segunda-feira, 26 de agosto de 2019

PORQUE CHORAM OS MEUS OLHOS

Os meus olhos choram, não sei porquê,
Será que choram por quem me deixou,
Ou porque viram coisas que não se vê
Mas os olhos viram quem me atraiçoo.

Não consigo que os olhos não chorem,
Eles não se conformam, estão feridos
Pelo modo como sou tratado por ela,
Que me trocou por outro, sem apelo.

São tantas as lágrimas perdidas em vão,
Por ela ficar insensível às suas lágrimas,
Lágrimas amargas que me sabem mal,
Por ter sido agredido com golpe brutal.

As lágrimas eram tantas que inundaram
As cearas que deixaram de produzir trigo,
Ficando as mesas sem pão, sobraram
Apenas as migalhas para este mendigo.

Por fim, cansadas, as lágrimas secaram,
Aliviado me deixaram, parei de chorar,
Parti para outra realidade, fui desbravar
Outros caminhos que me abandonaram.


Ruy Serrano - 27.08.2019

terça-feira, 20 de agosto de 2019

DIAS ADIADOS

Os dias passam sempre adiados,
Passam incógnitos e misteriosos,
Nunca se sabe o que nos trazem,
Receio nosso que nos ameacem.

Os dias adiados são de temer,
Nunca podemos neles confiar,
Receio o nosso de um sofrer
Por longo tempo sem o curar.

Os dias adiados levaram consigo,
Tanto coisa de nós para esquecer,
Ficámos privados do abrigo, ruiu
Em dia de tempestade e sorriu.

Os dias adiados, serão achados
Mais tarde, para recordar a vida
Que se vive, em dias recordados,
Duma boa esperança repartida

Ruy Serrano - 20.08.2019


sábado, 17 de agosto de 2019

LEMBRAS-TE MEU AMIGO?

Lembras-te meu amigo, da nossa infância,
Quando brincávamos até anoitecer,
E de nunca nos apetecer
Perder a esperança.

Lembras-te ainda das tantas brincadeiras,
Que nós partilhávamos todo o dia,
Momentos de boa magia,
De muitas asneiras?

Lembras-te daquelas miúdas que seguíamos
Para as provocar a namorar,
Mas que nos negavam,
Serem beijadas?

Lembras-te amigo, de tudo que vivemos
E repartimos, longe de egoísmos,
Em todos os momentos,
Sem heroísmos.

Lembras-te amigo, quando nos zangávamos
Por muito pouco e algum tempo,
Assim que amainava o vento,
Nos abraçávamos?

Pois meu amigo esse tempo passou lesto
E já nunca mais volta para nós,
É um tempo para esquecer 
Para não se sofrer.

Ruy Serrano - 17.08.2019

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

LUANDA DO MEU TEMPO

Guardo saudades da Luanda do meu tempo,
Em que tudo era simples, natural e humano,
Da convivência entre pessoas sem racismo,
Não havia disputas, políticas nem egoísmo.

Luanda que eu amei como minha amante,
Com ela andei num namoro permanente,
Das praias da ilha usufruía meus banhos.
Onde os meus prazeres eram tamanhos.

Luanda que eu percorria na minha vespa,
Utilizando a ligeireza do meu transporte,
Por vezes a rapidez era o meu desnorte,
Para agradar às moças, minha destreza.
Que 
Como gostaria de voltar àqueles tempos 
Em que vivia com prazer bons momentos,
Sem recear ser mal visto e correspondido
De modo provocador e nunca obstruído.

Bela cidade era essa Luanda, diferente
Da que hoje conheço, que é tão artificial,
Sua beleza, sua arquitetura, meu enlevo,
Cidade que a todo o tempo não esqueço.

Ruy Serrano - 14.08.2019






MIGALHAS

Estás migalhas que sobram para mim,
São restos que jamais ninguém quer,
Não é o que eu mais queria, é assim
A vida de quem não a levar souber.

Vou distribuir estas poucas migalhas,
Por quem delas também necessitar,
Não sou egoísta, nem de trapalhadas,
Sou solidário por todos eu considerar.

Hoje todas migalhas são de aproveitar,
Nunca nada se deve pois desperdiçar,
As migalhas sabem a pouco, não vou
Deixar que tudo e nada se aproveitou.

Migalhas são migalhas, são escassas,
Não abundam por não serem aceites,
As pessoas usam de muitas trapaças
Para não as consumirem com gosto.

Ai migalhas que é feito das migalhas
Que nos chegaram em dia de fome,
Espero que sejam pois aproveitadas,
E que se saiba o que se consome.

Ruy Serrano - 14.08.2019



domingo, 11 de agosto de 2019

ANTES DO MUNDO ACABAR

Antes do Mundo acabar, 
Espero que tenha mudado,
Para morrer descansado,
E no céu poder repousar.

Seria o meu último desejo,
Deus permita esse ensejo,
Ver este Mundo convertido
E o eterno inimigo banido.

Antes do Mundo acabar, 
Escreverei belos poemas,
Para meus amigos lerem
E neles ainda se reverem.

Este não é o meu Mundo,
Nasci num outro tempo,
Num Mundo tão diferente,
Que deste sou temente.

Este Mundo será convertido,
E dele uma nova civilização
Surgirá, de ambiente amigo.
E de melhor compreensão.


Ruy Serrano - 11.08.2019

domingo, 4 de agosto de 2019

JÁ NÃO É O QUE ERA

Hoje já não é o que era,
É tudo tão diferente,
Não é como eu quisera,
Sinto-me temente.

O que era bom, já não é.
Passou a ser tudo mau,
O tempo é só no hospital,
Tem de se ter muita fé.

Fé para sobreviver os anos
Que ainda  nos sobram,
Sem sofrermos desenganos,
Receios que nos chocam.

É mais o muito pessimismo 
Que toma conta de nós,
Do que de facto sentimos,
Saudades tenho dos avós.

Já não é o que era, já passou
O tempo do meu crescer,
Hoje vivemos só a sofrer,
O bom da vida jamais voltou.


Ruy Serrano - 05.08.2019

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

AQUELA VELHINHA

Poema dedicado à minha avó patern
Aquela velhinha, coitadinha,
Que é mulher, mãe e avó,
Ninguém dela tem algum dó,
Por ser velha, é esquecida.

Aquela velhinha, que respeito,
Não tem nenhum defeito,
É pura e dedicada mulher,
Não gosta que metam a colher.

Velhinha assim já não existe,
Esta é de tempero e resiste,
Antes quebrar que torcer,
Tem muita energia e saber. 

Aquela velhinha não esqueço,
É a minha avó que eu admiro,
Por ela tenho muito respeito,
Foi sempre meu bom abrigo.

Aquela velhinha, é só de nome,
Seu sobrenome é Serrano,
Meu amor por ela me consome,
Sinto um amor muito estranho.

Aquela velhinha, minha avó,
Já partiu, deixou-me só,
Vivo com saudades dela,
Não há ninguém como ela.

Ruy Serrano - 02.08.2019