sexta-feira, 24 de setembro de 2010

AS FONTES DA VIDA

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«Não é meu propósito substituir-me aos homens da ciência e aos doutorados, mas tão-somente, transmitir a opinião modesta de um autodidacta, como eu, sobre um tema tão oportuno e actual – R.S.»

O tema que hoje vou abordar é-me muito caro por representar para mim toda a razão da nossa existência, a que a maioria das pessoas não dá a merecida importância. São fontes principais da nossa vida, a Água, o Ar e a Luz (energia). São complementares a Natureza e a Alimentação.

Passo a analisar cada uma destas fontes para se poder compreender quão importantes e fundamentais são para a sobrevivência dos seres vivos, em particular, do Ser Humano.

a) – A água é indispensável à qualidade de vida, devido à riqueza das suas propriedades, devendo ser utilizada e consumida, em quantidades equilibradas, tanto exterior como interiormente. Deve-se ingerir água pura proporcional ao nosso peso, fora das horas das refeições principais. Deve ser utilizada na nossa higiene diária, aplicando-a em repuxo em todas as zonas corporais mais sensíveis ao sistema nervoso ou de imersão, aquecida à temperatura do corpo e por períodos de tempo apropriados;

b) – O Ar dá-nos a purificação interior do organismo, através dos pulmões. Deve ser inspirado e expirado, profundamente, de madrugada ou ao princípio da noite. É nestes períodos do dia que o ar é mais puro, pois circula libertado de partículas poluídas que durante o dia mais o afecta, pela agitação de toda a vida em ebulição;

c) – A Luz Natural que contem a energia necessária à nossa visão e locomoção. Deve ser consumida, com precaução, para alimentar os sentidos a ela sensíveis, de harmonia com as suas necessidades mínimas;

d) - Como fontes secundárias temos a Natureza e a Alimentação. A Natureza, por fazer parte de toda a vida terrestre, tendo tal influência no Ser Humano que, quando este lhe causa danos, ela vinga-se ferozmente, causando-lhe danos gravosos e irreversíveis. Por isso, o Ser Humano deve tratar a Natureza com o máximo de dignidade, conservando-a. A Alimentação é a outra fonte de que depende a nossa vida, mais ou menos saudável, consoante os cuidados que tivermos com o seu consumo. Este deve obedecer ao cumprimento de quantidades e qualidades seleccionadas e consumidas em pequenas porções por quatro ou cinco vezes diárias.
Estas são de facto as Fontes da Vida que, sendo bem aproveitadas, têm uma influência salutar sobre todo o nosso ser, estimulando o bom funcionamento de todos os órgãos, evitando doenças e prolongando a vida do Ser Humano, independentemente dos seus genes. Por outro lado, torna-se fundamental para o equilíbrio emocional e espiritual necessário ao bom relacionamento social e à tomada de decisões consensuais.

O ESCLAVAGISTA, O COLONO, O COLONIALISTA E O GLOBALISTA

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Antes de me debruçar sobre a explanação do presente tema, passo a esclarecer porquê e como achei necessidade de o fazer. No momento actual da conjuntura mundial, como cidadão responsável e sentindo-me aríete do sistema instituído, recorri à minha própria memória e vivência e à memória tradicional que me foi transmitida por meu pai e por anciãos africanos nascidos no último quartel do século XIX (1875/1900), com quem tive o privilégio de conviver, na minha terra Natal, a partir dos anos 40, do século passado, para recuperar muita informação oral que me permitiu tirar as minhas conclusões.

Assim, passo a referir-me a cada um dos personagens do tema em questão, que tiveram e têm manifesta influência no relacionamento com os povos, hoje países ex-colonizados:

1 – O Esclavagista pode ser definido como mercador-mercenário, quer por iniciativa própria quer a soldo de países europeus, liderados por Inglaterra, França, Holanda, Espanha e Portugal, empenhados na exploração da escravatura. Esta era exercida por imposição e em parceria com os régulos do litoral africano, com predominância nas zonas do Equador e dos Trópicos e prolongou-se até finais do século XIX, altura em que a mesma foi abolida. Até aí os entrepostos de mercados de escravos funcionavam no litoral por onde eram canalizados milhares de negros, vindos do interior de África para seguirem rumo a mercados receptores do Brasil e Américas Central e do Norte. Os mercadores-mercenários utilizavam barcos no exercício do seu comércio e eram móveis, fixando-se por curto espaço de tempo apenas nos pontos mais estratégicos. A sua principal moeda de troca de bens de consumo e moeda eram as criaturas humanas seleccionadas pela sua melhor compleição física e boa saúde aparente;

2 – O Colono preencheu o lugar do Esclavagista, numa perspectiva diferente de convivência com os indígenas. Como os vários dicionários definem, Colono é “agricultor, cultivador, cultor e lavrador” e eu acrescento, “permutador”. Depois do apaziguamento das populações, o colono, de um modo geral, oriundo de famílias remediadas e pobres europeias, emigrou, por necessidade, para vários pontos do Globo, mas principalmente para África. A sua acção abrangente, foi exercida no comércio, na indústria, na agricultura e em diversos domínios de profissões liberais. Destaca-se o comércio de permuta, em que o colono, a viver em condições precárias e de privações, trocava bens de consumo ocidentais por produtos coloniais.
Todavia, a sua vida não era tão próspera como o seu trabalho justificava, pois dependia umbilicalmente duma outra figura com poder e posição financeira preponderantes: o “Colonialista”. Esta ligação tinha a cobertura do regime colonial imposto pelo Estado para garantir a perpetuidade da política colonial instituída.
Por esta razão o colono era um vassalo do colonialista, pois este funcionava como regulador e controlador da acção do colono que tinha necessidade de entregar às empresas colonialistas os seus produtos coloniais aos preços por estes fixados. As principais marcas de bens de consumo também eram exclusivo destas empresas que os distribuíam, por rateio e a seu belo prazer, pelos colonos. Estes, por sua vez, desdobravam-se em esforços e começavam o seu dia de trabalho de madrugada para se deslocarem ao interior, por estradas de terra e lama, dificilmente transitáveis, para fazerem as suas permutas. Por outro lado, os colonos tinham difícil acesso ao crédito bancário que dependia de uma única instituição bancária estatal. Também não lhes era reconhecido a eles e seus descendentes o direito a ocuparem lugares públicos, por serem considerados cidadãos de 2ª categoria. Os Colonos foram, a todos os títulos, verdadeiros missionários da civilização ocidental e construtores das actuais nações, sem mais-valias próprias relevantes. Ainda está por escrever a verdadeira história do “Colono”, que, por falta de ousadia ainda não foi feito, estando eu próprio empenhado em fazê-lo, tomando por exemplo a vida real de meu pai, que considero ter sido um Colono Valoroso, como foi reconhecido pelo grau de comendador com que foi distinguido.

3 – Finalmente, temos a figura do Globalista, ligado à Globalização. Esta foi a principal causadora da eliminação da Colonização, para servir os interesses das Superpotências e das Elites africanas do poder. Acabou por absorver resquícios colonialistas (a submissão e a corrupção) e esclavagistas (a traficância de crianças, de orgãos humanos, da prostituição, de estupefacientes, etc.) para reforçar a sua acção minadora das sociedades africanas. Segundo o dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, “A globalização acarreta um crescente perigo de repercussão a nível mundial de crises regionais”. Na realidade, os Países responsáveis pela Globalização (E.U.A., Rússia, Inglaterra, Alemanha, França, China, Japão, Índia e Brasil) estão a dominar os países economicamente mais frágeis, fazendo sentir os seus efeitos nocivos em África. Aqui, a globalização estendeu os seus tentáculos às explorações minerais petróleo, diamantes, etc.) e agrícolas (cana-de-açúcar e palmeiras – óleo de palma). É nesta área que os investidores globalistas, ao serviço dos seus países, mais arriscam, abordando empresas agrícolas e os governos locais africanos para adquirirem o máximo de terrenos aráveis para o cultivo de biocombustíveis, a fim de obterem energias alternativas ao petróleo.
Estima-se que já tenham sido cedidos ou vendidos 5 milhões de hectares em todo o continente africano, uma área correspondente a mais de metade do território de Portugal. Este fenómeno priva a maior parte da população rural de explorar a agricultura, base essencial e ancestral da sua subsistência, fomentando a pobreza e a consequente indignação e protestos, como recentemente aconteceu em Moçambique e que poderá repetir-se, contagiando os países africanos (Parte desta informação foi extraída da revista “Visão, nº 914).

Esta é a minha perspectiva que resulta da comparação entre estas figuras, que precipitará uma crescente assimetria entre o estado económico-financeiro dos países dominantes e os dominados, aumentando os índices de pobreza, das doenças, da iliteracia e inevitavelmente, das ondas migratórias das populações carenciadas, perseguidas e expulsas do seu habitat que deixarão de reunir as condições mínimas para a sua sobrevivência.

SER PORTUGUÊS

Apelo à cidadania

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Não basta o nosso B.I. indicar que somos portugueses. Ser Português é muito mais que um mero registo a reconhecê-lo. Temos de ser nós a merecê-lo. Por isso, depois de eu reflectir sobre este delicado tema, tirei as minhas próprias conclusões.

O nosso país (Portugal) treme. A tremedeira por enquanto é intestina e ainda não atingiu os alicerces. A preservação do que ainda resta e a normalização da situação dependem tão-somente dos cidadãos (portugueses). Não devem as diversas elites (leia-se classes sociais) passarem todo o tempo a acusarem-se, defendendo interesses pessoais e classistas. Devem, antes sim, usarem o melhor da sua inteligência e determinação no sentido de apreenderem as condições básicas que lhes possam garantir a sua verdadeira cidadania e que são:

1 – Temos de nos orgulhar de pertencer a um País cuja História é das mais brilhantes, entre as Nações milenárias existentes, procurando aprofundar os estudos dos nossos antepassados e enriquecer os nossos conhecimentos, no sentido de nos mantermos actualizados;

2 – Conhecermos minimamente o espaço geográfico do nosso País, de molde a valorizar e divulgar a diversidade de paisagens, fauna, flora, praias, serras, lagos e rios que formam um painel variado e multicolor de Portugal; apenas lamentando que os parcos recursos financeiros de muitos de nós não permitam conhecer Portugal em mais pormenor;

3 – Dominarmos o melhor possível a Língua Portuguesa, universalmente reconhecida, que foi e é usada por poetas e escritores portugueses, dos mais brilhantes da literatura Mundial. Quanto mais nos embrenharmos no estudo da literatura portuguesa, mais nos sentiremos portugueses.

Conseguido o cumprimento destes parâmetros e juntando estas ferramentas à formação académica mais adequada às nossas aptidões, restar-nos-á aproveitar o nosso espaço geográfico, incluindo a plataforma continental, para utilizarmos o potencial dos nossos recursos naturais, excepcionais, no sentido de fazermos crescer a nossa riqueza, redistribuindo-a justamente.

Estes objectivos poderão ser conseguidos, recorrendo às qualidades intrínsecas e tradicionais do nosso espírito empreendedor, das nossas competências de trabalho, da nossa sociabilidade, da nossa humildade, da nossa tolerância, do nosso bom acolhimento e da nossa sabedoria popular (seguindo os cerca de 7.000 provérbios da nossa língua). Assim alcançaremos a merecida cidadania que tornará o nosso País mais Moderno, Independente e Respeitado.



O ÓBVIO

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Encontrei neste termo do nosso léxico a virtualidade que o impõe como o óbvio de tudo que de bom e mau acontece aos cidadãos e aos seus mandantes. O óbvio está presente na vida de cada um de nós.

Passemos em revista o que de mais flagrante se torna óbvio:
a) - É óbvio que não há vontade política em se resolverem, de comum consenso, os problemas que afectam a situação económico-financeira do País;
b) - é óbvio que os agentes ligados ao poder judicial não estão interessados em resolver os milhão e tal de processos pendentes; como é óbvio que o próprio poder judicial poderia sensibilizar a sociedade para que, por si própria – até com eventuais incentivos, com a redução de custas e emolumentos -, entrasse em diálogo e acordo nas partes dos processos para serem resolvidos extra-judicialmente. Talvez o volume de processo a resolver passasse para metade;
c) - é óbvio que os principais responsáveis pelos processos Casa Pia, Operação Furacão e outros não estão interessados que tenham uma conclusão breve e justa, evitando a sua prescrição;
d) - é óbvio que não há uma mobilização dos defensores dos direitos das pessoas, ao não defenderem a erradicação da prostituição exposta, em sítios inadequados como bermas de estradas e guetos, sem condições, podendo proteger essas meratrizes, instalando-as em casas próprias com condições sanitárias adequadas e maior controle;
e) – é óbvio que continua a facilitar-se a instalação de empresas, sem a mínima qualificação, quer dos empresários, quer de alguns dos seus colaboradores, advindo daí o seu fracasso e duração prematura;
f) – é óbvio que, sendo a OTOC a maior organização profissional do País, permite que os Técnicos Oficiais de Contas se tornem servidores do Estado e das Empresas, ao canalizarem os impostos cobrados a estes para aquele, ficando sujeitos a uma actualização dispendiosa e permanente das regras, com remunerações baixas e humilhações permanentes;
g) – é óbvio que é permitido às instituições bancárias cobrarem verbas desproporcionadas em comissões e serviços com mais-valias impensáveis e não permitidas às empresas privadas; Segundo os dados mais actualizados, as comissões cobradas pelos bancos aos seus cliente, já atingem cerca de 7,5 milhões de euros por dia.
h) – é óbvio que os jovens se sentem desmotivados e que os idosos desprotegidos e esquecidos (muitos, abandonados), por amigos, pela sociedade e até pelos próprios familiares;
i) – é óbvio que se debate nos areópagos do poder, “O Estado da Nação”, deixando por debater os verdadeiros problemas que atingem o cidadão que os mandatou para defenderem os seus direitos;
j) – é óbvio que o dinheiro dos nossos impostos é mal aplicado, como é óbvio não haver redução de despesas;
k) – é óbvio que cada vez é maior o fosso entre ricos e pobres, como é óbvio que o crescimento económico se concentra cada vez mais nos mesmos;
l) – é óbvio que todos nós somos cartas do mesmo baralho, viciado, em que uns quantos, para além de terem os trunfos, ainda recorrem à batota;
m) – é óbvio que haveria muitos mais itens dignos de menção, mas é óbvio que não adianta perder tempo e ocupar espaço inúteis.
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Depois deste rendilhado de evidências, é óbvio que se não houver maior consciencialização de todos os cidadãos, que partilham da mesma Nação, do dever cívico e moral a aplicar para inverter o “Estado da Nação”, dificilmente recuperaremos da crise em que estamos mergulhados.


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A VERDADE E A MENTIRA

INÉDITO

Duas palavras de significado oposto, mas que vivem interdependentes. A verdade é a contradição da mentira; é tão poderosa que se torna temível e perigosa, tanto para quem a defende como para quem a ignora. A mentira, por se ter banalizado, torna-se vulnerável e menos perigosa que a verdade, embora de efeito nocivo imediato.

Não há ninguém que não se tenha servido da verdade para tentar sobreviver no seu mundo de relações, ignorando a mentira que acaba por se interpor para a desvalorizar e desacreditar. Nos dias de hoje a mentira vulgarizou-se a tal ponto que as pessoas se esquecem dos mínimos princípios de ética e de respeito mútuo. Um observador atento, depara-se diariamente com a mentira que transparece da política, do ensino, da justiça, dos amigos, dos inimigos, dos familiares, etc... Se alguém tentar contradizer a mentira, arrisca-se a ser marginalizado e travado na progressão normal da sua vida profissional e até privada.

Passo a citar cinco reflexões de personalidades a quem a verdade e a mentira não passaram despercebidos:

« “As mentiras mais detestáveis são as que mais se aproximam da verdade” (André Gide);

« “De vez em quando os homens tropeçam na verdade, mas a maioria deles levanta-se rapidamente e continua o seu caminho como se nada tivesse acontecido” (Winston Churchill);

« “Uma mentira vem logo no encalço de outra” (Terêncio);

« “O mentiroso faz dois esforços: mentir e segurar a mentira” (Júlio Camargo”;

« “O Homem vale mais por aquilo que é do que por aquilo que tem” (Concílio Vaticano II, Guadium et Spes, 35)

Todas as decisões por nós tomadas, a coberto da verdade, são hoje confrontadas com falsas teses defendidas por alguns a coberto da mentira. Por esta simples razão não se progride em busca de consensos e soluções para o bem geral e estabilidade futura, sendo a verdade sinónimo de carência e a mentira sinónimo de abastança.

sábado, 11 de setembro de 2010

QUE IMPORTâNCIA TENHO eu?

INÉDITO

Todos nós deveríamos fazer esta pergunta a nós próprios. Todavia, tenho a certeza que teriamos dificuldade em obter uma resposta esclarecedora, por sermos incapazes de fazer uma auto-análise dos nossos comportamentos.

A resposta depende de cada caso em si e para se tirar uma conclusão, impõe-se reduzir-nos à mais extrema simplicidade e despir-nos de preconceitos. Por sermos egoístas por natureza e pretendermos alcançar um ascendente sobre o nosso próximo, abrimos frentes de confronto e de guerrilha de que acabam por sair ambas as partes molestadas.

Estes desencontros são prejudiciais porque são desestabilizadores, provocando fortes danos emocionais e materiais. Os exemplos destas situações são a perder de conta, podendo citar alguns, bastante evidentes, que são do meu conhecimento:

a) – determinada herança de cerca de um milhão de euros arrasta-se pelos tribunais há cerca de 8 anos, por falta de consenso, entre os herdeiros, na sua partilha. Este impasse ocasiona sérios prejuízos materiais resultantes das despesas judiciais e de advocacia, além dos efeitos psicológicos nocivos;
b) – um condutor que se acha dono da estrada e que, arrogantemente, despreza as regras de trânsito, pondo em risco a sua própria vida e a de terceiros, recorrendo ainda ao insulto e até à confrontação física;
c) – a intolerância, por facciosismo, de adeptos de determinado clube de futebol ou outro desporto, que não sabem desfrutar e aceitar com desportivismo a disputa de um jogo e o resultado final, quando desfavorável, agredindo verbal e fisicamente os adeptos adversários.
d) – a prepotência de certos detentores de cargos públicos e de instituições bancárias que não respeitam os mínimos direitos dos utentes e clientes respectivos, criando-lhes dificuldades e obstáculos, não permitindo a resolução de assuntos simples e legítimos.

Eu poderia alongar-me em muitos mais exemplos, mas é evidente que estas aberrações do relacionamento de muitas pessoas resultam de se acharem com direitos próprios, acima do concidadão comum, que por educação, formação e natureza própria evita o confronto e conflito a que é exposto. Para se pôr termo a este comportamento defeituoso, basta respeitarmos o nosso concidadão e acharmos que, em valores morais e de direito, somos todos iguais, independentemente de raças, credos, instrução, profissão, gostos, usos, costumes e tudo o que faz parte da identidade de cada um.

PÔR AS PESSOAS A PENSAR

INÉDITO
Quando escrevo é meu propósito alertar as pessoas para tudo que seja contranatural e que tanto afecta as suas relações amistosas e pacíficas. Os meus escritos pretendem chamar a atenção dos meus leitores para a necessidade de, antes de se agir, pensar como, em que tempo e a legitimidade das decisões a tomar.

Sabemos que, por ausência de diálogo e do reconhecimento dos direitos próprios que cada um tem até ao limite dos direitos do seu próximo, geram-se espirais de contradições e ofensas de que ninguém tira proveito. Das posições radicais assumidas, resultam prejuízos sérios e avultados para ambas as partes. A minha longa vivência e experiência possibilitaram-me assistir às mais diversas incongruências de situações simples, tornadas complicadas e irresolúveis, pelos respectivos interessados envolvidos.

Não vou aqui citar exemplos, porque se cada um de nós fizer um esforço de memória e parar para pensar, achará no seu próprio currículo comportamental, dezenas de casos que podiam ter sido resolvidos de maneira mais rápida e pacífica a contento das partes envolvidas que tiveram culpas repartidas.

O próprio Estado deveria abdicar da aplicação rígida das leis da justiça, impondo aos cidadãos uma filosofia de entendimento e acordo particular (extra-tribunal), na resolução de questões de menor relevância (mediante limites). Esta medida, fácil de aplicar, obrigaria os cidadãos a resolverem por si, os seus conflitos, normalmente radicalizados por teimosia e orgulho. Da sua aplicação prática, para além da supressão de custos, iriam ser eliminados centenas de milhar de processos judiciais que entopem os tribunais e de que é público ascenderem a mais de um milhão de processos.

Sinto que esta medida nunca será tomada porque iria colidir frontalmente com interesses instalados dos agentes profissionais interessados no arrastamento, por tempo indefinido, dos processos pendentes que terão custos elevados.

AS DAMAS E O XADREZ

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Estes jogos estiveram em voga nos 3 últimos quartéis do século passado e requeriam perspicácia, concentração e muita fluidez de raciocínio pelo que achei dar-lhes a minha interpretação em trecho corrido para fugir aos cânones da rigidez da pontuação na mesma ligeireza como hoje os assuntos sérios e menos sérios são tratados sendo então as Damas consideradas de trato simples e jogadas pela plebe e o Xadrez jogado pelas Elites que eram donos e senhores do dinheiro do poder e do saber enquanto que as damas se jogava quase sempre a feijões ou com tostões o Xadrez era disputado com fortes apostas de dinheiro por grandes empresários membros do aparelho político com Salazar à cabeça por ser reconhecidamente um exímio jogador tanto no plano interno como no plano externo do país em que saía sempre vencedor no plano político deixando para o plano privado algumas vitórias para proveito dos restantes jogadores da retaguarda suportes do poder aumentando o património destes colaboracionistas e engrossando os cofres do Estado especialmente com barras de ouro até ao dia que a intervenção da oposição a esta forma de jogo viciado levou Salazar a mudar a posição do Xadrez de horizontal para vertical de modo a permitir que os adversários vencidos fossem passando para o outro lado do tabuleiro retirando-os definitivamente de cena e pondo-os a espreitar e a respirar pelo xadrez mas como a providência é soberana acima de qualquer outra autoridade interveio inesperadamente provocando a queda de Salazar da cadeira em que ele ainda gizava uma das suas jogadas contundentes impossibilitando-o definitivamente de governar todavia ainda hoje se pratica o jogo de xadrez continuando a ser privilégio das Elites mas dado a falta de conhecimentos e de preparação que tinha o Mestre Salazar não conseguiram os novos políticos dar continuidade por muito tempo às jogadas lucrativas em seu proveito próprio acabando por perder as jogadas não a favor da plebe que se sente cada vez mais prejudicada mas a favor do Exterior (União Europeia e Super-potências) continuando a plebe entretida com as Damas (leia-se futebol televisão férias e feriados) sendo este o retrato fiel de um País Faz de Conta que não acerta o passo com as exigências do seu Futuro

OS PROVÉRBIOS

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Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa, “Provérbios” são “máximas ou sentenças de carácter prático e popular, expresso em poucas palavras e geralmente rica em imagens e sentimentos figurados”.

Os provérbios, por encerrarem uma filosofia de vida genuína e saudável, deveriam constituir um manual de princípios e boas maneiras a seguir por todos os cidadãos. Nos países menos evoluídos, em que os valores materiais são colocados em plano secundário em relação aos valores tradicionais, estes considerados sagrados, os povos levam a sério os seus provérbios. Estes, na generalidade, são universais e têm versões próprias nas mais variadas línguas e dialectos. Em África, é mais notória a prática e seguidismo dos Provérbios.

Sou mais ousado em sugerir que deveria tornar-se obrigatório o ensino, nas Escolas, dos nossos Provérbios mais populares. A interpretação de cada um dos provérbios traria mais luz às mentes dos jovens sobre a sua formação e conduta mais correcta para lhes facilitar a inserção na vida futura, contribuindo para uma sociedade mais justa e solidária. Passo a citar alguns entre os milhares de provérbios que são de tradição popular:

« Muito falar, pouco acertar;
« Muito falar, pouco pensar;
« Muitos conhecidos, poucos amigos;
« Mais vale um sim tardio do que um não vazio;
« A conselho amigo não feches o postigo;
« Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és;
« É mais fácil prometer que dar;
« Espera de teus filhos o que a teus pais fizeres;
« Vê-se na adversidade o que é a amizade;
« Amor de pais não há jamais;
« Filho sem dor, mãe sem amor;
« A fome faz sair o lobo do mato;
« Quem tem fome, cardos come;
« Amigo disfarçado, inimigo dobrado;
« Amigo verdadeiro, vale mais que dinheiro;
« Amigos, amigos, negócios à parte;
« Quem te avisa, teu amigo é;
« Dinheiro compra pão, mas não compra gratidão;
« Dinheiro emprestado, anda mal parado;
« Quem não tem dinheiro não tem vícios.

Deixo a interpretação destes provérbios à livre imaginação de cada leitor, na certeza, porém, de que deles saberão tirar as ilações mais lógicas e naturais, estabelecendo comparações com as realidades da nossa vida quotidiana. Dessas comparações, concluirão que se cada um de nós tivesse sempre presente, nas nossas relações comunitárias, as mensagens transmitidas pelos provérbios, haveria maior compreensão, solidariedade e justiça.

O GRANDE PATRIMÓNIO E O HOMEM

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Como é óbvio, relacionar o Grande Património com o Homem é imperativo para se tirarem ilações da necessidade de serem tomadas medidas urgentes e inadiáveis correctoras dos desvios cometidos pelo Homem.

O Grande Património é todo o Universo natural que compõe a Terra, planeta que nos foi legado pelo Poder Divino para nele vivermos. Porém o Homem não deu a devida importância a esse facto, servindo-se do seu Património Natural para o delapidar e degradar no seu proveito imediato, insensato e egoístico. Essa atitude tem passado por agredir a Natureza, devastando as matas pelo seu derrube e pelas suas queimadas, desventrando as suas entranhas para extrair as riquezas minerais, extraindo dos mares a sua fauna, secando fontes de água e mudando o curso das águas correntes, poluindo o ar através das fábricas e dos transportes mecânicos movidos a combustível, etc...

Não se vislumbra um retrocesso nos comportamentos do Homem, antes sim um recrudescimento das suas acções malévolas contra a Natureza para beneficiar das mais-valias imediatas, Assim a Natureza, inconformada, rebelar-se-á cada vez mais contra os maus tratos do Homem, causando-lhe danos gravosos materiais e morais. Este estado de coisas redundará na destruição do Grande Património que o Homem não sabe nem saberá estimar.

A COLONIZAÇÃO E A GLOBALIZAÇÃO

INÉDITO
Fenómenos estes, sociológicos, que influenciaram, profundamente, através dos séculos, a alteração da geografia e tradições e costumes, além da economia dos milhares de povos que habitaram e habitam o Planeta Terra.

A colonização foi exercida por diversas civilizações com custos e ganhos, tanto para os países colonizadores como para os colonizados, difíceis de contabilizar. Todavia, a história tem-nos revelado que os povos colonizados foram beneficiados com novos meios de progresso e civilização, possibilitando o seu desenvolvimento com a erradicação do seu primitivismo. Construíram-se novas estradas e pontes, instalaram-se fábricas, modernizou-se e desenvolveu-se a agricultura, ergueram-se aldeias, vilas e cidades, unificaram-se povos, fundaram-se nações e fundiram-se raças. Podemos concluir que o balanço da Colonização é positivo.

Quanto à Globalização, que substituiu a Colonização, verificamos que a sua acção tem sido prejudicial aos países a ela inevitavelmente sujeitos. O poderio económico, dos países globalizantes, exercido sobre os países globalizados, submete estes a regras que espartilham o seu desenvolvimento unilateral, devido à dependência económica a que ficam submetidos. O crescimento económico, aparentemente conseguido pelos países globalizados, não tem expressão redistributiva por reverter para os países dominantes e financiadores. Para além dos juros cobrados pelos financiamentos efectuados – em benefício de uma elite e não do Estado -, tiram partido das matérias-primas provenientes dos países globalizados (explorados).

A Nova Colonização (Globalização) está principalmente a afectar a vertente agrícola. As multinacionais querem cultivar matéria-prima capaz de produzir energia a ser utilizada nos países do Norte cada vez dela mais carenciados pelo crescendo do seu consumo. Os investidores abordam empresas agrícolas e os governos locais para adquirirem o máximo de terrenos aráveis para o cultivo de biocombustíveis, principalmente cana-de-açucar e palmeiras (óleo de palma). Estima-se que já tenham sido cedidos ou vendidos 5 milhões de hectares em todo o continente africano, uma área correspondente a mais de metade do território de Portugal. Este fenómeno priva a maior parte da população rural de explorar a agricultura, base essencial e ancestral da sua subsistência, fomentando a pobreza e a consequente indignação e protestos, como recentemente aconteceu em Moçambique e que poderá repetir-se, contagiando os países africanos afectados.(Parte desta informação foi extraída da revista “Visão”, nº 914).

Esta é a minha perspectiva que resulta da comparação que resolvi fazer entre a Colonização e a Globalização de que resultará uma crescente assimetria entre o estado económico-financeiro dos países dominantes e os dominados, pelo que aumentarão os índices de pobreza, das doenças, da iliteracia e inevitavelmente, das ondas migratórias das populações carenciadas, perseguidas e expulsas do seu habitat.



VIAS DE COMUNICAÇÃO E DE COMUNICABILIDADE

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O Mundo terrestre materializou-ze. Com a globalização proliferaram as vias de comunicação, na vertente materialista, subalternizando a comunicabilidade. A verdadeira essência para que o Universo foi criado, com a intrusão do Homem, perdeu a sua vocação e encurtou a sua vida e existência no Cosmos em que gravita.

Quanto mais evolui a ciência na descoberta de novos processos de investigação, no sentido de contrariar a Natureza do Universo, mais este se rebela e responde com reacções violentas e devastadoras. O Homem que se considera “Senhor do Universo”, não só afronta a Natureza como lida mal consigo mesmo, não aproveitando as vias de comunicação que criou para intensificar e aperfeiçoar a comunicabilidade entre si.

Temos a faculdade e a facilidade de assistir em qualquer recanto do Mundo a todos os acontecimentos que nele se desenvolvem, sem aproveitarmos a capacidade de podermos controlar ou filtrar essa informação no sentido mais pacífico e conciliador que seria desejável. Qualquer tentativa que alguém, de bom senso e animado das melhores intenções, faça para contrariar a tendência maldosa e divisionária irradiada por essas vias de comunicação, não tem qualquer sucesso. Esta impossibilidade torna cada vez mais forte o núcleo duro que se apossou do controlo dessas vias de comunicação, utilizando os seus fortes meios económicos e sofisticados.

Tal circunstância, não viabiliza o diálogo entre os Homens e as Nações, que passaria pela comunicabilidade pacífica e ordenada, utilizando as vias de comunicação do audiovisual disponível. Outrossim, aproveita-se este recurso para lançar provocações e desafios em nome da hipotética defesa de direitos humanos, mas recorrendo, paradoxalmente, a métodos que ofendem e transigem com esses mesmos direitos dos visados.

Esta desestabilização reflecte-se em todos os quadrantes das sociedades, passando transversalmente, pelas famílias, pelas empresas, pelas profissões, pelas comunidades e pelas Nações. Por esta simples mas também paradoxal complicada situação, não se vislumbra nenhum desenvolvimento de boas intenções, acelerando deste modo a destruição e perda total de tudo o que se construiu de positivo até a actualidade.




domingo, 11 de julho de 2010

O COLONO

INÉDITO

(Homenagem a meu pai, comendador
Artur Henriques Serrano - 1896-1960)

Tu, glorioso colono que exististe,
Foste herói e obreiro de feitos,
Foste missionário e embaixador,
Espalhaste a palavra e a Fé,
Por terras inóspitas e distantes.

Tu, corajoso colono que partiste,
Da tua terra pobre e abandonada,
Deixaste cidades e vilas para trás,
Rumaste a outros continentes,
Levaste contigo o teu saber.

Encontraste terras exóticas,
Foste bem acolhido e protegido,
Recomeçaste a tua vida com Fé,
Usaste de imaginação e criação,
Lançaste sementes ao fértil chão.

Assimilaste costumes e tradições,
Transmitiste conhecimentos e ideias,
Misturaste-te com outras raças,
Deste origem ao mestiço e mulato,
Outras civilizações inventaste.

Comércio e indústrias criaste,
Permuta de bens, sabores e saberes,
Deram-te motivos e anseios,
Para fazeres sempre mais e melhor,
Pelas gentes e terras que abraçaste.

Depois de tua vida construída,
Com família e amigos enraizada,
Foste surpreendido por aventureiros,
Depredadores e agressivos,
Que dos Teus Bens se apossaram.

Sem perspectivas e segurança,
Foste coagido a tudo abandonares,
Regressando à terra que te esqueceu,
Com a família adolescente e triste,
Recomeçando do nada e com Fé.

COMO SE MORRE DE VELHICE

Poema de Cecília Meireles (1957)
(poetisa e escritora brasileira)

Como se morre de velhice
ou de acidente ou de doença,
morro, Senhor, de indiferença.

Da indiferença deste mundo
onde o que se sente e se pensa
não tem eco, na ausência imensa.

Na ausência, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.

Salva-me, Senhor, do horizonte
sem estímulo ou recompensa
onde o amor equivale à ofensa.

De boca amarga e de alma triste
sinto a minha própria presença
num céu de loucura suspensa.

(Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença.)

Cecília Meireles, in 'Poemas (1957)'
Data: 2009/04/27 01:29 >>> Ler Mais Poemas deste Autor
no Citador
































sábado, 10 de julho de 2010

OLHARES

INÉDITO

Cruzam-se os nossos olhares,
Suspiro e revejo-me em ti,
Experimento sensações.
Vivo dúvidas e certezas,
Sonhos e insónias me assolam,
Não sei se gostas de mim.

Quando os nossos olhares se cruzam,
Fico confuso e enamorado,
Não sei o que tem o teu olhar,
Só sei que me encanta e seduz,
O teu olhar é único, incendeia,
É o sonho que me prende, é luz,

É mesmo bom reencontrar-te,
Magia, luz, miragem,
Representas tudo para mim,
Nunca deixei de adorar-te,
Neste meu Mundo selvagem,
Com começo e sem fim.

Para mim és sempre Raínha,
Jamais esqueci a tua imagem,
Figura gentil e delicada,
Junta a tua mão à minha,
Retira-me a minha folhagem,
Devolve-me à vida desejada.

CORRER ATRÁS DA VIDA, EM VÃO...

INÉDITO

Mal nasci, corri atrás da vida,
Não consegui agarrá-la
Tropecei e levantei-me,
Em vão...


Atravessei desertos e florestas,
Rios, lagos e oceanos,
Subi serras e montanhas,
Em vão...


Encontrei diabos e fantasmas,
Lutei contra vis monstros,
Fui ao tapete e levantei-me,
Em vão...


Construí património e família,
Edifiquei o meu castelo,
Defendi-me entre ameias,
Em vão...


Nunca desisti, sempre acreditei,
Tive a protecção da ajuda Divina,
Trilhei os caminhos certos,
Em vão...


Ao lado da família acreditei,
Criei coragem para correr,
Atrás da vida sem destino,
Em vão...


Corri, corri, corri, sem parar,
Cada vez a vida mais fugia,
Com a minha vista atenta,
Em vão...


A vida levou-me para o Alem,
Onde eu continuei a correr,
Em vão...

quarta-feira, 7 de julho de 2010

OS BARCOS E O MAR

INÉDITO

Fui ver o mar,
Para dele desfrutar,
Saudades eram muitas,
Chorei lágrimas súbitas.

Vi passar ao longe um barco,
Um traço deixou nas águas,
Um marco nas minhas mágoas,
Desenhou no horizonte do mar.


Qual o destino do barco?
Talvez África, América,
Ásia, ou os Polos?
Não vou nele, fiquei.
Já não há lugar para mim.


Os barcos agora são outros.
Levam contentores.
Deixam saudades.
Não trazem nada de volta.
Nem notícias, nem imagens.


Os barcos são frios e enormes,
Cruzam os mares, indiferentes,
Ciosos dos seus contentores,
Comida e armas transportam.
Esquecendo os mais pobres.


Vou esquecer o mar e os barcos,
Por não poder neles viajar.
Desprezam quem os ajudou,
O Mundo é egoísta e ingrato.
Cúmplice do dinheiro e do poder.

OS GENES E O HABITAT

INÉDITO
Contrariamente à ideia que se tem de que a personalidade da espécie humana advém exclusivamente dos seus genes, o habitat tem uma função fundamental na construção dessa personalidade. Este é o resultado de um estudo divulgado pela “Public Library of Science Biology, efectuado por uma equipa de cientistas que encontrou indícios que sugerem que as mudanças ao nível da dieta e do habitat causam efeitos duradouros”. (transcrição do site da Ciberia).

Na verdade, segundo a minha observação pessoal deste fenómeno, já há muito que eu chegara à mesma conclusão dos estudos científicos indicados. Tanto na minha terra de nascimento, em África, como em Tomar, onde vivo presentemente, com o tempo de permanência repartido praticamente em partes iguais, tive a oportunidade de concluir que as pessoas nascidas e imigradas para os locais onde vivem, para além dos seus genes, assimilaram usos e costumes alimentares e culturais que influenciaram a alteração da sua estrutura humana.

São evidentes os sotaques adquiridos, o gosto pela gastronomia local, a visão da vida, os comportamentos sociais, com uma convivência mais ou menos aberta ou fechada, a inveja, a intriga, a maior ou menos separação de classes, as oportunidades de trabalho - mais facilitadas aos locais em relação aos chegados de fora -. Estas alterações chegam a influenciar a própria anatomia dos indivíduos.

O processo de adaptação ao novo habitat é lento e por isso longo, razão porque nos primeiros tempos são conseguidos com dor e sacrifício. A assimilação do novo ambiente passa pela afirmação das reais qualidades e mais valias dos novos urbanos, que, por falta de oportunidades, só tardiamente vêm a ser reconhecidos de molde a contribuírem para a valorização das comunidades. Os mais atingidos e prejudicados são os filhos e netos desta geração que, para viabilizarem as suas vidas têm de migrar ou emigrar, sujeitando-se, nas novas comunidades, ao mesmo fenómeno que afectou os seus progenitores.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

VÍCIOS E HÁBITOS

INÉDITO
É tentador escrever sobre estas características do ser humano que dificilmente se dissociam da sua personalidade. Os vícios adquirem-se pela necessidade permanente e obsessiva de fazer algo de bom ou mau. Os hábitos tomam-se como normais e de rotina pelas exigências particulares da nossa vida.

Acho desnecessário aqui apontar a generalidade dos vícios, mas tomo como exemplos a dependência dos estupefacientes, do álcool, do tabaco, do consumo supérfluo, do boato, etc. Não é fácil o paciente libertar-se de qualquer destes vícios, sem recorrer a tratamentos de recuperação e regeneração definitivas. Se não for a vontade própria de cada um dos pacientes-dependentes para ultrapassar a sua situação, não são os métodos e recursos disponíveis pela própria sociedade que conseguirão resolver as suas dependências.

Quanto aos hábitos, há os bons e os maus. Os hábitos advêm não só do “habitat” onde somos criados, mas também da educação e formação que assimilamos e que aplicamos na nossa vivência diária, como elementos e modelos a seguir quotidianamente. Os hábitos adquiridos, quando de bom cariz, devem manter-se e ser preservados. Se forem de mau cariz, deve procurar-se bani-los, nem que para isso, se passem sacrifícios. Como hábitos salutares posso citar, por exemplo, a higiene diária do corpo e da boca, o comportamento social, a atenção à família, a solidariedade, etc. Os maus hábitos estão relacionados com práticas diárias negativas que, não sendo vícios, são atitudes e acções irreflectidas que, por deficiente formação ou desequilíbrio psíquico se tomam, ofendendo e atingindo direitos de terceiros. Posso citar alguns maus hábitos que são, por exemplo, a atoarda e mal dizer, a ofensa verbal e física, a especulação, a descriminação social, etc..

OS PROVÉRBIOS

INÉDITO

Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa, “Provérbios” são “máximas ou sentenças de carácter prático e popular, expresso em poucas palavras e geralmente rica em imagens e sentimentos figurados”.

Os provérbios, por encerrarem uma filosofia de vida genuína e saudável, deveriam constituir um manual de princípios e boas maneiras a seguir por todos os cidadãos. Nos países menos evoluídos, em que os valores materiais são colocados em plano secundário em relação aos valores tradicionais, estes considerados sagrados, os povos levam a sério os seus provérbios. Estes, na generalidade, são universais e têm versões próprias nas mais variadas línguas e dialectos. Em África, é mais notória a prática e seguidismo dos Provérbios.

Sou mais ousado em sugerir que deveria tornar-se obrigatório o ensino, nas Escolas, dos nossos Provérbios mais populares. A interpretação de cada um dos provérbios traria mais luz às mentes dos jovens sobre a sua formação e conduta mais correcta para lhes facilitar a inserção na vida futura, contribuindo para uma sociedade mais justa e solidária. Passo a citar alguns entre os milhares de provérbios que são de tradição popular:

« Muito falar, pouco acertar;
« Muito falar, pouco pensar;
« Muitos conhecidos, poucos amigos;
« Mais vale um sim tardio do que um não vazio;
« A conselho amigo não feches o postigo;
« Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és;
« É mais fácil prometer que dar;
« Espera de teus filhos o que a teus pais fizeres;
« Vê-se na adversidade o que é a amizade;
« Amor de pais não há jamais;
« Filho sem dor, mãe sem amor;
« A fome faz sair o lobo do mato;
« Quem tem fome, cardos come;
« Amigo disfarçado, inimigo dobrado;
« Amigo verdadeiro, vale mais que dinheiro;
« Amigos, amigos, negócios à parte;
« Quem te avisa, teu amigo é;
« Dinheiro compra pão, mas não compra gratidão;
« Dinheiro emprestado, anda mal parado;
« Quem não tem dinheiro não tem vícios.

Deixo a interpretação destes provérbios à livre imaginação de cada leitor, na certeza, porém, de que deles saberão tirar as ilações mais lógicas e naturais, estabelecendo comparações com as realidades da nossa vida quotidiana. Dessas comparações, concluirão que se cada um de nós tivesse sempre presente, nas nossas relações comunitárias, as mensagens transmitidas pelos provérbios, haveria maior compreensão, solidariedade e justiça.



O QUE EU GOSTARIA DE SER

INÉDITO

Gostaria de ser pássaro,
Para alto poder voar.
Gostaria de ser anfíbio,
Para no mar poder nadar.
Gostaria de ser pulga,
Para entre os homens poder saltar,
Gostaria de ser Elefante,
Para na terra poder reinar
Gostaria de ser formiga,
Para a família poder ajudar.
Gostaria de ser floresta,
Para o ar saber preservar.
Gostaria de ser Rio,
Para pela terra poder viajar.
Gostaria de ser Oceano,
Para os continentes beijar.
Gostaria de ser lago,
Para parado poder repousar.
Gostaria de ser montanha,
Para o horizonte contemplar.
Gostaria de ser vulcão,
Para com liberdade reclamar.
Gostaria de ser Vento,
Para a todos poder soprar.
Gostaria de ser chuva,
Para os campos regar.
Gostaria de ser Nuvem,
Para o Homem poder tapar.
Gostaria de ser Neve,
Para o Mundo poder branquear.
Gostaria de ser Sol,
Para o Universo iluminar.
Gostaria de jamais morrer,
Para tudo poder ser.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

BELEZA NATURAL

INÉDITO

Na minha mente pensante idealizo
A mulher única e perfeita,
Morena, rosto de deusa,
Cabelo liso, fino e curto,
Olhos redondos, de pestanas
Grossas, negras e atrevidas,
Mulher do meu destino.

Olhar meigo, doce, penetrante,
Sorriso tímido, cativante,
Mulher inteligente e previdente,
Sempre atenta e presente.

Mulher ideal que construí
No imaginário do meu mundo,
A mim próprio me iludi,
Ao acordar dum sonho profundo.

Deixei de ter eternas ilusões
Com a mulher ideal que imaginei.
Pura ficção de frustrações,
Verdade e realidade que desdenhei.

Aprendi a conviver com a certeza
Do impossível acontecer.
Deusa que me deixou na tristeza
Do ilusório de um dia aparecer.

SOFIA

INÉDITO
Seu nome é Sofia, de tez morena, cabelos lisos e curtos, olhos redondos e expressivos, sorriso meigo e doce. É balconista numa livraria. Irradia simpatia e desempenha as suas funções, com seriedade e sentido de responsabilidade. Preocupa-se em estar sempre ocupada com utilidades. Aproveita todas as oportunidades para fazer a leitura de excertos de livros e artigos de interesse. Certo dia, teve curiosidade em espreitar o conteúdo de um livro de Premonições. Ao abrir o livro, ficou surpreendida com uma mensagem que lhe era supostamente dirigida, nos seguintes termos: “Vais receber, brevemente, a visita de um cliente que irá pretender adquirir este livro, porque crê nas premonições. Deves atendê-lo com a tua habitual simpatia, mas tens de te exceder nas tuas atenções porque se trata de um cliente especial que te aprecia muito”.

No dia seguinte confirmou-se a premonição. O ar frio do Inverno fazia-se sentir, agreste e intenso, afectando o rosto e as mãos de Sofia que foi surpreendida pelo tal cliente especial que lhe perguntou se tinha o livro de Premonições - a que ela já tinha tido acesso. Sofia foi buscá-lo e, antes de lho entregar, fixou os seus olhos nesse cliente, como que magnetizada e segurou-lhe nas mãos, com firmeza e afecto, procurando aquecer as suas mãos que estavam gélidas. Pela premonição deste estranho encontro e pelo momento transcendente que viveu naquele instante, gerou-se uma empatia intensa entre Sofia e o cliente anónimo. Este também ficou rendido ao encanto natural daquela jovem balconista, cujo nome e identidade eram desconhecidos. O cliente pagou o livro, agradeceu a Sofia a sua disponibilidade e simpatia e despediu-se com um Adeus e Até breve. De então para cá, este cliente tornou-se habitual e especial para Sofia que lhe empresta parte da sua juventude para o ajudar a suportar as agruras dos anos e da vida. Bem haja, Sofia.

O INTERRUPTOR

Antevisão do ano 2050

INÉDITO

Este acontecimento situa-se no ano 2050. Secretamente, um cientista humanista resolveu fazer as suas pesquisas e estudos sobre uma teoria arrojada e decisiva na reconciliação da humanidade. A ideia é simples e eficaz, mas a sua invenção é dispendiosa, trabalhosa e morosa.

Pensou esse cientista que seria possível aplicar no ser humano, à sua nascença, um implante com um interruptor que, accionado, substituiria as ordens emanadas do seu cérebro nas suas acções e procedimentos. O indivíduo passaria a ser um verdadeiro autómato, comandado através do accionamento desse interruptor.
Não obstante o secretismo que fez rodear os seus estudos – já num estádio bastante desenvolvido -, este cientista viu gorados os seus esforços - porque forças muito poderosas interessadas na continuidade do “status” actual, entenderam que deveriam inviabilizar a concretização e aplicação de tal descoberta. Por isso, geraram um acidente de que este cientista foi vítima, tendo deixado o Mundo dos vivos sem concretizar o seu desejo humanista no qual via uma possível solução para os males que envolvem a Humanidade

O CERCO DE LISBOA

INÉDITO

Contrariamente ao que poderão estar a imaginar, o título desta crónica não trata de qualquer dos cercos que o nosso Rei Fundador de Portugal fez á cidade de Olissipo. Serve simplesmente para poder deixar bem patente a imagem que Lisboa tem hoje em relação às transformações que sofreu nas sucessivas épocas que atravessou.

Pelos compêndios de história damos conta dessas diferentes fases da vida social, económica e cultural de Lisboa. Eu apenas posso referir-me ao período que vai dos anos 40 do século passado até aos dias de hoje, por dele ter um conhecimento perfeito. Naquele tempo havia um reduzido número de veículos motorizados e percorria-se a cidade a pé, usufruindo dos costumes e tradições citadinos, como os pregões, os ardinas, as ruas a cheirar à água das lavagens matutinas, os carros eléctricos, os polícias sinaleiros, etc. Era bom e agradável percorrer lugares emblemáticos como a Praça da Figueira, a Praça da Ribeira, a Feira Popular, o Parque Mayer, a Estufa Fria, os museus, os teatros e cinemas de bairro, a beira rio e outros lugares de culto. Lisboa era uma cidade livre, onde se respirava ar puro e dava gosto viver.

Tenho evitado ir a Lisboa por se me sentir aprisionado numa cidade padronizada por conceitos de elevado consumismo, em que imperam vícios e a utilização indiscriminada e abusiva do carro. Conduzir e estacionar um carro em Lisboa é uma odisseia. Não se vislumbra uma brecha para estacionar o carro em zonas preferencialmente residenciais e a condução torna-se perigosa e requerer artes de mestria e profunda concentração, não se evitando de quando em vez de sofrer ofensas obscenas e ameaças de agressão. Todas as referências genuínas de Lisboa foram substituídas por carros, alguns de alta cilindrada, por centro comerciais, recintos de diversão nocturna, bairros de prostituição e doping, roubos e assaltos frequentes, etc.
Pela abordagem muito generalista que fiz, concluímos que Lisboa voltou a ficar cercada, mas agora pelos seus próprios habitantes – residentes e visitantes -, que a materializaram e descaracterizaram para satisfação dos seus prazeres imediatos e incontrolados. Há que ressuscitar

OS EQUATORIAIS


INÉDITO

Assim se designam os nativos das regiões do globo situadas entre os paralelos 10 N e 10 S do Equador. Como nasci no paralelo 5 S, mais precisamente em Cabinda, achei interessante fazer uma abordagem às características muito particulares destes nativos.

O paralelo 5, quer a norte, quer a sul, atravessa o globo no perímetro de 360º, com uma superfície de cerca de 69% de água (oceanos, rios e lagos) superior à superfície terrestre que é de 31%. Os elevados índices de pluviosidade (chuvas) e de temperatura tornam esta zona do globo rica em fauna e flora, predominando as grandes florestas do centro de África (Enclave de Cabinda – Maiombe), (República Democrática do Congo) e (Tanzânia), da Indonésia (Ilha de Sumatra e Nova Guiné Ocidental), das Ilhas Salomão, da Papua-Nova Guiné, do Peru (território dos Incas) e do Brasil (Amazonas, Ceará e Rio Grande do Norte). Passa pelo lago Tanganica e Rio Congo, em África, várias ilhas do Pacífico e o Rio Amazonas, no Brasil, além doutros pequenos lagos e rios. Atravessa os Oceanos Atlântico, Índico e Pacífico e 14 Estados de África, Ásia e América do Sul.

A maior parte destas regiões são autênticos paraísos e os seres vivos ali nascidos, com relevância para os seres humanos, para além dos seus genes, que os identificam com as suas famílias, possuem características muito particulares comuns a todos os nativos que advêm do “habitat” em que nasceram e foram criados. Muito ligados à Natureza, pela forte presença e influência da rica fauna e flora, criaram hábitos de rudimentares condições de vida, deram importância ao valor espiritual ligado à terra e crêem numa religião e no respeito pelas tradições locais muito enraizadas, preservando o seu património histórico, casos do Machu Picchu- ex-líbris do Império Inca, no Perú e a Fortaleza de São José de Macapé (1714) sentinela do rio Amazonas, no Brasil. Estes valores interiorizaram uma filosofia de vida em que prevalecem a protecção da família, o respeito mútuo, sobretudo pelos mais velhos, a solidariedade, saber acreditar, a convivência social pacífica e consensual e a preservação imaculada do seu espaço.

A vida comunitária passa também por uma empatia e cumplicidade com toda a vida animal residente e a defesa e protecção da flora e ambiente, evitando a poluição das reservas de água (mares, rios e lagos). Como conclusão, os equatoriais são Uns abençoados do Mundo, que deveriam servir de exemplo a outros nativos, de outras regiões, portadores de outros valores e outras ambições, que se preocupam principalmente com conflitos e confrontos permanentes, na disputa de interesses pessoais.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

VIVER COM CONVICÇÃO

INÉDITO

Até quando ficarei só e distante?
Será que mereço este castigo?
Não estou preparado.
Já não me faço escutar, estou só.
Nem os meus conselhos servem,
Sou achado e julgado, ultrapassado.

As minhas palavras sabem a eco,
Vão e vêm, velozes, em ricochete,
Batem em paredes surdas e mudas,
Rochas duras, negras e enormes,
Figuras sem rosto, disformes,
Enfrentam-me do seu minarete.


Já não distingo amigos e inimigos
Parecem-se cúmplices e siameses,
Agem com egoísmo, de seu interesse,
Cegos, insensíveis e mordazes
Castigando com arrogância e frieza
Não me molestando, sou dos audazes.


Passei a desvalorizar maus tratos.
Ignoro os embusteiros sem rosto.
Vivo no meu recanto, meditativo,
Versejo e escrevo crónicas belas,
Para o prazer sentir de os reler,
Não me arrependendo dos meus actos.


Chamei a mim netos e bisnetos,
Falamos sobre a vida e o futuro,
Incuto neles coragem e humildade,
Não abdicando de valores e razões,
Para vicissitudes poderem vencer,
Sem sofrerem desgostos e surpresas.

OS TRÊS PATRIMÓNIOS


PUBLICADO

Todo o indivíduo é detentor de três patrimónios que vai gerindo desde a nascença até à morte consoante as prioridades. Esses três patrimónios são o Familiar, o Intelectual e do Conhecimento e o Material.

Ao nascer, assume de imediato o património familiar a que se vai adaptando de acordo com a ambiência em que vive. Os seus laços familiares vão-se fortalecendo na medida da sua proximidade e intimidade e do amor e dos afectos que lhe são dispensados. Na idade que percorre até à adolescência, ignora os Patrimónios Intelectual e do Conhecimento e o Material. Depois da adolescência, com a entrada a sério nos Estudos, descobre a vertente Intelectual e vê-se confrontado com o primeiro apetite de posse que o desafia para o consumismo, subjacente ao Materialismo. Neste período começa a desvanecer-se a relação mais estreita com a família que passa para segundo lugar e tem primazia o Intelectual e o Conhecimento, ficando na terceira posição o Património Material.

Na fase intermédia da idade que se inicia com a conclusão dos Estudos e se entra na vida activa e construção de família própria, descura-se quase por completo o Património Intelectual e do Conhecimento que só interessa aos profissionais desta área e passa a dar-se atenção aos Patrimónios Familiar e Material. Estas prioridades têm poucas alternâncias até à idade da reforma, em que o Património Intelectual e do Conhecimento assume interesse relevante, enquanto que o Familiar e o Material passam para segundo e terceiro planos, respectivamente. Em certos momentos da vida, por incapacidade própria de impedir a intrusão de indivíduos sem escrúpulos e depredadores, perde-se a hegemonia e o consequente controle dos Patrimónios Familiar e Material, ficando apenas, como tábua de salvação, o Património Intelectual e o Conhecimento.

Esta é a realidade que não pode ser escamoteada por ser natural e evidente, não podendo sofrer grandes correcções, dadas as circunstâncias e condições em que o ser humano desenvolve as suas faculdades e necessidades, tanto vitais como supérfluas, em função do meio em que se acha inserido que hoje não é só local como é principalmente global.

UM REGRESSO BREVE E SURPREENDENTE


INÉDITO

Depois de uma longa viagem nocturna, o Airbus da TAP, aterrou finalmente no aeroporto de Luanda. Como o meu destino era Cabinda, apanhei a boleia de um friendsipp, após o transfer imediato dos passageiros com aquele destino. O pré-reformado avião teve dificuldade em deixar o solo, sofrido pela super-lotação de passageiros e de carga. Sentia-me intimidado, à beira de um sufoco, resultante do ar irrespirável e da compressão dos passageiros que, apinhados, se acotovelavam e lutavam por resistir ao trepidar ruidoso do avião.

Cerca de hora e meia após termos sobrevoado a foz do rio Zaire – o 2.º mais longo de África -, atingimos finalmente o Enclave de Cabinda. Bruscamente, surgiu no horizonte o traço rectilíneo da pista de aterragem. O avião prosseguiu a sua rota, descaindo um pouco para a esquerda para depois traçar nos céus de Cabinda, uma longa curva à direita, sobrevoando a baía das “Almadias”, apinhada de poços de petróleo em exploração. A sua trajectória deu-me uma visão ampla de Cabinda, destacando-se o núcleo central da cidade com o desenho de há três décadas, mas sofrendo a variante de agora estar espartilhada por centenas de casas de construção precária – de adobe, madeira e palha -, onde vive uma população inflacionada cerca de 50 vezes.

Ao pisar o solo cinzento e tórrido do meu berço, debrucei-me para apanhar uma porção de terra que levei saudosa e enternecidamente aos lábios para beijar e sentir o seu aroma forte e equatorial, característico. Misturei-me com os restantes passageiros na primitiva e rudimentar aerogare, como se o tempo ali tivesse parado durante aqueles anos volvidos. Passei anónimo, sem ser reconhecido, com a minha nova imagem, sem cabelo, de barba crescida e com o semblante carregado pelas marcas duma vida castigada pelo exílio forçado e prolongado. Cumpridas as formalidades legais, indaguei de transporte para a cidade. Surgiu uma carrinha station Ford vergada pelo uso e carga excessivos. Já tinha recebido 11 passageiros e eu completava a lotação, perfazendo com o motorista 13 ocupantes, número que me deixou apreensivo por eu ser supersticioso. O custo do bilhete era único, não contando a distância e os passageiros iam saindo e entrando durante o itinerário até ao fim da linha que seria o centro da cidade.

O condutor, oriundo do Buco-Zau, distrito do Maiombe, curioso, quis saber quem eu era e o que ia ali fazer. Esclareci a sua curiosidade, dizendo-lhe que estava de visita à minha terra Natal e para validação da minha resposta, ia apontando os nomes dos locais e ruas de Cabinda por onde passava. De tal maneira ele se sentiu honrado em ter-me como seu passageiro especial, que me proporcionou mais uma volta extra pela cidade, conduzindo-me ao meu destino, sem me cobrar um tostão. Para reforçar a sua cordialidade, prestou-se a repetir comigo, no dia seguinte, um passeio mais alargado pelos subúrbios da minha Cabinda que culminou com um almoço a dois pago por mim. Esta foi, sem dúvida a melhor recepção que poderia ter tido na minha própria terra, ao fim de 32 anos, da parte de alguém que eu não conhecia, com metade da minha idade e nascido numa aldeia da floresta do Maiombe, a cerca de 120 km. da cidade de Cabinda.

Durante a minha curta permanência de um mês em Cabinda, seguiram-se vários acontecimentos, alguns felizes, outros surpreendentes, verdadeiras peripécias dignas de serem relatadas numa próxima crónica.

domingo, 28 de março de 2010

A NATUREZA E O HOMEM


INÉDITO

Rolam pedras das montanhas,
Caiem terras pelas falésias,
Derretem gelos dos glaciares,
Acordam revoltados os vulcões,
Estremece a Terra em convulsões,
Ardem em queixumes as florestas,
Irrompem das entranhas, erupções,
Espalham o terror e misérias.
Entre os Homens que choram,
Virando-os uns contra os outros,
Cegos de desejadas vinganças,
Impotentes que são contra a Natureza.


Triste realidade,
Sem solução.
Indiferença, ingratidão,
Infidelidade, traição,
A Natureza reage mal,
Vinga-se do Homem, sem piedade,
Ferida e ofendida por maus tratos.
Não há perdão nem retrocesso,
Longe da reconciliação, o insucesso.

O MITO DA ALVORADA


INÉDITO

Amanheceu.
A chuva parou,
Ficou o cheiro forte da água.
O tempo emudeceu.
A ninguém lembrou,
Uma lágrima, uma mágoa.


Mais um dia.
Tento minorar dores,
Surpresas dolorosas do Alvor
Sou simples e barata mercadoria,
Refém dos mercadores.
Apelo a um ser superior.


Palavras vãs,
Eco, silêncio eterno.
Para quê suplicar caridade
Contra o poder de vis titãs.
Liberto do seio materno
Só me resta juízo e maturidade.


Rumo incerto traço,
Busco amor, pão e vida
Escolhos e barreiras encontro
Caminho longo, derradeiro fracasso,
Descendente, sem subida,
O meu futuro comprometo e ensombro.


Deixei de protestar.
Não há esperança nem Alvor.
Voltou a chover com intensidade,
Os campos verdejaram, deixei de chorar.
Retornei ao antes com amor,
Cheguei ao fim do caminho, à eternidade.

VERBALJACKING

VERBALJACKING

INÉDITO

A agressão verbal tomou hoje uma dimensão de tal ordem que se tornou numa verdadeira hemorragia verbal com verdadeiras características de verbaljacking (novo termo aplicável com propriedade). Eu, que me considero comedido e contido na minha linguagem, por formação e educação de tempos menos buliçosos, constato, com tristeza, que se vulgarizou nos dias de hoje, o ataque verbal sem razões justificadas.

Somos conhecedores e, nalguns casos, testemunhas e alvos de episódios de verbaljacking que tiveram lugar nesta semana, em que traço estas linhas, nos palcos de futebol, na Assembleia da Republica, nos orgãos de comunicação social, nos blogues e de um modo geral na opinião pública. Eu próprio fui vítima inocente de dois verbaljacking e ainda vamos no princípio da semana. Uma das ocorrências deu-se ao estar para estacionar a minha viatura, quando fui confrontado com um desconhecido que me ururpou o lugar, insultando-me e ameaçando agredir-me fisicamente. O outro episódio ocorreu no âmbito da minha profissão de TOC, quando eu estava a cumprir com as regras rígidas das minhas atribuições. Acresce ainda, o que foi dito da minha pessoa, à minha revelia.

O verbaljacking vulgarizou-se por passar sem punições e sem testemunhas, em virtude destas temerem represálias. Este fenómeno atingiu tal dimensão que os seus praticantes, não se contentam em fazê-lo frontalmente, como também o fazem, cobardemente, pelas costas dos visados. Além disso, já invadiu a área familiar, para o que têm contribuído as telenovelas. Não obstante eu não seja seu espectador atento, tenho conhecimento de, pelo menos, 2 telenovelas - uma das quais terminou há pouco tempo e uma outra está a correr -, em que filhos desejam o mal do seu pai, ao extremo de tramarem a sua liquidação física.

Uma sociedade desmembrada pelas constantes agressões verbais e físicas entre os seus cidadãos - em que a justiça não sanciona -, nunca consolidará a sua estabilidade e progresso socio-económico de modo a permitir a Paz interna e uma boa imagem no Panorama Internacional,

domingo, 21 de março de 2010

IMAGINÁRIO

INÉDITO

Ao ver luz comecei a imaginar
A um Paraíso passar a pertencer,
Alimentado sonhos e projectos,
Desejando uma mulher conhecer,
Tranquilo sem me martirizar,
Ficar ligado por amor e afectos.

Fui caminhando inseguro, com fé,
Deslumbrei-me com surpresas,
Deixei-me embalar por promessas,
Passei a desconfiar sem tibiezas,
Quando fui arrastado pela maré,
Para o areal das praias desertas.


Tentei recompor-me e prosseguir,
Obstáculos continuei a encontrar,
Lutei para atingir meus ideais,
A Boa Fé serviu para me demarcar,
Fiquei isolado sem ver o porvir,
De patrimónios sólidos e reais.

Fui privado dos bens conquistados,
Por hordas de invasores ferozes,
Desapossado do património legítimo,
Dores e sofrimentos assaz atrozes,
Afastaram os projectos sonhados,
Reduziram-me a simples logaritmo.

Fui repelido para alem Atlântico,
Sem património material, só familiar,
Rumei para Portugal sem objectivos,
Encontrei obstáculos a derrotar,
Esforço hercúleo e messiânico,
Tive de empreender com malefícios.

Achei-me isolado e impotente,
Sem apoio e ideias para recomeçar,
Nem poupanças tinha para investir,
Esforcei-me por não me vitimizar,
Tornei-me sempre omnipresente,
Para objectivos procurar conseguir.

Depois de muito pela vida lutar,
Consegui educação dar aos filhos,
Netos e bisnetos me deram cedo,
Mais preocupações e sarilhos,
Não deixando de a todos amar,
Como ressurgindo do arvoredo.

OS TRÊS PATRIMÓNIOS


INÉDITO

Todo o indivíduo é detentor de três patrimónios que vai gerindo desde a nascença até à morte consoante as prioridades. Esses três patrimónios são o Familiar, o Intelectual e do Conhecimento e o Material.

Ao nascer, assume de imediato o património familiar a que se vai adaptando de acordo com a ambiência em que vive. Os seus laços familiares vão-se fortalecendo na medida da sua proximidade e intimidade e do amor e dos afectos que lhe são dispensados. Na idade que percorre até à adolescência, ignora os Patrimónios Intelectual e do Conhecimento e o Material. Depois da adolescência, com a entrada a sério nos Estudos, descobre a vertente Intelectual e vê-se confrontado com o primeiro apetite de posse que o desafia para o consumismo, subjacente ao Materialismo. Neste período começa a desvanecer-se a relação mais estreita com a família que passa para segundo lugar e tem primazia o Intelectual e o Conhecimento, ficando na terceira posição o Património Material.

Na fase intermédia da idade que se inicia com a conclusão dos Estudos e se entra na vida activa e construção de família própria, descura-se quase por completo o Património Intelectual e do Conhecimento que só interessa aos profissionais desta área e passa a dar-se atenção aos Patrimónios Familiar e Material. Estas prioridades têm poucas alternâncias até à idade da reforma, em que o Património Intelectual e do Conhecimento assume interesse relevante, enquanto que o Familiar e o Material passam para segundo e terceiro planos, respectivamente. Em certos momentos da vida, por incapacidade própria de impedir a intrusão de indivíduos sem escrúpulos e depredadores, perde-se a hegemonia e o consequente controle dos Patrimónios Familiar e Material, ficando apenas, como tábua de salvação, o Património Intelectual e o Conhecimento.

Esta é a realidade que não pode ser escamoteada por ser natural e evidente, não podendo sofrer grandes correcções, dadas as circunstâncias e condições em que o ser humano desenvolve as suas faculdades e necessidades, tanto vitais como supérfluas, em função do meio em que se acha inserido que hoje não é só local como é principalmente global.

O GRANDE PATRIMÓNIO E O HOMEM



INÉDITO

Como é óbvio, relacionar o Grande Património com o Homem é imperativo para se tirarem ilações da necessidade de serem tomadas medidas urgentes e inadiáveis correctoras dos desvios cometidos pelo Homem.

O Grande Património é todo o Universo natural que compõe a Terra, planeta que nos foi legado pelo Poder Divino para nele vivermos. Porém o Homem não deu a devida importância a esse facto, servindo-se do seu Património Natural para o delapidar e degradar no seu proveito imediato, insensato e egoístico. Essa atitude tem passado por agredir a Natureza, devastando as matas pelo seu derrube e pelas suas queimadas, desventrando as suas entranhas para extrair as riquezas minerais, extraindo dos mares a sua fauna, secando fontes de água e mudando o curso das águas correntes, poluindo o ar através das fábricas e dos transportes mecânicos movidos a combustível, etc...

Não se vislumbra um retrocesso nos comportamentos do Homem, antes sim um recrudescimento das suas acções malévolas contra a Natureza para beneficiar das mais-valias imediatas, Assim a Natureza, inconformada, rebelar-se-á cada vez mais contra os maus tratos do Homem, causando-lhe danos gravosos materiais e morais. Este estado de coisas redundará na destruição do Grande Património que o Homem não sabe nem saberá estimar.

O IMAGINÁRIO

INÉDITO
Segundo o dicionário de Português da Academia das Ciências de Lisboa, “Imaginário” é o irreal, o fictício. Esta condição está subjacente à vida pensante de todo o indivíduo, cujo cérebro funciona na base do hipotético e imprevisível.

Na realidade, desde os primeiros momentos da nossa vida, que o nosso imaginário desperta, levando-nos a agir e a reagir perante os desafios que nos são impostos pelo quotidiano. Passamos então a imaginar como delinear a nossa vida. Passando pelas escolas, onde buscamos aprendizagem e conhecimentos para nos permitir traçar trilhos e rumos no sentido de prosseguir objectivos.

Quanto mais elevado for o índice do imaginário, mais distante e difícil se torna concretizar os projectos que envolve, exigindo um maior empenho e competência. São muitos os imponderáveis que se interpôem, dificultando a acção e a motivação. Há os que conseguem concretizar parte do seu imaginário e há os que nunca atingem os fins imaginados. Também há os casos dos que, depois de verem o seu imaginário em vias de concretização, são surpreendidos pela usurpação dos seus direitos legítimos de propriedade, por outros que, recorrendo a um imaginário cruel e predador, passaram a ocupar o seu lugar.

A história dos tempos diz-nos que os actores de todos os imaginários têm uma existência efémera, por estarem inseridos em períodos cíclicos, com transmutações permanentes das realidades aparentes. Não nos surpreenderá se nos próximos tempos nos dermos conta de que os nossos imaginários foram tão falsos, e resultaram gorados, como doutros que nos substituíram no palco deste Mundo Desafiador e Fictício.

A CANOA


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A canoa é uma pequena embarcação africana, preferencialmente utilizada na pesca artesanal, em águas muito próximas da costa. É de construção rudimentar pelo escavar de um tronco, de madeira exótica leve e resistente. A canoa tem tradição em toda a Costa africana, referindo-me, muito particularmente ao reino do N´Goio, hoje conhecido por Cabinda, onde surgiu uma lenda que nos sensibiliza pela sua origem e significado.

Em tempos muito recuados, de há séculos, os povos africanos estavam muito virados para o interior dos seus territórios e do próprio continente, onde se abasteciam dos seus bens alimentares, consumindo particularmente caça, tubérculos e fruta, além das pequenas culturas das suas lavras. Não tinham, portanto, uma relação muito aberta com o mar.

No reino do N´Goio, certo dia, uma mulher casada, de nome Micaela, cometeu adultério. Reuniu o conselho da aldeia e o soba (chefe supremo da aldeia) resolveu puni-la, mandando atá-la a um tronco de madeira flutuante, e abandonando-a no mar largo, fora da baía. O homem, com quem ela cometeu o delito, desapareceu e nunca mais foi visto.

Passados largos meses, Micaela apareceu na baía dentro do mesmo tronco, em forma de canoa e a remar. O facto foi tomado por todos como vontade dos Deuses que, para além de a terem salvo, puseram nas mãos daquela gente um instrumento que poderia introduzi-los na pesca. O soba voltou a reunir o conselho e resolveu perdoar Micaela e o seu amante. Uma dúvida no entanto ficou no ar: não teria sido o amante que teve a ideia de cavar o tronco e entregar o remo a Micaela para se salvar? Dele nunca mais houve notícia. Para perpetuar o nome “canoa”, o soba ditou que a partir daquele momento a baía passasse a chamar-se “Baía das Almadias”. O navagedor Ruy de Sousa ao aportar ali com as naus portuguesas, pela primeira vez, em 1491, ficou surpreendido com o número elevado de canoas (almadias) que navegavam na baía.

Desde então, o povo do N´Goio e todos os outros limítrofes passaram a construir as suas canoas e a dedicar-se à faina piscatória. Os cabindeses tornaram-se uns pescadores exímios, o que representou uma mais valia importante, pois passaram a fornecer peixe aos barcos que demandavam a costa de Cabinda para se abastecerem também de frutas e água, além de fazerem permuta de outros produtos coloniais por bens de consumo europeus.

quarta-feira, 17 de março de 2010

A QUITANDA



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Quitanda é a terminologia africana porque se alude ao mercado ou praça. Quitanda é mais que simples mercado ou praça onde se vendem bens de consumo. Quitanda é o Templo da convivência e dos cheiros e paladares africanos. É o ponto de encontro das forças vivas multirraciais da comunidade.

Esta introdução é obrigatória para transmitir ao leitor a importância da Quitanda a que estão ligados todos os cidadãos: os abastecedores e vendedores, os consumidores e os simples curiosos e visitadores. Vou referir-me em particular a Cabinda, realidade que eu vivi com muito prazer nos anos 40 a 60 do século XX. Era tempo de Paz, trabalho e progresso sem ameaças e sobressaltos. Aqui a Quitanda funcionava a céu aberto.

Os abastecedores, simultaneamente vendedores, eram as famílias africanas que levavam das suas lavras os produtos agrícolas como: bananas (maçã, ouro, macaco e outras), laranjas, tangerinas, ananases, abacates, cocos, fruta-pinhas, mamões, papaias e muitas mais e ainda o dendê para confecção da moamba. Da pecuária, apenas animais vivos como, galinhas e frangos, patos, cabritos e pombos verdes. A matriarca da família era quem tratava do cultivo e recolha dos produtos, enquanto que o seu homem se ocupava duma profissão extra-caseira. Os filhos mais velhos cuidavam dos mais novos e contribuíam para manter as suas casas limpas e asseadas, tendo a especial missão de as manter sem mato ou capim, num perímetro de 100 metros, para evitar os percalços das queimadas. Também eram abastecedores e vendedores, os pescadores que, ao terminarem a sua faina nocturna, apareciam bem cedo com os peixes mais variados como: a corvina, os malévos, a taínha, o carapau, o tubarão, os chocos, os polvos, os caranguejos, as lagostas, etc... Eles eram muito profissionais, pois enfrentavam por vezes o mar revolto, com coragem e determinação, em frágeis canoas (troncos de árvore cavados).
Os consumidores ficavam inebriados pelo colorido e aroma dos produtos, especialmente das frutas, comprando um pouco de tudo. Finalmente os visitadores eram simples curiosos que por vício se deslocavam à sua Quitanda para terem o prazer de compartilhar dos mesmos aromas e cores, a que se juntavam a variedade dos panos coloridos com desenhos apelativos, que as mulheres exibiam vaidosamente, envolvendo os seus corpos esculturais do peito ao tornoselo. Estas sensações agradáveis eram reforçadas pelo cheiro da forte maresia que vinha da baía e se mesclava com todo o ambiente do Templo. Eis a razão porque ao fim de tantos anos se sente com profundo sentimento a Saudade e o Feitiço Africanos.

O HOMEM E O COSMOS


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Dos muitos emails que vêm parar às minhas caixas de correio electrónico, destaca-se um que se reveste de relevante importância por reproduzir todo o esplendor do Sistema Estelar e Planetário a que o Homem e a Terra inevitavelmente pertencem.Com a ajuda do telescópio espacial Hubble foi possível perscrutar uma grande parte do Universo, descobrindo novas galáxias com novos planetas e seus satélites e estrelas extintos e a formar-se, transformando o nosso planeta numa reduzidíssima insignificância

Esta introdução é fundamental para se perceber que o Cosmos é divinamente superior e comanda todos os corpos vivos e inertes que nele permanecem. Sendo o Homem um ser vivo pensante, tomado como inteligente, porque razão não aceita a sua condição de pequenez e declarada fragilidade perante um Universo tão vasto e complexo? Porque razão o Homem anda permanentemente em busca de conflitos com o seu semelhante, para lhe ter supremacia, tanto pelo poder como economicamente? Porque razão o Homem é egoísta, ciumento, vingativo, ambicioso, não olhando a meios para atingir os seus ideais egoístas? Porque razão o Homem se acha diferente do seu semelhante, agredindo-se mutuamente com actos tendenciosamente contranatura?

Quando observei o Cosmos através do olho mágico do Hubble, achei-me ridículo e inútil por pertencer a um micro planeta do Universo em que impera o pecado. As imagens que a minha retina reteve deixaram-me esmagado perante tanta grandiosidade e perfeição do Universo, não encontrando respostas para a Vida tão Aviltante e de conflito permanente em que o Homem vive. Deveria recorrer à sua inteligência para corrigir os seus defeitos e tentações. Fica uma pergunta no ar, sem resposta: qual será o futuro do Homem e da Terra no conjunto heterogéneo do Sistema Estelar e Planetário?

segunda-feira, 1 de março de 2010

EU

Inédito

Já não sei quem sou Eu,
Eu penso, mas já não sinto,
Sou alguém que não morreu,
Eu quero e tudo pressinto,
De justiça Eu ando faminto.

Ser Eu é uma vera utopia,
Não me permite sonhos realizar,
Tudo não passa de pura teoria,
Apenas sonhos para acalentar,
Obras e projectos para adiar.

Eu não desisto, porque acredito,
A vida poder entretanto mudar,
Eu a mim desculpo e me permito,
Por um futuro melhor conquistar,
Nem que Eu tenha de muito lutar.

Eu e toda a minha família,
Temos os mesmos ideais e projectos,
Não sabemos o que é a mordomia,
Estamos ligados por muitos afectos,
Protestamos por actos e sem manifestos.

Eu feliz, crente e lutador devo ser
Para a meta desejada alcançar,
Sem fantasmas e monstros temer,
Antes reunir forças para os dominar,
Afastando imagens para não recordar.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

LUZES E SOMBRAS


ONDE ESTÁ A NOSSA LIBERDADE?

Inédito

Para além das conotações políticas que o próprio nome encerra, existem factores nocivos que afectam a nossa liberdade e que fogem ao nosso controle, desvalorizando as comemorações das hipotéticass liberdades conquistadas.

Nenhum indivíduo pode assegurar que goza de inteira liberdade, porque a sua vida é condicionada e permanentemente posta à prova pela própria comunidade e sociedade em que está inserido. Desde a nossa situação sócio-económico-financeira até ao nosso património familiar, passando pelas nossas responsabilidades profissionais e sociais, pela nossas dependências políticas, institucionais e de contribuintes, pelas nossas crenças religiosas ou outras, incluindo o ateísmo, nunca poderemos ambicionar ou advogar possuirmos total liberdade. É um mito e torna-se ilusório festejar a liberdade, como se fosse um objectivo conquistado e consolidado.

Com a globalização e a crise material e moral que se instalou no Nosso Mundo, a liberdade cada vez é mais coarctada, hipotecando, em modo crescente, o futuro das novas gerações. Gastam-se milhões de euros com publicidade e propaganda, procurando convencer os menos incautos – pouco informados e esclarecidos -, que as promessas encerram fórmulas mágicas para resolver os nossos problemas, oferecendo-nos a liberdade desejada há séculos. Este processo repetir-se-à indefinidamente porque faz parte do circo da vida e ninguém tem o poder e a poção mágica de o alterar.

Se as quantias avultadas gastas com a montagem do circo fossem aplicadas no amenizar das carências e necessidades básicas dos mais necessitados, contribuir-se-ia para consolidar a nossa liberdade, indispensável ao nosso bem estar e relacionamento pacífico com o Próximo e com a Natureza.

TENTAÇÕES E OPÇÕES

Singularidades da Língua Portuesa

Inédito
Mais dois termos sempre presentes na vida de todos nós que têm total interligação. Os momentos cruciais das nossas decisões, durante a nossa vivência, são protagonizados pelas tentações e subsequentes opções que tomamos.

Sempre que uma tentação aflora à nossa mente, devemos parar para reflectir e poder concluir se a opção a tomar será a mais correcta. O que acontece é que quando a tentação é influenciada pelo raciocínio toldado, torna-se difícil clarear ideias para se tomar a melhor opção e porque o tempo é escasso toma-se a opção inadequada de que resultam consequências nefastas tanto para o decisor como para os agentes envolvidos.

Poderia citar mil exemplos das tentações que produzem as opções nocivas pela simples razão de ter testemunhado durante a minha já longa vida, casos que mais parecem irreais do que verdadeiros. Vejamos os seguintes factos: uma paixão perigosa que leva ao compromisso amoroso e até conjugal sem sucesso, culminando com o divórcio; o empregador que ousa montar uma armadilha ao seu empregado, considerado incómodo, para o despedir com justa causa; o político, inebriado pela ascensão rápida e pelo poder que, para usufruir de privilégios e mordomias, usa o cargo para produzir leis a esmo, no pior sentido prático; o professor que toma um aluno de “ponta”, prejudicando-o, sem fundamento, na sua avaliação; o aluno que se esquece que o professor, por ser seu mestre e formador, deve merecer o máximo respeito; o eclesiástico que, ultrapassando as suas competências do sacerdócio, se tenta a invadir a esfera política; o pedófilo que, movido por uma obsessão permanente, toma opções deveras nefastas e monstruosas ao lesar os direitos mais legítimos de inocentes indefesos no germinar das suas vidas; etc...

É desejável que as pessoas se esqueçam a todo o momento das tentações negativas e tomem as opções mais consentâneas com o reconhecimento dos direitos dos outros que são importantes para as suas vidas pela sua interdependência.

A ÉTICA E A ESTÉTICA

Inédito

Um tema deveras interessante para ser tratado, sem contudo deixar de tocar na sensibilidade das pessoas que se preocupam mais com a estética do que com a ética.

Nos dias actuais, a generalidade das pessoas prestam mais atenção à sua aparência do que à sua postura. Perdem tempo e dinheiro a aprimorarem a imagem, cuidando, exageradamente, do cabelo, do rosto, do vestuário, recorrendo, em muitos casos, a meios artificiais, como retoques estéticos da pele, cabelos postiços, piercings, tatuagens, etc... Além de alterarem a sua figura natural, tornam-se, por vezes, verdadeiras sombras de si próprias, quase irreconhecíveis, pondo em perigo a sua própria saúde. Estes casos são mais chocantes nas jovens que, sendo naturalmente belas, perdem todo o seu encanto para se tornarem autênticas máscaras.

Ainda existe um grande leque de pessoas que se preocupa mais com a ética, não descurando contudo a manutenção da sua boa aparência. Para eles é mais importante saberem relacionar-se com o próximo através das boas maneiras e do respeito que esperam ser mútuo. Infelizmente, são confrontados, diariamente, com situações anacrónicas, completamente absurdas, provocadas por aqueles que descuram a ética por estarem mais preocupados em impressionar pela aparência desvirtuada.

Destas dissonâncias resultam desentendimentos e litígios frequentes que apenas contribuem para a fricção e agravamento das relações entre os membros da sociedade, sendo este fenómeno mais relevante nas comunidades urbanas. Seria desejável que todos se preocupassem mais com a ética para serenar ânimos e transmitirem sinais de mais tolerância, compreensão e solidariedade imprescindíveis à consolidação de desejáveis tréguas.

ÁFRICA ANTES DA COLONIZAÇÃO

Publicado

Olhando para o continente africano antes da colonização e para o período seguinte, com relevância para o actual, deparamo-nos com realidades opostamente distintas. África, antes da colonização, era um continente quase primitivo, enquanto que depois dos contactos com a civilização europeia, tomou o caminho do progresso. Este, de início, lento, foi crescendo depois da abolição da escravatura e com a chegada dos verdadeiros colonos.

Os colonos, contrariamente ao que a propaganda anti-colonial fez constar, foram os principais agentes da propagação da vontade e da apetência pelo trabalho com o objectivo de alterar os recursos primitivos por estruturas, de início provisórias e mais tarde definitivas que garantissem o progresso. De um modo geral os colonos foram pacíficos nas suas acções, mantendo boas relações com os indígenas, criando um clima de integração mútua, quase total.

Em relação ao Enclave de Cabinda, esta fase próspera de África, acentuou-se no segundo quartel do século XX com o clímax nos anos 50. Gerou-se uma convivência tolerante e de interesses recíprocos entre colonos e africanos que apaziguou ânimos e veleidades de ingerência dos primeiros nas tradições e costumes dos segundos. Resultou até, em alguns casos a miscigenação das raças branca e negra, que deu como fruto o mulato. Juntos fizeram crescer um território que até aquela época pouco tinha evoluído, dado os propósitos colonialistas das potências estrangeiras, antes dos portugueses terem merecido a preferência do povo cabindês.

Não há dúvida que o quadro geral de África mudou completamente de aspecto, com o progresso que os colonos lhe imprimiram e dinamizaram, utilizando os seus conhecimentos e métodos de modernidade ocidentais, quer através de bens úteis, como dos idiomas e religião unificadores e aglutinadores das tribos. Destas iniciativas surgiram aldeias recuperadas, novas vilas e cidades e até eventuais Novos Estados na verdadeira acepção do termo e não como hoje se apresentam.

SONHOS

Inédito

Passaram os anos e não parei de sonhar,
Os sonhos foram muitos e coloridos
Encheram-se de ar e aos céus subiram
Não consegui os sonhos agarrar,
Fugiram e tornaram-se diluídos
Invisíveis e vazios, muitos sucumbiram.

Outros sonhos tentei imaginar,
De esperanças conseguir realizá-los,
Inimigos opuseram-se a tal fim
Impedindo de me deixar pensar.
Sonhos ideais vilmente contrariados,
Destruídos, sem culpas para mim.

Os poucos sonhos que restaram,
Entreguei a meus filhos e netos,
Para esses sonhos realizarem,
Obras e pontes eles edificaram,
Legando herança aos bisnetos,
Para esses sonhos imortalizarem.

Mantenho bem viva a esperança.
Os sonhos virem dar frutos,
Seus detentores são fiéis herdeiros,
Cheios de coragem e perseverança,
Peito aberto, lutadores e astutos,
Combatendo inimigos desordeiros.

No meu leito de fim de vida,
Ainda tenho consciência lúcida.
Dos sonhos continuarem vivos,
Bem guardados em memória viva,
Mercê da arte, manha e astúcia,
Dos meus herdeiros sãos e sobre vivos.

SÓSIAS, CLONES E PLAGIÁRIOS

Singularidades da Língua Portuguesa

Inédito

De um modo geral, o ser humano tem tendência para decalcar e deixar-se imitar. São excepção, os de criatividade original, pois é destes que partem as descobertas científicas e o evoluir da civilização.

Actualmente, temos assistido a uma crescendo dos casos em que as pessoas se preocupam mais com o que se passa com o seu semelhante, procurando apropriar-se das suas patentes e propriedades, em vez de, per si, encontrarem soluções inovadoras e próprias, contribuindo, deste modo, para uma mais valia pessoal e da sociedade. A contrafacção do que já existe apenas serve para gerar não só a estagnação da criatividade, mas também a conflitualidade permanente entre os actores deste processo irregular.

As imitações quando feitas de padrões válidos podem ser consideradas proveitosas e de interesse para o evoluir da sociedade, mas quando provêm de origens viciadas e deformadas, tornam-se perniciosas e contraproducentes.

Dos três actores referenciados no título desta crónica, os sósias são os mais inocentes por serem pessoas de fisionomia parecida com as de outros, embora possam ter mentalidades e personalidades completamente distintas, podendo não ser conflituosas. Os clones já têm as mesmas componentes e acham-se iguais e unidos para enfrentar a concorrência no bem e no mal. Por último, temos os plagiários que constituem o grupo mais danoso para a sociedade, pois vive da contrafacção e imitação, apenas com intenções de aproveitamento pessoal, descurando acintosamente, os interesses da sociedade e dando lugar ao confronto e litígio permanentes. É esta classe que alimenta o regredir da civilização. Torna-se imperioso combater a existência dos Plagiários (Imitadores).