quarta-feira, 25 de março de 2020

AO SABOR DO TEMPO

Ando ao sabor do tempo e da vida,
Momento de medo, de expectativa,
Sem saber como será o meu futuro,
Se ainda viverei até cair de maduro.
Ainda não me fraquejam as pernas,
O coração bate levemente, a alma
É forte e sensível aos imprevistos,
Poemas que escrevo  bem bonitos.

Aprecio a natureza e o firmamento,
Muitas vezes reflito e muito penso,
O que teria sido se esta profissão
De poeta não desse a inspiração.

Os dias sombrios que hoje passo
São dias para esquecer, se viver
O tempo necessário para refletir,
E do prazer ainda vier a usufruir.

Valerá apena ter vivido este tempo,
Se outro tempo pudera ter vivido,
Já não há tempo para eu escolher
O que mais me interessava viver.

O tempo vai acabar, nem ao sabor
Dele vou mais andar, é caprichoso,
Faz o que entende, não me escuta,
Tempo que perco nesta má disputa.

O tempo é cúmplice desse vírus 
Que invadiu a terra por vingança,
Já não resta alguma  esperança,
O único meu amigo é o arco-íris.

Ruy Serrano - 25.03.2020




domingo, 22 de março de 2020

DEVORADOR DE VIDAS

Insaciável, esse devorador de vidas,
É cobarde, ataca disfarçado a vítima,
Nāo lhe dá tréguas e a oportunidade 
De se defender, usa de ingenuidade.

Sua missão é de declarar uma guerra
Ao ser humano, que o possa destruir
Para tomar o seu lugar neste planeta 
Que nos pertence por direito próprio.

A nossa defesa vai ser até ao extremo,
Usaremos todos os meios científicos 
Para nos defendermos desta doença
Epidémica, que ataca com artifícios.

Os nossos bons profissionais de saúde
São os nossos bem atentos guardiões,
Que não permitirão que esse criminoso
Possa utilizar o seu ataque tão ardiloso.

Esses devoradores de vidas viajarão
Para outros planetas, pois na terra
Não terão êxito, apenas a confusão
Que geraram sem alguma conclusão.

Bye, bye seus malvados e velhacos,
Escolham outra profissão, o crime
Não compensa, dá a recompensa
De uma má dieta e severo regime.


Ruy Serrano - 22.03.2020

sábado, 21 de março de 2020

DOCE E PORTENTOSA ÁFRICA

És enorme, és de uma magia transcendente,
És habitada há milénios, por tão boa gente,
Deste mundo ao mundo, foste colonizadora
Antes de seres colonizada, boa professora.

Orgulho meu ter nascido no teu belo regaço,
Numa manhã de sol ardente, vindo do céu,
Com o cantar do galo a anunciar boa nova,
Meu nascimento, bela prenda que Deus deu.

Na vila de CABINDA foi dia de grande festa,
Toda a gente se sentiu feliz, com a notícia
Que correu tão célere dum a outro extremo,
Bendita a hora deste desejado nascimento.

És tão portentosa como de beleza tu tens,
Essa frescura e jovialidade ainda manténs.
Sempre te conheci verdejante e bem quente,
És muito valorosa és um grande continente.

Nem os homens com as guerras conseguiram
Desflorar tua virgindade desejada por animais
Que se julgavam senhores de todo o poder,
Sabendo que muito fariam por te fazer sofrer.

Continuas a ser portentosa, bela e cobiçada,
Mantém a tua matriz, não te entregues nunca
A ninguém que te queira explorar, é chegada
A hora de seres livre, a colonização é caduca.

Ruy Serrano - 22.03.2020




SOBREVIVENTES

Por entre luzes e sombras, avanço,
Alertado por um apelo de socorro,
Que pede a minha ajuda onde moro
Passo por surdo não sou um tanso.

Tenho de me precaver, é perigoso 
Avançar sem ter a mínima cautela,
Não sei o que irei assim encontrar,
Tenho de verdade me acautelar.

A voz insistiu, queria uma resposta,
Era para mim uma difícil proposta,
Não sabia o que lhe devia oferecer,
Se o meu obrigado, se o meu ser.

Afinal o meu seguidor era um doente
Do vírus, queria que eu o ajudasse,
Com algum remédio que o tratasse,,
Fiquei a sofrer por eu ser impotente.

Nesta fase da nossa vida tão difícil,
Devemos assim ser mais solidários,
Fazendo tudo o que nos for possível, 
Deixando de ser uns simples otários.


Ruy Serrano - 21.03.2020

quinta-feira, 12 de março de 2020

TROPEÇÕES E TRAMBOLHÕES

Levei tantos trambolhões na vida,
Amachucado fiquei sem conserto,
Cicatrizes muitas tenho no corpo,
Nasceu-me no peito um abcesso.

Abcesso que me atingiu o coração,
Que ficou dorido com maus tratos
Dos tropeções e dos trambolhões,
De dinheiro fiquei com um tostão.

Tantos tropeções e trambolhões
Eu levei que fiquei sem eu saber
De que terra sou, sei que nasci
Há mui tempo, mui longe daqui.

Recuperei sempre das situações
Difíceis criadas plos trambolhões,
Sai mais forte de todas contendas,
A fase difícil pertence às calendas.

Parti para outro ciclo desta vida,
Com o ânimo reforçado e forte,
Conformei-me com minha sorte,
A força divina foi a minha amiga.

Ruy Serrano - 12.03.2020





domingo, 8 de março de 2020

AS MINHAS PALAVRAS

As minhas palavras brotam em catadupa,
Vêm de dentro de mim, com naturalidade,
São o meu sentir com bastante verdade,
Guardo as minhas palavras, vida madura.

Vida madura é a minha, tem já décadas,
Foi com as palavras que sempre cresci,
É a minha expressão, de ideias certas,
Com elas os melhores poemas escrevi.

Poemas escrevi pra mim e pros amigos,
Falando da vida com a máxima verdade,
Vivo com elas, a minha maior realidade,
Deram-me os meus melhores caminhos.

Os meus melhores caminhos eu abracei,
Como se fossem objectos de ouro de lei,
As palavras são muito mais importantes,
Que tudo o resto de modos inconstantes.

Jamais abandonarei as minhas palavras,
Elas são as minhas fiéis companheiras,
Mais do que amigas são a minha paixão,
Guardo-as para sempre no meu coração.

Ruy Serrano - 08.03.2020