As “Árvores das Patacas” estiveram conotadas com os
emigrados para as ex-colónias, incluindo o Brasil. Era corrente ouvir-se dizer
que os colonos tinham descoberto a “Árvore das Patacas”, porque deixavam
transparecer uma qualidade de vida melhor que aquela que tinham em Portugal Continental.
Todavia, era completamente desconhecida a vida de
sacrifícios e muito trabalho que esses colonos aplicavam na procura constante
de melhores condições de vida e progresso das terras que os acolheram. A sua
“Árvore das Patacas” era a labuta intensa e profícua no contacto com os bens da
natureza e as verdadeiras “Árvores das Patacas” de que me lembro, eram, apenas,
entre muitas, o cafezeiro, a palmeira, a bananeira, o coqueiro, a mangueira, o
abacateiro, a goiabeira, o cajueiro, o embondeiro, entre outras, que produzem
frutos deliciosos e, como inspiração da beleza africana, as acácias, vaidosas
das suas flores, a sublime rosa de porcelana ou a misteriosa welwitschia, do
deserto do Namibe (Angola), única no Mundo. Os ditos usufrutuários das
imaginárias “Árvores das Patacas” foram aqueles que, pelas paragens por onde
andaram e se fixaram, ergueram vilas, cidades e países, produto de toda a mais
valia da sua vida de trabalho.
Nos dias que correm, as verdadeiras “Árvores das
Patacas”, inspiradas naquelas utópicas e míticas árvores de antanho,
proliferaram por todo o planeta, tendo-se fixado, as de maior porte, nos
offshore, nos grupos financeiros, nas multinacionais e nas Oligarquias dos
regimes políticos instalados. As de menor porte também se espalharam pelas
classes burguesa e média alta de todo o Universo. Os seus beneficiários
enriqueceram à saciedade, imaginando que as ditas árvores eram como que
“galinhas de ovos de ouro” inesgotáveis. Todavia, foram bruscamente
surpreendidos por uma epidemia que grassou por todas elas, começando nas de
maior porte, e atingindo todas as outras. A maior parte delas secou, umas
quantas esforçaram-se por se reabilitar mas a maior parte não tem cura
possível.
As grandes,
médias e pequenas fortunas ficaram
fortemente abaladas, sentindo o efeito nocivo da epidemia, tendo a maior parte
sucumbido, enquanto que os dois milhões
de pobres existentes em Portugal, conscientes da sua marginalidade,
assistem ao espectáculo, sem quaisquer receios e arrependimentos, porque a sua
vida foi sempre pautada por orçamentos de rigor e escassez de meios
Estes cidadãos são os únicos que têm um sono mais
tranquilo por não terem que se preocupar com as tais “Árvores das Patacas”.
Ruy Serrano –
13.03.2017
Sem comentários:
Enviar um comentário