quarta-feira, 22 de julho de 2020

DESÂNIMO

Guardo em cada verso minha dor, meu sentimento,
De tudo o que vejo e me acontece sem ser culpado,
É a humanidade que deixou de ter valor, momento
De crise da moral e do respeito mútuo, reclamado.

Versos tão longos e verdadeiros, são tão inteiros
Como é a vida dos mártires da desordem mundial,
Que não conseguem dominar a onda de bárbaros 
Que invadiram a civilização sem dar qualquer sinal.

O dia a dia imprevisto e de tantos veros conflitos,
Provocam aos inocentes danos tais que os gritos
Se fazem ouvir com eco nas profundezas da gruta
Onde os guerreiros se escondem da criminosa luta.

Sem querer estou envolvido nesta vida sangrenta
De luta constante em que não há escudo de aço
Que me defenda, tendo de improvisar um colete
De força que me proteja meu coração, meu peito.

Já me faltam as palavras para continuar a escrever,
Por achar que não vale a pena, pelo menos interesse
Dos homens livres que desistiram de ainda combater
As hostes inimigas que nos fazem o sangue verter.

Ruy Serrano - 22.07.2020

sábado, 11 de julho de 2020

POESIA SOFRIDA

 Minha poesia dorida que escrevo a sofrer
Com esta desilusão de não ter um amor,
A quem me confessar pelos meus erros
Cometidos sem pejo, mas com receios.
Quando escrevo minha poesia, a mente
Me chama à realidade, como temente
Que só nos poemas encontra liberdade,
Para viver a vida com mais intensidade.
A poesia é o melhor  meio de libertação 
Dos males deste mundo que eu arrisco 
Contrair como grande mal do coração
Mas de que por preço nenhum desisto.
Vou tentar escrever poesia mais neutra,
Que não seja considerada simples treta,
Será poesia mais realista e com o ritmo 
Da meu coração, é o seu direito legítimo.
Não abdico da minha poesia, a razão
Do meu viver neste mundo diabólico, 
Em que tudo é irreal, fantasmagórico
E que faz sofrer meu corpo e coração.

Ruy Serrano - 11.07.2020

sábado, 4 de julho de 2020

A MINHA RAZÃO DE SER

 A minha razão de ser é legítima é muito minha,
Vim ao mundo porque o destino assim o quis,
Meu desígnio foi construir património familiar.
Para o meu nome defender e assim eternizar.

Cumpri o meu dever de cidadão, de filho e pai,
Criei família, a maior riqueza que eu ambicionei,
Ergui a pulso tudo o que tenho e tive que perdi,
Resta-me a dignidade e meu nome que defendi.

As ambições são como cinzas que se espalham,
Pelo chão que pisamos com receio de queimar
A palma dos pés que arrastamos, tão cansados 
Que nos sentimos duma vida intensa afastados.

A minha razão de ser subsiste, enquanto eu viver,
Terei de usar de toda a sabedoria para não perder
O comboio da vida que acelerou, sem descarrilar,
Seria o fim dum sonho que construí por eu gostar.

A minha razão de ser é diferente, é muito especial,
Tem o selo de garantia que me projectou no futuro,
Permitindo a construção do meu vasto património,
Que acabou por se perder nas mãos do demónio.

Já não posso retroceder e fazer tudo bem diferente,
O que fiz, bem ou mal, fiz com muito gosto e prazer,
Pena tenho não haver ninguém que esteja presente
Para perpetuar o que de valioso não deverá morrer.

Ruy Serrano - 04.07.2020

PROCURO MAS NÃO ENCONTRO

Procurei não te encontrei, fugiste de mim,
Desapareceste no meio de tanto capim,
Nunca desisti, continuei à tua procura,
Desesperado fiquei à beira da loucura.
Loucura que tomou conta de mim, nunca
Mais me deixou, tentei esquecer o amor
Que se grudou ao meu coração, uma dor
Que é pior que viver uma vida bem curta.

Vivo com esta amargura de muita secura,
Que me causa náuseas e muitos vómitos,
Não sei se suportarei tão tamanha tortura,
Sensação de ser atingido por meteoritos.

A vida tem destas coisas, só nos engana,
É traiçoeira, maldosa, uma grande sacana,
Que só pensa em si, e me deixa sozinho.
Neste penoso trilhar de tão mau caminho. 

Arrasto-me pelas veredas das florestas
Enfrento insectos, cobras e lobisomens,
Sou objecto de jogos de azar e torturas,
Só vejo monstros que já foram homens.

Procuro algo que não encontro, não sei
Onde se encontra, escondeu-se de mim,
Procurei no mato, na floresta e no capim,
Fiz tudo que podia, ainda por fim farejei.

Ruy Serrano - 04.07.2020