sábado, 29 de julho de 2017

POEMA DE VIDA

Este poema que escrevo é para ti,
É um poema da minha vida,
Que quero que conheças,
Por seres minha amiga.

Na África onde eu nasci e cresci,
A vida era fácil e saudável,
Vivia-se com a natureza,
E a sua real beleza.

A floresta imponente, verde e densa,
Era um apelo à sua descoberta,
Tal o mistério que encerra,
Duma história imensa.

As planícies e savanas sem fim,
Sempre tentadoras para mim,
Como os blocos de salalé,
E os sabores de café.

Os rios nervosos, de águas claras
Que serpenteavam o solo,
E me recebiam ao colo,
Minhas amarras.

O nascer do sol vermelho e ardente,
Que coloria o horizonte do céu,
Era como o café quente
Tomado de manhã.

As virgens nuas se banhando no rio,
Mostrando seus seios hirtos,
Proclamavam aos gritos,
Que andavam com cio.

Vida natural e bela, sem outra igual,  
Vida que se vivia com prazer,
Em que não havia rival,
E era boa de viver. 

Ruy Serrano - 30.07.2017





quarta-feira, 26 de julho de 2017

ENTRE O AMOR E O ÓDIO

Não sei se te amo, se te odeio,
Sinto o maior receio,
De ainda te amar
E de te odiar.

Entre o amor e o ódio, não sei
O que é mais verdadeiro.
O amor é ouro de lei,
O ódio é traiçoeiro.

Tenho receio de amar e odiar,
Gostaria de apenas amar,
Mas o ódio espreita,
A margem é estreita.

Faz parte do homem, a hesitação,
Entre amar ou odiar alguém,
Bate forte o coração,
É o meu desdém.

É tão difícil amar como é odiar,
Não quero assim imaginar,
O que me vai acontecer,
Se acabar por sofrer.

O melhor é não amar nem odiar,
Para acabar com os ciúmes,
Que chegam sem avisar.
Vou mudar de atitude.

Ruy Serrano - 26.07.2017




terça-feira, 25 de julho de 2017

VOLTA PARA MIM

Volta para mim, 
Preciso muito de ti,
És a minha companhia,
A minha maior amiga.

Volta para mim,
Vem depressa, não hesites,
Espero que me habites,
Não me deixes assim.

Volta para mim,
Só tu tens aqui lugar,
Há muito que te espero,
Estou à beira do desespero.

Volta para mim,
Não me deixes sozinho,
Estou carente do teu carinho,
Não posso ficar sem ti.

Volta para mim,
Antes do sol se esconder,
Passa a noite comigo,
Até ao dia alvorecer.

Volta para mim,
Amanhã será muito tarde,
O tempo passará
E eu sofro sem parar.

Volta para mim,
Espero-te de braços abertos,
Não ligues aos espertos,
Ainda confio em ti.

Volta para mim,
Só te quero a ti,
Não te quero substituir por outra,
Tu és tudo que sempre quis.


Ruy Serrano - 25.07.2017

ABRI O MEU CORAÇÃO

Abri o meu coração ao Mundo,
O Mundo não me deu resposta,
Sinto um desgosto profundo,
De não ter ganho a aposta.

Enquanto abro o meu coração,
O Mundo fecha-se e fica mudo,
É perigoso para a humanidade,
O Mundo não ter sensibilidade.

O Mundo está muito ofendido
Como o têm tratado, tão mal,
Por isso ficou muito aguerrido,
E se tornou tão sobrenatural.

Mundo como este não existe,
Este é único, gira sem parar,
À sua maldade não se resiste,
Só se sente bem a maltratar.

O Mundo virou os homens 
Uns contra os outros,
Provocou ódios e guerras,
Diverte-se com a destruição
Não tem bom coração.


Ruy Serrano - 25.07.2017

segunda-feira, 24 de julho de 2017

UM DIA...

Homenagem às pessoas idosas

Um dia, quando eu fraquejar,
Um dia em que não puder andar,
Um dia, quando perder o alento,
Um dia quando for um demente,
Então espero que tu percebas,
Que o tempo está a terminar,
E já nada será como dantes,
É só uma questão de instantes,
Para uma noite de breu, perpétua,
Chegar sem avisar e me envolver,
Numa nuvem densa de tristeza,
Que não poderei nunca inverter.
Um dia tu saberás o que é difícil,
Querer ler e escrever poesia,
E não conseguir fazer o que podia,
Com amor e muito empenho,
Como se fizesse um desenho
Da minha vida tão preenchida.
Um dia quando os meus amigos
Derem pela minha falta,
Nem um tocador de flauta 
Tocará para mim suas melodias.


Ruy Serrano - 24.07.2017



domingo, 23 de julho de 2017

NUM SÓ DIA...!

Quem me dera ter vivido num só dia 
Tudo o que vivi durante toda a vida,
Talvez tivesse vivido só alegrias,
E tantos amores seriam manias.

Num só dia, eu viveria com prazer
Tudo o que a vida me oferecesse,
Nem que ao destino eu negasse
Render-me assim sem combater.

Num só dia eu escreveria a poesia
Que durante toda a vida eu escrevi,
E que bastante prazer eu consegui,
Por escrever com verdade e magia.

Num só dia construiria o património
Que levei tantos anos a consolidar,
Com muito trabalho e muita inveja,
E que acabou por me ser subtraído. 

Num só dia desfrutaria da natureza,
Da sua luz, da sua cor e da beleza
Que Deus concedeu a este espaço,
Que no Universo é tão minúsculo.

Ruy Serrano - 23,07.2017




sábado, 22 de julho de 2017

TENHO PENA DE MIM

Tenho pena de mim,
 Não sei porque nasci,
Para sofrer tanto assim,
Assistir a tanta miséria,
Nada é como supusera,

Ver a natureza revoltada,
Os homens em conflito,
Solta-se de mim um grito,
Desespero sem fazer nada,
O Mundo não tem remédio.

Desde os primórdios até hoje,
Que a vida na terra é assim,
Será de guerras até ao fim,
Dá-me ganas, mete-me nojo,
Sei que vou morrer desiludido.

Antes desiludido e não perdido
Neste Mundo, sem um futuro,
Em que a violência acabasse,
Com o abraçar da humanidade,
E que a Paz fosse fruto maduro.

Tenho pena de mim, impotente
Me acho, sou eterno padecente.


Ruy Serrano - 22.07.2017

terça-feira, 18 de julho de 2017

TOMEI O PAÍS EM ANDAMENTO


Cheguei ainda a tempo,
Tomei o país em andamento,
Numa velocidade descontrolada,
Com a dívida desmesurada.

Tenho de me agarrar
Para não sair do país, 
Não sei que mal eu fiz,
Nem a quem me queixar.

Não sei quem manda,
São tantos os ministros,
Os secretários de estado sinistros,
Cheira mal que tresanda.

Não posso nada reclamar,
Corro o risco de ser punido,
E à prisão ir parar,
Se eu morder o isco.

Falar ou escrever é arriscado,
Serei certamente castigado,
E ficar interdito de protestar,
Para ser condenado evitar.

A velocidade do país 
Diminuiu, é mais lenta.
À custa de água benta,
Não perderá a matriz.

Só me resta uma solução,
Deixar o país de vez,
Emigrar para o sertão,
Usando de sensatez.


Ruy Serrano - 19.07.2017

AMANTES DA NOITE


Na obscuridade da noite,
À meia luz do candeeiro,
Tiramos do mealheiro
O nosso amor de sorte.

No travesseiro em relaxe,
É nosso sensual encaixe,
Unidos num único corpo,
Como a água num copo.

Umedecemos os lábios,
Com os nossos beijos,
Verdadeiros astrolábios 
São os nossos desejos.

A noite é assim tão longa,
Não se vislumbra seu fim,
Não é doença, é peçonha,
Delicada peça de marfim.

Somos amantes da noite,
A noite é toda para nós,
Deitados no nosso leito,
Somos dois e não sós.


Ruy Serrano - 18.07.2017

A MINHA ÂNCORA


Lancei a minha âncora num porto de abrigo,
Deixei o meu barco numa baía, escondido,
Não fosse descoberto e depois afundado,
Para não mais por mim poder ser utilizado.

Esse barco veio vazio, sem bens materiais,
Apenas trouxe a minha família e memórias
Que guardo, por serem documentos reais.
Tudo o que ficou para traz são só histórias.

Histórias que me custa recordar, tão cruéis
Como se fossem contadas pelos coronéis
Que mandaram fuzilar tanta gente inocente,
Naqueles dias negros da pré-independência.

Tão depressa não irei levantar essa âncora 
Do meu barco, por não haver outro destino,
Vou guardar o pouco que me resta no canto
Dum sítio mui secreto, só por mim conhecido.

Ruy Serrano - 18.07.2017




quarta-feira, 12 de julho de 2017

RENASCI

Das trevas renasci para uma vida renovada,
Que os anos amadureceram e frutos deram,
Outras perspectivas, coisas m’aconteceram
De tudo o que hoje eu inda menos esperava.

Fé num futuro incerto e muito mais maduro,
É um caminho difícil, árduo e bastante duro,
Que ainda falta percorrer para chegar à meta,
Cujo desfecho é misterioso, de feição incerta.

A riqueza da lucidez que a idade me trouxe,
Fez-me ver hoje a vida com maior realismo,
Esperando que a miséria e pobreza afrouxe,
Para afastar para sempre o triste fatalismo.

Desejo meu crescente é ainda poder ser útil
A tanto desvario no prazer do consumo fútil,
Evitando uma desregrada vida sem sucesso,
Ao prejudicar o futuro dos jovens do avesso.

Renascido assim para a vida, não vou desistir 
De continuar a cruzada que iniciei há décadas,
Enfrentando as contrariedades, invejas e ódios,
Que se deparam no dia a dia de muitos sonhos.


Ruy Serrano - 12.07.2017





domingo, 9 de julho de 2017

A FONTE DOS MEUS DESEJOS

Fui à fonte dos meus desejos,
Beber a água dos meus beijos,
Encontrei a minha inspiradora
Que me faz a vida sonhadora.

Os seus beijos feitos de versos,
Deram-me muitos bons temas,
Que escrevo e dou aos amigos
Para usufruirem dos  poemas.

Poemas de amor e de amizade,
São a minha maior inspiração,
Com eles exteriorizo o amor,
A que me entrego com fervor.

A fonte dos meus desejos apaga
O fogo que arde no meu peito,
Aliviando a dor da ferida aberta
Por ter ficado numa ilha deserta.

Fui socorrido por um barco à vela,
Que me trouxe à minha bela terra,
Donde parti há quatro décadas,
Escorraçado sem culpa formada.


Ruy Serrano - 09.07.2017