domingo, 13 de fevereiro de 2011

DUAS ÁFRICAS


INÉDITO

Quando olhamos para África, vemos um continente do terceiro mundo sem futuro. A verdade é inteiramente oposta, pois o continente africano é a maior reserva das riquezas material e humana do Mundo, além de ter sido a precursora da disseminação do Homem pela Terra. Vejamos como cheguei a esta conclusão:

África tem de ser vista em duas vertentes: a vertente geográfica e física e a vertente política e social.
Na vertente geográfica e física, há a considerar:

1 - O continente africano é o segundo continente em superfície, com a área de 30.370.000 km2. perdendo o primeiro lugar para o asiático, com 43.810.000 km2.
2 - Conta com 54 países, colocando-se à frente da Europa que tem 46 países;
3 - É o continente mais central do hemisfério, pois as suas coordenadas vão das latitudes 37.40º N. a 34.50º S. e das longitudes 51.44 E a 16.21 O;
4 - Tem a maior diversidade de climas do planeta, indo do temperado ao quente intenso e frio moderado;
5 – Possui a maior bacia fluvial de todos os continentes;
6 - Dispõe da maior costa oceânica, sendo banhado a Leste pelo oceano Índico, a Oeste pelo oceano Atlântico; a norte pelo mar Mediterrâneo; a nordeste pelo mar Vermelho e golfo de Áden;
7 - Tem a maior e mais densa diversidade de fauna e flora, beneficiando do elevado índice de precipitação; sobressaem as florestas do centro de África, os animais de grande e pequeno porte e os pássaros e répteis;
8 – É detentora das maiores reservas minerais do Mundo, principalmente de Petróleo, gás natural, diamantes, ouro, fosfatos, etc;

Na vertente política e social, também encontramos recordes, pelo lado negativo:

1 – É o continente em que quase a totalidade dos países é governada por governos totalitários e pseudo-democráticos;
2 – Impera a discriminação social e étnica, com o mais elevado índice de pobreza e de iliteracia;
3 – É prevalente o maior volume de enfermos de variadas doenças;
4 – É o continente com o mais baixo índice do PIB;
5 – Tem o mais elevado número de refugiados e deslocados;
6 – É um ponto estratégico cada vez mais utilizado para a transferência, para destinos de consumo, de estupefacientes e traficância de seres humanos;
7 – Tornou-se uma fonte rica de exploração de matérias minerais e de cereais, para alimentar as indústrias dos países globalizadores deles carenciados.

Como caracterização principal de África, devemos levar em conta que foi de África que migraram, várias tribos, há cerca de 50.000 anos, para o Sudeste da Península Arábica e posteriormente para a Europa, Ásia e daqui para as Américas, pelo Alasca. Estas populações estavam fixadas há 170.000 anos na região sub-saariana. As tribos que migraram, como estavam sempre em movimento, para fugirem ao rigor dos climas e poderem defender-se dos animais, viram-se obrigadas a recorrer à descoberta de processos para garantir a sua integridade. Essas técnicas foram evoluindo até aos dias de hoje.
Entretanto, houve uma grande parte de tribos que se manteve residual, fiel à sua Terra de natalidade, fazendo a sua migração interna em África, por motivos de marcação de territórios próprios, de acordo com as diferenças étnicas que se foram formando e para se defenderem também das intempéries e dos animais. Estas populações, como, na generalidade, se mantiveram estáticas, não sentiram a mesma necessidade dos que migraram para o resto do Mundo, de inventarem e construírem ferramentas aperfeiçoadas, pelo que estagnaram em todos os campos: técnicas de cultivo, de exploração das riquezas minerais, da descoberta de produtos medicinais químicos, etc.
Por ironia das circunstâncias, foram os próprios povos africanos que iniciaram a escravatura que se estendeu, preferencialmente, por todo o interior, nordeste e litoral atlântico. A partir deste estado de coisas surgiu a colonização feita pelos povos de civilizações mais avançadas, que encontraram na escravatura um filão de enriquecimento com a exportação dos africanos para as Américas. Só, posteriormente, nos finais do século XIX, com a abolição da escravatura se introduziu uma nova forma de colonização, especificamente no aspecto cultural e de permuta, mais recentemente substituída pela globalização, com toda a sua supremacia financeira e política que substituiu a colonização para impor as suas regras.
Chega-se à triste conclusão que, tendo sido os Africanos os impulsionadores da raça humana no Mundo, acabaram por ser dominados e explorados pelos seus descendentes, com o beneplácito e cumplicidade dos governos autoritários que se instalaram nos países, deficitária e precipitadamente criados.
Feitas estas considerações, resta-me manifestar o meu mais vivo repúdio pela maneira como África está a ser tratada, pondo em evidência a África Bela, Virgem, Rica e Majestosa, em contraste com a África de injustiças, escravidão e desumanidade que teimosamente subsiste por imposição. Há portanto, duas Áfricas distintas que se tornam uma pura e chocante realidade, não se antevendo uma alteração à situação que permita conjugar e diluir no mesmo ideal a África Real da África Natural.

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