sábado, 31 de agosto de 2013

TU E AS ESTAÇÕES



Apareceste na primavera, com o sol, entre flores,
Vieste ter comigo, demos beijos e muitos abraços,
Ficámos enamorados, presos por nossos amores,
Trocámos mensagens que nos criaram bons laços.

Não esperaste pelo verão, deixaste-me e partiste,
Não sei p'ra onde foste e com quem, desiludiste.
Mais um desgosto sofri, nesta minha vida longa,
Nem na praia nos envolvemos, na mesma onda.

Veio o Outono, eu esmoreci com as folhas a caírem,
As árvores ficaram despidas e a minha alma vazia,
Meus medos, minhas angústias, me deprimiram,
Aconteceu tudo de mau, que eu de ti mais temia.

Com o Inverno meu coração esfriou, minha alma
Chorou, minhas lágrimas se perderam p'la face,
Eu entrei em hibernação, escrevendo a poesia,
Que tu me inspiraste p'ro meu terrível dia a dia.

Ruy Serrano, 27.08.2013, às 01:20 H
  

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A VIDA E O VENTO

A vida alimenta-se do ar,
Anda ao sabor do vento,
É um longo penar,
Um eterno lamento.

A vida muda de direcção,
Com a força do vento,
Que nos leva p'ra onde quer,
É o seu sustento.

O vento traz-nos o ar p'ra respirarmos,
Por dependermos dele,
Não o podemos contrariar,
Seria perigoso arriscar.

Enquanto houver vento, a vida
Andará sempre à deriva,
Não podemos fazer nada,
Será vida bastante frustrada.

Mais q'amor, o vento é amante,
Que nos domina e mente.
O vento dirige a nossa vida,
Sem sentido, p'ra parte indefinida.

Ruy Serrano, 30.08.2013, às 10:40 H

AMORES PARA TODA A VIDA

Há amores que viveram toda a vida comigo,
São fiéis companheiros, não m'abandonam,
Vivo e sonho com eles, como dedicado amigo,
Por nada deste mundo os quero enganar.
São esses amores, o ar que respiro, o sol
Que m'aquece, a água que me dá de beber
E me lava, e os animais p'ra m'enternecer.

Levanto-me e deito-me com estes amores
Todos os dias. Eles me seguem e protegem,
Inspiram-me a escrever toda a minha poesia,
Fazem-me esquecer outros amores perdidos,
Saram-me as feridas dos golpes sofridos,
Enchem-me de coragem p'ra levar de vencida,
A árdua luta que tenho de travar no dia a dia.

Ruy Serrano, 30.08.2013, às 00:55 H

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

DESLUMBRAMENTO

Naquela madrugada, ao nascer, fiquei deslumbrado,
Ao conhecer meus pais e meus irmãos, meu sangue,
Fui-me deslumbrando, obcecado, enquanto crescia,
Com as descobertas q'eu surpreendido, ainda fazia.

Deslumbrei-me com os meus amigos, com a escola,
Com as garotas, com as brincadeiras, com a vida,
Mais deslumbrado fiquei com as bonitas mulheres
Que me gabavam os meus olhos, meus temeres.

Nunca perdi o deslumbramento, nunca o deixei,
Faz parte de mim, alimenta a alma e o meu ego,
Deslumbro-me agora com a poesia e os poetas,
Fico muito magoado com as críticas tão severas.

O deslumbramento tem-me dado muitos desgostos,
Momentos fictícios e reais que eu tenho de viver,
Impostos por pessoas sem escrúpulos, novelas
Que interpreto e passo ao papel, p'ralguém ler.

É com o deslumbramento que nasce muita poesia,
Também morre muita fantasia, preço da realidade,
A minha vida é o que vivi e gostaria ainda de viver,
Que já não terei tempo de usufruir antes de morrer.

Ruy Serrano, 25.08.2013

AS PALAVRAS TOCAM ONDE NÃO CHEGAM AS MÃOS

Sei que te arrepiaste com as palavras que te dirigi,
Foram sensuais, mais do que se te tivesse tocado
Com as minhas mãos. Saboreaste essas palavras,
Foram semeadas e produzidas nas minhas lavras.

Bem adubadas com a inspiração que me deste,
Regadas com as lágrimas que me fizeste chorar,
Por tudo que sem razão, bastante sofrer fizeste,
E por eu ficar impaciente em te ver a regressar.

Mais palavras da segunda colheita eu te enviei,
Que te deram gozo e t'agradaram, isso eu sei,
Mais do que com as mãos eu te tivesse tocado,
As palavras tocaram-te no teu coração chorado.

Chorado fiquei eu, quando soube que insaciável
Ficaste, querias mais q'as  palavras, desejavas
Poesia ousada e sensual que tu não merecias,
Pois meu estilo é outro, por ti achado recusável.

Ruy Serrano, 27.08.2013, às 01;40 H

NÃO DESISTO DE GOSTAR DE TI



Sinto-me bem a gostar tanto de ti, como és,
Tratando-me mal e ignorando que eu existo,
Não desisto, só gosto de ti, és o meu amor,
Não me deixes, diz que me amas, por favor.

Não desisto de gostar de ti, meus poemas
São as minhas ofertas p'ra te conquistar,
És tu que mos inspiras, por eu muito amar
Tudo que tu és e não és, minhas más penas.

Não gosto de mais ninguém, só gosto de ti,
Também gosto de mim por gostar tanto assim,
Espero que não m'abandones, volta p'ra mim
Fica comigo e com a nossa poesia, bendita.

Beijos saudosos e ardentes que se perderam,
Nas ondas do tempo que assim nos varreram,
Separando-nos sem razão, por pura maldade,
Não desisto de gostar de ti, minha saudade.

Ruy Serrano, 27.08.2013, às 17:30 H

TU E AS ESTAÇÕES

Apareceste na primavera, com o sol, entre flores,
Vieste ter comigo, demos beijos e muitos abraços,
Ficámos enamorados, presos por nossos amores,
Trocámos mensagens que nos criaram bons laços.

Não esperaste pelo verão, deixaste-me e partiste,
Não sei p'ra onde foste e com quem, desiludiste.
Mais um desgosto sofri, nesta minha vida longa,
Nem na praia nos envolvemos, na mesma onda.

Veio o Outono, eu esmoreci com as folhas a caírem,
As árvores ficaram despidas e a minha alma vazia,
Meus medos, minhas angústias, me deprimiram,
Aconteceu tudo de mau, que eu de ti mais temia.

Com o Inverno meu coração esfriou, minha alma
Chorou, minhas lágrimas se perderam p'la face,
Eu entrei em hibernação, escrevendo a poesia,
Que tu me inspiraste p'ro meu terrível dia a dia.

Ruy Serrano, 27.08.2013, às 01:20 H
  

CONDENADO POR AMAR

Fui condenado por amar, espera-me a guilhotina,
Não sei se o tempo terá por mim comiseração,
Sei apenas que serei executado pela vespertina,
Sem ter nada p'ra  poder evitar minha execução.

Nunca pensei q'amar fosse assim tão perigoso,
Por nunca ter conhecido bem quem eu amava,
Só sei que fui apanhado numa perigosa trama,
Sem eu nunca ter sido desumano e criminoso.

Pedi perdão por nada, só p'ra me tentar salvar,
Foi-me negado o perdão, apenas eu escolher,
Outra forma de execução de eu vir a morrer,
Não me dando a luz d'uma última vez amar.

Quando se ama cegamente, o risco é grande,
Espreita-nos o inimigo por inveja ou ciúmes,
Somos postos entre várias grades e tapumes.
Tão distantes do perdão, a passos de gigante.


Ruy Serrano, 28.08.2013, às 00:48 H


A CULTURA DA VIDA

A cultura da vida não é fácil, começa à nascença,
Em terreno que pode ser rico ou pobre, conforme
A terra onde se nasce. É preciso ter alguma sorte,
P'ra cultivar a vida, p'ralém de coragem, paciência.

Começa-se a cultivar o terreno da vida, tateando,
À procura do melhor adubo p'ra fortalecer a terra,
Escolher a cultura adequada, livrá-la dos insectos
E das ervas daninhas que por vezes, lá prolifera.

A cultura da vida tem de ser bem acompanhada,
Deve ser sempre rodeada do máximo cuidado,
Regada e podada, e seu crescimento alcançado,
P'ra ninguém se intrometer, e fique prejudicada.

A cultura da vida deve ser seguida com precaução,
Muito empenho, humildade, trabalho e orientação,
P'ra não se ter surpresas, mas um futuro brilhante,
Produzir estabilidade, riqueza e desafogo bastante.

Ruy Serrano, 29.08.2013, às 00:50 H

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

SILÊNCIOS...

São tantos os silêncios que se tornam ruídos,
Nalguns silêncios ouço gritos, tiros e gemidos.
Nem todos os silêncios são mudos, eles falam,
Queixam-se do que se ouve e me mal tratam.

Não suporto tantos silêncios que me chegam,
São sintoma de que nada de verdade se diz,
Tudo o que me possa denegrir, eles inventam,
Por isso se fecham em silêncios, ideia infeliz.

Procurei decifrar os silêncios que fazem ecos,
Nas paredes da minha casa, de porta aberta,
P’ra receber quem me queira oferecer afectos,
Não quero q’os silêncios sejam praia deserta.

Os silêncios também ofendem, são cínicos,
Não têm coragem de acusar com verdade,
Falam por ecos e dardos sem sinceridade,
Q’atiram contra mim de longe, teledirigidos.


Ruy Serrano, 28.08.2013, às 17:30 H

CONDENADO POR AMAR



Fui condenado por amar, espera-me a guilhotina,
Não sei se o tempo terá por mim comiseração,
Sei apenas que serei executado pela vespertina,
Sem ter nada p'ra  poder evitar minha execução.

Nunca pensei q'amar fosse assim tão perigoso,
Por nunca ter conhecido bem quem eu amava,
Só sei que fui apanhado numa perigosa trama,
Sem eu nunca ter sido desumano e criminoso.

Pedi perdão por nada, só p'ra me tentar salvar,
Foi-me negado o perdão, apenas eu escolher,
Outra forma de execução de eu vir a morrer,
Não me dando a luz d'uma última vez amar.

Quando se ama cegamente, o risco é grande,
Espreita-nos o inimigo por inveja ou ciúmes,
Somos postos entre várias grades e tapumes.
Tão distantes do perdão, a passos de gigante.


Ruy Serrano, 28.08.2013, às 00:48 H

EU QUERIA SER A ÁGUA...

Eu queria ser a água dum rio, transparente,
P’ra lavar por dentro e por fora certa gente,
Que precisa d’algum asseio físico e mental,
De que padece, sem cura, hoj’o maior mal.

Eu queria ser a água dum rio, p’ra navegar
P’ra outras paragens primitivas e naturais,
Que me libertassem das cidades e capitais,
Poder usufruir d’outra vida, do ar e do mar.

Eu queria ser a água dum rio, p’ra refrescar
Minhas ideias e as poder aplicar na poesia,
Q’escrevo com paixão e adoração, a amar,
Juntando a realidade, à ficção e à fantasia.

Eu queria ser a água dum rio, p’ra me levar
De volta à minha terra, nas ondas dum mar,
Que se perde nas correntes quentes do sul,
Onde m’espera minha família, meu tributo.

Ruy Serrano, 28.08.2013, às 15:20 H





terça-feira, 27 de agosto de 2013

O HOMEM E O POETA

Disseste-me que era o poeta que tu admiravas
E que o homem não contava nada pra ti,
Fiquei triste por eu ser o homem que o poeta
Encarnou, e que escreveu os teus poemas.

A tua intriga foi tão violenta e tão ingrata
Que eu me zanguei com o meu poeta,
E deixei de dar versos pra seus poemas,
Por me ter faltado a inspiração desejada.

Foste egoísta, desvalorizaste o homem,
Ficaste obcecada pela beleza do poeta,
Que mais não é que a pura encarnação
Do homem que abominaste sem razão.

Já não confio nas palavras elogiosas
Que me diriges agora, pra te redimires,
Da tua ingratidão e teus maus tratos,
Que separaram o homem do poeta.

E assim acabaram os poemas do poeta,
Que deixaram de contar com o homem,
Que lhe dava os versos pra escrever,
E que nunca,  nunca mais vais poder ler.


Ruy Serrano, 15.08.2013, às 01:40 H

domingo, 25 de agosto de 2013

AMAR É UMA ARTE


Quão difícil é saber amar, por ser arte.
É a simbiose da pintura, da escultura,
Da música da poesia e de sentimentos.
Amar é temperar estes ingredientes,
Usá-los com moderação, sem usura,
Transmitindo sua arte pura e madura.

Por muito que se queira saber amar,
Não se encontra o melhor jeito e arte,
Por não se conhecer a pessoa amada,
Nem se saber como lho confessar,
Invejas e ciúmes alheios é de evitar,
Por nos amigos, jamais se confiar.

Os artistas das artes são humanos,
Por isso também amam, com arte,
Mas por vezes fazem más misturas,
Depreciando a sua arte de confessar
Quanto amam a sério, a sua amada,
P’ra evitar sua fuga em debandada.

Amar é uma arte que de tão difícil,
É só p’ra artistas com sensibilidade,
Que saibam controlar a emotividade
Não ferindo o íntimo da sua amada,
Que muito deseja ser ela a desejada
Em desprimor doutra imprevisível.


Ruy Serrano, 11.08.2013

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

SEMPRE A APRENDER

Estou sempre a aprender até eu morrer,
O que aprendi não é nada d'importante,
É quási nada do q’inda estou a aprender,
É um aprender de que não m'arrependo.

Ainda estou a aprender como namorar,
É a lição mais difícil p’ra eu aprender,
Nunca saberei nada do verdadeiro amar,
É uma arte que exige engenho e saber.

Também de política não percebo nada,
Nem quero nunca aprender, ignorante
Quero ficar, sou do povo, sem fachada,
Assisto ao espectáculo, muito distante.

Estou sempre a aprender, tenho dúvidas,
Aprendo com a vida, com a natureza,
Desconfio de quem usar de subtileza
P’ra m’ensinar, sem me causar feridas,

Até ao último dia da minha vida, aprendo
Como sofrer até morrer, de sorriso aberto,
Conformado e resignado, ainda desperto,
Até ao último minuto do eterno Advento.

Ruy Serrano, 24.08.2013, às 15:40 H

LISBOA DAS SETE COLINAS E DO TEJO

 Lisboa das sete colinas, sentinelas do Tejo,
Tens vaidade por seres tão bem defendida,
Das investidas dos veraneantes e turistas
Que profanam teus segredos. Não desistas
Das tuas tradições, do teu rico património,
Tens tudo q’ uma cidade ambicionou ter,
O sol quente e brilhante, a brisa do Tejo,
As ruelas, becos e avenidas, miradouros,
Praças e alamedas, meus grandes amores.

Vivi contigo cinco anos, perdido de ciúmes,
Eras por todos assediada, meus queixumes,
Corria por teu corpo nos carros electricos,
Acariciava os teus monumentos e museus,
Assistia às tuas revistas do Parque Mayer
Divertia-me na tua colorida Feira Popular,
Desfrutava da bem acolhedora, Estufa Fria,
Jogava à bola de trapos no Campo Grande,
Ia ao Castelo de São Jorge p’ra te adorar.

Ainda tens os encantos, dos teus recantos,
Das casas de fado, das tascas e retiros,
Das esplanadas e dos jardins verdejantes,
Mantenho-me enamorado de ti, meu amor,
Só quero que não percas tua luz, tua cor.
Que sejas sempre a Lisboa dos mouros
E dos lusitanos, sem sofreres dissabores
Com maus tratos e prejudiciais danos.
P’ra eu te revisitar e te voltar a beijar.



Ruy Serrano, 23.08.2013, às 01:20 H.

CAIS DE DESPEDIDA

Fui ao cais despedir-me d'alguém que me deixou triste,
Por iniciar uma longa viagem, p'ra destino longínquo,
Deixou-me sem me dar nenhumas claras explicações,
Fiquei sem saber porque m'abandonara sem razões.

Aquele cais ficará na minha triste memória, gravado,
Com o sabor da água salgada e o cheiro da maresia,
Que acompanhou o meu amor p'ra bem longe de mim,
E me deixar lavado em lágrimas por gostar tanto assim.

Já não acredito no seu regresso, deixa-me possesso,
Com um misto de saudades e de profundo desgosto,
Que m'impedirá de escrever minha poesia concreta,
Por falta d 'inspiração, minha mente ficará deserta.
 
Ruy Serrano, 22.08.2013, às 03:40 H.
 


NOITE TROPICAL



À luz da vela fui deitar-me na minha cama de ferro,
Sobre um colchão de palha, desci o mosqueteiro,
Os mosquitos zuniam irritados e eu fiquei indiferente,
Adormeci a transpirar e na vida a pensar, sorridente.

Enquanto eu dormia, as baratas roíam-me as unhas
Dos dedos dos pés e os ratos passeavam p'lo chão.
Os macacos espreitavam através dalgumas janelas
As rãs com o seu coaxar, eram perfeitas tagarelas.

Nos altos eucaliptos africanos, os muitos pássaros,
Produziam seus cantares, os morcegos voavam
Em debandada em busca do seu manjar nocturno,
E eu na cama cheio de sono, com meu ar taciturno.

Ao nascer do sol, muito cedo, acordava cansado,
Com o tempo húmido bastante quente, eu suava,
Tomava um banho de água barrenta, não secava,
Era assim a nossa noite tropical, do meu passado.

Ruy Serrano, 22.08.2013, às 22:15 H

MÃOS CHEIAS DE NADA


Não sinto nada nas minhas mãos, perdi o tacto,
Apenas sinto que estão vazias, sem nada de nada.
O que tinha era muito e alguém ficou com tudo,
Pouca sorte a minha, ser invejado e não sortudo.

Perdi meus haveres, perdi meus amores, estou só,
Minhas mãos estão vazias, mas limpas e macias.
Não as sujei com nada que me pese na consciência,
Tenho de gerir a minha vida com muita paciência.

Ainda não perdi a esperança de ter as mãos cheias,
Da natureza, dum viver de qualidade e satisfação,
Por gostar de mim e ter a bênção divina de Deus
Que não me abandonou, nem nunca me dirá adeus.

Adeus me dissera muita gente, que m’abandonou,
Não justificando sua deserção, talvez por ambição
De serem mais q’ eu e ficarem de mãos bem cheias,
Com o que é meu e não lhes pertence, mãos alheias.


Ruy Serrano, 23.08.2013, às 11:35 H

TU ÉS O FAROL DA MINHA VIDA


Tu és o farol da minha vida que m'iluminas,
Teus raios de luz são como beijos trocados,
P'los mares do amor que tu m'encaminhas,
Deixando-me preso a ti, tão acorrentados.

Tu és o farol da minha vida, não t'apagues,
Aquece-me com a tua luz, faz-me carícias,
Sustenta esta imensa chama de delícias,
Desejo meu, q'este amor, não estragues.

Tu és o farol da minha vida, não te troco,
Outras luzes lançam desafios, de longe,
Não m'aquecem como tu, q'és diferente,
Respeito-te muito, sou grande filantropo.

Tu és e serás sempre o farol que me guia,
P'los caminhos do prazer e do nosso amor,
Daremos beijos e abraços, de noite e de dia,
Que m’ irão encher do teu calor e teu sabor,

Ruy Serrano, 23.8.2013, às 01:50 H.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

ANDO DE MÃOS NO AR E PÉS NO CHÃO

      Atraiçoas-te e me empurraste p’ra eu cair
E andar de mãos no chão como um canino.
Mas eu mordi-te e levantei-me, sem ganir,
Ergui bem minhas mãos, cantei lindo hino.

O hino da liberdade, com as mãos ao alto
E pés bem assentes, crente da minha razão,
Nunca mais te perdoarei p’la tua má acção,
Jamais me deixarei cair, assim humilhado.

Ando de mãos no ar e pés bem assentes
No chão pedregoso e muito acidentado,
Já não acredito no teu amor, atraiçoado
Fui, sentindo o amor que tu não sentes

De mãos no ar e pés bem assentes, andarei
Todo o resto da minha vida, bem agradado,
Por saber que sou sério e honesto e da lei
Faço a minha bandeira, futuro iluminado.

Ruy Serrano, 20.08.02013

NASCI PARA AMAR

Nasci p’ra amar numa terra de amores,
Amores que o tempo húmido e quente
Fez florescer em mim, pleno, crescente,
Como semeados num jardim de flores.

        Nasci p’ra amar sem escolher meu amor,
Amo tudo que me rodeia, gosto d’amar,
Amo mais do que sou amado, sem dor,
Quero não esquecer d’amar, o que for.

Desgosto meu duvidarem do meu amar,
Amo com sinceridade, sem ter de pecar,
Nem o meu amor acredita quanto a amo,
Vivo permanente amargura, de desânimo.

Nasci p’ra amar até ao fim da minha vida,
Como nasci, hei-de morrer a amar a Deus,
Que me deu este dom de amar de verdade,
Sem querer ofender ou provocar maldade.

Ruy Serrano, 21.08.2013  

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

TRISTES PASSARINHOS

Penso nesses seres celestes que andam pelos céus,
Anunciando o amanhecer e avisando do entardecer.
Os passarinhos são inocentes não sabem nem pecar,
É bonito contemplá-los, deambulando alegres no ar.

Triste sina a dos passarinhos que querem liberdade,
Mas que acabam na panela, na gaoila ou no chão,
Atingidos por uma fisga ou uma arma no coração,
Deixando insensível o homem cheio de maldade.

No beiral da minha casa, há um ninho de andorinhas,
Acabadas de nascer, que são alimentados p'los pais,
Que em voo rasante passam por nós, a agradecer,
Sabendo que a nossa casa é refúgio p'ra se viver.

Não sei como pode o homem tratar tão mal tais seres,
Que querem liberdade e vivem escondidos nos troncos,
Das árvores, alimentando-se de erva e de bicharocos,
Tremendo de medo por serem descobertos, às vezes.
Ruy Serrano, 12.08.2013

domingo, 18 de agosto de 2013

EXCESSSOS

Todos nós cometemos excessos e não paramos,
São prazeres, são excessos, de que gostamos,
Porque nos oferecem e esquecemos a fronteira
Que nos separa o equilíbrio da nossa barreira.

Quando entramos em excessos, não há ética,
Sentimo-nos bem com as óptimas sensações,
Não medimos as consequências das emoções,
Ficamos presos p'la rima e cegos p'la métrica.

Poetas escrevem e dedicam excelsos versos
Q'as musas inspiradoras e as comentadoras
Querem fazer querer que são excepcionais,
Quando afinal são vulgares e mesmo banais.

Quando despertamos p'ra realidade, é aurora,
Nasce um novo dia e a nossa cabeça clareia,
Todos nos achamos com razão, livres da teia
Que nos enredou em jogos d'amor, sem glória.
Ruy Serrano, 19.08.2013

sábado, 17 de agosto de 2013

FUZILAMENTO


O pelotão alinhado, aponta as armas ao condenado,
Aguarda a ordem para disparar, passam segundos,
À vítima parecem anos, irá conhecer os Mundos
Que em jovem desejara, seu sonho materializado.

Naquele último momento a sua cabeça fervilha
De recordações dos seus amores e da partilha
Dos seus beijos e abraços, de tudo que era belo,
E que agora nada vale o que era, sonho desfeito.

As armas recebem as balas na câmara da culatra,
Os soldados fazem apontaria, não irão eles falhar,
Toca a corneta em alto som p’ro castigo anunciar,
É mais uma vida perdida que o Mundo desbarata.

Um bater firme de botas, faz anunciar o oficial
Que irá dar a ordem de disparar, é o momento
Final. Disparar…ordena o superior, suspenso
Fica o respirar do condenado que cai p’ro lado.

Ruy Serrano, 18.08.2013

RIO ZÊZERE


Das entranhas da Serra da Estrela, nasces cristalino,
Gelado e cheio de vida, corres lesto p'la serra abaixo,
Nas calendas da calmaria dos fraguedos e arvoredos,
Desbravas com determinação, teu agreste caminho.

Teu objectivo é chegares ao teu mar p'ra te libertares
Da terra, que por vezes te trata mal, contaminando
Tuas águas límpidas, inofensivas, que nas encostas,
Beijam o arvoredo, alimentam os animais e árvores.

Convives com a fauna e flora, em estreito diálogo,
És o esplendor da vida dos vales que tu banhas,
Parte da tua água se infiltra nas suas entranhas,
Dão vida às culturas que crescem e florescem.

Recebes no teu colo riachos, ribeiros e o rio Nabão,
Enches a barragem de Castelo do Bode e te juntas
Finalmente com o Rio Tejo, na vila de Constância,
Seguindo em lua-de-mel festejada, p'ro  Atlântico.

Ruy Serrano, 17.08.2013

SENTIMENTOS FERIDOS

Sinto-me como um passarinho ferido na asa,
Que perdeu o seu voo e vive aprisionado,
Numa gaiola de ingratidão e amargurado
Como se tivesse sido queimado por brasa.

Sinto meus sentimentos feridos, a sangrar,
Por palavras afiadas que de má, lançaste,
Feridas que persistem e não querem sarar,
Vida que em maldito inferno transformaste.

Sei que és indiferente ao meu sofrimento,
És durona, insensível, escondes a razão,
Não sei porquê, com que real intenção,
Só sei que me condenaste a um tormento.

Resta-me a bênção de Deus e a graça
De Nossa Senhora, p'ra ter a mente
E o corpo resistentes a tanta desgraça,
Esquecendo o meu amor p'ra sempre.
Ruy Serrano, 17.08.2013

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

TU ÉS O MEU POEMA

Tu és o meu poema, aquele que quis escrever,
Mas que não consegui antes de te conhecer.
És o meu poema, tal como te idealizei, o amor
Que te envolve como auréola de muito ardor.

Tu és o meu poema, o melhor que construi,
Inspirado na tua formusura, enamorado de ti.
Escrevo melhores versos, escolho palavras,
Que vou recolher às férteis das tuas lavras.

Tu és o meu poema, quero-te p’ra toda a vida,
Minha poesia desejo escrever por ti e p’ra ti,
Quero sentir-me poeta e não ter o estigma,
De ser aprendiz de poesia, sem nada de mim.

Tu és e serás o meu verdadeiro e belo poema,
Que toda a vida, ambicionei escrever, a dois,
Escreverei até tua fonte secar, meu dilema,
Não pensarei no futuro, viverei o dia d’hoje.

Ruy Serrano, 16.08.2013, às 07:20 H

QUANDO AS NOITES SÃO DIAS

Trago-te na lembrança, tiraste-me o sono,
A noite estende-se ao meu lado, desperta,
Fez do meu sono refém e tu minha amante,
Juntaste-te a mim na minha cama, sedenta.

A noite não tem fim e tu abraçada a mim,
Fazendo amor toda a noite, doce amada,
Esquecendo o tempo, chega a madrugada
E nós num enlevo entre lençóis de carmim.

       Quando as noites são dias, é tão bom viver,
A lua cheia acaricia-nos, a frescura da noite
Arrefece nossos ânimos de acesas carícias,
De momentos belos com as tuas malícias.

Desejo o meu a noite não acabar e o dia
Nunca mais chegar, p’ra eu me deleitar,
Com um permanente sonho de desejos,
De abraços apertados e de doces beijos.

Ruy Serrano, 16.08.2013, às 05:30 H

FALSIDADES

Temo as falsidades,
Por não saber donde vêm.
As falsidades são venenos,
Que não matam, mas atormentam,
Não sei como as evitar,

As falsidades não têm corpo, nem rosto,
Disfarçam-se de verdades,
Lançam acusações e vaidades,
O meu descrédito e mau nome,
Não me poupam.

Toda a vida fui vítima de falsidades,
Umas leves outras mais graves,
São como punhaladas que ferem,
E me deixam cicatrizes,
Que não consigo disfarçar.

As falsidades não acabaram,
Não deixam de me atacar,
Paro um pouco p'ra respirar,
Não sei donde chegam e de quem,
Como devo reagir, a mal ou a bem?
Ruy Serrano, 13.08.2013

LUZES E SOMBRAS


O meu pensamento iluminou-se momentaneamente com a claridade que invadiu os meus neurónios. Imaginei-me num Mundo puro, em que a quietude e silêncio do momento, me davam esperanças de um futuro de Paz e Reconciliação. Não nos meus dias, mas dos meus descendentes, acreditei que aquelas luzes que se acenderam, haveriam de perdurar. Fiz então projectos, construi a minha vida com objectivos e dei forma aos meus patrimónios material e familiar, cumprindo com as regras impostas pelos meus direitos, respeitando os direitos de terceiros. Pura ilusão... Tudo não passou duma sensação transitória e de impotência pela concretização dos meus objectivos.

Bruscamente, as luzes foram-se desvanecendo, acabando por me mergulhar num ambiente surreal de sombras. De princípio, não querendo crer nessa nova verdade, subsistiram dúvidas se não seria apenas um pesadelo passageiro. Enganei-me. As piores consequências atingiram-me irremediavelmente, não me dando qualquer margem para me recompor e recuperar da catástrofe. As forças do mal tinham apagado as luzes e mergulharam-me na escuridão, desde há 34 anos, que me parecem séculos. Não mais me foi possível ter acesso à livre iniciativa, ao espírito criativo e à passagem do testemunho do meu património material aos meus legítimos herdeiros. Com o apagar das luzes e o emergir da escuridão, fui desvalorizado, passei humilhações e apenas me restou a recordação do passado e o orgulho do dever cumprido, sem a merecida compensação.

Ruy Serrano, 28/12/2010, do Livro EPICENTRO