quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

OS NOVOS-RICOS E OS NOVOS-POLÍTICOS

( Inédito )

Nos tempos que correm, impõe-se fazer uma análise isenta e concreta sobre a sociedade em que vivemos e que germinou depois do 25 de Abril. Constatamos a predominância de duas novas classes sociais, artificialmente criadas à revelia das classes sociais tradicionais e que passaram a controlar e a dominar toda a vida económica e social de Portugal: são os novos-ricos e os novos-políticos.
Passando ao pormenor desta análise, constatamos a cumplicidade existente e evidente entre estas elites sociais que se identificam por se situarem no mesmo patamar e com objectivos comuns. Os políticos, mediante a conquista dos pontos de decisão do país, através de eleições controladas pelos seus partidos, criam e fazem publicar as suas leis para serem cumpridas pelos restantes cidadãos. Estes não são escutados nem consultados na elaboração dessas leis. Os ricos servem de protectores e inspiradores desses políticos, através do seu poder económico, deliberando, em concordância mútua, remunerar-se sumptuosamente, condicionando os proveitos dos mais desfavorecidos. Desta relação promíscua resulta que o crescimento económico acaba por engrossar as bolsas desses novos-ricos, em prejuízo das classes laboriosas, principais obreiras desse crescimento.
A ilustrar a textualidade deste artigo, temos os casos recentes mais flagrantes dos interesses envolvidos por políticos e ricos, a saber: a decisão sobre as administrações das maiores instituições bancárias portuguesas, a Caixa Geral de Depósitos (pública) e o B.C.P. (privada); a construção do novo aeroporto; a rede do TGV; a indemnização astronómica atribuída a Paulo Teixeira Pinto, de 10 milhões de euros (cerca de 2 milhões de contos) e 500.000 euros anuais, (cerca de 100 mil contos), de pensão vitalícia, pela sua renúncia ao cargo que ocupava no B.C.P.
Eis a razão porque há uma descriminação cada vez mais acentuada entre as classes sociais do nosso País, em que ¼ da população já pertence aos mais pobres. Se não houver uma inversão de políticas, repondo a justiça e o nivelamento do poder económico e financeiro das classes mais baixas, assistiremos, irremediavelmente, dentro dos próximos anos, à extinção gradual da classe média com o crescimento abrupto das bolsas de pobreza. Será o desmembramento das famílias que constituem os verdadeiros pilares e sustentáculos da Nação.

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