domingo, 7 de outubro de 2018

TEMPO DE OUTONO

Sento-me naquele banco e sinto a ausência 
Da minha cadelinha, a minha maior amiga,
Agora, restam-me as folhas amarelas caídas,
Dum tempo que se esgota nas lembranças
Que não consigo guardar, de mim fugidias.

Fugidios são também os meus belos sonhos,
Que alimentei toda a minha prolongada vida,
E se perderam em momentos tão medonhos,
Por serem realidade, longe de pura fantasia.
E que o tempo nebuloso me oculta a beleza.

Tempo de outono, tempo triste e tão amarelo,
Pintura natural da natureza com pinceladas
Do meu viver que é dum passado tão singelo,
De que já não me lembro das minhas amadas,
Por me faltar a memória, mal do meu cérebro.

Tempo de outono em que as alegres andorinhas
Abandonaram os seus ninhos e voaram velozes
Para Sul, em busca de sol e de outras amizades,
Trazendo de volta notícias, as últimas novidades.
De cuja política barata é proclamada por vozes.

Com o outono, dá-se a total e longa hibernação,
Da vida, que desvanece por acção amarelenta 
Do tempo, capricho e alternância das estações,
Que Deus criou pra sensibilizar esses corações 
Impedernidos por uma filosofia de vida bafienta.

Ruy Serrano - 08.10.2018

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