
Ó Mar, és tão grande, que me falta engenho
Pra cantar o teu pulsar, neste meio terreno.
Encerras tantos mistérios e tais riquezas,
Que me faltam palavras pra te enaltecer
E inspiração para descrever tuas belezas,
Receando se sirvam de ti para enriquecer.
Embora não tenha nunca sido marinheiro,
Nasci à tua beira, numa terrasinha africana,
Nas tuas águas quentes, banhos saboreava,
Secava-me deleitado à sombra do cacaueiro,
Sonhava com uma mulata, linda filigrana,
Que almejava vir a ser a minha namorada.
Naveguei muitas vezes sobre as tuas ondas,
Atravessei o Equador com o teu baptismo,
Irado, revoltaste-te com algumas afrontas,
Que os homens te lançaram com egoísmo.
Barcos puseste em risco de naufragarem,
Mobilizando as ondas para te vingarem.
Ainda hoje não decifrei a tua vil atitude,
Quando o barco que me trazia a Portugal,
Ficou sem rumo, batido pelo mar bravio,
Que atiraste sem piedade contra o navio.
Passei por momentos de medos e susto,
Poupaste-me à morte, tornaste-me astuto.
Fiquei-te grato e a admirar-te ainda mais,
Tens sido generoso, amigo e eloquente,
Ajudas o Homem com os teus recursos,
Em troca pedes que ele seja consciente,
Navegando tranquilo até atracar ao cais,
Sem cometer provocações, nem abusos.
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