quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

CAIXOTES COM HISTÓRIAS

Caixotes com histórias dos refugiados
Que vieram do Ultramar, sem esperar,
Se eles nos revelassem seu conteúdo,
Contar-nos-iam tanta coisa quasi tudo.

Neles vieram objectos de pouco valor,
Apenas coisas guardadas por amor,
O património maior ficou abandonado,
Por não ter sido possível arrancá-ló.

Muitos caixotes foram então violados,
Utensílios de estimação roubados,
Nāo bastara terem vindo só amostras
Do que de maior valor eram supostas.

Não contente com a desgraça geral,
O saque foi considerado justo, banal,
Pelos cruéis  pseudo-revolucionários,
Ao se acharem legítimos reacionários.

O Estado português deu pois seu aval,
Por achar esses actos muito normais,
Deixando impunes os prevaricadores,
De tais desmandos cruéis mentores.

Tristes caixotes à má sorte ignorados,
Que nunca fizeram mal aos insurretos,
Foram objecto de tais actos incorretos,
Sem poderem evitar ser mal tratados.


Ruy Serrano - 14.02.2019

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