segunda-feira, 23 de setembro de 2019

UM POEMA PARA MIM

Trouxe a minha terra comigo,
Com ela muito feliz eu vivo,
Vivemos no mesmo tecto,
Abraçados com bom afecto.

Com a minha terra, sonhos
Que não consegui realizar,
São meu permanente amar 
Por serem então tristonhos.

A minha terra nunca esqueço,
A ela me agarrei com apego,
Anda comigo pra todo o lado,
Assim não estou abandonado.

Foi na minha terra que aprendi
A ser homem de vera palavra,
Por ser de lá não me arrependi,
Se não viesse não me safava.

Terra como a minha outra não há,
É uma terra bem amiga, não é má,
Os homens é que são inimigos
Que serão pelos justos banidos.

Ruy Serrano - 23.09.2019




sábado, 21 de setembro de 2019

ENIGMAS DA VIDA

Vida embebida em enigmas,
Cheia de reticências das parábolas
Ditas, mas não escritas,
Que se vestem de metáforas.

Enigmas que ninguém desmonta,
Por se vestirem de casaca,
Tapando as misérias, devassa
Que se expõe numa montra.

Dias cinzentos sem pássaros,
De passos silenciosos na calçada,
Vida envolta numa trapalhada,
Ambiente viciado de ácaros.

Poemas de versos à solta,
Sem rédeas e de corrida acelerada,
Inspiração de letra morta,
Que muito quer dizer e não diz nada.

Desengano duma vida sonhada
De amores perdidos na noite escura,
Em que só há morcegos no ar,
E na terra, tantas ilusões por decifrar.

Vida vivida com enigmas
Que não desertam por falta de coragem
São verdadeiros estigmas
A navegar em águas de boa miragem.

Ruy Serrano - 21.09.2019


terça-feira, 17 de setembro de 2019

LÁGRIMA FURTIVA

Esta lágrima furtiva que me corre,
De vergonha se esconde,
Nāo quer que se saiba,
Sua origem de raiva.

Tento limpar a lágrima, ela me foje ,
Tem vergonha de ser furtiva,
Não tenho argumentos,
Sofro tormentos.

Não me sinto culpado desta lágrima,
É uma lágrima sem escrúpulos,
Uma autêntica lástima,
Saltou os muros.

Não sei para onde foi esta lágrima,
Cansei-me à sua procura,
É mal sem cura,
Uma lástima.

Lágrimas furtivas há muitas por aí,
Como a minha nunca vi,
É uma lágruma sentida,
Para sempre perdida.

Ruy Serrano - 18.09.2019


sábado, 14 de setembro de 2019

AS MINHAS DÚVIDAS E OS MEUS MEDOS

São tantas as minhas dúvidas
Como os medos que sustento 
Desta minha vida que me sobra,
Sem mais margem de manobra.

Por ser tudo tão mau e difícil.
Aumentam as minhas dúvidas 
E os meus medos, sem razão,
Ou não, eu temo pelo coração.

São tantas as dúvidas e medos,
Que não sei como eu suporto
Tamanho fardo que me pesa,
Que a duvidar tanto me leva.

Não sei como poderei dissipar
Estas dúvidas e estes medos, 
Como estrelas que se apagam
E danos que não se reparam.


Dúvidas e medos sem rosto,
Que não conheço, abstratos,
Só aparecem e desaparecem
Sem deixar qualquer rasto.

Por muitos anos que inda viva,
Nunca perderei estas dúvidas
E estes medos, sem eu saber
Por quanto tempo irei sofrer.

Ruy Serrano - 15.09.2019



segunda-feira, 9 de setembro de 2019

AMORES IMPOSSÍVEIS

Foram muitos os amores que eu tive,
Todos esquivos, amores impossíveis,
Desde meu primeiro amor de criança,
Até ao amor duma última esperança.

O meu primeiro amor por ser tímido,
Nunca lhe confessei eu gostar dela,
Por isso o perdi, muito constrangido,
Sem nunca ter sabido como era ela.

O segundo amor do tempo da escola,
Era um amor infantil, difícil de aceitar,
Por correr sério risco de ser castigado,
Sendo um amor eternamente chorado.

Já adolescente tive um terceiro amor,
Tão furtivo como difícil, mui proibido,
Como os anteriores, sofri de má dor.
Nem sequer beijar me foi permitido.

Não desisti, outro amor eu conquistei,
Momentos sensuais na praia passei,
Enrolados na areia branca e salgada,
Foi amor que também deu em nada.

Já adulto, por uma bela loura algarvia
Me apaixonei, meu pai se intrometeu,
Quiz saber quem era ela, se a merecia,
Mais uma vez a perdi, Infortúnio meu.

Em Lisboa, entre os  estudos, os amores
Se intrometeram, eram tantos, amorosos,
De difícil escolha, foram só passageiros.
Não fiquei com nenhum, nem remorsos.

Já na idade madura, ainda era solteiro,
Mulheres casadas bem me assediavam,
Mas eu resisti, não arriscava meu nome
Manchar, por loucuras que nada davam.


Na tropa, outros amores aconteceram,
Nenhum deles sequer começou, todos
Estavam comprometidos, sobrou um
Que começou a sério e assim resultou.

Foi este amor que deu frutos e estes
Anos até hoje durou, com momentos
Bons e maus, vieram os meus filhos,
Netos e bisnetos, todos mui queridos.

Ruy Serrano - 10.09.2019





domingo, 8 de setembro de 2019

AS VOLTAS QUE A VIDA DÁ

A vida dá voltas e voltas,
E eu à volta da vida ando,
São tantas essas voltas,
Que eu tonto vou ficando.

Cansado de tantas voltas,
Vou descalçar as botas,
Para não me custar tanto
Evitando ficar em pranto.

Não desisto de dar voltas
À vida, ela assim merece,
Andam as feras à solta,
Dar mais voltas apetece.

Voltas e voltas, são voltas
Que o Mundo dá, parar
Não é nunca a solução,
Seria a nossa perdição.

Chega de tantas voltas,
Acabarei por ficar tonto,
Por não ter nunca sono
Atento até horas mortas.

Vou parar de dar voltas,
Já dei mais que devia,
Nunca foi o que merecia,
Escrevo por linhas tortas.


Ruy Serrano - 08.09.2019

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

TEU PERFUME MEU CIÚME

Tenho ciúmes do teu perfume,
Que me embebeda sem medida,
Com receios de uma recaída,
Deixando-me queimar ao lume,
Com o padecer do meu ciúme,
De amores que se desvanecem,
Com os dias que me aquecem
Com temperaturas tão elevadas, 
Que ao abandono são deixadas.
Tenho ciúmes do teu perfume
Que se colou à minha pele,
E que não quero abandonar,
Pelo teu perfume me apaixonar.

Ruy Serrano - 02.09.2019