sábado, 30 de março de 2019

MALEMBE MALEMBE

Vive malembe malembe, meu irmão fiote,
Não tenhas pressa, deixa passar os anos,
Vive com prazer, a vida só a ti pertence,
Se viveres depressa podes sofrer danos.

Não sejas tão egoista, reparte a tua vida 
Com a tua companheira, precisas dela,
Nāo sejas exigente, malembe, malembe
É o ritmo que tens de dar, tal uma vela,
Que no mar navega ao sabor do vento,
Malembe malembe, sem alguma pressa.

Meu irmão não podes esquecer este dito,
Malembe malembe, é a filosofia Cabinda,
Que nos incita a não ser já, apenas ainda,
Assim teu caminho se abrirá até ao destino.

Malembe malembe é o nosso único lema,
Que temos de seguir com boa confiança,
Com muita calma podes vencer a calema 
Que se levantar, evitando a tua matança.

Malembe malembe irmão, não te esqueças.


Ruy Serrano - 31.03.2019

quinta-feira, 28 de março de 2019

ESPERANÇA DE VIVER

Mesmo a padecer, a esperança de viver
É grande, porque não quero abandonar
Tudo o que conquistei na vida a amar 
Mesmo que ainda venha a muito sofrer.

A vida é um combate feroz que se trava 
Com a morte, para não nos tirar a sorte
De viver mais anos, felizes e a sonhar,
Com o que não se consegue conquistar.

Ha sempre a esperança de viver mais
Anos, para desfrutar o melhor da vida,
Os anos que vivemos não são demais,
È tudo que a nossa existência merecia.

Ter mais cuidado com a minha  saúde,
É imperioso, não posso pois descurar,
Se eu nāo quiser preço caro a pagar,
Indo parar a um frio e sólido ataúde.

Quero manter esta minha esperança
De viver, com a merecida alternativa,
Que Deus me oferece sem eu pagar,
Nada, do que vier ainda a desfrutar.


Ruy Serrano - 28.03.2019

terça-feira, 26 de março de 2019

SOFRER POR AMOR

Sofrer por amor faz parte da nossa vida,
Vivemos com o sofrimento no dia a dia,
Faz doer o coração e estimula a alma,
Faz-nos muitas vezes perder a calma.

Sofrer por amor é uma triste realidade,
Não se pode fugir a esse real desígnio.
Começamos a sofrer com a puberdade.
Sofrer por amor é o princípio do destino.

Sofrer por amor, dói mas também é doce,
Muitas vezes amarga, outras ele agrada,
Passou a ser a nossa eterna companhia,
Como se vivêssemos permanente magia.

Nós sofremos de amor, sem saber porquê,
Nem nos preocupamos porque sofremos,
Muitas vezes é porque amamos alguém,
Outras porque não há amor de ninguém.

Estamos condenados a sofrer dum amor,
Até ao fim dos nossos dias, enorme dor
Assim sentimos sem uma possível cura,
Sofrer de amor é pessoal, é pura usura.


Ruy Serrano - 26.03.2019

segunda-feira, 25 de março de 2019

MATRIZ AFRICANA

África tem uma matriz inigualável,
É expressiva e bastante marcante,
Reflete o feitiço sedutor da mulher,
Que cativa com seu doce encanto.

A beleza e perfeição da expressão,
Contagia quem a conheceu e amou,
Triste o momento em que a deixou,
Quando dilacerou o meu coração.

Pele de ébano, macia e perfumada,
Duma contagiante e amada magia,
Mulher africana, sempre desejada,
Que na minha memória ficou retida.

É a digna representante de África,
Invejada por tantos colonizadores
Que a exploraram sem compaixão,
Assim se saciando até à exaustão.

As queimadas e chuvadas quentes,
Agridem a natureza e a sua beleza,
Resistem as mulheres ao assédio
Que lhes fazem assim sem critério.

Gostaria ainda mais uma vez, ver
A tua beleza bem perto, é desejo
Que eu mantenho de ainda poder
Apertar-te bem junto ao meu peito.

Ruy Serrano - 25.03.2019



terça-feira, 19 de março de 2019

GRANDES COISAS PEQUENAS COISAS

A vida é feita de grandes e pequenas coisas,
Umas Boas, as grandes, outras, menos boas,
As pequenas, com que vivemos todos dias,
Umas de tristezas, outras de muitas alegrias.

É assim esta vida que não podemos ignorar,
Não podemos escolher entre as maneiras
Muitas de viver, entre grandes e pequenas,
São muitas coisas diferentes, são terrenas.

Grandes coisas, pequenas coisas, fenómeno
Que nos atinge, sem podermos fazer escolha,
É a vida que nos impõe a sua livre vontade,
Nada nos vale, nem o pecado ou a bondade.

Entre as grandes coisas e as pequenas, hesito
Escolher uma delas, tenho de ser mais modesto
E optar pelas coisas melhores da minha vida,
Que devo avaliar qual a minha melhor amiga.

Entre as coisas grandes, estão a minha poesia,
E as crónicas, minha família e os meus amigos, 
Para vencer as pequenas que os meus inimigos
Tentam prejudicar tudo de bom da minha vida.


Ruy Serrano - 20.03.2019

segunda-feira, 18 de março de 2019

O QUE RESTA DA VIDA...

O que resta da minha vida, pouco presta,
O melhor ficou pelo caminho,
Foi o amor e carinho.

O balanço que fiz de tudo que aconteceu,
Deu negativo, foi um fracasso,
Fui sempre um chato.

O pouco de bom que eu ainda usufruí,
Foi com quem eu mais amei,
E que eu abandonei.

O que resta da minha vida não interessa,
Ninguém lhe dá importância,
É uma insignificância.

Sou mais um que não teve tanta sorte,
Outros foram bem sucedidos,
Eu apenas corri perigos.

O que resta da vida vou deitar fora,
Não o quero para memória,
Foi uma vida inglória.

Ruy Serrano - 19.03.2019


domingo, 17 de março de 2019

NASCI DO NADA...

Nasci do nada, serei um dia pó,
Sou um grão de areia perdido,
Num mundo de muitas pedras,
Que andam sempre em conflito.

Corro perigos, estou sem saber
Como poderei ainda sobreviver,
No meio desta guerra de pedras,
Que abriu muitas más brechas.

Esgueiro-me entre as pedradas
Que são sem sentido atiradas.
Sou vítima da minha pequenez,
Mas sou um corajoso português.

Não sei se resistirei a esta luta 
Que não é minha, é dos maus,
Travo uma permanente labuta
Para atingir o fim sem traumas.

Este grão de areia que eu vesti,
Está vulnerável, não tem saída,
Cada vez se sente na descida
Da vida de que nunca desisti.


Ruy Serrano - 18.03.2019

OS MEUS HÁBITOS

Tenho hábitos que são muito meus.
Não sei se os herdei ou se os criei.
Já não passo sem eles, são diários.
Como vícios criados tão precários.

À noite benzo -me antes de dormir,
Construo mentalmente um poema,
O tema é o meu mais difícil dilema,
É um gosto fazer o poema emergir.

No decorrer da noite, surgem sonhos,
Alguns agradáveis, outros medonhos,
Episódios da minha vida que passei
E de que nunca mais eu me lembrei.

Os raios de luz através das persianas,
Chegam às minhas retinas de repente,
Abro os olhos, me espreguiço, a mente
Se reactiva, me levanto e vou ao banho.

Segue-se o pequeno almoço, torradas
E leite de soja, e o primeiro café moído 
Pela máquina, ligo a seguir a televisão
Pra passar os olhos pela programação.

Passo ao escritório e pelo computador
Tenho acesso às notícias e novidades,
Consulto a conta bancária com temor
De me surgirem débitos, calamidades.

Leio minhas notificações do Facebook,
Visito páginas dos amigos e de grupos.
Publico poemas escritos e guardados,
Para poderem ser lidos  e comentados.

Leio algumas páginas dum certo livro,
Vejo um ou outro canal de televisão,
Ao noticiário do futebol  dou atenção, 
Vejo que o meu Sporting corre perigo.

Suspendo a actividade do escritório
Vou almoçar e tomo mais um café,
Para não me dar sono, vou passear
Plo quarteirão do bairro, sem parar.

Sento-me num banco do belo parque,
Para usufruir do sol que me aquece,
Aprecio namorados que se beijam
E os pássaros que nos homenageiam.

Regresso a casa ao meu computador,
Em simultâneo ligo o iPad com som,
Ouço música no YouTube e rádios,
Relembro as bonitas canções antigas.

Às cinco horas como fruta ou iogurte,
Bebo um copo de água e vou outra vez
Escrever e publicar, é hábito ou vicio,
Já não sei, talvez algo em que acredito.

Finalmente como sopa e uma sandes,
Vejo duas telenovelas sem qualidade
Que me dão sono, fraca mentalidade
Esta de ver televisão por mero vicio.

À meia noite recolho aos meus lençóis,
Retomo o hábito noturno, adormeço
Às duas horas, cumprindo meu ritual
Que se tornou já um hábito normal.

Ruy Serrano - 17.03.2019







sexta-feira, 15 de março de 2019

O BAILAR DAS LÁGRIMAS

Dançam as lágrimas nos meus olhos,
Que se desprendem, bailando,
Lágrimas aos molhos,
Olhos chorando.

O bailar das lágrimas é a minha sina,
Dançam quando eu me 
 vida que já foi minha 
Naquele belo tempo.

Quando choro as lágrimas bailam 
Nos meus olhos, penduradas,
A pedir que não caiam 
Assim torturadas.

Bailam as lágrimas nos nossos olhos,
Do amor que nos une, felizes,
Esquecem os treçolhos,
Que eram tão tristes.

O bailar das lágrimas é hoje frequente,
Quando penso em ti ausente,
As lágrimas não secam,
Mais me atormentam.

Só tu podes secar as minhas lágrimas,
Para elas deixarem de bailar,
Nos meus olhos de amar,
Que não saram.


Ruy Serrano - 15.03.2019

segunda-feira, 11 de março de 2019

O QUE FICOU PARA TRÁS

O que ficou para trás já não volta.
Perdeu-se na poeira deste tempo
Que já não é o mesmo de então.
É um outro tempo de recordação.

O que ficou para trás vou esquecer,
Não quero sequer pensar reviver
O que já passou há muito tempo,
Perdeu-se no ar,é poeira ao vento.

O que ficou para trás, assim ficou,
Não sei se alguém ainda o achou,
São restos do passado que deixei,
Quando perseguido eu abandonei.

O que ficou para trás, me renovou,
Reiniciei a minha vida do princípio,
Foi com coragem e muito sacrifício,
Foi tudo difícil, mas nada acabou.

O que ficou para trás não recupero,
Seria para mim um mau relembrar,
Como se quisesse ainda perdoar
A quem foi tão mau, sou sincero.

O tempo é outro, o que ficou, ficou,
Agora quem dita o futuro sou só eu,
A vida é outra, de bastante poesia,
Que é a minha eterna companhia.

Ruy Serrano - 11.03.2019