terça-feira, 30 de junho de 2020

UM HOMEM TAMBÉM CHORA

Não me surpreende um homem chorar,
Eu também já chorei, e não sei porquê,
O motivo deve ter sido bastante forte,
Que me quis esquecer desse meu porte.
Não é difícil nem impossível lacrimejar.
As lágrimas brotam como duma fonte,
São cristalinas e de sabor bem amargo,
Correm livres como a água numa ponte.

Há tantos homens que choram, razões
Não faltam, são muitas, fruto do tempo 
Que atravessamos, de tantas agressões
Chora-se por não se suportar pressões.

Quando um homem chora, tudo vai mal
Na sua vida, sem processo de uma cura,
O choro passa a ser remedio, bom alívio
Para quem a vida é difícil e não se atura.

Não me envergonho de chorar, é natural,
Vem da minha alma, acelera o coração,
Passa a ser um alívio da minha pressão,
Fico a ser um homem forte e especial.

Ainda muito hei-de chorar, é manancial
De incertezas e gostos amargos a pagar
Sem culpas nem pecados deste quintal,
Da vida não tenho nunca de me queixar.

Ruy Serrano - 30.06.2020

LISBOA ANDAS À TOA

Lisboa, andas perdida, andas à toa,
Andas mal acompanhada, iludida
Por promessas falsas de namoro.
Podes ser vítima dum novo mouro.
Esqueces as tuas nobres tradições,
Tens sangue lusitano do nosso rei
Primeiro, deves cumprir com a lei
Que foi instituída por veros varões.

Acompanha o Tejo que te venera,
Por seres sua alma gémea natural
Nāo cometas mau pecado mortal,
Que poderá custar punição severa.

Junta-te às varinas e aos fadistas 
Aos ardinas, aos poetas e artistas,
Ao povo simples que por ti nunca
Desistiu, esteve contigo na tua luta.

Envia pelas gaivotas tuas mensagens
De amizade e abraços à outra banda,
Como prova, das tuas homenagens
A uma relação mútua bem profunda.

Mantém teu nome sempre venerado,
Como Portugal exige, da sua história 
Que guardas contigo no teu castelo
Que te ergueram como tua boa jóia.

Ruy Serrano - 29.06.2020

sábado, 27 de junho de 2020

SOBE E DESCE

Como um elevador, a minha vida sobe e desce,
Jamais gosto de andar para baixo e para cima,
Nunca sei onde estou, e a vida assim é peste.
Nāo me sinto bem aqui, vou para outro clima

Clima mais quente com águas para me banhar
E poder nadar para o sobe e desce eu deixar.
Quero mudar de vida, seguir um novo caminho,
Até chegar salvo, de saúde a um outro destino.

Destino que se abre com melhores soluções
Para a minha vida de tantas cruéis ilusões,
Como o sobe e desce que é tão enganador
Que me obriga a viver de um enorme pavor.

Pavor que não me deixa, colou-se ao corpo,
Afectou meu coração e minha sensível alma,
Ando preocupado, sinto-me um mero aborto.
Tenho de ser firme e jamais perder a calma.

Afinal o sobe e desce é o mal menor da vida,
Que se vive enquanto andarmos neste mundo
A vegetar como todos os seres sobreviventes.
Que ainda resistem nunca sendo desistentes.

Ruy Serrano - 27.06.2020


sexta-feira, 19 de junho de 2020

EM QUE É QUE ERREI

Pergunto a mim mesmo, muitas vezes,
Em que é que errei, sem me aperceber,
Que a vida é minha cúmplice nos erros
Que cometi e que me deixaram a sofrer.

Sei que errei, mas não sei porque razão,
Aconteceu na minha vida naturalmente,
Nāo quero que se repitam outros erros.
Que fariam muito mal ao meu coração.

Errar é humano eu sei, mas tanto assim,
Nāo é normal, é falta de cuidado e fatal
Para quem erra tanto como eu, é sinal
De que as pessoas vão duvidar de mim.

Em que é que errei, continuo sem saber,
Os erros foram bastantes e disfarçados,
Que não consigo decifrar como eles são,
Para puder aos ofendidos pedir perdão.

Em que é que errei é a minha pergunta,
Nāo me é dada a resposta adequada,
Vivo uma vida encoberta e aldrabada,
O erro não me deixa a mim ele se junta.

Ruy Serrano - 19.06.2020


segunda-feira, 15 de junho de 2020

AMOR CLANDESTINO

Tenho um amor bem escondido,
É um amor meu tão clandestino
Que não o revelo nem o entrego
A ninguém, é amor que eu prezo.

Este amor clandestino é só meu,
Não tem preço nem bem pago,
Amor como este só aconteceu,
Por ser raro e de valor bem caro.

Trago este amor deste a juventude,
Guardei comigo muito em segredo, 
Considero muito nobre esta atitude
Este amor merece todo meu enlevo.

Estou tão loucamente apaixonado,
Receio eu ser por alguém cobiçado,
Tenho de o proteger como ele pede,
Não quero ficar toda a vida a sofrer.

Amor clandestino ė mais saboroso,
Por ninguém lhe ter algum acesso,
Ele satisfaz com perfeição meu ego,
Não quero viver a vida em alvoroço.

Ruy Serrano - 15.06.2020

quarta-feira, 10 de junho de 2020

A OUTRA FACE DA TERRA

Existe uma outra face da 
Que é desconhecida, mas temida,
Por ser diferente e construtiva,
A nossa face já não é o que era
Deste lado onde hoje vivemos,
Tornou-se perigoso para se viver,
Podemos de repente morrer,
É o que nós assim mais tememos.

Gostaria ainda num próximo dia,
Viver do outro lado da terra,
Deste lado muita violência impera 
Não vejo nenhuma melhoria.

Vivemos deste lado em sobressalto
Por podermos sofrer um assalto
Sem contarmos, triste realidade,
Tomara eu que não fosse verdade.

A outra face da terra desconhecida,
É para mim como uma amiga,
Por querer que eu vá para lá viver,
Porque deste lado vivo a sofrer.

A poesia na outra face da terra
Seria diferente da que aqui escrevo,
Muitos leitores teria interessados
Nos meus versos, mais apreciados.

Um dia destes vou emigrar para lá, 
Não tenho saudades de cá,
Irei recomeçar a minha nova vida,
Doutra maneira, mais amiga.

Ruy Serrano - 11.06.2020


sexta-feira, 5 de junho de 2020

UMA QUESTÃO DE HONRA

A propósito do racismo. Confissão de um negro

Tenho de defender a minha boa honra, 
Que assumi perante meus amados pais,
Que disseram para não me por aos ais,
Respirar ar puro e não recear a sombra.

Sombra que me cobre sem compaixão,
Para me esconder da vista da multidão,
Que quererá me linchar, por ser negro,
Sou um ser humano normal, meu ego.

Ego que estímulo com as minhas ideias.
Que são pessoais, nunca serão alheias,
Defendo o ser humano como o enviado
Por Deus para ser um ente bem amado.

Negro ou branco o sangue é vermelho,
A diferença é só  na cor da mesma pele,
Os sentimentos é que contam, choram,
Riem e morrem e por justiça imploram.

Imploram, reclamam a igualdade justa 
Apelam por tréguas para serem felizes,
Seus apelos fazem eco, sem reposta,
Chegam ao fim da vida muito tristes.

Ruy Serrano - 06.06.2020