sexta-feira, 30 de novembro de 2018

PARTIDAS INESPERADAS

Muitas são as partidas definitivas,
Tão inesperadas quanto doridas,
Pessoas que me abandonaram 
Que de mim não se despediram,

Amigos que chegaram à meta
Final da vida, sem me avisarem,
Que iriam partir definitivamente
Notícia de pesar surpreendente.

Para estas partidas inesperadas 
Não há remédio, compromisso é
Que assumimos com a nossa fé,
Deixando connosco lembranças.

O nosso momento estará presente
Num dia em que a nossa mais valia
Será mera recordação do passado,
Vivido com o máximo de verdade.

O Mundo caminhará  pro caos final,
A que já não assistiremos nesse dia
Tão amargo, que tudo se extinguirá
E nada deste nosso mundo sobrará.


Ruy Serrano - 01.12.2018

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

TUDO PASSA E EU AQUI FICO

Passam anos, passam meses, passam dias,
Tudo passa, só eu fico,
Por muito que o tempo passe,
No tempo eu nāo acredito.

Acredito em tanta coisa que me surpreende,
Ninguém como eu entende 
O que a vida nos oferece, 
Desconfio, não é nenhuma benesse.

Benesse é eu escrever e criar poemas,
Dos mais variados temas,
De amantes e amores,
Que foram autênticos horrores.

Horrores são universais, más imagens,
Da vida que ainda subsiste,
E de mim não desiste,
É espectáculo triste.

Triste vivo eu por ver tudo passar
E a felicidade  não encontrar,
Na confusão em que vivo,
Por ser por alguém perseguido.

Passa o tempo a uma velocidade louca,
Foge de mim, deixa-me na toca
Do lobo que me vai atacar,
Se eu dele não escapar.


Ruy Serrano - 29.11.2018

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

AO RITMO DA VIDA

Ando ao ritmo da vida, malembo malembo,
Como se diz na minha terra,
Onde não se acelera,
Ainda me lembro.

Comecei a vida devagar, não fosse tropeçar,
Assim consegui singrar na vida,
Com boa companhia,
Boa de recordar.

A companhia da minha vida, foi meu pai,
De quem herdei alguma sabedoria,
Que enriqueceu meu sentir
E me fez a vida curtir.

Deu-me muitas dicas e bons conselhos,
Que eu segui a bom preceito,
Foi para mim um feito,
Sem defeitos.

Ao ritmo da vida, descobri os segredos 
Que me foram então revelados,
Sem quaisquer rodeios,
Por mim abençoados.

Ao ritmo da vida conto chegar ao fim,
A escrever a minha poesia,
Para ser por mim lida,
E ser oferecida.


Ruy Serrano - 26.11.2018

domingo, 25 de novembro de 2018

BATESTE À MINHA PORTA

Bateste à minha porta, nao a abrirei,
Fui enganado, beijar tu não quiseste,
Não sei a razão porque tu apareceste,
Diz o que queres de mim, eu não sei.

Esta casa é modesta, mas é minha,
Reparto-a com a família e amigos,
Nāo deixo entrar intrusos como tu,
Repudío todos os meus inimigos.

Podes bater as vezes que quiseres,
Que  não a vou abrir nunca para ti,
Estou à espera duma outra mulher,
Não quero que insistas tanto assim.

O amor não se entrega por preço
Nenhum, é voluntário e gratuito,
O meu é por mim bem escolhido,
Tem a justa força, medida e peso.

Ruy Serrano - 26.11.2018


IDEÓLOGOS E IDIOTAS

Não consigo distinguir estes personagens,
Confundem-se com as puras realidades,
Não há diferenças, nem sequer verdades,
Disfarçam-se com as mesmas roupagens.

O que mais se vê, são sempre os mesmos,
Com suas teorias que tentam fazer passar,
Suas ideologias idiotas meras porcalhotas,
Que é imperioso não elogiar, mas ignorar.

Povoam as assembleias dos seguidores,
Que rejubilam com discursos inflamados,
Procuram vender banha da cobra barata,
A pacóvios ignorantes sem nada de nada.

Assim vai o país, entregue a estes imbecis,
Não há volta a dar, estão bem instalados,
Nem um golpe ou contra-golpe resolverá,
É um sistema blindado que não permitirá.

Os ideólogos e idiotas existirão sempre,
Fazem parte deste mundo cruel e cão,
A sus remoção é apenas uma aspiração 
Que nunca terá sucesso por deficiente.


Ruy Serrano - 26.11.2018

sábado, 24 de novembro de 2018

CAMINHOS PARALELOS

Seguimos caminhos paralelos,
Não sabemos onde nos levam,
Jamais nos encontraremos,
Não permitem que nos amemos.

Nascemos naquele mesmo dia, 
Seguimos caminhos diferentes,
Não sei por onde tu caminhas,
Dificilmente ainda serás minha

Cruzada tão difícil esta nossa,
De nunca nos encontrarmos,
Sabendo que o amor é mútuo,
E ser assim tudo tão absurdo.

Tomara que as linhas se unam,
Para podermos celebrar o dia
Mais feliz das nossas vidas,
Com abraços e beijos doces.

Celebremos esta bela data,
Outra igual será celebrada,
Quando tivermos herdeiros,
E não nos faltar então nada.


Ruy Serrano - 25.11.2018

UMA INCURSÃO PELA MOURARIA

Minha dedicatória à fadista Carminho

Por entre vielas e escadinhas escuras,
Penetrei no interior da Mouraria,
Para ouvir um fado castiço,
Carminho, que eu tanto admiro.
Seu timbre doce e sensual,
Me deixa rendido,
Pena capital,
Admirar assim tanto,
Uma fadista única e diferente.
Que eu trago sempre presente.
Não me canso dos seus fados,
São momentos de magia, 
Encantados.
Nāo descubro o caminho,
Para conhecer a Carminho.
Sei que anda por aí,
É inalcançável e incontatável.
No estrangeiro é embaixadora,
Espalha o nome de Portugal
Com a sua voz e o seu encanto.
A Carminho anda por aí,
Nao a encontro e eu aqui.
É o meu desalento.

Ruy Serrano - 24.11.018




sexta-feira, 23 de novembro de 2018

OS DONS DE MINHA MÃE

Os dons de minha mãe eram muitos,
Excelsa senhora, de vida preenchida,
Muito nova foi professora na aldeia
Do Coentral, indo a pé da Gestosa,
Sua aldeia Natal, trinta quilómetros,
De baixo de chuva e de muito frio.

No Coentral conheceu o seu amor,
Também jovem e belo Artur Serrano,
Com quem casou e a África rumou.
Em Cabinda, nova vida ela iniciou,
Para além de caixeira foi parteira,
Das suas amigas mais chegadas.

Criou seis filhos, com muito amor.
Deu-lhes educação, foi o exemplo,
Que absorveram e que seguiram,
Com êxito nas suas vidas futuras,
Este foi o seu mais valioso dom,
Que sobressaiu com bonito tom.

A sua última cruzada foi bem dura,
Dedicou-se totalmente a meu pai,
Nos momentos derradeiros da vida,
Em que iria perder sua companhia.
Assistiu com sua maior dedicação,
Ficando a sofrer de muita emoção.

Sua vida apagou-se como uma vela,
Formosa e com um sorriso afectuoso,
Deixando todos com muitas saudades,
Da mãe, avó e bisavó que perderam,
Uma vida incomparável de verdades,
Que jamais alguém ousará comparar.


Ruy Serrano - 24.11.2018

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

VEM COMIGO

Vem comigo, dá-me a tua mão,
Ajuda-me a desbravar o caminho,
Corro enorme perigo,
Não me digas que não.

Vem comigo, não há tempo a perder,
Contigo deixarei de temer
O perigo que corro,
Preciso de socorro.

Vem comigo, juntos seremos fortes,
Para derrotar o misterioso inimigo,
Que me tem perseguido,
Precisamos de ter sorte.

Vem comigo, faz-me companhia,
Durante toda a noite e todo dia,
Quero dormir tranquilo,
Junto a ti muito unido.

Vem comigo, muito brevemente,
Para não perdermos tempo,
Que se esgota depressa,
Diz que vens, confessa.

Ruy Serrano - 23.11.2018


terça-feira, 20 de novembro de 2018

O MEU ESPELHO

Tenho um espelho onde me revejo todos os dias,
Umas vezes tenho a sensação de que não sou eu,
Outras vejo alguém que deixou de ser um jovem
Que eu conheci há muitos anos, meus enganos.

Vejo um rosto marcado pelos anos que passaram,
Com rugas das amarguras, alguns cabelos brancos,
Olheiras fundas cansadas de assistir a espectáculos,
Pele enrugada pelo calor das queimadas africanas

Outras vezes a imagem aparece rejuvenescida,
Dum jovem de olhos expressivos e sedutores,
Sorriso confiante no sucesso duma bela vida,
Por quem atraentes mulheres se apaixonavam.

É um tempo longínquo que se perde na memória 
Guardada no baú das minhas boas recordações,
Invejado e mal desejado que ousara enfrentar
Gente da pior índole que o quisera prejudicar.

Confuso me acho, não sei quem é o verdadeiro
Personagem que me aparece no meu espelho,
Se sou eu de hoje ou de ontem, descodificarei
O enigma pra me deitar e dormir mais tranquilo.


Ruy Serrano - 21.11.2018

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

AQUELES DIAS DE ENTÃO

São dias que jamais esqueço,
Curioso espreitava o meu pai,
Deitado na cama pra repousar
A ler o jornal do dia, um prazer
Pra ele de ler e pra mim do ver.
Ensonado, deixava o jornal cair
Sobre o rosto, vindo a ressonar.

O sono do meu pai era breve,
Cerca de uma hora chegava 
Para voltar à sua labuta diária,
Bem árdua até a noite chegar,
Enquanto no quintal brincava,
Com o meu amigo chimpanzé,
Que adorava estar ao meu pé.

Aqueles dias de então jamais 
Voltarão, estão pois perdidos ,
Mas sempre aqui recordados,
Por terem sido bem vividos,
Tempos que me são queridos,
E por mim toda a vida amados.
Deixando-me assim aos ais.

Ruy Serrano - 19.11.2018




domingo, 18 de novembro de 2018

QUERO AMAR AS COISAS MAIS BELAS DA VIDA

Quero amar as coisas mais belas da vida,
Quero conviver com meus sinceros amigos,
Quero sentir a boa dedicação dos animais,
Quero usufruir das magníficas paisagens,
Quer desfrutar dos cheiros da minha terra,o
Quero deliciar-me com a beleza feminina,
Quero escrever poesia com a melhor rima,
Quero protestar com tudo o que é errado,
Quero construir um outro Mundo diferente,
Que seja mais justo, melhor e mais pacífico
Amar as coisas mais belas é o que quero.
Não vou desistir sem concretizar o desejo
Que sempre alimentei e jamais alcancei.
É TUDO POR QUE DESESPERO E QUERO.

Ruy Serrano - 18.11.2018

sábado, 17 de novembro de 2018

SÓ EU SEI...

Só eu sei pelo que passei,
Foram tempos mui difíceis,
Tempos das canalhices 
Sem justiça e qualquer lei.

Tempos em que valia tudo,
Nunca fui na vida sortudo,
A sorte não me consolava
Era tudo uma trapalhada.

Bem fugia eu à perseguição 
A que eu era sempre sugeito.
Não sabia como usar de jeito
Para evitar esta condenação.

Só eu sei porque sou insensível,
Nāo há qualquer solução possível,
Quem me persegue não desiste,
E eu vivo aqui sempre tão triste.

Só tu me podes ajudar, acredito
Que não me abandonarás jamais,
Virás libertar-me daquele maldito
Que me quer abandonar aos ais.

Só eu sei, a ninguém eu contarei,
O que em tempos me aconteceu,
Fui maltratado como um fariseu,
Ainda um dia destes me vingarei.


Ruy Serrano - 18.11.2018