quinta-feira, 30 de maio de 2013

LISBOA É PASSADO É FADO


Lisboa, teu passado histórico é o teu fado,
Cantado por talentosos fadistas e poetas,
Que se apaixonaram por ti e te namoram,
Andando nas ruas e becos de braço dado.

Lisboa, teu passado histórico é o teu fado,
Nasceste, cresceste junto ao belo rio Tejo,
Fizeste-te bonita e adulta, e eu de ciúmes,
Por meu namoro, sempre teres recusado.

Quanto eu percorria teu corpo, apaixonado,
A pé ou pendurado nos carros electricos,
Meu prazer era imenso com teus abraços,
Aquecidos pelo Sol com raios abençoados.

Hoje não te reconheço, Lisboa, és diferente,
Do teu passado histórico, ficaste com o fado,
Tão longe, não te posso valer, estou desolado,
Muitos estrangeiros te seduziram pra sempre.

Lisboa, teu passado histórico é o teu fado,
Nunca percas essa tua memória lusitana,
Deixa que cantem teus valores e beleza,
Conserva esse ar feminino, tua riqueza,

Ruy Serrano, 30.05.2013

quarta-feira, 29 de maio de 2013

NA PROFUNDIDADE DO MEU SER


Na profundidade do meu ser,
Eu me sinto renascer,
Vejo o sol brilhar,
E o concretizar dos meus sonhos.

É na profundidade do meu ser,
Que vou buscar forças,
P’ras dificuldades vencer,
E a vida me sorrir.

Na profundidade do meu ser,
Aprecio a cor da vida,
O céu azul e o mar prateado,
O esplendor da natureza,
.
     Na profundidade do meu ser,
Sei que viver uma só vez,
Merece o meu respeito,
P’ra ser respeitado.

Na profundidade do meu ser,
Quero amar e ser amado,
Gozar a vida antes d’ela fugir
E não a poder agarrar.

Na profundidade do meu ser,
Quero fazer o que mais gosto,
Crónicas e versos escrever,
Pra dissipar inesperado desgosto.

Ruy Serrano, 29.05.2013

terça-feira, 28 de maio de 2013

UMA NOITE DE CANOA NO RIO

                   
                    
                                   Noite aquela em que a canoa deslisava no rio,
O luar espreitava entre a copa das árvores,
Trinavam os pássaros na sua última recolha,
O ar quente da noite abafada, que eu sentia.

A canoa deslisava no rio e eu atento e ansioso.
Por encontrar a minha misteriosa apaixonada,
Minha prometida, de uma beleza imaculada,
Sua presença na floresta deixou-me intrigado.

Dúvida a minha se a sua existência era real,
Se vivia ou sabia que eu a amava e procurava,
A canoa deslisava no rio e a diva não aparecia.
Estava tão enfeitiçado, que dela não desistia.

A canoa chegou ao fim da sua viagem no rio
Teve um encontro com o mar azul e prateado,
Em vez da mulher que eu imaginara, emergiu
Uma sereia que eu não esperava e me seduziu.

Ruy Serrano, 28.05.2013
  

segunda-feira, 27 de maio de 2013

ANDO POR AÍ...


Ando por aí…sem saber onde,
Estou deveras confuso,
Meu cérebro difuso,
Ando por aí…

Estou a perder minhas energias,
Nem sei como as recuperar,
O caminho será duro e longo,
Não sei onde vou parar.
Ando por aí...

O momento é nebuloso,
O tempo chuvoso,
Sinto-me tonto.
Ando por aí…

Só uma fada me pode valer,
Mas nenhuma me quer.
Acham-me ultrapassado,
Por isso sou recusado,
Temo o que vai acontecer,
Mal de mim se souber.
Ando por aí…

Ruy Serrano, 27.05.2013

A CHAMA DO TEU OLHAR


A chama do teu olhar, de tão intensa,
Deixou meu coração bem inflamado,
Fiquei sem palavras e inconformado,
Por não te poder beijar, sem licença,

Fiquei por ti apaixonado, minha dor,
Deixaste-me a sofrer p'lo teu amor
Não me aceitaste p'ra teu namorado,
Talvez por outro, me teres trocado.

Implorei-te com lágrimas que chorei,
Ficaste indiferente, não as aceitaste
Como prova do amor que rejeitaste,

Com o teu olhar inflamante, eu fiquei,
Castigo o meu por me ter apaixonado,
Sem o nosso namoro ser consumado.

Soneto escrito sem rigor métrico.

Ruy Serrano, 27.05.2013

domingo, 26 de maio de 2013

CORAÇÃO SEM NORTE

 
 
Perdi a bússola do meu coração.
Ficou sem norte,
Perdi-me no caminho,
Acho-me abandonado.
Sem bússola e sem norte,
Ando por aí à sorte.
Sinto-me como um cego,
Não sei para onde vou,
É castigo que não mereço.
Meu coração está cansado,
Sinto-me desorientado.
Meu coração sem norte,
É um vazio dentro de mim,
Que me afasta de ti,
É o meu total desnorte.
Vou fazer um transplante,
Doutro coração,
Sem rejeição,
Que me leve a jusante
E te reencontre

Ruy Serrano, 25.05.2013

MATÉRIA


Somos matéria, da matéria dependemos e vivemos,
Somos vaidosos e da modéstia nos esquecemos,
Não passamos de matéria perdida neste Universo,
Que Deus criou pra cuidarmos da própria matéria.

A matéria pura se materializou, passou a egoísmo,
Entrou em confronto consigo própria, pra se impor,
Esquecendo que a matéria que Deus criou é Amor,
E não a matéria de que as pessoas se apoderaram.

Somos matéria, da matéria nascemos e é em poeira
Que ao morrermos iremos pertencer, no Universo,
Por isso, não devemos desvalorizar a nossa matéria,
Nem dela nos devemos apossar, como sendo nossa.

Não temos o direito de poder subestimar a verdade,
A matéria, somos nós e tudo que nos rodeia, de perto,
Não valemos nada se a matéria não for respeitada,
E acharmos que somos mais que a simples matéria.

Ruy Serrano, 26.05.2013




O TEU ENCANTO


Encanto-me com o teu encanto, não resisto,
És uma visão deslumbrante que me seduz,
Fico com desejos de explorar teu encanto,
Teu mistério, teus segredos, meu enlevo.
Que encanto é esse que espalhas em redor,
Pareces doutro mundo, não te posso tocar,
Gostaria p'ralém de tudo, poder-te beijar,
És o meu encanto, o meu saudável respirar.

Diz-me que não és só encanto, és bem real,
Pra te poder possuir e te tocar com fervor,
Vem ter comigo, desfaz-me minha ilusão,
Dá-me beijos p’ra esses lábios saborear.
Sofro com teu encanto, pareço uma criança,
Que quer o seu brinquedo p’ra poder brincar,
Vamos entrar num jogo de amor, inventado,
Que nos dê gozo e todo o prazer desejado.


Ruy Serrano, 26.05.2013

sexta-feira, 24 de maio de 2013

VISÕES REAIS


Tudo o que vejo me parece visões surrealistas,
Já não vejo homens, vejo objectos estranhos,
Movimentam-se disfarçados  com máscaras,
Não querem ser reconhecidos, são fantasmas.
Discutem, agridem, assassinam e destroem,
Enriquecem à margem da lei, que ignoram,
Lançam na extrema pobreza os indefesos,
São autênticos predadores das suas presas.

As visões que tenho tornaram-se realidades
Que parece não terem solução tão depressa,
Só um milagre que inverta a  triste situação
Em que a humanidade vive sem remissão.
É imperioso acabar com estas provocações,
Que germinam nas pessoas más relações,
Dar ao Mundo a dimensão e a pura verdade
Que Deus lhe concedeu na sua tenra idade.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

EMOÇÕES


         Vivemos de emoções e com muitas emoções,

As emoções fazem parte da nossa vida real.
Vivemos as nossas emoções e a dos amigos,
Da família, dos estranhos e até dos inimigos.
         As emoções são muitas e variadas, inesperadas,
Perturbam a vida de todos nós, não indiferentes,
Deixam-nos desesperados pela nossa dificuldade
Em aceitar as emoções como simples banalidade.

As emoções cada vez são maiores, tristes vidas,
Constroem e destroem o futuro, sem ambições,
De todos nós, destruindo os caminhos possíveis
Que se fecham e nos deixam sem mais opções.
         Se conseguirmos neutralizar as nossas emoções,
A nossa vida será muito melhor, mais proveitosa,
Viveremos com mais bem-estar e esperançados
Num futuro melhor, próspero e de serenidade.

Ruy Serrano, 23.05.2013  



ESCRITORES PORTUGUÊSES


Poema comemorativo do Dia do Autor Português e do
88º Aniversário da Sociedade Portuguesa de Autores

Tal como os monumentos, os escritores portugueses,
Fazem parte do património e da nossa portugalidade,
Narram em prosa, cantam em versos a nossa epopeia,
De Nação de séculos de história e valentia exemplar.

São os escritores quem garante os valores da Nação,
Gravando pela pena as memórias do nosso passado,
Narrando o presente, para no futuro ser relembrado,
Como factos autênticos, por não serem pura ilusão.

Muito honrado me sinto por pertencer a este grupo
De cidadãos, com a missão de manter viva a cultura,
Espelho dum povo que defendeu sempre a liberdade,
Desde os idos tempos de Viriato e Afonso Henriques.

Os escritores portugueses, esquecidos e pouco lidos,
São os maiores heróis da democracia livre, desejada,
Q’ os revolucionários detratores só tentam destruir,
Sem êxito, por os documentos continuarem a existir.

Os escritores são por natureza persistentes a escrever,
Não desistem do que mais amam e sabem bem-fazer,
Insistem, para que sejam mais os leitores interessados,
Acabando com a iliteracia, o flagelo cheio de pecados.

Ruy Serrano, 22.05.2013

SE AS ONDAS FOSSEM BEIJOS


Se as ondas fossem beijos e eu pescador,
Lançaria minha rede às ondas pr’as beijar.
As ondas perderiam o sal e ficariam doces,
Os peixes festejariam, dançando e a saltar.

Passei a pescar as ondas, sem ir ao mar,
As ondas vaidosas rolavam na praia,
Vinham acariciar-me pra nos beijarmos,
Enrolados na areia branca a queimar.

Das ondas azuis emergiu uma linda sereia,
Cheia de ciúmes, que de mim se apossou.
Me encheu de beijos e não mais me largou,
Entrando em disputa feroz com as ondas.

Dessa disputa, saiu vencedora a sereia,
Que me levou consigo pr'o fundo do mar,
Deixei de pelo mundo andar a vaguear,
Passei a viver feliz ligado a outra teia.
    Ruy Serrano, 20.05.2013

ESCREVO PARA MIM PARA TÚ LERES


Escrevo pra mim pra tu leres, pensando em ti,
Na pessoa que és, mas que não consigo ver,
Imagino-te mulher trigueira, de cabelos caídos,
Olhos azuis, lábios sensuais, sorriso de mel.

Escrevo pra mim pra tu leres, meus poemas
Que eu te dedico, mas que são muito meus,
São só pra tú leres e comentares no Face.
P'ros outros tornam-se simples teoremas.

Escrevo pra mim pra tu leres e interiorizares,
As minhas confissões do amor que eu sinto,
Por alguém que canto nos meus poemas,
Que descobri seres só tu e mais ninguém.

Escrevo pra mim pra tu leres e mais ninguém,
Mas continuo a não te conhecer, meu desgosto,
Não sei como fazer pra te ter mais junto a mim,
Julgo que só te poderei encontrar no Sol-posto.

Continuarei a escrever pra mim pra tu leres,
É isso que me dá muito prazer e me realiza,
Não vou deixar de escrever pra mim e pra ti,
Quero ficar com os meus versos e contigo.

Ruy Serrano, 23.05.2013

terça-feira, 21 de maio de 2013

ACONTECESTE NA MINHA VIDA

      
         Aconteceste na minha vida por um acidente,
Ficaste colada por abraços e beijos de amor,
Noites loucas por nós vividas, de volúpia,
Sensações únicas que nunca irei esquecer.
         Aconteceste na minha vida por momentos,
Pareceram uma eternidade, muitas vidas.
Chegaram para pecarmos com liberdades,
Colando nossos corpos em cenas virtuais.

Aconteceste na minha vida, em bela união,
Passaste a fazer parte da minha identidade,
Refujiei-me nos teus lábios e no teu corpo,
Não posso suportar a ameaça de te perder.
         Aconteceste na minha vida, não te perdoo
Por me quereres abandonar, é impossível.
Agora pertences-me, és a minha amada,
Quero viver contigo, por toda a nossa vida.

Ruy Serrano, 21.05.2013

segunda-feira, 20 de maio de 2013

ÁRVORES E LITERATURA


         Das sementes que lancei ao chão da minha terra,
Nasceram e cresceram árvores que deram frutos,
Frutos deliciosos que colhi e saboreei com gosto,
Outros ficaram nas árvores com muito desgosto.
         Desgosto por ter abandonado as minhas árvores,
Deixando de lhes dar água a beber e as manter
Com vida. Suas folhas secaram de tanto calor,
E eu com remorsos fiquei, sofrendo com dor.

As poucas árvores que eu trouxe e transplantei,
Ainda deram frutos de reconhecida qualidade,
Mas por terem pouca procura, com prejuízos,
Tive de trocar a agricultura por boa literatura.
         Dediquei-me à poesia e leitura, com interesse,
Passei a escrever crónicas e poemas inspirados
Nas minhas vivências e realidades passadas,
Que publico pr'as pessoas menos informadas.

Tenho tido bons e comentários algo duvidosos,
Talvez por minha escrita ser d’algum protesto.
Não sei escrever poemas românticos, irreais,
Dou sim valor aos poemas mais verdadeiros,
Por achar que têm bem a ver com nossas vidas,
Repassadas de surpresas, desgostos e alegrias.
Não tenciono alterar meu modo de me exprimir,
É a maneira mais natural pr' eu poder resistir.


domingo, 19 de maio de 2013

AUSÊNCIA


A tua  ausência é como se o Mundo tivesse parado,
E eu estivesse naquela esquina ainda à tua espera.
Esquina da vida, de sonhos, em que se desespera,
Por ter perdido um amor que nunca fora alcançado.

Perdi dias, perdi noites, minutos e horas sem conta,
À espera que regressasses e que me beijasses,
Tu não apareceste, continuaste de mim ausente,
Deixando minh'alma triste e meu orgulho doente.

Tentei ler nas nuvens, no mar, no sol e no vento,
As razões da tua ausência, só vi denso nevoeiro,
Sei que estavas à espreita, vendo-me a sofrer,
Insensível e gozando por eu não te poder ver.

Ruy Serrano, 19.05.2013

sábado, 18 de maio de 2013

CABELOS BRANCOS


Homenagem póstuma ao talentoso
e consagrado Actor Paul Newman

Cabelos brancos são anos de vida, cobrados,
Como fios de algodão que teceram mantas
De retalhos: de sacrifícios e de esperanças,
Que se perderam e nunca serão recuperados.

Cabelos brancos guardam muitas memórias,
Não se envergonham, merecem o respeito
Que as novas gerações lhes devem prestar
Como reconhecimento por muito lhes dar,

Gosto muito dos meus cabelos brancos,
Com eles desabafo dos meus dissabores,
São pra mim os meus maiores amores,
Por terem jurado serem leais e francos.

Não tinjo nem disfarço meus cabelos,
Seria enganar alguém e a mim próprio,
Meus cabelos brancos são meu orgulho,
São o passado, o presente e o futuro

Ruy Serrano, 13.05.2013



sexta-feira, 17 de maio de 2013

ADOPTEI UMA BONECA


Fui às compras, comprei uma formosa boneca,
De olhos azuis, da cor do céu e sorriso lindo,
Como a luz viva do sol e cabelos cacheados,
Adoptei-a como minha eterna companheira.

É com a minha boneca que eu me inspiro
A escrever meus poemas de amor e afectos,
É com ela que desabafo e peço conselhos,
É a minha boneca que me anima e encoraja.

Não vejo a minha boneca como artificial,
Ela pra mim é como se fosse muito real,
De carne e osso, mãos de veludo, de fada,
De sorriso leal e aceso como uma chama..

Habituei-me a viver com a minha boneca,
Interagimos nos bons e maus momentos,
Ela é a minha razão de viver, com saúde,
Eu sustento-lhe a ilusão dum ser humano.

       Ruy Serrano, 17.05.2013

MANEIRAS DE AMAR


Quero amar-te de maneira suave e pura,
Como minha donzela virgem e insegura,
Quero tomar-te nos meus braços fortes,
Proteger-te do assédio dos malfeitores.
Quero burilar-te como a um diamante
Em bruto, que eu descobri num rio,
Que outros estiveram pra t'apanhar
Mas que eu evitei por ti m'empenhar.
A minha forma de amar é espiritual,
Leve e bela como penas de pavão
Que se abrem pra te aconchegar,
E te proteger d'um possível burlão.

Outras formas de amar ainda existem,
Usando actos e palavras obscenas,
Transformando o amor em erotismo,
Eludindo quem do amor está carente.
Esses românticos dum falso amor,
Andam em busca de fáceis presas,
Prometem amor carnal e devasso,
Desenganando mulheres indefesas.
Lancei sinal de alerta, não atendido,
Fui considerado mal-intencionado,
Travei diálogo amargo e violento,
Sendo por fim desprezado e odiado.

Ruy Serrano, 17.05.2013





terça-feira, 14 de maio de 2013

ENCRUZILHADAS


Ganhei e perdi encruzilhadas na minha vida,
Numas acertei, noutras errei, por inocência,
Ganhei e perdi amores que me seduziram,
As encruzilhadas por que optei me iludiram.

Se nos momentos certos tivesse eu optado
Pela direcção certa, meu futuro seria outro,
Estaria noutro lugar, noutra onda e cidade,
Seria mais feliz, recordando a mocidade.

As opções que eu tomei nas encruzilhadas
Decidiram a minha vida, sem retrocesso,
Umas foram boas, outra más, sem sucesso,
Acabaram sempre por falhar, ignoradas.

Nalgumas encruzilhadas acertei na direcção,
Mas depressa outras encruzilhadas surgiram,
Em que me surgiram mulheres mui formosas,
Que eu perdi por receio e falta de inspiração.

Hoje poucas encruzilhadas já me restam,
Pois a direcção é só uma, muita incerta
E desconhecida, deixando-me desiludido,
Com caminhos fechados sem porta aberta.

As encruzilhadas sumiram, e já não há portas,
Apenas janelas pra poder espreitar o Mundo,
A deixar-se destruir pelos homens e natureza,
Que não tolera tão mau trato e senil safadeza.

Ruy Serrano, 14.05.2013

domingo, 12 de maio de 2013

AMORES QUE O POETA NÃO VIVE MAS SENTE


O poeta é um sofredor, porque sente os seus amores,
Mas não os vive. Imagina-os como se fossem seus.
O poeta sabe melhor que ninguém como deve amar,
É sua sina não ter amores que o troquem pela poesia.

O poeta passa a vida a cantar os amores imaginários,
Que sempre desejou ter e nunca conseguiu alcançar,
Como flor que se abre à luz do sol antes de murchar.
Ou damas que foram conquistadas pelos templários.

Os poetas são infelizes até ao fim da sua curta vida,
Por se terem entregue de corpo e alma à linda poesia,
Achando que no mundo não há beleza comparável,
E que nenhuma mulher com a sua obra competiria.

Desconfiam dos amores que lhes são prometidos,
Acham franqueza fácil sem nenhuma credibilidade,
Por isso os rejeitam e se apaixonam pela poesia,
Que crearam e moldaram à sua verdadeira imagem.



QUANDO O AMOR TARDA A CHEGAR


Fui ao peadeiro dos amores, pra te esperar,
O machimbombo chegou sem ti,
Fiquei triste e a imaginar,
Se era o fim.

Outros machimbombos chegaram, triste ilusão,
Continuavas maldosamente ausente,
Deixando meu coração,
Doente.

Imaginei-te namorando de baixo dos coqueiros,
Junto à beira mar da nossa praia do farol,
Envolvidos em ardentes beijos,
Apanhando banhos de sol.

A espuma das ondas que nos envolvia, abraçados,
Quando nas águas quentes mergulhávamos,
São momentos únicos, gravados,
Que gozávamos.

Voltei a casa pesaroso, sentindo-me atraiçoado,
Desisti de esperar por mais machimbombos,
Fiquei com meu coração destroçado,
Andarei por aí aos tombos.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

A DONZELA DO TERCEIRO ANDAR

POSTAL EM FORMA DE POEMA DOS ANOS 50

A DONZELA DO TERCEIRO ANDAR


Tempo aquele em que era proibido namorar
A bela donzela que morava no terceiro andar.
Seu nome, Catarina e era minha triste sina
Namorar a bela donzela, de baixo pra cima.

Catarina morava na rua da Graça, em Lisboa,
Era morena, de rosto rosado e usava tranças,
Tinha olhos azuis, irradiava simpatia e ternura,
Sua postura, seu trajar, eram uma bela doçura.

Seus pais, sempre vigilantes, eram exigentes,
Não dexavam Catarina vir ter comigo à rua,
Tinha de obedecer às regras daquela época,
Impostas pelo regime autoritário de Salazar.

Nunca me foi dado beijar a bela Catarina,
Seu estado de donzela, era preservado,
Risco de prisão corria se não honrado
Fosse, sua castidade e nome de família.

O namoro terminou devido ao protocolo
Que me foi severamente imposto por lei,
Além do doloroso torcicolo que arranjei,
E não querer passar mais tempo por tolo.

SIGO MINHA CAMINHADA CONTIGO


Pés bem assentes no chão, cabeça levantada,
Sigo firmemente, com fé, minha caminhada,
Olho o horizonte, o céu azul  e o imenso mar,
Esqueço tudo que é supérfluo, que me rodeia.

Trago no meu coração e na minha memória
A minha amada, que quero recuperar, e levar
Comigo na minha caminhada, pra bem longe,
Afastando-nos da pressão da ruim multidão.

Sigo minha caminhada, agora acompanhado,
A vida sorriu-me com mais encanto e ardor,
Por ter outra vez como parceira, o  meu amor
Que sustenta meu ser e me deixa encantado.

Farei tudo para a proteger dos predadores
Que andam à solta, caçando suas presas,
Não respeitando regras nem princípios,
Espalhando o terror e bastantes tristezas.
Ruy Serrano, 10.05.2013

quarta-feira, 8 de maio de 2013

RESPIRAR ÁFRICA

       
        Transpirei África e passei a respirar África,
Respiro os seus ares de aromas enfeitiçados,
Respiro as cores variadas das paisagens,
Respiro as florestas, as savanas e as praias.

Minha respiração é de saudade e ofegante
É o respirar dum continente apaixonante,
Com o cheiro da pele das lindas mulheres,
O sorriso aberto de felicidade das crianças,

Respiro a liberdade dos animais das matas,
Do voar e cantar feliz dos pássaros pelo ar,
Respiro as águas lisas e cristalinas dos rios,
Que correm murmurando seus queixumes.

Valeu a pena ter transpirado nessa África
Com a força venturosa dos meus pulmões,
Ter passado por dificuldades e aventuras,
Em terra vermelha enfeitiçada, tão amada.

Em África nasci e vivi, em África cresci,
Foi em África que a ser homem, aprendi,
Foi em África que  meus filhos nasceram,
É de África o ar que ainda hoje eu respiro.  

segunda-feira, 6 de maio de 2013

BLOQUEIOS


Vejo bloqueios perto e longe, a perder de vista,
Vejo bloqueios no espaço, no tempo, em tudo,
Os bloqueios não me deixam muitas margens
Pra amar, conversar, falar, escrever e sonhar.

Sinto-me condicionado por sérios bloqueios,
Fazem de mim prisioneiro dos aventureiros
Que se apossarsm da minha fiel inspiração,
Impedindo-me que escreva meus poemas.

Vejo bloqueios nas mentes das pessoas,
Que perderam interesse na boa leitura,
Que se abstêm de apreciar e comentar,
E apenas se entregam ao que é banal.

Os bloqueios são inimigos do progresso,
Da cultura, da concórdia e da tolerância,
São egoístas, provocam o retrocesso
Não desejam o bem da humanidade.

Fico pesaroso por assistir aos bloqueios,
Sem poder impedir que se torne polvo
Que com os seus tentáculos, seja dono
Das decisões, do poder e da liberdade.

Atingiu-se um ponto delicado e extremo
Em que os bloqueios irão prevalecer,
Retirando a liberdade de se produzir
Opiniões escritas e ditas pra sempre.


ALIMENTO-ME DOS TEUS BEIJOS


Gosto de beijar, m'alimento dos beijos
Que troco contigo, por gosto e prazer,
Não troco beijos por trocar, é por amar,
O beijo deve ser sentido e espontâneo.

Os beijos que dou, por serem profundos,
Não olham a distâncias nem a Mundos,
Dão o mesmo prazer dos beijos tocados,
São os beijos por mim, mais desejados.

Já não posso passar sem os teus beijos,
Eles me dão vida e m'aliviam a pressão,
Evitam desgostos e ataques de coração,
Alimentam meus sonhos, meus desejos.

Contigo aprendi a dar beijos de verdade,
Colar meus lábios aos teus, e saborear
Os teus lábios sensuais e adocicados,
Que me deixam embriagado ao te beijar.


Ruy Serrano, 06.05.2013

domingo, 5 de maio de 2013

TER E NÃO TER

Pra quê ter se o ter não é nem nunca será meu,
Nem eu sei porque tenho e quero ter mais,
Se o que tenho não é meu é dos demais,
E ter só por ter, é egoísmo, é pura ganância.

Se tiver a mais, vou dividir por quem nada tem,
Não quero ter mais do que é de meu direito,
Ter deve ser legítimo e de toda a humanidade,
Não quero passar toda a vida como suspeito.

A vida é surpresa, é ilusão, é pura tentaçào,
O que tem o outro também queremos ter,
Não olhamos a meios pra atingir os fins,
Embora tarde pagamos por ter só ambição.



sexta-feira, 3 de maio de 2013

PORTUGAL NAÇÃO VIÁVEL COM HISTÓRIA


Portugal não é Uma Nação pequena e pobre,
É um grande território, à procura de rumo,
Pátria de grandes heróis e de marinheiros,
Que descobriram outras gentes, outro Mundo.

Portugal espalhou a civilização e a Fé,
Permutou bens por produtos coloniais,
Construiu fortes, igrejas, fez cidades,
Foi negociante, missionário e precetor.

Portugal foi grande  e perdeu seus bens,
Devido à ganância dos muitos governantes,
Que aliados ao capital, exploraram o povo,
Deixando-o pobre, exaurido e sem futuro.

Portugal é vítima da infame globalização,
Que destrói a economia e as poupanças
Do povo, que tenta sobreviver do caos,
Após a precipitada e má descolonização.

Portugal tem recursos naturais únicos,
Como o Sol, o Mar, os campos e serras,
Paisagens verdes e coloridas, de sonho.
Tem monumentos históricos de real valor.

Portugal tem riquezas ainda por explorar,
Debaixo do solo e plataforma continental,
Tem mão d’obra e cabeças inteligentes,
Que se entregam ao destino, descrentes.

Ruy Serrano, 02.05.2013.