quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

OS AMANHÃS

Os dias que aí vierem, 
Quanto tempo irão durar?
Horas ou anos, não sabemos,
Vamos saber esperar.

Ainda vamos ter mais dias,
Bons ou maus, serão certos,
Serão dias incertos,
Que nos darão os bons dias.

Para vivermos esses dias,
É preciso estarmos vivos,
Incerteza que será certa,
Por estarmos com amigos.

Os amanhãs são manhosos,
Não sabemos se chegam,
São ágeis a partir sem aviso,
Deuxam-nos de sobreaviso,

Continuo à espera das amanhãs,
Com elas acordo todos dias,
Trazem consigo o sol
Que me aquece e me dá colo.

Outro dia de rotina começo,
Com novos projectos,
Ainda há muito para fazer,
Enquanto eu viver.

Quando o amanhã se despede
E outro chega a seguir,
Fico a pensar se ainda resisto 
Às mudanças a que assisto,

Ruy Serrano - 30.01.2019




terça-feira, 29 de janeiro de 2019

AS PEDRAS DA MINHA RUA

Choram as pedras do chão,
Por não sentirem o meu pisar,
Escorregadias de tanto chorar,
Doí-me muito o meu coração.

Pedras da minha rua
Que deixei de pisar,
Como mulher nua
Que eu quero beijar.

Os pássaros sujam as pedras,
Não as poupam aos dejectos,
Acham que elas são objectos,
Que não pertencem às terras.

As elites acham que as pedras,
Não são da sua classe,
Escarram para cima delas,
Para os pobres as limparem.

Os únicos amigos das pedras
São os varredores da rua,
Que cuidam do seu aspecto,
Não as acham um objecto.

Deixei na minha terra,
As minhas amigas pedras,
Onde eu escorregava,
Numa caixa que deslizava.

Ficaram lá as pedras 
Das casas que construí,
Nem as paredes trouxe,
O meu futuro destruí.

Ruy Serrano - 30.01.2019



segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

A ÁRVORE

Debaixo da sombra daquela árvore,
Usufruí muitos momentos de lazer,
No tempo em que passava as férias,
Na terra de meus pais sem nada fazer.

Tempos de adolescente, sonhador,
Que amava aquela moça singela.
Duma beleza gravada de esplendor,
Na minha retina, com imagem dela.

Não mais esquecerei a terna árvore,
Minha companheira dum passado
Que não volta, o tempo ma levou
E eu fiquei triste e muito chocado.

Deixei de me deitar à sua sombra,
Refugiei-me em casa para admirar
Adolescentes que no meu parque
Se abraçam e se perdem a beijar.

É a vida que se renova no tempo,
Processo natural e muito humano,
Que os jovens encarnam e gozam
Entrega total como sendo africano.


Ruy Serrano - 29.01.2019

domingo, 27 de janeiro de 2019

OS PORTUGUESES

Valentes e audazes foram os portugueses,
Que enfrentaram inimigos com  coragem,
E que fizeram de Portugal um grande País,
A que outros povos prestaram vassalagem.

Mares navegaram, descobriram as terras
Desconhecidas, com as grandes riquezas
Que exploraram durante muitos séculos,
Valendo-se de conhecimentos e méritos.

Fundaram Portugal, nação que cresceu
Com engenho e arte dos seus mentores,
Sendo exemplo para todas as nações,
Do que pode um povo com ambições.

Seus filhos criaram e deram ao Mundo
Para espalharem a fé e valor das vidas
Que durante séculos foram construídas,
Com patriotismo e um amor profundo.

Também contraíram vícios e defeitos,
Tal a corrupção e desvio de dinheiros.
Promessas de políticos não cumpridas,
Por cumplicidade, sempre protegidas.

Mascaram a democracia duma falsa
Liberdade, punindo quem se excede
Nos comentários que faz da política.
Pelos agentes do regime protegida.

Fizeram que o País se desorganizasse,
E em retalhos e remendos se tornasse,
Não havendo uma orientação coerente,
Que dê ao Mundo uma imagem decente. 

Ruy Serrano - 29.01.2019






sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

TUDO ME ACONTECEU...

Tudo me acontece nesta vida
E eu sem culpa nenhuma,
Perguntei à minha dor,
Será a culpa do amor?

Não obtive a resposta desejada,
Só sei que a ferida é grave,
É de tão difícil a cura,
Por estar madura.

O que me aconteceu, é absurdo, 
Só eu fui a vítima,
Nāo é tão simples,
Pica como espinha.

Se a verdade é cega e ofende,
Porque motivo a mentira
Vê bem e não aprende,
Ė simples magia.

Tudo me acontece na vida,
De bom e de mau, não faz sentido,
A tudo isto eu ainda resisto,
Embora não seja o que eu merecia.

Um dia nada mais vai acontecer,
Tudo já me aconteceu,
Quando a vida ficar então vazia,
Nada resta do que é meu.

Ruy Serrano - 26.01.2019


















quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

PORQUE NASCI?III

Não nasci por acaso, concerta,
Também de propósito não tenho a certeza,
Nasci porque tinha de nascer,
Para vir a este Mundo para viver e sofrer.

Nunca me foi explicado,
A razão do meu nascimento naquele tempo,
Em que a vida era primitiva
E muito difícil de se viver com bom sustento.

Tive uma infância mitigada,
De carências de amigos e de brincadeiras,
Tinha de improvisar a vida,
Com cenas imaginárias de belas sereias.

Não me deixaram ser o que queria,
Segui o caminho desconhecido que mais temia,
Acabei por ser alguém desconhecido,
Que ambicionaria ter todo Mundo consigo.

Com a vontade que vislumbrei,
Duma vida de horizontes que se abria,
Construí o futuro que queria,
Trabalhando arduamente como sonhei.

Como eterno vagabundo,
Que se arrasta através deste Mundo,
Nunca cheguei a saber,
Porque razão eu nasci para sofrer.


Ruy Serrano - 25.01.2019

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

INVERNO

Dia cinzento de nuvens bolorentas,
Que se projectam no horizonte,
Dum outono triste e que resiste,
Ao sol e à claridade tão ausente.

Os bancos do jardim estão vazios,
Jnão há namorados sentados,
Abraçados e em beijos colados,
São dias em que não há amigos.

Os caninos deixaram de passear
Na relva, guiados pelos donos,
Os pássaros voaram, para longe,
Receando o frio que se faz sentir.

O frio penetra em mim, provocação
Que não posso ignorar, por regelar 
Meu corpo, e arrefecer meu coração,
Fico assim sensível ao frio agressivo.

Minha inspiração se dilui neste tempo
De greves e protestos, desajustados,
Que me impedem de escrever poesia
Com versos e temas à minha medida.


Ruy Serrano - 24.01.2019

domingo, 20 de janeiro de 2019

EU, A GAROTA, O APEADEIRO E O MACHIMBOMBO

Nosso encontro naquele apeadeiro
Da Mutamba, em Luanda, fascínio 
Para mim foi e meu futuro destino.
Me comprometeu, erro derradeiro.

Não peguei a moça, ela se recusou,
Ainda insisti mas nunca me aceitou,
Disse-me que estava comprometida.
Com alguém que eu não conhecia.

Foi desgosto que guardei até agora,
Sem mais saber nada dessa garota,
Que eu amava como nenhuma outra.

Sensação ainda tenho hoje, de a ver,
Naquele apeadeiro, comigo a sofrer,
Minha vida arrefeceu e ficou morna.

Ruy Serrano - 20.01.2019








sábado, 19 de janeiro de 2019

O VÍRUS DA ESCRITA

Apoderou-se de mim um vírus,
Que não me larga, me incentiva 
A escrever sem parar, a poesia 
E as crónicas desta minha vida.

Bendito vírus que contraí, já não
Passo sem ele, me dá inspiração
E me incentiva a escrever mais,
Pra dar a ler, minha boa intenção.

Nem todos os vírus são nocivos,
Este que me atacou é meu amigo,
Trouxe energias e muita vontade 
Para escrever com mais verdade.

Irei acabar os meus dias com ele,
Assim é a minha sina até ao fim
Da minha vida, com o cerebrelo
Cada vez mais activo em mim.

Esta minha cumplicidade é eterna,
Viver com o vírus não é assim fácil,
Requer de mim a melhor entrega,
Para colher de si a lição completa.

Ruy Serrano - 20.01.2019




sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

RIR É SORRIR

Parecem irmãos mas são diferentes,
O rir é matreiro e se abre sem regra,
O sorrir é uma mensagem de afecto,
Os dois se distinguem, pelo aspecto.

Há quem se ria sem conta e medida,
Muita gente se ri por tudo e por nada,
Ao contrário o sorriso é mui especial,
É prova de amizade e é sensacional.

De rir tenho pouca vontade, sou triste 
Por natureza, riu às vezes pra agradar,
Não por ter algum prazer ou gostar,
Apenas porque alguém comigo insiste.

Poucos momentos tenho para eu rir,
Porque a vida é séria e não o admite,
Sorrir mais vezes eu o faço, é prazer
Que tenho em o distribuir sem preço.

Esta confusão do rir e do sorrir, é má,
As pessoas baralham tudo sem tino,
Rir é para mim difícil, o sorriso, bem
Que distribuo por quem o não tem.

Vou procurar rir mais por ser saudável,
Repartirei com o sorriso todos os dias,
Para me sentir alegre e de bom feitio,
E interagir mais como sincero amigo.

Ruy Serrano - 18.01.2019