quarta-feira, 13 de abril de 2011

GRILOS, PIRILAMPOS E QUEJANDOS DA MINHA TERRA

INÉDITO Hoje, mais do que nunca, acho oportuno relembrar o que de mais natural e harmonioso se vivia em África, interagindo com a fauna e flora equatoriais. Essa interacção contribuía para uma vivência mais consensual entre raças e classes desprendidas de ambições egoístas. Na realidade, não me esqueço das noites de luar, quentes e húmidas, com as águas da baía e dos rios, espelhadas pela luz diáfana da lua, e as árvores pujantes de folhagem verde, coberta do orvalho do cacimbo, abrigando nos recantos dos seus troncos, os grilos e lagartos e nos seus ramos, os pássaros e morcegos. Por vezes os macacos desciam ao povoado, em visitas fugazes, através dos ramos dos eucaliptos, regressando às matas e florestas. Eram momentos de sinfonia animal, composta pelos vários intérpretes, com os grilos a crilar, as corujas a corujar, os cucos a cucular, os macacos a guinchar, os morcegos a farfalhar, as rãs e os sapos a coaxar e os ratos a chiar. Os pirilampos, as osgas, os lagartos, os camaleões e as cobras, silenciosos e discretos, compunham o quadro colorido harmonioso do ambiente em que se vivia. Durante muitos anos eu adormecia e acordava embalado por esta envolvência harmoniosa de sons. Apraz-me pois fazer a comparação daqueles seres vivos, que então conviviam pacificamente com as pessoas, e os indivíduos – seres humanos –, com que hoje nos relacionamos e confrontamos que, à sua maneira, e agressivamente, também grilam, cacarejam e emitem diversos sons, mudam de cor e até dão mordeduras perigosas. Isto á apanágio de determinadas castas de indivíduos que não tem nada a ver com a maioria das pessoas. Enquanto aquelas não se corrigirem, estas viverão num País constrangido pelo terror e sem Futuro.

1 comentário:

Margarida disse...

É verdade. Mas adorei a descrição desse cenário tão natural, através da qual me transportei para lá. Aqui é diferente, mas se há coisa que me maravilha, são os pirilampos nas noites amenas antes do Verão e ouvir os grilos no seu canto incansável. Estar em harmonia com a natureza é obra da perfeição de Deus, não há dúvida.