INÉDITO
Até quando ficarei só e distante?
Será que mereço este castigo?
Não estou preparado.
Já não me faço escutar, estou só.
Nem os meus conselhos servem,
Sou achado e julgado, ultrapassado.
As minhas palavras sabem a eco,
Vão e vêm, velozes, em ricochete,
Batem em paredes surdas e mudas,
Rochas duras, negras e enormes,
Figuras sem rosto, disformes,
Enfrentam-me do seu minarete.
Já não distingo amigos e inimigos
Parecem-se cúmplices e siameses,
Agem com egoísmo, de seu interesse,
Cegos, insensíveis e mordazes
Castigando com arrogância e frieza
Não me molestando, sou dos audazes.
Passei a desvalorizar maus tratos.
Ignoro os embusteiros sem rosto.
Vivo no meu recanto, meditativo,
Versejo e escrevo crónicas belas,
Para o prazer sentir de os reler,
Não me arrependendo dos meus actos.
Chamei a mim netos e bisnetos,
Falamos sobre a vida e o futuro,
Incuto neles coragem e humildade,
Não abdicando de valores e razões,
Para vicissitudes poderem vencer,
Sem sofrerem desgostos e surpresas.
Sem comentários:
Enviar um comentário