sábado, 12 de abril de 2008

ESBOÇO DO LIVRO "FILHOS DE UM PARAÍSO PERDIDO - HISTÓRIA DE UMA FAMÍLIA CABINDESA DE COLONOS"

INTRODUÇÃO

Provérbio Cabindês: “Kupódi túmuka ko. Nti ava kaménina”. (Ninguém pode arrancar: A árvore adulta que já tem raízes).

Ao abraçar a missão de escrever este livro, tenho como única finalidade concretizar três objectivos: a)-fazer justiça ao colono cabindês; b)-evidenciar e valorizar a família Serrano (personificada pela figura de meu pai, Comendador Artur Henriques Serrano), na sua missão altruísta simultânea de colono e missionário civil; c)-demonstrar que a sua obra, embora veladamente reconhecida como meritória, foi injustamente premiada com a confiscação de todos os bens da nossa família.

Desta última circunstância, resultaram danos gravíssimos para o nosso bem-estar com a deriva e o colapso totais, sentindo-nos traídos dos valores porque tanto lutámos, não reencontrando espaço e ambiente propícios ao desenvolvimento de projectos e concretização de objectivos inatingíveis.

O desenraizamento precoce de meus filhos para terras lusitanas em convulsão, privou-me dos meios materiais e emocionais bastantes que me permitissem a sua reimplantação cuidada e assistida de molde a poder assegurar-lhes o futuro de que eram merecedores. Perante o permanente confronto com a rejeição e bloqueio implacável a que fomos sujeitos nunca nos foi possível reiniciar a vida como seria justamente desejável.

As barreiras eram constantes, as portas fechavam-se umas a trás das outras e, não fosse a estrutura humana que caldeava a nossa vontade férrea de vencer, baseada nos princípios da sobrevivência africana, teríamos sucumbido a todas as contrariedades. Graças a Deus, soubemos persistir honesta e humildemente sem compensações relevantes, apenas suficientes para permitirem a nossa sobrevivência, enquanto os nossos bens de um milhão de contos continuam na posse ilegítima e ilegal dos senhores do poder, perante a indiferença e o beneplácito dos sucessivos governos de Portugal.

À nossa família sobra saúde, laços de união e fé inquebrantáveis e mais alguns anos de vida para assistir, cá na Terra, ao julgamento e justiça que a Providência se encarregará de fazer para que seja reposta a legalidade exigida.

Deixo um apelo aos meus familiares para que tenham Fé em melhores dias que a Aurora da nossa verdadeira Terra Africana nos indicia que prossigamos sem fraquejar.




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