terça-feira, 30 de julho de 2013

JUNTA OS MEUS PEDAÇOS

Estou feito em pedaços. Já que me desfizeste,
Junta os meus pedaços e guarda-os contigo,
Não me abandones em terra agreste,
Não mereço tão duro castigo.

Meus pedaços já não me encorajam a viver,
Não encaixam uns nos outros,
Ficaram desalinhados,
Estão condenados.

Cada um dos meus pedaços tem uma história,
Histórias de alegria e sofrimento,
É um permanente tormento,
Vida inglória.

Má sorte a minha ter ficado em pedaços por ti,
Castigo o meu, não ter conserto,
É um completo desacerto,
Já não sei de mim.

De pedaços nasci eu, de pedaços irei morrer,
P'ra que valeu a pena viver,
Se eu vivo em pedaços,
Sem teus abraços.


Ruy Serrano, 30.07.2013





segunda-feira, 29 de julho de 2013

MILHEIRAL

Foi num milheiral soalheiro que te descobri,
Tentei descamisar a espiga que colhi,
Sorte a minha ter-te encontrado viçosa,
Naquele milheiral, esbelta e caprichosa.

Entre muitas espigas, tu foste a única
Que eu quis colher, por ti fui atraído,
Má hora em que te encontrei, desiludido
Fiquei, por não te revelares púdica.

Descobri então que um meu rival
Já te tinha assediado pra te possuir,
E que tu fizeste tudo p'ra lhe resistir,
Mantendo tua virgindade, tua moral.

Acabei por no milheiral de possuir,
Louca de desejos estava teu corpo,
Que tudo foi fácil, até o sol se abriu,
Nos acolheu, aqueceu e sorriu.

Ruy Serrano, 31.07.2013

DEVANEIOS

Andei iludido, viajando nas nuvens cinzentas da vida,
Perdido entre devaneios, sem guarida,
Entreguei-me a ti amor, sem te conhecer,
Desiludiste-me, deixaste-me a sofrer.

Porque te perdi, passei a odiar meus devaneios,
Deram-me a ilusão dum amor desejado,
Nunca cheguei a concretizar meus anseios,
De te possuir, desapareceste, fiquei desolado.

Não chegaram meus devaneios p'ra m'iludires,
Quando surgiste das brumas do tempo,
E me prometeste seres só minha, meus sentires,
Meus devaneios se diluíram, contratempo.

Tantos devaneios senti, pressenti e quis viver,
Que o teu possuir foi passageiro,
Deixaram-me sozinho no apeadeiro,
Com um nada entre mãos, triste padecer.

Ruy Serrano, 29.07.2013

sexta-feira, 26 de julho de 2013

UMA CARTA DE AMOR



Quero escrever-te uma carta de amor,
Mas não sei se a mereces.
Se deixaste de falar comigo,
Como sei se a irás ler,
Se isso não te der prazer?

Minha carta d'amor, são palavras
De dor e sofrimento,
Dum triste sentimento,
A que tu já não dás valor,
Por não sentires por mim amor.

Vou escrever a carta d’ amor p'ra reler
Quando me vieres à memória,
Rever a nossa longa história,
Que teve final infeliz,
E me deixou a sofrer.

Ficarei toda a vida refém da dúvida
Porque me trocaste por outro,
Se foi pela minha idade,
Ou se por não ter tido coragem
Do meu amor te confessar.

Ruy Serrano, 26.07.2013



OS AVÓS E BISAVÓS



Seres únicos, ternos, dedicados,
Por seus netos solicitados e adorados,
Mimos, brincadeiras, histórias,
Mestres, contadores de memórias.

Aparecem como milagre e dedicação
Nos momentos próprios e especiais,
Reclamados de fundo do coração,
Entregando-se de pleno e demais.

Professores da vida e do amor,
São distintos e singulares a ensinar,
Sabem ouvir e escutar com fervor,
Bons exemplos e modos de adorar.

P’ra toda a vida aos seus netos
Se entregam cheios de ternura,
Desejando ainda conhecer bisnetos,
Vivida uma vida dura e madura.

Já no além, seus netos e bisnetos
Surgem entre nuvens e visões
Lançando desafios assaz secretos
P’ra escutarem histórias e opiniões.

Ruy Serrano, 26.07.2013



quinta-feira, 25 de julho de 2013

DIA DO ESCRITOR O NOSSO DIA



Afinal hoje é o dia do escritor, nosso dia,
Devo honrar o dia do escritor, meu eleito,
Por ter por este nosso dia o maior respeito,
O dia do escritor é de todos, da sabedoria.

A missão do escritor na terra é importante,
Espalha por toda a parte a palavra escrita,
Fala de tudo que diz respeito à nossa vida,
É sincero, solidário, de palavra marcante.

O escritor merece a nossa disponibilidade
P'ra o lermos e escutarmos com paciência,
E honrarmos seu saber e competência,
Valor supremo concedido à humanidade.

Ruy Serrano, 25.07.2013

ESTADO DE ALMA


Estado d’alma o meu que me queima o peito,
Por um louco amor que em mim nasceu,
Por alguém que meu sofrer mereceu,
Fiquei sem rumo, sem jeito.

Já lhe confessei meu amor que foi ignorado,
Minha amada sabe que estou apaixonado.
Não atende aos meus apelos,
Por os achar singelos.

Minha alma arde como uma grande fogueira,
Que tu ateaste e deixaste por gosto arder,
Sem te importares com o meu sofrer
E me ter criado uma clareira.

Sem receio de me afogar, vou atirar-me ao mar,
Mesmo sem saber nadar, por muito amar,
Pra apagar o fogo que arde,
Antes que seja tarde.

Sei que arrependida, virás em meu socorro,
Por não me quereres ver afogar,
Ao abandono no mar revolto,
Por não saber nadar.

Ruy Serrano, 25.07.2013

AMAR E SER FELIZ


Amar e ser feliz é bom e não custa dinheiro.
Depois duma vida absorvida pelo trabalho,
Aprendi a amar e a ser feliz na minha vida,
Inspirado na Via Sacra de Jesus e na Bíblia.

Não é sacrifício nem pecado amar alguém,
Nem que se seja criticado ou apedrejado
Como Jesus, que na cruz foi crucificado.
Mas ressuscitou p’ra poder praticar o bem.

Quanto mais amo, melhor é o bem-estar
Da minha vida, que despiu meu egoísmo,
E me deu inspiração p’ra escrever poesia,
E eleger o Amor e a Natureza, meu hino.

Fico alheio a maus comentários e críticas,
O que mais conta é o amor e o bem-estar
Com que vivo e que transmito, sem olhar
A qualquer retribuição material, só moral.

Ruy Serrano, 27,06.2013, às 14:07 H

DEPOIS DOS SETENTA


Atravessei a linha dos setenta, passei p'ro outro lado,
A vida é outra, é diferente, tem maior valor e qualidade.
Fiquei sem contactos, sem convívio, sinto-me isolado,
Voltei ao tempo de criança, esqueci toda a maldade.

Deixei de ser alguém egoísta, sou muito mais humano,
Tornei-me mais solidário e sensível, estou muito atento,
Já não vejo o Mundo a cores, vejo-o a preto e branco.
Sou agora poupado, amealho p'ra manter meu sustento.

Considero-me um privilegiado por desfrutar da vida
À minha maneira, sem compromissos e sem ilusões,
Vivo de verdades e não de mentiras, sinto emoções
Com as dificuldades doutros setentas sem guarida.

Passei à escrita o que vejo e sinto, usando a poesia,
P'ra denunciar e protestar das injustiças e ofensas,
A que estão sujeitos muitos dos além dos setentas
Que se desencontraram com a vida numa esquina.

Ruy Serrano, 28.06.2013, às 22:00 H

terça-feira, 23 de julho de 2013

TODAS AS ÁGUAS VÃO DAR AO MAR


Correm velozes por montes e vales sem parar,
Ansiosas p’ra chegar ao mar,
Águas inocentes, cristalinas ou poluídas,
Seguem seu curso, de cio possuídas
Fonte da vida e do amor, as águas não param,
Não são fáceis de dominar,
Ninguém vence sua força e beleza,
Elas são independentes e vivem pra durar.

As águas fogem dos homens, perseguidas,
Não querem ser violadas e agredidas,
Sentem seu orgulho ofendido,
Sem p’ra tal terem contribuído.
As águas sabem que vão ter ao mar salvador,
Juntar-se à fauna marítima, esplendor,
Que na terra deixou há muito de existir,
Por os homens terem preferido agredir.

Por onde passam as águas deixam saudades,
P’la sua graciosidade e pureza,
São úteis às terras que banham,
Que os homens depois amanham.
Desejo o meu, de ir abraçado às águas,
P’ra no mar descobrir uma sereia,
Que me dê o amor que idealizo,
E que evite eu perder meu juízo.

Ruy Serrano, 24.07.2013



segunda-feira, 22 de julho de 2013

REGRESSEI



Regressei, enfim,
Não sei por onde andei,
Nem quero saber,
Sei que cheguei.
Quero esquecer o passado,
Agora é o presente que conta,
Já nada é como d'antes,
Calaram as armas,
Mudaram as bandeiras,
É tudo diferente.
Não sei como recomeçar,
Já não tenho projectos,
Só tenho dúvidas
Da vida algo ainda esperar.
Acho que já não recebo nada,
Apenas a cor barrenta da terra,
A maresia, seu forte aroma,
Que chega do mar salgado,
P'las lágrimas que chorei,
Quando minha terra abandonei.

Ruy Serrano, 22.07.2013

ABRAÇA-ME



Quero que m'abraces, preciso de te senti,
Mesmo longe, dá-me o teu meigo abraço,
Não me deixes esmorecer, faz-me reagir,
Sofro por estar só, quero estar a ti, colado.

Quero acreditar que me amas de verdade,
Como me confessas a todo o momento,
P'ra mim, seria um desgosto e tormento,
Se me jurasses teu amor sem sinceridade.

Abraça-me, promete nunca me deixares,
Não basta vezes sem conta me jurares,
Quero que me proves o teu sincero amor,
Abraçando-me com prazer, sem teu favor

Ruy Serrano, 22.07.2013.

domingo, 21 de julho de 2013

O TEMPO QUE NÃO PASSA


Sensação a minha de que o tempo não passa,
Sinto que o tempo parou, está tudo na mesma,
Nada melhorou, passou antes tudo a desgraça,
Vidas cansadas de tanto lutar, enorme tristeza.

Com o tempo parado no tempo, nada sobra,
Ninguém pode nada fazer, já nem há obra,
Nem projectos, nem dinheiro, nenhum futuro.
Do melhorar de vida, apenas um murmúrio.

O tempo já não passa, estagnou no espaço,
Desânimo, descrença, sem mais projectos,
Vamos sobrevivendo de medo e sem afectos,
Assistimos ao espectáculo do alto do terraço.

O tempo só vai recomeçar a andar a tempo,
Quando profunda transformação acontecer,
E todos nós mais felizes passarmos a viver,
Deixando a vida de ser simples passatempo.

Ruy Serrano, 22.07.2013

sábado, 20 de julho de 2013

SONO AUSENTE AMOR PRESENTE



Sono este perdido, roubado p'lo meu amor ciumento,
Que de mim tomou conta e me fez seu prisioneiro,
Antes amar nas fantasias do sonho com meu amor,
Do que dormir num sono profundo, no travesseiro.

Troquei as voltas ao sono, com os beijos do meu amor,
Esqueci o repouso do meu sono, fiquei com outro sabor,
O mel dos lábios que beijei, húmidos e febris de anseios,
Perdi o sono, preferi o corpo do meu amor e seus seios.

Já não sei nem quero dormir, o amor tomou de mim conta,
Envolvi-me com ele no meu leito, até ao romper da manhã,
Acordei, já o sol subira alto e eu eternamente apaixonado,
Não consegui dormir mais, fiquei p'lo meu amor aprisionado.

Ruy Serrano, 20.07.2013

quinta-feira, 18 de julho de 2013

O OCEANO QUE NOS SEPARA



Estou separado por um oceano de dúvidas,
Desconfio de tudo o que tu me prometes,
Não sei se me amas, se apenas mo dizes,
As tuas juras são veras palavras maduras,
Que tu amadureceste na tua fraca memória,
Esquecendo o nosso amor, a nossa história.

O Oceano que nos separa é imenso e azul,
Tem ondas que me batem e me magoam,
Não sei se és tu que produzes essas ondas,
Se é alguém por ti que as provoca, intensas,
Gostaria q'a distância não nos separasse.
E o amor fosse vivido, saindo do impasse,

Ruy Serrano, 18.07.2013





IR E VOLTAR


Vou deixar-te, Lisboa, vou regressar à minha terra,
Levo-te comigo no meu coração, com muita tristeza,
Não esquecerei nunca o teu encanto, a tua beleza,
Sei que vou enfrentar uma vida diferente e severa.
Diversa da que vivi contigo em idade adolescente.

Inseguro e enjoado com o balancear do carregueiro,
Vamos rumo ao Sul, reencontrar a terra que deixei
P'ra estudar em Portugal e conhecer suas gentes,
Que desbravaram mares e descobriram paragens
Além mar e que souberam colonizar, sem receio.

P'lo meu rosto deslizam lágrimas, como quilha
De barco que corta as ondas p'ra abrir caminho.
E chegar em trinta dias, sem pressas ao destino.
Perco de vista a Torre de Belém, Cascais, Bugio,
Ao longe a serra de Sintra, deixando o rio Tejo.

Cheguei enfim à minha terra, com promessas
Dum futuro promissor, minha desilusão e dor,
Depois de muito trabalho, sacrifícios e suor,
Património de vulto que construí se perdeu,
Na queimada que lavrou e em que tudo ardeu.

Atravessei novamente o Oceano rumo a norte,
Cheguei d'avião sem vintém, fui mal recebido,
Trataram-me de retornado, tão injustamente,
Que traumatizado sofri um grave acidente,
Estive no hospital internado, terrível martírio.

Longo tempo de convalescença tive de passar.
De muletas, depauperado precisei de trabalhar,
Muitos anos passados até ficar recuperado,
Muitos mais anos pra no meio me reintegrar,
Até finalmente me instalar e ser considerado.

Ruy Serrano, 18.07.2013

terça-feira, 16 de julho de 2013

OS MEUS PASSOS

Passos vagarosos, silenciosos,
Não ouço os meus passos.
Passos cautelosos, receosos,
Não sinto os meus passos.

Passos descalços, pobres,
Passos de pés deformados,
Passos dados na calçada
Da minha vida escarpada.

Passos perdidos no tempo,
Dos sapatos gastos,
P'lo caminhar intenso,
Passos dados em falso.

Passos em busca dos bens
Que perdi e me escaparam,
Passos cegos que deixaram
Meus bens como reféns.

Passos perdidos com ilusões
De sonhos irrealizados,
Passos dados no vazio,
De alçapões que se abriram.

Umas vezes de gigante,
Outras vezes de anão,
Foram passos dados,
Sem nenhuma razão.

Ganhei tudo com meus passos,
Com os meus passos perdi tudo,
Até perdi a vontade d'andar,
Por não saber o que vou pisar.

Enfim! meus passos acharam
O amor que sempre procurei,
Mo deram e nada cobraram,
Amo tanto, como nunca amei.

Ruy Serrano, 16.07.2013

segunda-feira, 15 de julho de 2013

QUANDO O AMOR DESPERTA E DESERTA


Despertou um amor que me seduziu e me prendeu,
Foi uma sensação única que feneceu,
Por se ter fartado de me amar,
E eu não lhe perdoar.

Andei com esse amor iludido por muito tempo,
Por tanto gostar dele, belo exemplo,
Não via mais nada à minha frente,
Jamais me foi indiferente.

Nunca quis abdicar desse lindo amor que me tomou,
P'lo que no meu coração espaço ocupou,
Fiquei com ele por muito tempo,
P'ra evitar sofrimento.

Certo dia esse amor de mim se fartou e desertou,
Foi p'ra longe, não soube porque me deixou,
Sem pena de mim, nem adeus disse,
Foi um desgosto, uma chatice.

Nunca mais esse amor por mim se interessou,
Nem me mandou mensagens e contactou,
Não quero voltar a amar mais ninguém,
Temo outro amargo desdém.

Ruy Serrano, 12.07.2013

sábado, 13 de julho de 2013

A ARTE BELA E DIFÍCIL DE POETAR


Tão bela quão difícil é a arte de escrever poesia,
P'ralém de inspiração, tem de ter um bom tema,
Uma boa dose de transpiração e um destinatário,
Muita concentração, boas rimas e bom horário.

Não é fácil falar d’ amor por se ter vulgarizado,
Hoje o amor surge e deserta, sem nos avisar,
Enquanto outros temas são mais populares,
Como mensagens mais fáceis de fazer passar.

Poetar é difícil mas dá muito prazer ao poeta,
Usa as palavras p'ra poder construir os versos,
Dá vida aos temas p'ra virem a ser apreciados.
Pelos amigos do Face do twitter e dos blogos.


Ruy Serrano, 13.07.2013

sexta-feira, 12 de julho de 2013

VEM VIVER COMIGO


Segui os teus passos, não te encontrei...
Sei q'estavas com outro, desesperei,
Porque me atraiçoaste sem razão!?
Nem recebi sequer, explicação!

Não vou não, desistir de te encontrar,
Quero contigo viver, te abraçar,
És a minha razão, o meu sofrer,
Cai nos meus braços, vem-me enlouquecer.

De mãos abertas, te quero, desejo...
Não te abandonarei, nem que mereças!
Perdoo-te meu amor...!Não esmoreças.

Vem viver comigo, dá-me o ensejo,
E a alegria de construir um lar,
Onde nossos filhos irão morar.

Ruy Serrano, 11.06.2013

O AMOR O SOL E A NATUREZA


Na encosta do monte do Castelo de Gualdim,
O Sol reflete sua luz brilhante, e seu sorriso.
A natureza verdejante e meiga, abraça-me,
Manhã acolhedora que me tornou seu amigo.

Esqueço as agruras da vida, os desenganos,
Dou alvíssaras a Deus por meu privilégio,
De ser amado desta maneira, sem receios,
Não estar sujeito a amores, só com rodeios.

Estou disponível para amar quem me ama,
Quando esse amor for sincero e saudável,
Quero ter a minha consciência tranquila,
E não me tornar um ingrato e indesejável.

Se esse amor humano já não for possível,
Então que seja amado pelos bens naturais
Que me dão o que preciso sem exigências,
Permitindo que eu o manifeste nos murais.

Ruy Serrano, 12.07.2013