sábado, 25 de fevereiro de 2017

DEMOCRACIA E PARTIDOCRACIA

Desde o tempo em que eu em África, por ter votado a favor de Humberto Delgado, fui impedido pela PIDE de exercer, em Cabinda, minha terra Natal, funções directivas em organismos de relevante importância, como a Câmara Municipal, o Grémio das Madeiras, a Associação Comercial, o Radio Clube de Cabinda e tantos outros, que prometi a mim mesmo não mais abordar assuntos de natureza política. Todavia, como continuo a ser um cidadão atento aos episódios que se prendem com actos políticos, aproveito a minha disponibilidade para comentar com a minha própria opinião.

Li num blogue sem identificação, a definição perfeita dos dois termos antagónicos.que servem de título a esta crónica. "Em democracia os partidos são instrumentos dos cidadãos", enquanto "Em partidocracia, os cidadãos são instrumentos dos partidos".
De facto, é uma realidade esta interpretação e é por esta circunstância que nunca em Portugal haverá uma política justa e consertada em prol do desenvolvimento do país.
Embora hajam governantes e autarcas eleitos, não representam genuinamente os cidadãos, dado terem sido propostos pelos partidos a todos os cidadãos, sem outra opção de escolha. Enquanto que, se a democracia funcionasse em pleno, seriam os cidadãos que de livre vontade influenciariam os partidos com as suas propostas livres para os diversos lugares elegíveis, contando com cidadãos não comprometidos ideologicamente.
Por outro lado, é recorrente ouvir certos candidatos dizerem que são sensíveis às "pessoas" e não aos "cidadãos". Esquecem-se que "pessoas" é o termo que nos distingue dos animas, enquanto que "cidadãos" é o termo que nos reconhece o exercício da cidadania. E é esta que deve ser levada em conta para enriquecimento da democracia.
Ao aproximarem-se novas eleições autárquicas, já estão a ser esboçadas as listas dos nomes escolhidos pelos partidos para serem postos à votação sem alternativas de opção. Estes candidatos deveriam avançar com as suas propostas de ideias de obras e melhoramentos, sem compromisso, apenas para o eleitorado ficar mais esclarecido.
Pena que assim não seja, deparando-nos com "o mais do mesmo", razão porque a autarquia de Tomar tem deixado os seus eleitores frustrados pela ineficácia das suas gestões consecutivas, apesar da alternância dos partidos na Presidência.
Este fenómeno conta com o beneplácito de certos meios de comunicação que dão cobertura à propaganda eleitoral das listas das suas preferências. E assim ficam de fora cidadãos válidos com preparação técnica e isentos, com grande amor à terra onde residem, que poderia ocupar com êxito lugares chave das autarquias.

Espero que esta minha crónica contribua para uma reflexão dos cidadãos do concelho de Tomar, no sentido de ponderarem o seu sentido de voto no nome da pessoa candidata, abstraindo-se do partido. Saiba que senão votar favorece os maiores partidos, enquanto se votar num partido mesmo pequeno, está a reduzir a votação dos partidos maiores e a aumentar a dos partidos mais pequenos.

Ruy Serrano - 24.02.2017

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