quinta-feira, 28 de abril de 2011

VOCAÇÃO MARÍTIMA

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Ao abordar este tema, não é meu propósito privilegiar o saudosismo, mas apenas reflectir a minha opinião sobre uma realidade que por ter sido desvalorizada, colocou Portugal na cauda do progresso dos países europeus.
Para ser mais concreto, desde os anos 40 do século XX, que me apercebi que as políticas ultramarinas de Portugal não eram as mais adequadas. A percepção dos colonos e naturais africanos era do caminho conservador, ousado e arriscado que o regime estava a trilhar. Os condicionalismos de toda a ordem impostos nas áreas da exploração agrícola e extractiva de minerais, a par do travamento ao progresso cultural e educacional das populações, sem distinção de etnias, em que os próprios brancos eram considerados cidadãos de 2ª categoria.
Durante largo tempo não era permitido os naturais ultramarinos exercerem cargos públicos, muito menos políticos, nem podiam ascender à classe de oficiais das forças armadas. Todavia, para mim, o erro mais crasso foi a atrofia das actividades económicas que deveriam ter passado por maior liberalização da iniciativa privada. Impor-se-ia ter sido incentivada a expansão comercial, industrial e agrícola, sem a preocupação obcecada da protecção da classe colonialista, bandeira do regime que tinha o exclusivo das importações no Ultramar, de todos os bens de consumo. O volume de importações obrigatórias de Portugal era elevado, por insuficiência da produção ultramarina.
Um dos aspectos mais absurdos e negativos da colonização, impostos pelo regime, foi a exclusão da construção de estradas, aeroportos e portos de mar. Posso citar o caso particular de Cabinda que só conheceu o asfalto na década de 60 e o porto de mar, cuja construção já era reclamada há 80 anos e que é de reconhecida necessidade. Os aeroportos, em reduzido número, só permitiram a utilização de aviões de longo curso também tardiamente e restrito a 3 aeroportos.Toda esta narrativa tem por finalidade, chamar a atenção para os erros que se cometeram e que se repetem, esquecendo o aproveitamento das potencialidades que o Mar representa para o desenvolvimento de Portugal. Estamos de costas voltadas para o Mar, quando este deveria ser a nossa prioridade em relação à Europa, pois a nossa verdadeira vocação é marítima. Para o nosso descalabro contribuiu o desmantelamento da marinha mercante. Outros países tomaram a nossa posição, tirando disso dividendos. Há que ter ainda em conta a riqueza submersa ao longo da nossa placa continental que permanece no segredo dos Deuses por interesses obscuros prevalecentes

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