quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

DIVAGANDO...

Tenho na pele a secura dos anos,
Nos olhos os dias de nevoeiro,
Na boca, o amargo das verdades,
No peito o inesperado despeito,
No coração o amor sem jeito,
Na alma a força de viver,
No cérebro, escrever e ler.
Nos ouvidos, os ruídos dos aviões,
No bolso apenas tostões.
Tenho no andar o cambalear,
Nos pés o vício de caminhar,
Nos dedos das mãos o tatear,
Nos dedos dos pés, fungos,
Na gramática, os gerúndios.
Tenho tanta coisa,
Que apetece partir a loiça,
Cansado que estou de viver,
Sem nada em troca receber,
Apenas surpresas e desgostos,
Perdi os sabores e os gostos.
A vida é mesmo assim,
Pintada a pastel e a óleo,
A paisagem é a mesma,
O modelo é uma lesma,
Que se desloca indolente,
Ela devagar e eu doente.
Só se pode morrer,
Quando a vida falir,
Fecha-se a loja,
Não há clientes,
Há bancarrota
E o povo sem nota.
Por aqui fico,
De tudo desisto.
É carnaval,
Ponto final.



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