quarta-feira, 28 de julho de 2021

E POR VEZES…


Por vezes dou por mim a falar comigo,

Pergunto a mim próprio o meu estado 

De espírito, por andar muito distraído,

E falar sem sentido, muito preocupado.


E por vezes imagino que tomo banho,

Na baía de CABINDA, onde eu ainda

Me sinto bem, apesar da água suja

Pelo petróleo que anda à sua tona. 


E por vezes, imagino-me na floresta

A conviver com os animais em festa,

Matando saudades do tempo antigo

Em que era para eles grande amigo.


E por vezes regresso à minha escola,

Onde aprendi as primeiras palavras

E conheci amigos a amigas a sério,

Por saber que é irreal, um desespero.


E por vezes penso nas brincadeiras

Que tive descontraído e sem senso,

Ao arriscar sofrer com as asneiras,

Que cometia com um contratempo.


E por vezes recordo as emissões 

Do Rádio Clube de Cabinda, no ar,

Com a minha voz a falar ou recitar

Poemas da minha lavra, de adorar.


E por vezes tenho bela sensação.

Que nas areias da praia do farol,

Me envolvo abraçado, à mulata

De sonho, minha boa obsessão.


E por vezes acordo sobressaltado

Por tais sonhos ter sido assaltado,

Ficando triste por ter sido irreal

Tudo o que sonhei, pena capital.


Ruy Serrano - 29.07.2021


terça-feira, 27 de julho de 2021

O MEU SILÊNCIO



Vivo do meu silêncio, com o meu silêncio,

É a minha permanente companhia, guardo

O meu silêncio, não quero que seja fardo

Pra ninguém, com ele vivo e me sustento.


Roído de saudade, o silêncio é cúmplice,

Acha que deve ser surdo, mudo e cego,

Enquanto não melhorar eu não sossego.

Será para sempre uma grande chatice.


Por vezes dá jeito viver com o silêncio

Que me faz companhia nos momentos 

De maior tristeza e depressão, é senso

Que afasta para sempre os tormentos.


Com o silêncio eu conspiro toda a vida,

Insatisfeito com tudo a que eu assisto,

A vida é muito mais curta que comprida, 

Mas com coragem a tudo ainda resisto.


Silêncio é palavra mágica que os poetas

Mais apreciam por ser melodiosa e pura,

É quando me apetece andar de cuecas

Pela minha casa de maneira mais segura.


Ruy Serrano - 27.07.2021


quarta-feira, 21 de julho de 2021

OS MEUS MEDOS





Tenho medo não sei de quê

É um medo que me persegue,

Tenho de indagar pois porquê,

Qual será o mal que se segue.


Os meus medos são variados,

Não tenho antídoto para eles,

Vou resistir com todo empenho,

Assim não me falte o engenho.


Os medos têm receio de mim,

Acham que os posso afrontar,

Lutarei sempre como até aqui,

Até por fim os poder derrotar.


Vou de vez acabar com medos 

Que se acham mui poderosos,

Embora sejam maus e azedos,

Nāo têm miolo e nem caroços.


Os medos foram pois extintos,

Nem lhe valeram seus instintos,

Perderam a noção da sua vida,

Que acabou por ser destruída.


Ruy Serrano - 22.07.2021




Vou de vez acabar 


terça-feira, 20 de julho de 2021

ANDO A PENAR


Doces são os teus lábios,

Meigos são os teus olhos,

Redondos os teus peitos,

Macias tuas belas mãos.


Eu sou o vero contraste

Da beleza muito natural

Que faz de mim traste,

A sofrer de grande mal.


Não sei porque eu nasci

Assim vesgo, anti-natural,

Se o meu tão grande mal,

Foi sobreviver e não morri.


Os meus queixumes muitos

São de azedumes tantos,

Que lhes perdi sua conta,

Ficando aos ais de pranto.


A vida caprichosa se revelou,

Não quis colaborar comigo,

Arranjou um outro seu amigo,

Por o ter, sempre ambicionou.


E eu para aqui ando sozinho,

À procura do meu caminho,

Que não encontro em lugar

Nenhum, não o sei localizar.


Ruy Serrano - 21.07.2021


VENCER A GUERRA


Onde estão esses libertadores do planeta,

Que não aparecem nos peores momentos,

A sua valentia não passa duma mera treta,

Revelam cobardia e falta de sentimentos.


Estamos na expectativa da nossa desejada

Libertação, que nunca chegará, foi achada 

Mas desertou para não enfrentar o perigo

Que é cada vez maior, com ataque inimigo.


Lanço desafios de ataques para a defesa

Da nossa integridade, por falta de firmeza.

Abrem-se brechas na trincheira fortificada

Para evitar que possa vir a ser derrubada.


O inimigo cobarde desertou e se refugiou

Para lá das nossas linhas mais adiantadas,

Com receio de serem por nós derrubadas,

Poucas forças inimigas feridas sobraram.


Assim terminou a guerra que pouco durou,

Pois o inimigo impotente jamais arriscou,

Deu-se início a novo tempo de muita Paz,

Em que acreditámos nunca mais nas más.


Ruy Serrano - 21.07.2021

segunda-feira, 19 de julho de 2021

A FEITICEIRA


Não me enganas, és feiticeira de verdade,

Vieste do além para espalhares na terra

O teu feitiço, sem escrúpulos e tão bera

Que és ameaça de veneno e de maldade.


És feiticeira de nome, disfarçada de mulher,

Onde não deves metes sempre a tua colher,

Vou fazer os impossíveis para te prejudicar,

Não hás-de qualquer tua maldade praticar.


Repudio teu nome, tua presença perigosa,

Vou fazer com que sejas o mais vagarosa 

Que te faça desistir dessas más feitiçarias.

Irei praticar muitas e tão severas judiarias.


Desiste dos teus feitiços, são só idiotices,

Escolhe outra profissão, com mais futuro,

Esta por ser falsa é como pão muito duro 

Que não consegues trincar, são chatices.


Deixarás de ser feiticeira num dia qualquer,

Quando chegar à triste conclusão e quiser 

Que tu desapareças duma vez pra sempre,

Tal como uma nojenta e vencida serpente.


Ruy Serrano - 20.07.2021

BATEM PALMAS AS PALMEIRAS



Batem palmas as palmeiras, 

A chamarem por mim,

Amigas verdadeiras,

Elas são assim.


Palmeiras da minha bela terra

Que jamais esquecerei,

Não as deixarei

Sāo desta era.


Palmeiras como as africanas 

Não há nem parecidas,

Sai minhas amigas,

Não esquecidas.


Batem palmas as palmeiras,

Não param de bater,

É tal o seu sofrer,

De tremedeiras.


Cansadas de bater palmas,

As minhas palmeiras,

Dizem asneiras,

Têm traumas.


Jamais esquecerei as palmeiras

Que deixei na minha terra,

Elas são como freiras 

Que fazem sua reza.


Batem palmas as palmeiras

Não  se cansam de bater,

Meu receio, meu temer,

De suas canseiras.


Ruy Serrano - 20.07.2021