,
Duna colecção valiosa e rara,
Que alguém pode deixar cair,
E desamparada, ficares em pedaços.

És mulher, és atraente, vou proteger-te
Com toda a minha entrega e coragem,
Dos malfeitores que com má intenção
Te irão assediar, sem escrúpulos,
       Nem que isso me fique muito caro.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

TOCARAM OS SINOS DA IGREJA


Tocaram os sinos da igreja, daquela aldeia.
Chegaram às janelas e portas os aldeões
Pra se aperceberem do acontecimento
Que os surpreendeu lamentavelmente.

Foi o senhor Francisco, emérito barbeiro
Que se passou pra outra vida, primeiro
Que sua mulher que há muito tempo
Se encontrava acamada e imobilizada.

Os sinos tocaram durante largo tempo,
Enquanto durou a cerimónia do funeral,
Tão estridentes e de tanto barulho
Que acordaram o senhor Francisco.

Os sinos continuaram a tocar sem parar,
Porque pro lugar do senhor Francisco,
Veio dona Albertina, sua mulher dileta,
Que acabara de se finar, de tanto chorar.

Esta história traz-me à ideia, políticos,
Que depois de lhe fazerem o funeral,
Ressuscitam reencarnados e reaparecem,
Com novos discursos e mais promessas.

terça-feira, 16 de abril de 2013

UM POUCO MAIS DE AMOR

Um pouco mais de amor, não é pedir demais,
É o amor que eu de ti preciso,
Pra viver feliz e sem ais.

Um pouco mais de amor, é o que falta no Mundo,
Dar e receber não custa muito,
É só uma troca sem custos.

Um pouco mais de amor é o que precisam os doentes,
Pra aliviar seu trágico sofrimento,
E reduzir seu lamento.

Um pouco mais de amor deve ser dado às crianças,
Elas são o futuro consistente da Terra,
É imperioso manter as esperanças.

.Um pouco mais de amor pra se evitar a tentação de agredir,
Quem é inocente e merece viver em Paz,
Sem nada pedir, nem exigir.

Um Pouco mais de amor pra a prática livre das religiões,
Respeitando as crenças de cada um,
Bálsamo dos corações.

Um pouco mais de amor não se deve negar a ninguém,
É fundamental pra ajudar a sobrevivência,
De quem nada tem.

Um pouco mais de amor deve permanecer em todo o Mundo,
Pra estabilizar a vida e sustentação,
Da natureza e do Homem.


A MINHA VOZ


A minha voz tira-me anos, leva-me à juventude,
Quando estudava e declamava minha poesia
Em voz alta pra eu próprio ouvir e me inspirar
A ser um orador perfeito pró público escutar.

Passaram anos, minha voz comigo amadureceu,
Tornou-se ainda mais pura do que era outrora,
Que me tomam por um jovem ainda colegial,
Em busca de alguém pra seu amor declarar.

Minha voz eu escuto com atenção e emoção,
Tem a autenticidade e o timbre dum orador,
Faz-me vibrar quando falo e declamo versos,
Por mim escritos por encarnação ou vocação.

Consciente do valor da minha excelente voz,
Não me calarei nunca, em sinal de protesto
Por tudo o que assisto de mau e desastroso,
Pronunciando em voz alta, meu manifesto.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

O AMOR NÃO TEM TEMPO NEM IDADE

Fora d'horas e do tempo, o amor bateu à porta,
Não o esperava por já chegar muito tarde,
Sem me sentir preparado pr'o receber,
Mas não resisti a com ele me envolver.

Era um amor jovem que surgia de surpresa,
E eu por ele sentia admiração e fraqueza,
Abri-lhe a porta, recebi-o nos meus braços,
Matei saudades do tempo por mim perdido.

Percebi que o amor não olha a distâncias,
Muito menos a anos e cabelos brancos,
É movido por sentimentos e encantos,
Que descobrem e inventam mutuamente.

Foi amor pra toda a vida que desabrochou
No jardim da primavera da minha vida,
Que colhi e guardei no meu coração
Pra com ele namorar pra todo o sempre.

sábado, 13 de abril de 2013

EU ESTOU POR AQUI


Quando precisares de mim, eu estou por aqui.
Estou por aqui e por aqui estarei,
Não tenho pra onde ir,
Por aqui ficarei.

Já é tarde pra ir pra outro lugar, estou por aqui,
Fui condenado a ficar por aqui,
Nào sei nem quero saber,
Porque estou por aqui.

Ninguém sabe onde eu estou, nem os meus amigos,
Que se esqueceram de me perguntar
Onde agora me encontro,
É o nosso desencontro.

Continuo a estar por aqui, na mesma casa onde vivi,
Todo este tempo separado e longe de ti,
Já não quero voltar a ver-te,
Eu estou por aqui.

Estou aqui noutra terra que tudo me tirou e nada me deu,
Apenas me poupou a vida e deixou viver,
Pra ficar pra sempre a sofrer,
Com as mãos vazias.

Eu estou por aqui sem nada pra vos poder oferecer,
Apenas vivo para os impostos pagar,
Pois nada é meu, nem meu tecto
Pago o IMI pra nele viver.

Já é tarde pra emigrar, tenho insónias, perdi o hábito de dormir,
Durmo acordado e a pensar em ti,
Por já não viveres comigo,
Fico amargurado.

É assim a vida que tenho
E á não há remédio,
Eu estou por aqui.











TEUS BEIJOS ARDENTES

Teus beijos ardentes deixam-me embriagado,
Fico com eles, alcoolizado de amor,
Num verdadeiro estertor,
Que saboreio.
Quanto mais beijos eu na vida recebo,
Mais embriagado e enamorado fico,
É alimento da minha alma,
Por ti suspiro.
Enche-me de mil beijos sem limites,
Com teus lábios doces de mel,
Dá-me momentos de prazer,
Pra eu não sofrer.



quarta-feira, 10 de abril de 2013

PALAVRAS NO AR


Lançámos palavras exaltadas ao ar,
Elas se chocaram e desfizeram,
Suas letras ficaram desordenadas,
Nunca mais se juntaram,
E eu sem o verso, sem a estrofe.

Não me ajudaste a juntar as letras,
Pra eu poder escrever as palavras
Que te queria dedicar em versos.
Pra te testemunhar com muito amor.
Todo o meu sofrer, minha dor.

De ciúmes, pensaste que meus poemas
Eram pra eu dedicar a outras,
Por isso recusaste meu pedido,
Fiquei contigo muito ofendido,
Por me teres deixado de amar.

UM POEMA PARA TI

Este poema é só pra ti, é um desabafo,
De te sentir ausente, sem te conhecer,
Imagino-te ao meu lado quando acordo,
Tu não estás, apenas em sonhos, contigo.
Gosto de tudo que é teu, és tão bela,
Guardarei sempre esta tua imagem.
Sem nunca te conhecer, te serei fiel,
Não sei se tu me serás, saberei perdoar.
Gostaria que os versos que te dedico,
Te fossem declamados pla minha voz,
Tu mereces que eu me faça escutar,
Pro meu grande amor te confessar.
Só teus beijos me poderão calar,
Minha voz acabará por embargar,
Teus beijos serão tão intensos,

Que eu mais preso a ti me sentirei.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

A MINHA AGENDA - 1951


Tenho uma agenda há sessenta e dois anos,
Custou-me seis escudos e cinco tostões,
Nela tenho registadas datas importantes,
De nascimentos, casamentos e falecimentos,
Guardo-a como meu memorial e património.

São datas que de quando em vez, recordo,
Por estar vivo e dar importância à família,
Relembrando suas datas inesquecíveis,
Que formam a minha árvore genealógica
E que quero legar aos meus descendentes.



O AMOR PERTENCE AO PASSADO


O amor pertence ao passado, está esgotado,
Fala-se de amor, com muita facilidade,
Trata-se do amor como uma fatalidade,
O amor perdeu todo o seu significado.

O amor tornou-se banal, os poemas o dizem,
Confessa-se o amor como se nega a seguir,
Não há a certeza se o amor é correspondido,
O amor é tão falso que nos obriga a mentir.

O amor é tema esgotado, pertence ao passado,
É do tempo de Romeu e Julieta e de Camões,
Hoje o amor é artificial, já não arrasa corações
É falsamente enaltecido e mal recompensado.

O amor hoje não é romântico como no passado,
Banalizou-se pra consumo carnal e selvagem,
Já não tem a beleza d'outrora, perdeu a graça,
Entrou em descrédito e resultou em desgraça.

Por isso detesto escrever sobre o falso amor,
Meus poemas são mais sérios e verdadeiros,
Falam da vida real, sem fantasias e cores,
Da Natureza e pessoas com mérito e valor.

A OUTRA PRAIA

A praia agora é outra, tem areia grossa,
Está mais suja e tem alforrecas,
As águas que a beijam são escuras,
Misturam-se com petróleo,
Matam os peixes inocentes.

A praia agora é outra, não dá pra banhos,
Já não se faz jangadas de madeira,
E de tambores de combustível,
Essa praia já não existe,
Agora a praia é outra.

A praia agora é outra, é dos senhores
Do petróleo e do dinheiro,
Perdeu o cheiro forte da maresia,
Já não tem areia branca, virou preta,
É a praia que sobrou.

Os pescadores choram a sua praia,
Onde descarregavam o seu peixe.
Agora a praia é outra,
Já tem outro dono,
Deixou de ser do povo.

Povo que perdeu a noção da praia,
Se acha num deserto, sem água,
Porque deixou de ver a sua praia,
Sabe que a praia já não é sua,
Que a praia agora é outra.

domingo, 7 de abril de 2013

OLHO PARA O CÉU


Olho pro Céu, quero desligar-me da terra,
Não desejo assistir mais ao circo burlesco,
Que a terra me oferece sem recompensa.
Pra manter meu viver agradável e feliz
Olho pro Céu a todo o momento.

Olho pro Céu, à noite, vejo a lua a brilhar,
Vejo as estrelas e os cometas a passar,
Vejo as aves noturnas piando, a voar,
Os morcegos a emigrar pra comerem,
Olho pro Céu à noite, e fico apaixonado.

Apaixonado fico por misteriosa donzela
Que me aparece entre nuvens,
Beijando-me com muita paixão,
Mas ao desaparecer de repente,
Deixa-me um vazio no coração.

Olho pro Céu, de dia, e vejo maravilhas,
Desde o Sol brilhante a nascer,
Vindo ter comigo pra m’aquecer.
Vejo andorinhas alegres a voarem,
Dando boas vindas, à minha janela.

Olho pro Céu e vejo por vezes nuvens,
Tanto claras, como cinzentas,
Carregadas de água, pra regar
Os campos, cujos alimentos
Irão muitas bocas sustentar.

Olho pro Céu e vejo-o cruzado por aviões
Que levam e trazem pessoas e bens,
Dum extremo a outro da terra,
Com missivas dos namorados,
Que vivem de sonhos, enlevados.

Olho pro Céu e ao Céu estou rendido,
Vejo nele a minha felicidade,
No Céu vejo liberdade,
Vejo Paz e fraternidade
E a minha próxima morada.

sábado, 6 de abril de 2013

ALVOROÇO NA FLORESTA


A bicharada entrou em pânico naquela floresta,
Com a chegada dos madeireiros.
Suas máquinas e ferramentas ameaçavam
Derrubar as árvores centenárias
Refúgio da bicharada com seus ninhos,

Os papagaios e águias lá do alto espiavam
As acções dos madeireiros intrusos,
Dando sinais de alerta à restante bicharada
Que dispersava com choros e lamentos
Pra parte incerta, receando sua sobrevivência.

Fugiam os chimpanzés, os macacos e os répteis,
Os pássaros e as formigas, sem culpa formada,
Era o homem que se intrometia
Para os escorraçar e ficar com seus haveres,
Com a intenção desmedida de enriquecer

Deixou de haver alvoradas, pra bicharada,
Que a emigrar pra longe foi obrigada,
E os homens se tornaram insensíveis,
Por pensarem apenas nos seus interesses
E não se lembrarem de eventuais danos.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

O AMOR NÃO SE INVENTA CONQUISTA-SE


O amor não se inventa, conquista-se
E vive-se, alimentando o nosso ego,
Passa a ser tudo pra nós, deixa-nos cego,
É um sentimento natural, não inventado.

O amor aparece e desaparece sem avisar,
Passa a fazer parte de mim, sem preço,
Recebo o amor, vivo-o com muito prazer,
Sem ele sofro e quase que enlouqueço.

Não sendo inventado, o amor não se compra,
É dádiva da natureza, que brota singelo,
Por isso deserta, quando de mim se farta,
Parte pra destino incerto, terrível mistério.

São muitos os amores, que me desejam,
Mas a escolha é minha, meu maior amor,
É minha mãe, meu pai, toda a minha família,
Meus amigos e amigas, eterna companhia

NASCI COM O CHEIRO DO MATO


Nasci com o cheiro do mato e o cantar dos pássaros,
Na imensa África que me permitiu ter vida,
Não dou a minha riqueza como perdida,
Bem hajam meus pais por lá me terem concebido.

Valeu a pena ter nascido em terra única e abençoada,
Com a companhia da bela flora e fauna,
Baía de águas quentes onde me banhava,
Granja verde, pulmão vivo de ar puro e abnegado.

Voltaria a nascer na minha terra, se Deus o permitisse,
Pra recomeçar tudo da mesma maneira,
Dar à minha vida outro rumo, outra opção,
E ficar na minha Terra, noutra dimensão.