quinta-feira, 30 de agosto de 2018

CORAÇÃO DIVIDIDO

Tenho o meu coração dividido, 
Sofro por parte de mim perdido,
Entre duas terras que eu amo,
Meu triste sofrer e desânimo.

Terras tão longe uma da outra,
Que meu coração não suporta,
Percorrer tamanha distância,
Numa qualquer circunstância.

Sinto apelos deste meu coração,
Para me dividir em duas partes,
Tenho receio de sofrer ataques,
Do bater apressado por pressão.

Unir o meu coração é impossível,
Resiste à minha própria vontade, 
Prefere manter-se assim dividido,
Do que voltar a ser um dia unido.

Ter um coração dividido é doloroso,
Por me deixar partido, de muita dor,
Não quero continuar assim dividido,
É imperioso que volte a ser unido.

Ruy Serrano - 31.08.2018



quarta-feira, 29 de agosto de 2018

A MINHA CULINÁRIA

A minha culinária é especial, é única,
Ninguém como eu sabe lidar com ela,
Concebo pratos que são apreciados
Pelos amantes da poesia dedicados.

Utilizo uma panela que ponho ao lume,
Nela deito palavras de amor e paixão,
Em lume brando e com uns temperos,
Cozinho versos que brotam do coração.

Após algum tempo, surgem as estrofes,
Que compõem os meus bonitos versos,
Que ofereço aos meus leitores virtuais,
Da minha poesia são admiradores reais.

Orgulho-me da minha culinária, distinta 
De todas as outras, a minha é especial,
Não está à venda, tem boa qualidade,
É a mais saudável e tem tão pouco sal.

Aceito encomendas de pratos especiais,
Preciso apenas do tema e das intenções,
Número de versos, se poema ou soneto,
A inspiração e a escrita ponho na panela.
Deixo a cozer em lume brando com amor.

Ruy Serrano - 29.08.2018


terça-feira, 28 de agosto de 2018

VIVER PORQUÊ E PARA QUÊ

Intrigado estou por não saber,
Porque nasci e para quê,
Se a vida só me deu surpresas,
E me deixou sem defesas.

Em criança, brinquei e abusei
Da paciência dos meus pais,
Fiz traquinices e tropelias,
Por vezes andava aos ais.

Quando adolescente, namorei,
Os estudos pouco aproveitei,
Foram anos de muitos sonhos,
Tive pensamentos medonhos.

Em adulto encarei a vida a sério,
Para não ficar atrasado,
A vida tornou-se um mistério,
Não queria ser questionado.

Trabalhei que me fartei, 
Dia após dia, cansado fiquei,
Sem conseguir o que queria,
Tive de perder a mania.

Na idade mais madura,
Com a família constituída,
Construí minha guarida,
Depois de vida dura.

Com o passar dos anos,
Meus passos ficaram pesados,
A vida causara-me danos,
Impossível de serem curados.

O futuro imediato e breve,
Chega a mim como lebre,
Aumenta a minha curiosidade,
Em saber o que é a verdade.

Revendo a sério minha vida,
Não sei o que andei cá a fazer,
Se foi um jogo de escondida
E andei o tempo a me entreter.


Ruy Serrano - 28.08.2018

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

EMOÇÕES

São tantas as emoções que eu já vivi,
E com que ainda vivo a pensar em ti,
Emoções que me chegam e me ferem,
Fazendo que tais sentires desesperem.

Toda a vida sofri emoções boas e más,
Com elas construí a minha longa vida,
Não pedi licença a ninguém foi grátis,
Aceitei muitas emoções inquebráveis.

As emoções não têm fim, perduram,
Já não as suporto, abusam de mim,
Dão-me desgostos e alegrias a esmo,
Derretem-se na alma como torresmos.

Emoções são emoções, são perigosas,
Nāo convivem com minhas verdades,
São imprevisíveis e muito mentirosas,
Vivem de má índole e de irrealidades.

Mau grado o meu viver com emoções,
Elas são prejudiciais a todos corações,
Condenado estou a viver toda a vida,
Mesmo não sendo as minhas amigas.

Ruy Serrano - 28.08.2018




MAR ONDE NÃO HÁ BARCOS HÁ SÓ MARÉS

Nesse vasto mar já não há barcos, há só marés,
Os barcos se perderam na imensidão do mar,
Ficaram as marés que se desfazem nas praias
De ilusões perdidas dum triste viver a penar.

Nem a lembrança dos tempos dos barcos guardo,
Porque a vida deixou de viajar nos meus barcos
Que os homens destruíram e fizeram desaparecer,
Os aviões destronaram os barcos, que são parcos.

Os barcos foram meus cúmplices, nesta vivência,
Que me levou e trouxe de África, minha ressaca,
Que me deixou prostrado sem nenhuma decência,
Nesta vida com a vontade própria, ultrapassada.

Eu vivo a envelhecer, os barcos perderam a vida,
Nāo os deixaram viver mais tempo tão merecido,
Nāo mais pessoas e bens viajaram nesses barcos,
Hoje para viajar de avião, os meios são parcos.

Neste meu mar onde já não há barcos, há só marés,
Restaram viúvas que se vingam dos homens cruéis,
Invadindo as suas terras com grandes inundações,
Provocando vastos prejuízos e muitas mutilações.

Moral deste poema: “Não tentes destruir o que tem
poder maior que tu e te pode destruir”.

Ruy Serrano - 27.08.2018








sábado, 25 de agosto de 2018

ANTES DE TE QUERER...

Antes de te querer já eu te queria,
Nunca te confessei, tu nāo sabias,
Quiz que fosse uma boa surpresa, 
Não queria que fosses uma presa.

O meu querer foi sempre desejar
Que fosses minha, sem te pedir,
O mais importante é o meu amar,
Até algum dia eu te poder possuir.

Depois de te confessar meu desejo,
Só te peço que te entregues a mim,
Não quero passar a vida só e assim,
Anseio pelos teus abraços e beijos.

Desce do teu pedestal, vem até aqui,
Tens lugar priveligiado ao meu lado.,
Serás uma perfeita rainha, adorada,
O meu valioso espolio é todo para ti.

Ruy Serrano - 26.08.2018


sexta-feira, 24 de agosto de 2018

O ELÉCTRICO DA GRAÇA

O eléctrico da Graça vem-me à memória,
Não o esqueço por ter sido importante 
Na minha vida de adolescente, em Lisboa,
Quando nele me pendurava para à baixa
Chegar, divertido e gozando sem pagar.

As moedas que tinha eram para o cinema,
Comprava um sorvete, nada me sobrava,
Era uma vida feliz e de que eu desfrutava,
Tornou-se rotina e um agradável dilema.
Assim eram os meus anos de adolescente.

Nunca mais me esqueci do meu eléctrico,
Pendurado nele eu ia até ao seu destino,
Agora acho que era arriscado e sem tino
Eu andar pendurado, sem medir o perigo,
Foi vicio que apanhei e nunca mais deixei.

Hoje ainda ando pendurado à minha vida,
Por me pesarem os anos e os meus euros
Não me permitirem sair de casa, é triste
Ficar encarcerado a escrever boa poesia
Para oferecer aos meus amigos virtuais.

É assim a vida que me chega no dia a dia,
Que eu aceito sem alternativa, já é tarde,
Para se alterar o seu padrão, nem perdão
Me é concedido, foi tempo assim perdido,
Anoitece, começo a sonhar até eu acordar.

Ruy Serrano - 25.08.2018



quarta-feira, 22 de agosto de 2018

AS MINHAS ANDORINHAS

Crónica

São andorinhas residentes, vivem connosco todo o ano. Sem pedirem licença construíram seus ninhos na cobertura da varanda da minha casa. Manhã cedo, mal eu vou à varanda, passam por mim em voo rasante, quase me beijando. É sinal do seu agradecimento permanente. Numa azáfama constante aperfeiçoam seus ninhos com mais musgo para receberem suas crias prestes a sair dos ovos. Sinto um carinho muito especial por estas criaturas, emissárias de Deus que serenam as nossas vidas. Durante todo o dia não sei da vida delas, andam certamente em busca de alimento. Quando o sol mais brilha, elas melhor se sentem, dando largas ao seu contentamento, voando bem alto. Pássaros assim são uma benção para o meu bem estar e contentamento, sabendo que estou de boas relações com a fauna e a natureza que me rodeiam. Como as minhas andorinhas se aconchegaram nos seus ninhos por ter chegado a noite, também eu me vou deitar, dando esta crónica por terminada. Desejo aos meus leitores uma noite repousante e reparadora.

Tomar - 23.08.2018
Ruy Serrano

Escritor

DE OUTRO MODO

Fechei num baú tudo que me restou,
Nem a família escapou,
A vida como é vivida, não diz nada,
É uma grande maçada.

Toda a gente me mente,
É crónico e recorrente assim mentir,
Gente que é demente,
Insensível, passa a vida a se divertir.

E eu, sem fazer mal a ninguém,
Fico quieto no meu canto, não respondo,
Por saber que não sou um bem,
Com valor para ser arrumado, aonde.

Sou esquecido e preterido pelo vício,
Vítima da mentira fabricada,
Na fábrica que fabrica todo malefício,
Comida para mim envenenada.

Setas de cupido envenenadas,
Vêm na minha direção descontroladas,
Esquivo-me para não me ferirem,
Tudo é patético, são fortes bofetadas.

Não é o meu modo, é um outro modo,
Que surge por traição,
Cenas da vida que fogem ao controlo,
Temo pelo meu coração.

De outro modo passei a viver,
Nada me diz nada, nem a minha família,
Só comigo terei de conviver,
Da minha vida, ouvirei uma homilia.

Ruy Serrano - 23.08.2018

A FORÇA DO QUERER

Esta minha força do querer é a valer, Por querer consigo tudo que mereço, Muita gente não consegue o que quer, Porque não tem a força que se requer. A força do querer, é muitos anos viver, Com saúde e alegria, até ao fim da vida, Esquecer o que mais tão nos entristece, Perdoar a quem nos trata mal e esquece. A força do querer tem assim muito poder, Ajuda-me levar a termo os meus projectos Que tenho para realizar, em pouco tempo, Desvalorizando um eventual contratempo. Não vou desistir desta real força de querer, Seria a falência deste meu saudável viver, Que não troco por nada deste meu Mundo, Para não cair num terrível poço profundo. Ruy Serrano - 22.08.2018

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Ó MAR SALGADO

Mar salgado leva-me para longe,
Quero ir ao teu colo para África,
A terra onde nasci que me quere
De volta, por me achar patriarca.

Mar salgado, minhas lembranças
São muitas, foi onde eu namorei
Nos tempos da juventude, amar
Aprendi contigo, meu belo mar.

Meu mar, não me digas que não,
Sofro e temo pelo meu coração,
Leva-me contigo nas tuas cristas,
Por favor de mim não desistas.

Sabes meu mar que tu és para mim,
O meu inspirador, tens tanta força
Que me dás inspiração e fortaleces
Meu ego para vencer difíceis testes.

Ruy Serrano – 21.08.2018

SOMBRA DE MIM MESMO

Sou uma sombra entre sombras
Que se desenham na minha rua,
Nos passeios de pedra alinhada,
De episódios de tanta trapalhada.

Sou uma sombra de mim mesmo,
Desenho surrealista, qual zombie
Que caminha cambaleante, entre
Arvoredo verde de tempo quente.

Sombra que se estende na planície 
Do meu viver, brilha ao entardecer,
Até mais tarde sua luz enfraquecer,
Dor que suporto de dura apendicite.

Sou uma sombra que se eterniza
Na minha vida pra todo o sempre,
Castigo que me foi assim imposto,
E me deixou doente e mal disposto.

Vou desfazer-me desta má sombra,
Quero viver à luz do sol brilhante,
Como um valioso e caro diamante,
Como a força e peso dum elefante.

Ruy Serrano - 21.08.2018