terça-feira, 22 de maio de 2012

CONTEMPLANDO O MAR

Desço ao litoral para contemplar o mar. Sinto-me atraído pelas águas prateadas reflectindo os raios solares que as beijam. Uma linha no horizonte dá-me a perspectiva do misterioso e exótico que esconde para além. As ondas arrastam a maresia até à praia e fazem-me recordar o meu tempo de menino. Deliciava-me então com os banhos prolongados nas águas quentes da baía de Cabinda. Numa pequena corrida esgueirava-me de casa, atravessando a Rua do Comércio para a praia, cuja maré cheia, encorajada pelas calemas, beijava toda a linha de terra que circundava a baía. Naquele tempo, as torres de petróleo eram as canoas e jangadas de toros de madeira que os rebocadores puxavam para os navios ancorados longe da costa. Já se falava no porto de águas profundas, mas foi e é um sonho que continua a perdurar no imaginativo dos Cabindas. A ausência do porto é um vazio como se faltasse ar para respirar aos patrícios da minha terra. Seria oxigénio que iria revigorar toda a economia de Cabinda, imprimindo-lhe a energia e vigor necessários ao progresso e melhoria da qualidade de vida. O ruído estridente de um avião a jacto, em voo razante à praia faz-me despertar para a realidade. Apercebo-me então que eu tinha estado absorvido a contemplar um quadro desactualizado que teve a sua época dourada. Sinto-me bem a viver esta realidade, apesar de me tornar egoísta por os meus descendentes não poderem desfrutar também de tal benesse.

Sem comentários: