quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

MIGRANTES

Andam perdidos por esse mundo, 
Desligados da sua verdadeira identidade,
Perderam a noção da realidade,
Caíram num poço enorme, sem fundo.

Perderam a noção duma família,
Andam de terra em terra, sem objectivos,
Desconhecem os muitos motivos,
Porque são vítimas de injusta homofobia.

Não sabem onde se encontram,
Os lugares são tantos e muito variados,
Que o que vêm os assombram,
Como do mal do mundo sejam culpados.

Vieram ao mundo para serem nómadas,
Migrantes, mais propriamente,
São tomados como terríveis anómalos,
Que não são verdadeiramente.

Interrogo-me porque motivo Deus 
Foi tão severo para com estes seus filhos,
Que por terem cometido pecados,
Deveriam com justiça serem perdoados.

Talvez antes do fim do mundo,
Seja reposta a justiça Divina merecida,
Restituindo aos migrantes,
A vida normal injustamente perdida.

Ruy Serrano - 01.03.2019



domingo, 24 de fevereiro de 2019

ESTE MUNDO NÃO É O MEU

Este mundo não é o meu,
Eu pertenço a outro mundo,
Este em que vivo é imundo,
O meu é um paraíso, é o céu.

No outro mundo não há vaga,
Estou à espera de ser chamado,
Logo haja um lugar disponível,
Meu direito é pois indiscutível.

Este não é o tal meu mundo,
O meu é bem outro, diferente,
Ando a pensar nele, taciturno,
Vou  lá deixar minha semente.

Este mundo que um dia deixarei,
Não me deu o que eu sempre quiz,
Paz e amor, vida difícil que superei,
Evitando cair numa rua por um triz.

Este mundo é para sempre esquecer, 
Não guardo dele boas lembranças,
Tudo de mal me aconteceu, a sofrer,
Perdi todas as minhas esperanças.

Ruy Serrano -25.02.2019


sábado, 23 de fevereiro de 2019

SOBREVIVENTES

Afloram ao meu pensamento, os seres
Sobreviventes, lúcidos, não dementes.
Que vêm seu espaço e tempo a baixar,
Nāo permitindo de se poderem salvar.

Há hoje cada vez mais sobreviventes,
Que quase vivem do ar e da esmola,
Só a vontade de viverem  dá coragem
Para sobreviverem com boa imagem.

Este mundo é dos muitos sobreviventes
Que deambulam sem aspirações da vida,
Tornaram-se autómatos e uns dementes.
À espera da ajuda duma mão mais amiga.

Os sobreviventes são uma estranha classe
Produto do século em que hoje vivemos.
Que vivem artificialmente de promessas 
Nunca cumpridas e os deixam às avessas.

Os sobreviventes só deixarão de existir,
Quando o Mundo acabar por explodir.
E nada sobrar do que nasceu invertido
Nāo restando sequer algum sobrevivo.

Ruy Serrano - 24.02.2019


O QUE EU PASSEI...

O que eu passei é para esquecer,
Foi um mau confronto com a vida.
Que eu tomava como minha amiga,
Mas que me fez muito tempo sofrer.

Tanta surpresa tive no meu percurso,
Que esmoreceu esta vontade de viver,
Tendo de recuperar minhas reservas
Para com outras energias combater. 

O que eu passei, já passou, já lá vai,
A vida agora é outra, partiu do zero,
Há sempre nova oportunidade, sério
É preciso ser para conseguir sucesso.

A vida é uma boa prova de resistência,
Que tem de ser vivida com persistência,
Sem se desistir dos nossos objectivos,
Vencendo sempre os nossos inimigos.

O que eu passei não me irá perseguir,
Receio tem de eu com moral destruir,
Vida nova com alicerces mais sólidos,
Será recuperada nos tempos próximos.

Ruy Serrano - 23.02.2019

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

AMARGURA

Tenho um sabor amargo da vida,
Como o sal da água do mar,
Tal uma lágrima perdida,
Acabada de desertar.

A amargura é mal de mau humor,
Que não se consegue vencer,
É um constante padecer,
É ausência de amor.

Sofro de amargura, não sei porquê,
Não me falta boa inspiração,
Para escrever com paixão,
Poesia que bem se lê.

Toda a gente vive com  amargura,
Faz dela sua companhia,
Sem ser sua amiga,
Vive de usura.

Quero pois despedir a amargura, 
Não sei que argumentar,
De mim tanto abusa
Por onde começar?

Acabei por mandar.a amargura embora,
Sem lhe pagar uma indemnização ,
Tao prejudicado eu fiquei,
Que ignorei a lei.


Ruy Serrano - 18.02.2019

AMBIÇÃO

Todo o mortal é ambicioso,
Tem ambição toda a vida,
Até de morrer em paz, dia 
Que será então miraculoso.

Ser ambicioso é mui legítimo,
Só não ambiciona o descrente,
Ambicionar nunca é pecado,
É ser um mortal preocupado.

Tanta ambição temos na vida,
Que muitas vezes é só magia,
Não somos bastante  realistas,
Somos sobretudo uns egoístas.

Ambicionei curtir bons amores,
Não os achei nunca, pena minha,
Vivi toda a minha vida com dores,
Nunca foi o que eu mais queria.

A minha maior ambição consegui
Que se concretizasse, naquele dia,
Quando escrevi a primeira poesia,
Que me fez feliz como sempre quiz.

Dessa ambição foi o meu sucesso
Com tudo o que eu consegui fazer,
Crónicas e poemas, sem retrocesso,
Ao invés, tudo que escrevi dei a ler. 


Ruy Serrano - 18.02.2019

sábado, 16 de fevereiro de 2019

O VENTO

Vento que levas as minhas ideias,
E me deixas vazio, sem reação,
Levas contigo o meu património
Literário, és pior que o demónio.

Nāo sei porque és tão agressivo,
Foste falso, disseste ser amigo,
A tua atitude é de eu repudiar,
Por assim tão mal eu te odiar.

Vento devolve-me o que levaste,
Não sei afinal o que tu ganhaste,
Enquanto eu perdi o que amava,
A minha doce e linda namorada.

Por seres vento, abusas da força
Que tens para venceres os muros
Que te erguem para te prejudicar,
E o teu ímpeto e agressão travar.


Ruy Serrano - 17.02.2019

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

TERRA VERDADEIRA

Minha terra é verdadeira,
Não fui eu que a inventei,
Pisei a minha bela terra
Ao nascer, doce quimera.

Senti a terra bem húmida,
Ao vir do ventre materno
Que também húmido era,
Meu aconchego mui terno.

O ar respirava o cacimbo
Da madrugada, na manhã,
Da minha chegada, o galo
Cantou alto e me anunciou.

Foi dia de festa nessa terra
Verdadeira que me acolheu,
E alvíssaras deu, por ser são 
Forte e de boa compleição.

Terra verdadeira como esta
Não se encontra no mundo,
É terra de grande esperança,
Que vive de boa temperança,

Tenho orgulho da minha terra,
Ela me criou em tempos idos,
Com meus generosos amigos,
Voltar a esse tempo me dera.

Ruy Serrano - 16.02.2019



quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

CAIXOTES COM HISTÓRIAS

Caixotes com histórias dos refugiados
Que vieram do Ultramar, sem esperar,
Se eles nos revelassem seu conteúdo,
Contar-nos-iam tanta coisa quasi tudo.

Neles vieram objectos de pouco valor,
Apenas coisas guardadas por amor,
O património maior ficou abandonado,
Por não ter sido possível arrancá-ló.

Muitos caixotes foram então violados,
Utensílios de estimação roubados,
Nāo bastara terem vindo só amostras
Do que de maior valor eram supostas.

Não contente com a desgraça geral,
O saque foi considerado justo, banal,
Pelos cruéis  pseudo-revolucionários,
Ao se acharem legítimos reacionários.

O Estado português deu pois seu aval,
Por achar esses actos muito normais,
Deixando impunes os prevaricadores,
De tais desmandos cruéis mentores.

Tristes caixotes à má sorte ignorados,
Que nunca fizeram mal aos insurretos,
Foram objecto de tais actos incorretos,
Sem poderem evitar ser mal tratados.


Ruy Serrano - 14.02.2019

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

FELIZMENTE HÁ LUAR

Dou largas ao meu contentamento,
Felizmente uma noite de luar,
Para eu com meu amor namorar,
É um completo  deslumbramento.

Nesta noite de luar que parece dia,
Vou namorar contigo e te abraçar,
Desejo que muito como magia
Meu ego  poderá assim alimentar.

Gostaria que este luar fosse eterno,
Para contigo viver bons momentos,
E esquecer para sempre tormentos
Que sinto por me achar no inferno.

Felizmente hoje um luminoso luar,
Que na terra irá dar luz aos namoros
Que desfrutam dos bancos de jardim,
Ao se entregarem ao seu doce beijar.


Ruy Serrano - 12.02.2019

domingo, 10 de fevereiro de 2019

PERDIDO DE AMOR

Ando perdido de amor por ti,
Por seres uma flor de jasmim,
Que gostaria de ter em casa,
Como pássaro numa gaiola.

É um amor sem explicação,
Vem de dentro do coração,
Tenho receio de um ataque
Que seja como um massacre.

Perdido de amor, ando assim,
Sabes que eu nunca te menti,
Porque devo sofrer como sofro,
É tao permanente este sufoco.

Nunca pensei andar perdido
Como ando por ti, é absurdo,
Mas muito real e desiludido
Me sinto, por ser tão imaturo.

Perdido por ti, é tão verdadeiro,
Nem que corra o mundo inteiro,
Sei que nunca te encontrarei,
Tu és como jóia de ouro de lei.


Ruy Serrano - 11.02.2019