
(Como os primatas podem revelar-se mais humanos que os próprios homens)
(INÉDITO A AGUARDAR PUBLICAÇÃO)
O céu estava coberto por nuvens cinzentas, cobrindo os raios solares que teimavam, de quando em vez, penetrar na atmosfera terrestre. O vento acelerou e uns pingos de água precipitados do espaço, anunciavam uma chuvada tropical intensa.
Naquele momento, deslocava-me numa carrinha de caixa aberta “Chevrolet”, a caminho da nossa roça localizada a
Tinha transposto meia dúzia de quilómetros, quando desabou uma chuva torrencial que se manteve durante largo tempo. Entretanto, a carrinha foi traída por um buraco invisível pela densidade de água que cobria a faixa de rodagem. A roda dianteira do lado esquerdo, submersa no buraco de lama, fez tombar a carrinha para o meu lado, de tal forma, que a porta se abriu e eu fui projectado, com violência, para o exterior. Bati com a cabeça num tronco e desmaiei.
Quando recuperei os sentidos, tinha ao meu lado, um chimpanzé que me olhava com ar enternecido e curioso com a minha presença. Ele havia assistido ao acidente e prontamente veio em meu auxílio. Foi buscar umas folhas de bananeira que espalhou pelo chão enlameado e puxou-me para cima da cama improvisada. Como eu sangrava da cabeça, lavou-me a cabeça com a água da chuva que apanhou duma poça formada no chão.
Entretanto, a chegada de uma outra viatura assustou o meu amigo chimpanzé que se afastou rapidamente para o mato. Fui transportado para Cabinda para me serem prestados os necessários cuidados hospitalares. Na minha memória, ficou marcada para sempre a figura inconfundível daquele primata que, momentaneamente, assumiu o rosto humano. Durante a minha vida, aquele exemplo questionou-me, com premência, porque razão, por vezes, os animais são mais amigos dos homens do que estes entre si.
Sem comentários:
Enviar um comentário