quarta-feira, 24 de junho de 2009

DESCULPA...

SINGULARIDADES DA LÍNGUA PORTUGUESA

(Inédito)

Esta crónica vem no seguimento da busca encetada no Dicionário da Língua Portuguesa de termos polémicos para divulgação e reflexão das pessoas.

Há breves dias fui surpreendido pelo meu neto mais novo, Afonso, de 4 anitos. Na sequência duma brincadeira entre nós, magoou-me ligeiramente, mas a sua reacção foi pronta e surpreendente: “desculpa”, disse-me ele. Comovido, dei-lhe um beijo de agradecimento

Achei que este momento era digno de ser trazido a lume para servir de exemplo a muitos adultos que baniram para sempre do seu vocabulário este termo muito nobre da Nossa Língua. É pouco corrente escutar-se um pedido de desculpas por qualquer falta consciente ou inconscientemente cometida por alguém em prejuízo de terceiros. Antes, pelo contrário, os eventuais prevaricadores acham-se com razões para não se desculparem e exigirem justificações da parte verdadeiramente ofendida.

Esta atitude irresponsável e menos civilizada de se saber lidar com a verdade, recorrendo aos bons princípios que devem reger os nossos actos, são frequentemente esquecidos por quem se acha acima do convívio pacífico com a sociedade e comunidade em que está inserido. Por ficarem pedidos de desculpa no ar, o termo “DESCULPA” corre o risco de extinção, tal como outros princípios que foram relegados para segundo e terceiro planos. É mais uma das singularidades da Língua Portuguesa que se impõe preservar, através das novas gerações que o meu neto personifica.

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