quarta-feira, 31 de outubro de 2018

PIQUEI-ME NUMA FLOR

Piquei-me numa flor do meu jardim,
Sem saber que ela gostava de mim,
Ficou magoada comigo por eu usar
Da minha força para eu a arrancar.

Não foi minha intenção vê-la sofrer,
Meu amor por ela era tão intenso,
Que usaria de bons modos e senso,
Afagando-a com beijos sem ofender.

Pedi-lhe desculpa, ela me recusou,
Ficou tão ofendida com o meu acto,
Que nunca conceder perdão achou,
Por me achar meu moral tão barato.

Desde então receio tenho das flores,
De lhes causar danos e provocações,
Não resisto ao seu odor e suas cores,
Elas são objecto das minhas atenções.

Não me importo de ser picado, quero
Apanhar aquela flor que tanto adoro,
Não suporto muito mais tempo, estar
Privado dela, quero com ela namorar.

Ruy Serrano - 31.10.2018


domingo, 28 de outubro de 2018

FORA D’HORAS




FORA D’HORAS

Neste acabar de tempo que foge,
Ainda não é tarde pra recomeçar,
Há sempre horas para aproveitar,
Não há fora d’horas, nada morre.

Não existe fora d’horas, é tempo
Que se ganha, sem se desanimar,
É preciso nesta estrada avançar,
Para não sofrer um contratempo.

Não há lugar a fora d’horas, hoje
Já amanheceu com a força do sol,
É preciso destapar o nosso lençol,
Pra descobrir novo dia, que surge.

Não devemos ligar a fora d’horas,
As melhoras horas são para viver,
Fazem parte da nossa melhor vida,
E são a nossa melhor companhia.


Ruy Serrano - 30.10.2018

REBENTAM AS ONDAS...

Rebentam as ondas na minha praia,
Deixam queixumes que me chegam
Da minha terra, com soluços tristes
Das notícias amargas que torturam.

As ondas chegam enroladas na areia
Que me afetam os olhos de quadros
Macabros, dos maus tratos infligidos
Aos meus muitos e melhores amigos.

Rebentam as ondas e eu sem poder
Nada fazer para impedir sua acção 
Nociva, que não passa dum assédio,
Permanente e violento ao coração.

Vou fazer um dique para enfrentar
As ondas ferozes e ameaçadoras,
Que invadem o meu único refúgio, 
Sem a ajuda de forças libertadoras.

Rebentam as ondas sem moderação,
Invadem o meu refúgio, provocação 
Difícil de refrear, sem a tua imediata
Ajuda, de quem é cruel e mal trata.

Ruy Serrano - 29.10.2018


sábado, 27 de outubro de 2018

AS ALDEIAS

Crónica 

Recordo as aldeias da minha infância, com muitas saudades. Nas aldeias de origem de meu pai, Coentral e de minha mãe, Gestosa., do concelho de Castanheira de Pêra, eu passei os melhores momento da minha infância. Naqueles lugares tradicionais, eu gozava as minhas férias grandes de dois meses, longe de ambientes citadinos. Porém vivia com maior verdade e prazer pelo permanente contacto com a natureza.
Pela manhã muito cedo, eu ia à mercearia buscar o pão e broa para o pequeno almoço, acompanhado por café com leite. De seguida deitava-me debaixo dum carvalho e deliciava-me com a leitura dum livro de aventuras de Emilio Salgari ou uma revista de banda desenhada do Cuto ou do Bucha e Estica.
Por volta das 11 horas voltava à mercearia para levantar o correio que porventura o carteiro lá tivesse entregue. Era um momento de agradável expectativa ansioso por receber notícias de meus pais. Estes aproveitavam este período de separação para irem até a umas termas e darem um passeio pelo país.
Da parte da tarde, depois duma sesta debaixo da sombra dum carvalho, mergulhava no poço da ribeira, onde aprendera a nadar, em que passava uma hora deliciosa, usufruindo da água cristalina e temperada.
A casa da minha avó era rústica, toda construída de pedra, sem reboco, de 2 pisos, sendo o 1.o andar residencial e o rez-do-chão albergava um palheiro, o carvão e mato e tinha um espaço reservado a colher os dejectos das necessidades que caiam do 1.o. piso. O primeiro andar dispunha de 3 quartos e uma sala comum de comer e estar, com uma lareira numa parede lateral. Era ali que passávamos parte da noite a ler ou ouvir radio à luz de candeeiros a petróleo. E assim passava a minha vida quotidiana na pacatez duma aldeia perdida no sopé da serra da Lousã, durante as minhas férias, de que guardo as melhores recordações.

Ruy Serrano
Escritor 

Tomar - 29.10.2018

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

MANTO DE RECORDAÇÕES

Agasalhei-me num manto de recordações,
Dos momentos que passámos abraçados,
Palpitam os nossos sacrificados corações,
Chegaram as andorinhas com os recados. 
Que trouxeram da minha abençoada terra,
Numa manhã de sol em tempo de quimera.

Sensação a minha de estares ao meu lado,
No meu leito de cambraia de bela brancura,
Sobem ao céu minhas preces de desejos,
Que tu me cubras com teus doces beijos,
E Deus me contemple com sua bondade,
Chamando-me à minha sensata realidade.

Aviva-se a minha memória de recordações,
Dos tempos de magia tropical que vivemos,
Como almas gêmeas e quentes corações,
Que palpitaram nossos amores adocicados,
Com que nesta vida nos comprometemos,
Por projectos em comum, por nós criados.


Ruy Serrano - 24.10.2018

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

ANDO À PROCURA DE MIM MESMO

Ando à procura de mim mesmo, não me encontro,
Corri o mundo, foi um permanente desencontro,
Não achei o que eu procurava, a minha bela amada,
Fiquei para sempre sem saber onde se encontrava.

Tantas terras, tantos lugares e esconderijos secretos,
Não vi vivalma, vi apenas bairros de mau aspecto,
Com casas vazias, sem vestígios de gente perdida,
Minha busca foi aturada, sem êxito, nada merecida.

Fiquei só neste pedaço de terra a ver se me achava,
Não me reencontrei, outra coisa não era esperada,
As invejas e perseguições foram uma vil constante,
Fui assim abandonado, sem ninguém, num instante.

A justiça tarda, vai chegar fora do tempo, atrasada,
Devia ser pelos seus erros, severamente castigada,
Mas os juizes corruptos ignoraram a pura verdade,
Sentenciando-me sem culpa formada, de maldade.

Não vale a pena andar à procura de mim mesmo,
Pois o crime anda à solta à procura duma presa,
Buscam por todo o lado, sem provas e a esmo
Receio o meu de me encontrarem ao anoitecer.


Ruy Serrano - 19.10.2018

ESTRELAS INQUIETAS

Nessa noite riscada de estrelas,
Tu brilhavas entre as trevas,
Silhueta de mulher bela,
Minha donzela.

As estrelas cheias de ciúmes,
Faziam desenhos no céu,
Movidas por queixumes,
Por eu ser teu.

Desta terra longínqua, aprecio
O céu azul crivado de luzes
Que as estrelas com cio,
Desenham cruzes.

Se as estrelas descessem à terra,
Entraríamos tristes noutra era,
Em que a vida acabaria,
E outra surgiria.

As estrelas seriam donas da terra,
Usariam de disciplina severa,
Para impor ordem e justiça,
Acabando com a injustiça.

Ruy Serrano - 18.10.2018




terça-feira, 16 de outubro de 2018

O ÚLTIMO BEIJO ?

O último beijo que te dei, nunca esperei
Que me doesse tanto, fiquei em pranto,
Custou-me tanto saber que te ia perder,
Foi tão longo e cruel este meu padecer.

Triste sina, teres deixado de ser minha,
Dúvida tenho se me trocaste por outro,
Volta para mim, para a minha guarida.
Estou vivo, não me tomes como morto.

Este não será o último beijo que te dou,
Outros virão quando tu te arrependeres,
E vieres ter comigo para nos beijarmos,
E este nosso reatar assim festejarmos.

Beijar-te é como subir ao céu colados,
Esquecendo por momentos os pecados,
E gozar o tempo que ainda nos resta,
Celebrando a vida como uma boa festa.

Não acredito nem desisto de nunca mais
Te beijar, o beijo é para se dar ao amor
Que mais amamos com bastante fervor,
Os beijos que dermos nunca são demais.

Ruy Serrano - 17.10.2018


segunda-feira, 15 de outubro de 2018

ESTE POEMA QUE TE DEIXO

Este poema que te deixo, é só para ti,
É o poema que te dedico, e te omiti
Minha confissão dos meus pecados,
Que nunca te foram confessados.

Pequei por omissão, não pensando,
Que não me perdoarias alguma vez,
Quando eu mentindo, te ia jurando,
Só a ti tanto amar, com cruel altivez.

Deixo esta vida na incerteza de ter
O teu perdão, diz-me se já sabias
Que te atraiçoava e nada contava,
Passei a vida toda a te fazer sofrer.

Este poema que te deixo é o último
Que escrevo nesta vida tão dorida,
Outros poemas de amor eu escrevi,
Que te dedicar devia, o tino perdi.

Espero que este derradeiro poema
Tu o guardes para sentires o sabor
Daqueles bons e maus momentos, 
Que passámos juntos, com amor.


Ruy Serrano - 16.10.2018

SOU DO POVO

Sou do povo, vivo com o povo,
Nāo pertenço ao enorme polvo,
Em que me sinto tão envolvido,
E por nunca eu ter contribuído.

Com o povo vivi muito tempo,
Enquanto tive certa liberdade,
Ter sofrido sério contratempo,
Foi para mim uma eternidade.

Abri as portas para o meu povo,
Deixei-o entrar em minha casa,
Chamaram-me de muito louco,
Toda a gente assim me acusava.

O povo de tão humilde, sofre 
Com a a peor descriminação
A que está sujeito, tão pobre
É, que teme pelo seu coração.

Entre o povo não há disputas,
Pouco ou nada têm, alguma
Coisa que sobra são macutas,
O seu colchão é de espuma.


Ruy Serrano - 15.10.2018

domingo, 14 de outubro de 2018

AMIGO DO MEU AMIGO

Sou amigo do meu amigo, de verdade.
Estou com ele a todo o momento, sou
Seu amigo, por ele sinto de verdade,
O que sempre meu coração me tocou.

Ter um amigo a sério é uma fortuna,
Vale mais que o dinheiro que tu tens,
Se ficar sem o meu amigo é tortura,
Amigo de verdade é o maior dos bens.

 Abraço  apertado vou dar ao meu amigo.
Não quero que ele pense que o esqueci,
Com o meu amigo me sinto num abrigo,
Espero que ele não pense que lhe menti.

Vivo feliz por ainda ter um amigo comigo,
Os outros partiram um dia sem um adeus,
Sei que foram chamados ao céu por Deus,
Deixando-me aqui na Terra muito sofrido.

Quando eu tiver cumprido minha missão,
Na Terra, que Deus me conferiu, partirei
Então de consciência tranquila e o coração 
Tranquilo por tudo aquilo em que acreditei.

Ruy Serrano - 14.10.2018


sábado, 13 de outubro de 2018

BEIJOS MEUS

Os beijos que eu te dei,
Não os saboreaste,
Foram beijos meus,
Que só a ti eu beijei.

Muitos beijos eu perdi,
Triste eu fiquei,
 Sempre na vida senti,
Seres meu ouro de lei.

Os beijos que eu dei,
Não têm conta,
Foram muitos, 
Minha cabeça tonta.

Hoje já não dou beijos,
Guardo-os comigo,
Para os levar virgens,
E não ter vertigens.

Os beijos que eu dei,
Foram sem destino,
Meu mau desatino,
Transgredindo a lei.

Beijei-te nas tuas partes
Íntimas que descobri,
Foram as minhas sortes,
Nunca beijar te pedi.

Arrepios muitos eu senti,
Ao beijar os teus peitos,
Por não ter experiência 
De beijar com sapiência.

Beijos meus estes beijos 
Que ainda tenho para dar,
Sem nenhuns receios,
A beijar te vou abraçar.

Ruy Serrano - 13.10.2018