terça-feira, 5 de julho de 2022

AMORES MEUS


Perdido andei durante todo este tempo,

Os amores que eram meus, já não são,

Embora eu não desistisse perdi tempo,

Esses amores tocaram no meu coração.


Faltou-me engenho, arte e a inspiração,

Para cativar a estima de tantos amores,

Vencido, jamais encontrei uma solução,

Fiquei à espera dos seus bons favores.


Favores que se perderam para sempre,

A vida tão caprichosa de mim se vingou,

Difícil foi para mim aceitar ser demente,

Sua maldade envenenada, me enganou.


Estranha ilusão de ainda ter os amores,

Que me deixaram sem nenhuma razão,

Passo a vida com bastantes temores,

De perder o que eu amo, sem solução.


Chego ao fim da vida, tão enganado

Que desconfio de tudo e de todos,

Por ser tão rudemente maltratado,

Sabendo que são cruéis e tão tolos.


Ruy Serrano - 05.07.2022

segunda-feira, 7 de março de 2022

REFUGIADOS


Seres humanos que andam à deriva,

Sem tecto e sem guarida merecida,

Vivem da caridade que lhes chega

De pessoas boas que não têm Inveja.


Sem rumo, o seu destino é duvidoso,

Passam a ser dependentes de ajuda,

E de auxílio, pisam chão perigoso,

Como se fossem fruta muito madura.


Sem bens, apenas com pouca roupa,

Passam frio com o inverno rigoroso,

Dormem em caves e nas estações 

Do metro, seu futuro é mui duvidoso.


Têm sorte de lhes oferecerem comida,

Agasalhos e aquecimento temporário,

Para lhes amenizar o frio tão agreste

Que os debilita tanto como uma peste.


A vida dos refugiados é muito crítica,

Muitos sucumbem, jamais resistem,

Por culpa dos criminosos que alheios

Ao sofrimento praticam actos feios.


Ruy Serrano - 07.03.2022




 

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

TESTAMENTO


Neste caminho longo e tortuoso desta vida,

Fui perdendo tanta coisa, amigos e família,

Sinto-me isolado num mar azul sem auxílio,

É como se passasse a sobreviver em exílio. 


A idade doi tanto como as muitas memórias

Que guardo do tempo juvenil, em que cresci

Na minha terra africana, onde vivi histórias

Que não obstante ser idoso jamais esqueci.


A dor maior é saber que estou muito isolado,

A cumprir a pena de um qualquer condenado,

Sem culpa formada nem sentença proferida,

Fico manietado, sem qualquer possível saída.


Como já não tenho amigos não posso recorrer

À sua ajuda, só me resta aguardar o mau futuro

Que me está reservado, recorrendo aos filhos

Que me ajudam neste momento triste e duro.


Quando a minha missão na terra se encerrar,

Deixarei um legado precioso, filhos, netos e

Bisnetos que saberão honrar o meu nome,

Em troca do que lhes dei com o meu amar.


Ruy Serrano - 01.02.2022

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

DE MÃOS DADAS COM A POESIA


Pedi à poesia que me desse as mãos 

Para eu me sentir seguro a escrever

A poesia do seu agrado, sensações 

Que senti pela sua confiança obter.


De mãos dadas com a poesia, o fado

Germinou na melhor letra que escrevi,

Foi o tempo superior que então vivi,

Por ter ficado de repente apaixonado.


Sinto um prazer imenso, incontrolável 

Ao escrever a letra dum bonito fado,

Que sente o amor como sustentável

E se esquece tudo que seja pecado.


Não largo as mãos da poesia, trago

Comigo a sua inconfundível magia,

Sou forte e teimoso tal touro bravo,

Que me encanta e enche de magia.


Vou levar comigo para a outra vida

A minha inseparável e bela amiga,

À qual dedicarei os melhores versos

Que serão para sempre tão eternos.


Ruy Serrano - 12.01.2022


terça-feira, 11 de janeiro de 2022

O DERRADEIRO ADEUS


Este adeus que me disseste 

Foi definitivo e comovente.

Com tanta pressa tu partiste 

Que fiquei de ti tão ausente.


O derradeiro adeus é doloroso,

Dele sou um traidor medroso,

O destino é tão desconhecido

Que um dia eu irei ter contigo.


Abre alas deixa que eu avance,

Dá-me uma verdadeira chance,

Nāo quero ficar neste submundo,

A vida aqui é dum cheiro imundo,


O derradeiro adeus irá acontecer,

Inevitável, porque é a lei da vida,

A este mundo outro vai suceder,

Será a minha derradeira guarida.


Convosco irei juntar-me por fim

Quando chegar a inevitável hora,

Estou à espera que seja chamado,

Uma questão de palavra e honra.


Ruy Serrano - 10.01.2022

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

A VOZ DO VENTO


Zumbe nos meus ouvidos,o zumbido

Do vento que passa tão velozmente

Que me deixa meu ouvido dormente, 

E o meu poema assim tão esquecido.


O zumbir do vento é bastante irritante,

É aviso que me chega de muito longe,

Seu som é composição tão galopante

Que me faz recordar a minha miconge.


Entre as árvores altaneiras da floresta,

Os macacos e pássaros fazem a festa,

Competem com os humanos gritando

Como que mais barulhos reclamando,


É assim a vida da floresta do Maiombe,

Que dá gosto conhecer, dela desfrutar,

Um dia em cheio no meio dela passar.

Os seus roídos ouvir assim tao longe.


Essa floresta tao densa da minha terra,

Bastantes e variados mistérios encerra,

Uma verdadeira caixa forte de Pandora,

Sāo já os milhares de anos de outrora.


Ruy Serrano - 10.01.2022


quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

NA CRISTA DA ONDA


Ando  na crista da onda a surfur,

Deixo-me ir na pior arrebentação,

É um momento de muito gozar,

Que vivo com extrema emoção.


Por vezes a onda me atraiçoa,

Deita-me à água, a respiração

Causa-me uma grande aflição 

Por passar a navegar à tona.


Tenho tido bons e maus gozos,

Todos os momentos perigosos,

Não vou abandonar o meu surf,

Assim me sinto bem e não sofro.


Ando na crista da onda há muito

Tempo, desde a idade de miúdo,

Foi vício que criei sem calcular

O perigo porque poderia passar.


Hoje já deixei de andar na onda,

Vegeto em terra como objecto 

Que se deixa levar por uma vida

Mais natural e menos comprida.


Ruy Serrano - 05.01.2022